A direita hidrófoba, comandada a partir de sua sede mundial, os Estados Unidos, usa sua imprensa "livre" para disparar as baterias contra a China, às vésperas da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim. Com isso ela oculta os motivos, muito mais sérios e palpáveis, que serviriam para banir Estados Unidos e Israel da vida esportiva internacional.
Desde março deste ano, após os atos terroristas cometidos pelos separatistas comandados pelo dalai-lama no Tibete, os Estados Unidos têm discretamente e "extra-oficialmente" apoiado as ações pró-boicote disparadas ao redor do mundo por Ongs e mídias sustentadas pelo seu governo, como por exemplo a Repórteres Sem Fronteira e a seita Falun Gong, que cometeu atos criminosos durante a viagem da tocha olímpica ao redor do planeta.
E-mails apócrifos, construidos por essa direita, têm sido redistribuídos nos últimos dias por milhares de pessoas ingenuas a favor do boicote às Olimpíadas, porque a China "fere" os direitos humanos e "pratica" crueldades contra os animais. Pobres animais.
Um deles, que rola na internet brasileira há já algum tempo, é constituído por algumas imagens chocantes. Uma delas mostra um suposto bebê na sarjeta, morto, enquanto pessoas caminham sem dar importância ao fato.
Realizando uma busca na Internet, descobre-se que as supostas fotografias teriam sido feitas em 2001, há sete anos, portanto, na província de Hunan e teriam sido motivo de um "artigo" na revista de futilidades Marie Claire.
A revista alegou na epoca que a criança, uma menina, teria sido abandonada para morrer por causa da política populacional conduzida pelo governo chinês, que "proíbe" um casal ter mais de um filho.
A Marie Claire cometeu uma falta no jornalismo correto, que não recomenda construir suposições a partir de um quadro que não possibilite encontrar informações precisas. Mas, quem disse que a mídia ocidental pratica um jornalismo correto?
Na suposição, deixaram de lado o combate exercido pelo governo chinês aos costumes ancestrais feudais, que fizeram pais assassinar bebês meninas ao longo dos séculos, privilegiando filhos masculinos. Costume defendido pelos senhores feudais, é claro, já que os meninos seriam "mais úteis" que as meninas.
A educação na China reduziu de forma colossal o infanticídio, mesmo assim ainda existem aqueles que preferem viver à margem. Mas eles não são apenas chineses. São alemães, por exemplo. Vejamos o caso, recente, de outro bebê, abandonado à morte.
Bebês também são abandonados nas ruas das cidades do mundo "livre", ainda mais na maior potência européia da atualidade a Alemanha.
Em 5 de junho deste ano um bebê foi encontrado morto, na sarjeta de uma das ruas de Halle, na Alemanha "livre", e teria ficado ali por horas, até a polícia recolher o cadáver. Reportagem distribuída pela agência Associated Press conta que o bebê foi achado morto, mas que a taxa de infanticídio na Alemanha é semelhante à dos demais países europeus. Onde estão as fotografias?
A Alemanha é tão desenvolvida no aspecto "bebês abandonados" que criou uma "Caixa para Bebês", onde as mães arrependidas podem abandonar seus rebentos sem deixá-los à morte, como costumeiramente fazem. A tal caixa foi inaugurada em 2000.
Lançada por uma associação de apoio à infância, a Sternipark, a tal "Babyklappe", como é conhecida, recebe cerca de 78 bebês por ano na cidade portuária de Hamburgo, no norte do país.
Juergen Moysich, diretor da associação, reconheceu em declarações à mídia "livre", que continuam a aparecer todos os anos, na Alemanha, 20 bebês abandonados mortos.
Cadê as fotografias? Cadê os defensores dos direitos humanos e a campanha pelo boicote ao Mundial de Futebol disputado na Alemanha em 2006?
É preciso dizer algo sobre bebês abandonados à morte no Brasil?
Voltemos à China, ao boicote proposto por Estados Unidos e seus vassalos midiáticos. Tudo é motivo de protesto. Rodízio de carros em Pequim é totalitarismo. Nevoeiros costumeiros em Pequim são fotografados e exibidos como a "poluição comunista".
Até a arquitetura do estádio Ninho de Pássaro é motivo de críticas, como se os estádios tivessem de reproduzir fielmente os obsoletos Bowl americanos, de arquitetura "vintage".
Vamos então seguir a lógica do boicote e defender a exclusão, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), dos Estados Unidos e de Israel. Não faltam motivos para pedir a exclusão desses países.
Em relação aos Estados Unidos, é fácil. Invadiu dois países entre 2001 e 2003, um deles de forma absolutamente ilegal (Iraque) e outro por supostamente abrigar um terrorista internacional (Afeganistão).
Os EUA ocupam militarmente o Iraque há quase seis anos e são os responsáveis pela morte de quase um milhão de iraquianos. Cerca de quatro mil afegãos são mortos, em média, a cada mês, nos quase sete anos de ocupação, de acordo com dados publicados pelo site de investigação Unknown News e também pela prestigiosa revista médica britânica The Lancet.
É preciso lembrar que a invasão e posterior ocupação do Iraque é ilegal, pois não foi autorizada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Argumentar pela exclusão de Israel dessas duas entidades esportivas mundiais também é fácil. Basta lembrar os 41 anos de ocupação ilegal dos territórios palestinos em seguida à guerra de 1967. Basta lembrar os milhares de palestinos mortos durante a ocupação, as guerras desferidas contra o Líbano (A mais recente, de 2006, matou mais de 1.000 civis, a maior parte deles composta por crianças, com suas bombas fornecidas e subsidiadas pelo Pentágono).
Basta COI e Fifa acessarem o site das Nações Unidas e baixarem as dezenas de resoluções da ONU direcionadas a paralisar o genocídio cometido por Israel, olimpicamente ignoradas pelo governo sionista e por seu tutor, os Estados Unidos. Basta as autoridades esportivas visitarem, in loco, a Faixa de Gaza, onde Israel construiu o maior campo de concentração do planeta.
O que dizer do protesto que ciclistas "olímpicos" americanos fizeram ao chegar à China, portando máscaras anti-poluição? Quer maior hipocrisia? Os EUA respondem por 25% da poluição mundial, devido ao intenso uso de energia fóssil e ao atraso tecnológico de suas principais indústrias. Não seria o caso de seus ciclistas usarem máscaras em casa também? Durante o banho, por exemplo?
A ciclista Jennie Reed, cujo rosto ilustra hoje uma das matérias anti-China publicadas pela avassalada Folha de S.Paulo, deve considerar que seu país é um "paraíso ambiental", para portar uma máscara em Pequim.
Logo eles, os americanos, que realizaram quatro olimpíadas e que, na última, deram um gigantesco mau exemplo de organização. Até o direitista Diário de Notícias lisboeta faz críticas aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. "Foram um mau exemplo de organização e de verdadeiro espírito desportivo", diz o vetusto jornal.
"Os americanos fizeram daquele evento uma grande manifestação de chauvinismo", prossegue.
"Todas as competições em que participasse um americano eram consideradas importantes. Todas as outras, nem que caíssem recordes do mundo, se não fosse um atleta americano a batê-lo era como se não tivesse acontecido".
"E foi naqueles mesmos Jogos que o terrorismo voltou para atormentar a história das Olimpíadas, 24 anos depois de Munique, com um atentado à bomba no Parque Centenário Olímpico, tirando a vida de duas pessoas, deixando feridas mais de uma centena e que permanece até hoje sem explicações" arremata o Diário de Notícias, em artigo publicado nesta quarta feira.
Não custa lembrar que uma das Olimpíadas, a de 1984, foi realizada na cidade que alterna com Pittsburgh o "honroso" título de mais poluída dos Estados Unidos: Los Angeles.
Então, por que os defensores do boicote às Olimpíadas de Pequim não passam agora a defender a exclusão de Estados Unidos e Israel das competições internacionais? Exemplos não faltam: o COI e a Fifa excluíram das competições a África do Sul durante o regime do Apartheid. O terrorismo de Estado praticado pelos governos americano e israelense não justificam sua exclusão?
E Guantânamo, com seu campo de concentração em que são detidos ilegalmente dezenas de presos das ilegais agressões americanas, em condições que deixariam indignados até os guardas nazistas de Auschwitz?