domingo, 2 de novembro de 2008

"História dos árabes"...

Registros ingleses e israelenses… da história dos árabes*


ROBERT FISK - Blog do Bourdoukan



Em Damasco, há enorme estátua do falecido presidente Hafez al-Assad, sentado em imponente cadeira de ferro, à frente da Biblioteca Assad, de 22 mil metros quadrados; na mão direita, um livro-gigante, aberto, de ferro.

Às costas de Assad, estão os arquivos da correspondente ditadura. Mas são documentos secretos e nem uma folha impressa é acessível aos cidadãos sírios. Não há arquivos do ministério de relações exteriores, nem interiores, nem do ministério da defesa. Não há cláusula que proíba publicar alguma coisa por 30 anos. Há proibição eterna. Não há Arquivo Nacional no mundo árabe, nem há pesquisadores esperando para entrar em algum Arquivo Nacional em país árabe.

É assim no Cairo, em Riad, em Beirute e em Trípoli. Ditaduras e califados zelam pelos próprios segredos.

O único país do Oriente Médio no qual é possível consultar arquivos nacionais públicos atende pelo nome de Israel – e bom para os israelenses. Mas o resultado é óbvio. Pesquisadores israelenses tem podido desconstruir a história tradicional da pequena Israel – provando que jamais houve rádios árabes que mandassem os palestinos deixar a própria terra, que os árabes foram sim, expulsos de suas cidades, por métodos de limpeza étnica, pelos grupos Irgun e Hagana.

Mas não há pesquisador árabe que possa responder à propaganda, com argumentos coletados dos arquivos de história árabe. Quem queira tentar, tem de ir aos Arquivos Nacionais em Londres, e ler os despachos, de 1948, enviados da Palestina, pelo General Cunningham; ou tem de citar historiadores israelenses. E acabaram-se as fontes. Se não se contam as biografias autolouvatórias de ditadores e generais árabes, o que há está em Londres. Mesmo os pesados volumes escritos por Walid Khalidi sobre as cidades palestinas destruídas dependem, completamente, da pesquisa do historiador israelense Benny Morris.

Lentamente, contudo, começa a acumular-se na Região uma pequena bagagem de referência histórica. Se não há como conhecer os documentos privados dos líderes do lamentável Exército Árabe de Libertação de 1948, pode-se pelo menos, ainda, ouvir o depoimento dos sobreviventes palestinos.

Rosemarie Esber, por exemplo, deu bom uso aos saberes que obteve nas universidades de Londres e Johns Hopkins e entrevistou, na Jordânia e no Líbano, 126 homens e mulheres palestinos que perderam casas e terras em 1948 e 1949. Seu livro, Under the Cover of War [Sob a camuflagem da guerra] ajuda a equilibrar o que narrem documentos e diários de um lado, com história oral recolhida do outro lado. O livro não poupa os árabes – não, pelo menos, os árabes que cometeram atrocidades ou os voluntários iraquianos que se apresentaram para defender a Palestina, sem nada saber da geografia do país – mas, mesmo assim, o sofrimentos dos que tiveram de fugir está registrado.

Por exemplo, a fala de Abu Mohamed, da vila de Saquiia, leste de Telaviv, contando o que aconteceu dia 25/4/1948: "Os judeus entraram na cidade e começaram a atirar em mulheres, homens e velhos. Prenderam as meninas e até hoje não se sabe o que aconteceu a elas. Vieram da colônia que havia perto da vila... Usavam armas Bren [1]. Os tanques estacionaram no centro da vila. Naquele dia, morreram 14. Duas mulheres não conseguiram correr e foram mortas na vila... As pessoas correram juntas na direção de al-Lid (Lod, onde, na Israel atual, está o aeroporto Ben Gurion). Depois, as famílias correram separadas... Deixamos tudo o que tínhamos. Imaginamos que seria por pouco tempo e que poderíamos voltar."

No Líbano também floresce um comércio de livros baseados em diários e arquivos pessoais. Um dos mais intrigantes é A Face in the Crowd: The Secret Papers of Emir Farid Chehab, 1942-1972 [Um rosto na multidão: Os papéis secretos de Emir Farid Chehab], com os documentos privados do chefe do serviço de inteligência do Líbano, imediatamente depois da II Guerra Mundial. Além de demonstrar que as relações Síria-Líbano podiam ser tão ruins nos anos 40 quanto nos anos 90, aprende-se ali que Chehab foi espião ativo, cujos agentes na Jordânia, em 1956, trabalharam para descobrir por que o jovem Rei Hussein demitiu o comandante britânico da Legião Árabe, Glubb Pasha. "Glubb gastava mal, controlava com mão de ferro as finanças do Exército e as despesas secretas, e recusava-se a partilhar informação relevante com os oficiais e comandantes árabes", escreveu um informante que permanece incógnito, em carta para Chehab, dia 11/3/1956.

"[Glubb] interferia em tudo, [controlava até] as linhas telefônicas de vários ministérios. Um telefonista que trabalha em Aman admitiu para mim que até as redes de comunicação do Palácio e do Primeiro-ministro eram controladas pelo exército. Um comunicado secreto emitido por Glubb para todos os chefes de unidades britânicas foi descoberto recentemente; dizia que, em caso de ataque israelense os britânicos deveriam retirar-se sem resistência. Oficiais independentes levaram esse comunicado ao Rei." Então, adeus, Glubb Pasha.

Mas teria isso algo a ver, talvez, com a também secreta "Operation Cordage", citada pela primeira vez por Keith Kyle em seu excelente livro sobre Suez, e ainda mais rigorosamente investigada por Eric Grove da Universidade Salford? "Cordage" foi o plano inglês para defender seu aliado jordaniano, no caso de Israel atacar o Egito. O plano, segundo Grove, incluída "campanha aérea conduzida pelos Venoms (ingleses, da RAF) das bases de Aman e Mafraq na Jordânia, para destruir a Força Aérea israelense em 72 horas... A Alemanha colaborará com uma esquadrilha de aeronaves (Sabres ou Hunters) operada a partir de Chipre..." Uma brigada de pára-quedistas seria levada à Jordânia para defender as bases aéreas britânicas e, assim – junto com a Legião Árabe de Glubb –, também para defender Amã contra os israelenses. Hussein demitiu Glubb no final de fevereiro de 1956; porque Glubb, na formulação diplomática de Grove, "criara problemas". Então… o quanto Glubb sabia sobre a "Operation Musketeer"?

O que realmente criara "problemas", é claro, foi o próprio plano secreto dos ingleses de atacar o Egito, com França e Israel, depois do quê teve início a "Operation Musketeer" – o ataque a Suez –, a partir da "Operation Cordage", e os israelenses, inimigos potenciais dos britânicos… repentinamente tornaram-se seus aliados secretos. Mas isso, é claro, é o que se lê nos arquivos britânicos. Desgraçadamente, ainda passarão muitos anos antes de que se saiba o que Assad lê, ali, na calçada de sua biblioteca em Damasco, naquele livro de ferro.

© The Independent, UK, em http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/
robert-fiskrsquos-world-arabs-have-to-rely-on-britain-and-israel-for-their-history-981765.html
[1] Armas Bren eram metralhadoras leves, que os ingleses usaram dos anos 30 até 1991. A palavra "Bren" é formada com as duas primeiras letras de "Brno", cidade tcheca onde as armas eram desenhadas, e de "Enfield", cidade inglesa onde as armas eram fabricadas (na British Royal Small Arms Factory) (da Wikipedia, em http://en.wikipedia.org/wiki/Bren_gun).

sábado, 1 de novembro de 2008

Reflexões de Fidel

O analfabetismo econômico

CHÁVEZ falou em Zúlia do "camarada Sarkozy", e o disse com certa ironia, mas sem ânimo de o ferir. Antes pelo contrário, quis reconhecer sua sinceridade quando, em sua condição de presidente rotativo da Comunidade de Países Europeus, falou em Beijing.

Ninguém proclamava o que todos os líderes europeus conhecem e não confessam: o sistema financeiro atual não presta e é preciso mudá-lo. O presidente venezuelano exclamou com franqueza:

"É impossível voltar a fundar o sistema capitalista, seria como uma tentativa de colocar a navegar o Titanic depois que está no fundo do Oceano."

Na reunião da Associação de Nações Européias e Asiáticas, em que participaram 43 países, Sarkozy fez confissões notáveis, segundo os telexes:

"O mundo vai mal, encara uma crise financeira sem precedentes por sua magnitude, rapidez, violência, e suas conseqüências sobre o meio ambiente põem em causa a sobrevivência da humanidade: 900 milhões de pessoas não têm os meios para se alimentarem.

"Os que participamos desta reunião representamos dois terços da população do planeta e metade de suas riquezas; a crise financeira começou nos Estados Unidos, mas é mundial e a resposta deve ser mundial."

"O lugar para uma criança de 11 anos não é a fábrica, mas a escola".

"Nenhuma região do mundo tem lição para dar a alguém." Uma clara alusão à política dos Estados Unidos.

No final recordou perante as nações da Ásia o passado colonizador da Europa nesse continente.

Se Granma tivesse subscrito essas palavras, diriam que se tratava de um clichê da imprensa oficial comunista.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse em Beijing que não se podia "prever a entidade e duração da crise financeira internacional em curso. Trata-se, nem mais nem menos, da criação de uma nova carta constitutiva das finanças." Nesse mesmo dia foram divulgadas notícias que revelam a incerteza geral desatada.

Na reunião de Beijing, os 43 países da Europa e da Ásia acordaram que o FMI deveria ter um papel importante assistindo os países gravemente afetados pela crise, e apoiaram uma reunião de cúpula inter-regional na busca da estabilidade a longo prazo e do desenvolvimento da economia do mundo.

O presidente do governo espanhol, Rodríguez Zapatero, declarou que "existia uma crise de responsabilidade em que uns poucos se enriqueceram e a maioria se está empobrecendo", que "os mercados não confiam nos mercados". Fez um apelo para os países fugirem do protecionismo, convencido de que a concorrência faria com que os mercados financeiros jogassem seu papel. Ainda não foi oficialmente convidado à Cúpula em Washington pela atitude rancorosa de Bush, que não lhe perdoa a retirada das tropas espanholas do Iraque.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, apoiou sua advertência sobre o protecionismo.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pela sua vez, reunia-se com eminentes economistas para tratar de evitar que os países em desenvolvimento sejam as principais vítimas da crise.

Miguel D’Escoto, ex-ministro de Relações Exteriores da Revolução Sandinista e atual presidente da Assembléia Geral da ONU, demandava que o problema da crise financeira não fosse discutido no G-20 entre os países mais ricos e um grupo de nações emergentes, mas nas Nações Unidas.

Existem desacordos acerca do lugar e da reunião onde deve ser adotado um novo sistema financeiro que ponha fim ao caos e a ausência total de segurança para os povos. Existe grande temor de que os países mais ricos do mundo, reunidos com um grupo reduzido de países emergentes golpeados pela crise financeira, aprovem um novo Bretton Woods ignorando o resto do mundo. O presidente Bush declarou ontem que "os países que discutirão aqui, no mês próximo, sobre a crise global também devem voltar a se comprometerem com os fundamentos do crescimento econômico a longo prazo: mercados livres, livre empresa e livre comércio."

Os bancos emprestavam dezenas de dólares por cada dólar depositado pelos poupadores. Multiplicavam o dinheiro. Respiravam e transpiravam por todos os poros… Qualquer contração os conduzia à falência ou à absorção por outros bancos. Era preciso salvá-los, sempre a custa dos contribuintes. Fabricavam enormes fortunas. Seus privilegiados acionistas majoritários podiam pagar qualquer quantidade por qualquer coisa.

Shi Jianxun, professor da Universidade de Tongui, Shanghai, declarou em um artigo que publicou na edição exterior do Diário do Povo, que "a crua realidade tem levado a pessoas, no meio do pânico, a repararem que os Estados Unidos têm utilizado a hegemonia do dólar para pilhar as riquezas do mundo. Urge mudar o sistema monetário internacional baseado na posição dominante do dólar."

Com poucas palavras explicou o papel essencial das moedas nas relações econômicas internacionais. Assim vinha acontecendo há séculos entre a Ásia e a Europa: lembremos que o ópio foi imposto a China como moeda. Disso falei quando escrevi "A vitória chinesa".

Nem sequer prata metálica, com a qual pagavam inicialmente os espanhóis desde sua colônia nas Filipinas os produtos adquiridos na China, desejavam receber as autoridades desse país, porque se desvalorizava progressivamente devido a sua abundância no chamado Novo Mundo recém conquistado pela Europa. Até vergonha sentem hoje os governantes europeus pelas coisas que impuseram a China durante séculos.

As atuais dificuldades nas relações de intercâmbio entre esses dois continentes devem se resolver, segundo o critério do economista chinês, com euros, libras, ienes e iuanes. Não há dúvidas que a regulação razoável entre essas quatro moedas ajudaria o desenvolvimento de relações comerciais justas entre a Europa, a Grã-Bretanha, o Japão e a China.

Estariam incluídos nesse contexto o Japón e a Alemanha ―dois países produtores de sofisticados equipamentos de tecnologia avançada, tanto para a produção quanto para os serviços―, e o maior motor em potência da economia do mundo, a China, com ao redor de 1 400 milhões de habitantes e mais de 1,5 milhões de milhões de dólares em suas reservas de divisas convertíveis, que são em sua maioria dólares e bônus do Tesouro dos Estados Unidos. Segue-lhe o Japão, com quase as mesmas cifras de reservas em divisas.

Na atual conjuntura, incrementa-se o valor do dólar pela posição dominante dessa moeda imposta à economia mundial, justamente assinalada e rejeitada pelo professor de Shanghai.

Grande número de países do Terceiro Mundo, exportadores de produtos e matérias-primas com pouco valor agregado, somos importadores de produtos de consumo chineses, que soem ter preços razoáveis, e equipamentos do Japão e da Alemanha, os quais são cada vez mais caros. Mesmo quando a China tem tentado que o iuane não fique sobrevalorizado, como demandam sem cessar os ianques para protegerem suas indústrias da concorrência chinesa, o valor do iuane se incrementa e o poder aquisitivo de nossas exportações diminui. O preço do níquel, nosso principal produto de exportação, cujo valor atingiu mais de 50 mil dólares a tonelada não há muito tempo, nos últimos dias apenas ultrapassava os 8 500 dólares por tonelada, isto é, menos de 20 % do preço máximo alcançado. O do cobre se reduziu a menos de 50%; assim sucessivamente acontece com o ferro, alumínio, estanho, zinco e todos os minérios indispensáveis para um desenvolvimento sustentável. Os produtos de consumo, como café, cacau, açúcar e outros, para além de todo sentido racional e humano, em mais de 40 anos apenas incrementaram seus preços. Por isso, há bem pouco tempo eu advertia igualmente que, como conseqüência de uma crise que estava ao virar da esquina, os mercados se perderiam e o poder aquisitivo de nossos produtos se reduziria consideravelmente. Nessa circunstância, os países capitalistas desenvolvidos sabem que suas fábricas e serviços se paralisam, e só a capacidade de consumo de grande parte da humanidade já nos índices de pobreza, ou por debaixo deles, poderia mantê-los funcionando.

Esse é o grande dilema que coloca a crise financeira e o perigo de que os egoísmos sociais e nacionais prevaleçam por em cima das vontades de muitos políticos e estadistas angustiados perante o fenômeno. Não têm a menor confiança no próprio sistema do qual surgiram como homens públicos.

Quando um povo deixa atrás o analfabetismo, sabe ler e escrever, e possui um mínimo indispensável de conhecimentos para viver e produzir honradamente, faltar-lhe-ia vencer ainda a pior forma de ignorância em nossa época: o analfabetismo econômico. Só assim poderíamos saber o que está acontecendo no mundo.

1900 DE BERTOLUCCI - 1976

1900 DE BERTOLUCCI - 1976

Créditos: Stirner - F.A.R.R.A.

Informações Técnicas
Direção: Bernardo Bertolucci
Produção: Alberto Grimaldi
Fotografia: Vittorio Storaro
Trilha Sonora: Ennio Morricone
Título no Brasil: 1900 de Bertolucci
Título Original: Novecento / 1900
País de Origem: Itália / França / Alemanha
Gênero: Drama/Épico
Tempo de Duração: 315 minutos
Ano de Lançamento: 1976
Áudio: Italiano
RMVB Legendado
Cor







Elenco
Robert De Niro ... Alfredo Berlinghieri
Gérard Depardieu ... Olmo Dalco
Dominique Sanda ... Ada Fiastri Paulhan
Francesca Bertini ... irmã Desolata
Laura Betti ... Regina
Werner Bruhns ... Ottavio Berlinghieri
Stefania Casini ... Neve
Sterling Hayden ... Leo Dalco
Anna Henkel ... Anita
Ellen Schwiers ... Amelia
Alida Valli ... Signora Pioppi
Romolo Valli ... Giovanni
Bianca Magliacca
Giacomo Rizzo ... Rigoletto
Pippo Campanini ... Don Tarcisio
Burt Lancaster
Donald Sutherland








Sinopse


O filme faz uma retrospectiva histórica da Itália desde o início do século 20 até o fim da Segunda Guerra Mundial, focando as vidas de duas pessoas: Olmo (Gérard Depardieu), filho bastardo de camponeses, e Alfredo (Robert De Niro), herdeiro de uma rica família de latifundiários. Apesar da amizade desde a infância, a origem social fala mais alto e os coloca em pólos política e ideologicamente antagônicos. O pano de fundo é o intenso cenário político da época, com o fortalecimento do fascismo e, em oposição, as lutas trabalhistas ligadas ao socialismo.







Links Rapidshare em dois discos com oito partes
Disco 1
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Utilizar o 7Zip para descompactar e juntar

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Outros filmes de Bernardo Bertolucci no FARRA:

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Piso: professores protestam contra Adin de governadores


Sindicatos ligados à área da educação e parlamentares protestaram nesta quinta-feira (30) contra o ingresso, ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF) de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), assinada pelos governadores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso do Sul e do Ceará, contra a implementação da lei do Piso Salarial Nacional para o magistério.


“Ao ingressar no STF contra a lei a governadora Yeda Crusius (PSDB) deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos”, critica em nota o Cepers-Sindicato (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul).

“É um retrocesso. Os professores se empenharam em uma luta histórica para conquistar um piso salarial”, agrega o deputado do Estado do Mato Grosso do Sul, Pedro Kemp (PT), que é ligado à área de educação.

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), em resposta a Adin dos governadores, também ingressou com uma outra ação no STF, nesta mesma quarta, para garantir a implementação do piso.

A Lei 11.738, de julho deste ano, fixou o piso salarial nacional de R$ 950,00 para os professores da rede pública. A mesma lei diminuiu o número de horas que a categoria passa dentro da sala de aula e aumentou o tempo para atividades extraclasse - como qualificação profissional, correção de provas e preparação de material.

Quem tomou a iniciativa do movimento judicial contra o piso foi a governadora tucana. Ainda na quarta Yeda se encontrou com o vice-presidente do STF, Carlos Ayres Brito para debater o assunto. Ela alega que o estado não tem como contratar mais 27 mil professores para substituir aqueles que estiverem em atividades extraclasse.

Argumento falho

“A lei manda que 33% da carga horária dos professores seja hora extra aula. Eu teria que fazer concursos, contratar de 15% a 20% a mais de professores para cumprir a lei”, reclamou Yeda ao deixar o STF.

De acordo com a secretária da Educação do RS, Mariza Abreu, o estado não tem como pagar o piso nacional, pois não são levados em conta os benefícios que os servidores já possuem. Além disso, ela disse que a elevação do salário base dos professores para R$ 950,00 exigiria uma mudança completa do orçamento do Rio Grande do Sul.

Para o deputado Kemp, “este argumento não procede, por que a própria lei esclarece que o governo federal vai ajudar os estados que não puderem pagar os valores”.

Yeda e Cid protocolaram Adin

Os outros governadores que assinam a Adin são Luiz Henrique da Silveira (PMDB), de Santa Catarina, Roberto Requião (PMDB), do Paraná, André Puccinelli (PMDB), do Mato Grosso do Sul, e Cid Gomes (PSB), do Ceará. O objetivo do movimento de Yeda é fazer com que todos os governadores assinem a Adin.

Ela e o governador do Ceará fizeram questão de protocolar a ação pessoalmente. A base da argumentação da Adin é que a lei federal, na medida em que tratou de questão da competência dos estados, constitui “atentado à autonomia constitucionalmente assegurada”. Além disso, alegam que o aumento dos investimentos – em virtude da necessidade de contratação de novos docentes – é estimado em “milhões de reais anuais”.

A lei ''impôs aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios regras desproporcionais, por implicarem despesas exageradas e sem amparo orçamentário'', diz o documento. Os governadores ainda pediram a concessão de medida liminar, antes do julgamento do mérito da ação.

Na ação, eles citam os “prejuízos” causados pela lei: ''Ora, o impacto pedagógico - com a introdução de novos docentes, muitos provavelmente não sintonizados com as diretrizes dos sistemas estaduais de ensino e certamente não com os educandos -, além do já mencionado impacto financeiro, revela aqui também a ausência de proporcionalidade da norma''.

Governo de Sergipe garante piso

Pelo menos um estado já deixou claro que não participará do movimento liderado pela governadora tucana. A partir de janeiro de 2009, o governo de Sergipe reafirmou ontem em nota que vai iniciar o pagamento do piso.

O secretário de Educação, professor José Fernandes de Lima, reafirmou que o governo está preparado para cumprir a legislação pertinente e já está fazendo um estudo do impacto do pagamento na folha de pessoal.

Segundo o secretário, o governo sergipano sempre se posicionou a favor do piso salarial dos professores e foi uma das vozes que saiu em defesa do piso na última reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

''Desde o princípio que firmamos o compromisso de pagar o piso salarial nacional dos professores. Estamos preparados para cumprir com a determinação, a partir de janeiro de 2009, como manda a Lei'', reforçou.

Veja abaixo a nota do Cepers/Sindicato:

Piso: Yeda mostra que a qualidade da educação não é prioridade do governo

Ao ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que instituiu o Piso Salarial Nacional Profissional para o magistério, a governadora Yeda Crusius deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos.

Acompanhada de outros quatro governadores - Ceará, Roraima, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina - Yeda ingressou na quarta-feira 29 com o pedido de inconstitucionalidade do piso, alegando que a ''lei fere o princípio de autonomia da administração pública''.

Para o Cpers/Sindicato, é inadmissível esse questionamento, pois o valor estipulado pela lei está bem aquém do aceitável para realmente valorizar a categoria. É mais uma aprova de que o governo não tem preocupação com a educação.

O Cpers/Sindicato continuará lutando pela implantação da lei do piso em sua totalidade e preparando a Campanha Salarial que tem como eixos o reajuste salarial emergencial, a defesa dos planos de carreira, a implantação do piso nacional a e a defesa do IPE com previdência e qualidade na saúde.

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do Cpers/Sindicato

www.vermelho.org.br

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A QUEM SERVIU O ÓDIO À ESQUERDA?

blog do Luiz Carlos Azenha

No post anterior falei sobre a ascensão dos neocons nos Estados Unidos, em aliança com a direita religiosa.

Faltou a pergunta principal: a quem serviu o ódio aos "liberais" e aos "esquerdistas", que esteve no centro do discurso disseminado pelos neocons em revistas, seminários, palestras, livros, na internet, no rádio e na televisão?

A quem servem Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, Ali Kamel e essa turma no Brasil? Trata-se apenas do bom combate ideológico?

Siga o dinheiro, é o que sugiro. Nos Estados Unidos os institutos que deram empregos e bolsas de estudos aos neocons foram financiados pelos capitães da indústria, que também financiaram revistas como a Weekly Standart e outras através de publicidade.

Alguns dos neocons atingiram um status financeiro notável, não só por conta de seu trabalho intelectual, mas em atividades na iniciativa privada, especialmente na área de consultoria.

Quais as idéias que eles promoveram?

-- Uma política externa ativista dos Estados Unidos, com o uso do poderio militar sempre que necessário.

Beneficiados: os fabricantes de armas.

-- Ataques aos sindicatos como corruptos ou símbolos do atraso.

Beneficiados: empresas que combateram e combatem a sindicalização -- Wal Mart, por exemplo -- como forma de "flexibilizar" o uso de mão-de-obra, cortar salários e benefícios.

-- Ataques ao funcionalismo público como "ineficiente" e custoso para a sociedade.

Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária na versão implantada por George W. Bush.

-- Ataques aos programas sociais do governo, como o "welfare", que dá ajuda a famílias de baixa renda.

Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária das empresas.

-- Ataques a um sistema nacional de saúde como "socializante".

Beneficiados: indústria farmacêutica e empresas de seguros de saúde privados.

-- Ataques ao Social Security, a previdência social dos Estados Unidos, com pedidos de privatização.

Beneficiados: empresas de previdência privada, como as que administram os planos 401(k), em que as aposentadorias rendem de acordo com as ações na bolsa de Valores de Nova York; através do pagamento de taxas e comissões esse sistema transferiu bilhões de dólares dos trabalhadores para as corretoras de Wall Street.

-- Ataques generalizados ao "governo que pesa nas costas do trabalhador" e pregação do "estado mínimo"

Beneficiados: as empresas que tiveram sua carga tributária reduzida; também tiveram os custos reduzidos por conta da desregulamentação do sistema financeiro; da perda de poder das agências fiscalizadoras do governo, dentre as quais a Food and Drug Administration (FDA), encarregada de alimentos e remédios; a FCC (Federal Communications Comission), que zelava por evitar a formação de monopólios da mídia; a EPA (Environment Protection Agency), encarregada de zelar pelo meio ambiente.

-- Ataques ao feminismo e a todos os movimentos sociais organizados.

Beneficiados: os empregadores, com a desmobilização dos grupos de pressão que defendiam direitos.

De acordo com o ex-presidente Bill Clinton, nos últimos oito anos 90% de toda riqueza gerada na economia americana beneficiou aos 10% mais ricos. Agora vocês entendem a quem serviram os neocons?

Yeda entra com ação contra piso dos professores e decide cortar ponto de grevistas


A governadora Yeda Crusius (PSDB) ingressou nesta quarta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o piso nacional dos professores, fixado em R$ 950,00. Ela alega que o governo não tem como pagar o piso nacional. Além disso, diz a governadora, o pagamento do piso exigiria uma mudança completa do orçamento do Rio Grande do Sul. Yeda também assinou o decreto que determina corte no salário dos servidores públicos que entrarem em greve. O documento foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira.

O decreto provocou reação imediata dos policiais civis com paralisação marcada para o dia 4 de novembro. O sindicato da categoria (Ugeirm) criticou duramente a decisão:

“Yeda Rorato Crusius ameaça cortar ponto de policiais paralisados. A tucana, depenada pelas inexplicáveis situações que rondam seu governo e sua própria casa, baixou hoje, dia 29, um decreto. É um tiro. O alvo é você. Compete a você, e somente a você, fazer com que esse tiro saia pela culatra. No pior estilo paulista de tratar com as reivindicações dos policiais civis, a conhecida arrogância do Palácio Piratini partiu para a ofensiva. A governadora pretende fazer do delegado de Polícia, igualmente vítima do arrocho salarial, o X-9 que vê a miséria dos agentes e deve delatar os injustiçados que não têm mínimas condições de trabalho”.

“Antes nos enrolava, agora tem a cara-de-pau de tentar nos constranger! Justo ela, que ganhou 143% de aumento. Ágil numa tentativa de intimidação, às vésperas de mais três dias de protesto. Falta coragem à governadora e isso não nos falta. Yeda é um vexame público”.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Elis Regina - DVD Programa Ensaio


A TV Cultura, a gravadora Trama e a TeleImage se uniram para restaurar o acervo de um dos mais importantes programas da televisão brasileira, o 'Ensaio'. O material revitalizado se transformou em DVDs, permitindo aos admiradores da MPB terem a sua disposição registros clássicos de artistas consagrados.
A estréia do projeto acontece com Elis Regina. O ano é 1973, as imagens em preto-e-branco. "Meu pai já previa que eu seria uma cantora ao me dar esse nome", diz, antes de um close nas mãos inquietas denunciar o temperamento forte, daquela que se tornaria a maior cantora do Brasil.

Créditos: Ronaldo - AlmasCorsarias

01. Doente, Morena
02. Ladeira da Preguiça
03. Boa Noite, Amor
04. Preciso Aprender a Ser Só
05. Upa Neguinho
06. Formosa
07. Estrada do Sol
08. Vou Deitar e Rolar (qua qua ra qua qua)
09. Aviso aos Navegantes
10. 20 Anos Blues
11. Atrás da porta
12. Canção do Sal
13. Cais
14. É Com Esse Que Eu Vou
15. General da Banda
16. Águas de Março
17. Meio-de-Campo
18. Folhas Secas

Crises reforçam papel central da agricultura familiar


A demanda pela produção de gêneros alimentícios e o furacão que chacoalha o mercado financeiro - ligado diretamente ao comércio mundial das commodities - reforçam a relevância da produção familiar para o futuro do país.
Por Antônio Biondi, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
Primeiro foi a crise dos alimentos, que elevou os preços de gêneros básicos nas prateleiras mundo afora. Depois veio a crise financeira, que abalou o "coração" do capitalismo globalizado e continua atormentando a tábua das marés do chamado "mercado". Seja pela demanda de aumento da produção familiar ou pela demonstração cabal dos riscos da dependência das commodities agrícolas à roleta especulativa bancária, a conjuntura deste ano contribuiu para reposicionar a agricultura familiar como setor essencial ao equilíbrio nacional, tanto em termos econômicos quanto sociais.
Em entrevista à Repórter Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, vê "uma re-significação da agricultura familiar para o país" no período recente. "A agricultura familiar tinha passado a ser vista pela sociedade como espaço de atraso, de problemas, de pobreza. Conseguimos resgatar o significado e conseguimos resgatar o setor economicamente, um setor que é muito relevante para o país", coloca o ministro. Para ele, "a visão que estava se estabelecendo era uma visão errada".
Um dos nós do amplo debate gerado a partir da crise dos alimentos se concentra no uso de terras e da força produtiva para as culturas ligadas aos agrocombustíveis, em concorrência com a produção de alimentos. Em alguns casos, estimativas chegaram a atribuir 75% da alta do preço dos alimentos aos agrocombustíveis. Em que pese os possíveis exageros nos números (e os interesses camuflados por trás deles), a inflação dos preços alimentícios tem ajudado a ampliar as discussões sobre o que é prioridade na economia rural. Além de reafirmar que toda febre — inclusive a dos agrocombustíveis — exige contrapesos e cuidados, a crise reafirmou a importância da agricultura familiar e da produção de alimentos.
De olho neste cenário, o governo federal pretende destinar à agricultura familiar cerca de R$ 13 bilhões na safra 2008/2009. Um aumento de R$ 1 bilhão frente ao período anterior. Os números são do próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que estima que a produção familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
A crise financeira, por sua vez, reaquece as críticas à desregulamentação da economia, ao frenesi das bolsas de valores, mercadorias e futuros, à especulação da economia virtual, no mais das vezes sem base na economia real. A transposição desta lógica financeira à agricultura, que favorece apenas o retorno financeiro das commodities (soja, milho, carne etc.), passou a ser alvo de pesadas críticas — assim como a atuação das empresas do agronegócio que controlam os preços desses produtos.
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pequenos agricultores buscam alternativas frente ao atual cenário. Em viagem realizada com o objetivo de estudar os impactos econômicos, sociais e ambientais que os agrocombustíveis têm gerado no campo brasileiro, a Repórter Brasil se deparou com importantes experiências de agricultores familiares — confira a íntegra do estudo "O Brasil dos Agrocombustíveis - Palmáceas, Algodão, Milho e Pinhão-Manso - 2008" (em pdf) .
Nos quase 5 mil quilômetros percorridos pela reportagem, foi possível aferir o conjunto das pressões e dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores. E, ao mesmo tempo, como encontram soluções válidas não somente para a realidade de cada um deles, mas para o conjunto do setor.

Alternativas
Região Sul possui uma tradição histórica em termos de agricultura familiar. Aproveitando as novas oportunidades trazidas pelos agrocombustíveis e por outras culturas com força no campo brasileiro, os pequenos agricultores também se desdobram para superar os desafios colocados. Com isso, a necessidade de viabilização de alternativas exige prudência e criatividade. Essencialmente, buscam adotar uma lógica com base na diversificação de culturas, no respeito ao trabalhador, ao meio ambiente, entre outros aspectos.
No Paraná, por exemplo, pequenos agricultores familiares empreendem uma verdadeira batalha para manter vivas as espécies crioulas do grão. No município de Bituruna (PR), a trincheira está erguida no Assentamento Rondon III. No lote do assentado Anísio Francisco da Rosa, cinco famílias participaram de um longo processo para preservar as sementes crioulas. A área do seu Anísio é também pródiga na diversidade de culturas e no auto-consumo.
Com a liberação de diversas variedades transgênicas no Brasil, as sementes crioulas conseguiram na atual safra o reconhecimento do governo federal. Por meio de um certificado emitido pelo MDA, os produtores que trabalham com este tipo de sementes poderão ter acesso ao crédito e seguro oficiais.
Em Porto Barreiro (PR), a força motriz dos pequenos agricultores é a organização coletiva da produção e da comercialização. Com apostas variadas - que vão de itens de cesta básica à produção de biodiesel, passando pela implementação de agroflorestas — os agricultores criaram a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Paraná (CPC-PR). De acordo com Valter Israel da Silva, integrante da direção nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Paraná, a cooperativa se dedicará a cuidar em nível estadual dos produtos da marca "Do Campesinato", do MPA Nacional.
De acordo com o dirigente, o movimento tem buscado estudar e recuperar a lógica da produção camponesa, inclusive com o lançamento de livros a respeito. "O pequeno produtor estava entrando na lógica do agronegócio".
Na região de Palmeira das Missões (RS), Romário Rossetto, da direção nacional do MPA no Estado, frisa que, embora o pequeno produtor sempre tenha diversificado o plantio, "nos anos 90, muitos chegaram a plantar quase só na lógica da monocultura". Segundo ele, "conseguimos reverter isso somando a lógica da diversificação às da segurança e da soberania alimentar".
Valter, do Paraná, concorda com o colega do Rio Grande do Sul e estima que, atualmente, "cerca de 20% das famílias com quem dialogamos começaram a utilizar a lógica que defendemos". Antes, diz, "lutávamos pelo crédito, mas a liberação de recursos atuava contra nós, pois incentivava a inclusão do agricultor no sistema, no uso das sementes, adubos, tudo das transnacionais". De acordo com o dirigente paranaense, as propostas do MPA nunca foram tão bem aceitas entre os agricultores quanto agora. "O discurso, que sempre pareceu somente ideológico, se torna claramente econômico com a atual crise". O projeto do MPA no Paraná, explica Silva, busca respostas integradas às crises ambiental alimentar e energética.
Edgar Kramer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Chapecó e Região (Sintraf), mostra, contudo, que inúmeros problemas continuam rondando o setor. Segundo ele, a população rural de Chapecó (SC), um dos centros do agronegócio na região, vem caindo significativamente. "As pessoas perdem o emprego na agroindústria, diante das exigências de mão-de-obra mais qualificada. O jovem está indo para a cidade. As novas famílias também". Segundo ele, quem vai para o núcleos urbanos "muitas vezes acabam no crime, no desemprego, nas favelas".
O cenário atual para a agricultura familiar é de completa insegurança, analisa Edgar. Entre outros motivos, porque as parcerias entre os agricultores e as grandes empresas da região e — como a Aurora, Sadia, Perdigão e outras — "só beneficiam os grandes", ao passo que os pequenos "entram com toda estrutura física e de trabalho". Na região, de Chapecó e outras próximas, é comum que a entrada de cada propriedade seja "carimbada" por uma dessas empresas. São os chamados "integrados", produtores que já têm sua atividade e produção ligadas diretamente a uma das empresas. Mais do que o nome da propriedade ou do seu dono, as placas destacam os logos das indústrias. E criam uma sensação de que os donos são outros...
Os apontamentos destacados pelo dirigente da Sintraf não são isolados, e encontram eco na posição de importantes entidades. E a Região Sul do país, mesmo com sua história de força no setor da agricultura familiar, não escapa às dificuldades — conforme se pode constatar nos relatórios produzidos pela Repórter Brasil sobre a soja e a mamona, e sobre o dendê, algodão, milho, babaçu e pinhão-manso que demonstram a existência na região de problemas de grilagem, de violência, problemas ambientais entre outros conflitos.
Leia o relatório "O Brasil dos Agrocombustíveis - Palmáceas, Algodão, Milho e Pinhão-Manso - 2008 (na íntegra, em pdf)", segundo de uma série de documentos sobre o tema em http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/
o_brasil_dos_agrocombustiveis_v2.pdf

Acesse em http://www.reporterbrasil.org.br/agrocombustiveis/ o site do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
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Agência Envolverde/IPS

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pablo Neruda

Canto Geral

Pablo Neruda


Aqui eles trouxeram os fuzis repletos
de pólvora, eles comandaram o acerbo extermínio,
eles aqui encontraram um povo que cantava,
um povo por dever e por amor reunido,
e a delgada menina caiu com a sua bandeira,
e o jovem sorridente girou a seu lado ferido,
e o estupor do povo viu os mortos tombarem
com fúria e dor.

Então, no lugar
onde tombaram os assassinados,
baixaram as bandeiras para se empaparem do sangue
para se erguerem de novo diante dos assassinos.

Por estes mortos, nossos mortos,
peço castigo.

Para os que salipicaram a pátria de sangue,
peço castigo.

Para o verdugo que ordenou esta morte,
peço castigo.

Para o traidor que ascendeu sobre o crime,
peço castigo.

Para o que deu a ordem de agonia,
peço castigo.

Para os que defenderam este crime,
peço castigo.

Não quero que me dêem a mão
empapada de nosso sangue.
Peço castigo.

Não vos quero como embaixadores,
tampouco em casa tranqüilos,
quero ver-vos aqui julgados,
nesta praça, neste lugar.

Quero castigo.

Créditos: Ronaldo

Quem é o terrorista?

Quem é o terrorista?

Blog do Bourdoukan

Alguém se lembra desde a ultima vez em que os palestinos cometeram algum ato de libertação?

Ato de libertação é o ato que a mídia denomina de “terrorista”.

Já faz tempo não?

Pois é. Mas Israel continua sitiando Gaza.

Isto significa que os palestinos continuam vivendo num campo de concentração.

Significa que os palestinos continuam impedidos de procurar atendimento médico.

Significa que continuam sem receber combustível.

Significa que continuam vivendo às escuras.

Significa que pacientes continuam morrendo por falta de atendimento médico.

Enquanto isso...

As tropas de Israel continuam invadindo, matando e prendendo.

Continuam roubando as colheitas de azeitona dos palestinos.

E os palestinos é que são terroristas?