1. New Country
2. The Gardens Of BabyloN
3. Wandering On The Milky Way (Violin Solo)
4. Once Upon A Dream
5. Tarantula
6. Imaginary Voyage Part I
7. Imaginary Voyage Part lI
8. Imaginary Voyage Part llI
9. Imaginary Voyage Part lV
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
Eduardo Galeano
Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.
Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede. Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.
Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.
O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.
O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV. A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.
Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.
Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.
Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.
Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.
Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.
Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.
O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.
Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.
Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.
A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.
A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.
Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.
Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.
A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro. A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro. Eduardo Galeano (1940-) é jornalista e escritor uruguaio. O texto foi publicado no diário argentino Página 12, em 29 de outubro de 1997, com o título "El derecho de soñar".
por RUI MARTINS
Os líderes latino-americanos deram um novo passo distanciando-se de décadas de órbita em torno dos Estados Unidos, num encontro aqui na Costa do Sauípe, Brasil, que reuniu praticamente todos os países da América latina e Caribe, mas excluiu os EUA e a Europa. No processo de convocação dos líderes dos 31 países, o Brasil mais uma vez exibiu suas credenciais como líder incontestável da América Latina.
Por Alexei Barrionuevo, enviado especial do New York Times*
O popularíssimo presidente do país anfitrião, Luiz Inácio Lula da Silva, um aliado dos EUA, não impediu os líderes de comemorarem a inclusão de Raúl Castro, presidente de Cuba, e usarem a ocasião para atacar os EUA e a Europa por terem provocado a crise econômica mundial, que perturba igualmente esta região.
Três dias de pancadas nos EUA
"Cuba está voltando para onde sempre deveria ter estado", disse aos jornalistas Hugo Chávez, o presidente da Venezuela:. "Nós estamos completos."
Os EUA converteram-se em saco de pancadas durante os três dias da conferência, que termina quarta-feira (17) neste paraíso turístico no estado brasileiro da Bahia. Raúl Castro certamente não estava sozinho ao investir contra os EUA e o que ele chamou o seu modelo "neoliberal" para a crise do crédito, que está afetando muitas outras economias.
"Em meio a uma crise internacional sem precedentes, nossos países não são parte do problema, podem e devem ser parte da solução", disse Lula.
Cúpula Latino-Americana X Cúpula das Américas
O momento escolhido para o encontro, apenas quatro meses antes da próxima Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, foi significativo, disseram analistas. Essa reunião, realizada pela primeira vez em Miami em 1994, convocada pelo presidente Clinton, incluirá os EUA e o Canadá, mas excluirá Cuba.
Lula fez sua parte para desviar as atenções da Cúpula das Américas, até enviando aviões da Força Aérea do Brasil para garantir a presença dos presidentes dos países mais pobres da América Central e Caríbe. Os presidentes do Peru, Alan García, e da Colômbia, Álvaro Uribe, foram os únicos chefes de Estado que não compareceram. O vice-presidente colombiano, Francisco Santos disse que Uribe, um fiel aliado dos EUA, ficou em casa às voltas com as conseqüências de fatídicas inundações.
A reunião congregou diferentes coalizões de países da região, incluindo a recém-formada União de Nações Sul-Americanas, ou Unasul, um agrupamento que tem realizado reuniões nos últimos meses que também excluíram os EUA.
"Não há dúvida de que se trata de uma exclusão, de excluírem os EUA", disse Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue, um grupo de investigação política sediado em Washington. "O Brasil está demonstrando o seu enorme poder de convocação", agregou.
Esforços anti-Cuba dos EUA se frustraram
Com a ascensão da China como principal destino das exportações regionais, e à visita no mês passado do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, visando cortejar líderes latino-americanos, há mais freqüentes indicativos de que os EUA estão se tornando um ator cada vez mais distante dos assuntos da região, disse Riordan Riordan Roett, diretor do programa de Estudos Latino-Americanos da Johns Hopkins University. "Os EUA não são mais, nem serão nunca mais, o principal interlocutor dos países da região", disse ele.
Um a um, os presidentes saudaram a inclusão de Cuba na reunião, numa expressão de que se frustraram os esforços dos EUA para excluir Cuba semelhantes fóruns hemisféricos, disse Michael Shifter, vice-presidente Inter-American Dialogue.
Muitos dos líderes, inclusive Lula pediram a suspensão do embargo dos EUA contra Cuba. "Este é mais um passo no processo de garantir que Cuba ocupe o lugar seu justo e digno lugar na região e em todo o mundo", disse Bruce Golding, o primeiro ministro da Jamaica.
Tensões regionais
Mas mesmo que os líderes latino-americanos tenham se referido a sua crescente unidade e poder coletivo, tensões regionais ficaram evidentes.
Na Bolívia, Oscar Ortiz, presidente do Senado um proeminente crítico do presidente Evo Morales, pediu à Unasul, o novo organismo regional, que faça mais investigações sobre os recentes assassinatos no norte da Bolívia, que uma comissão da Unasul descreveu como um inequívoco massacre.
Os governantes da região continuam a luta para escolher um líder para Unasul. Tabaré Vásquez, presidente do Uruguai, disse em outubro que se opõe à nomeação do ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, uma atitude que reflete as tensas relações entre os dois países no ano passado.
Também tem sido crescente a tensão entre Equador e Brasil, com o presidente equatoriano Rafael Correa expulsando executivos da Odebrecht, uma grande empreiteira brasileira, e questionando um empréstimo por parte do poderoso banco de desenvolvimento nacional brasileiro, que financia projetos de obras públicas em toda a América Latina.
Mas estas disputas podem ter mais a ver com a ascensão do Brasil, com seu perfil regional e suas corporações multinacionais competindo mais agressivamente por negócios além das fronteiras nacionais. Em Lula, o Brasil tem um líder que tem sido adepto de aliviar as tensões através da diplomacia; enquanto a diplomacia de Washgton tornou-se largamente inoperante em grande parte da região.
"Lula é um líder que pratica a 'política do abraço de urso', pensando que todos os problemas podem ser resolvidos por um caloroso abraço", disse Larry Birns, diretor do Conselho de Assuntos Hemisféricos, um grupo de investigação sediado em Washington.
* Fonte: The New York Times; intertítulos do Vermelho
Rede digital única fortalece oferta de TVs públicas Jonas Valente – Observatório do Direito à Comunicação - Sistema público O Brasil tem um sistema de televisão marcado historicamente pela hegemonia do modelo comercial. Os veículos de rádio e TV com finalidade lucrativa hoje compõem 80% dos canais, 95% do faturamento do setor e 95% da audiência. Assinado recentemente, o protocolo para a construção de uma infra-estrutura comum de transmissão no sinal digital que abrigará seis canais do chamado campo público configura-se como uma iniciativa capaz de alterar este quadro, de início em relação à oferta e, potencialmente, nos índices de audiência. |
Renda básica universal é direito a escolher própria forma de vida
A concepção republicana de liberdade é muito exigente. Liberdade e igualdade são dois fatores indissociáveis. Hoje, grandes fortunas convivem com milhões de miseráveis. As desigualdades sociais são causa da falta de liberdade para milhões de pessoas. A proposta de uma renda básica universal não se reduz à invocação de um direito humano a uma subsistência mínima. Ela se baseia numa concepção de justiça que assegure a cada pessoa não apenas a possibilidade de consumir, mas também de escolher sua forma de vida. A análise é de Daniel Raventós.Leia na íntegra o artigo em Agencia Carta Maior.