Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Grant Green - Carryin'On (1969)
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Obra de Machado de Assis, disponibilizada no portal do MEC...
Acompanham o “prato principal” das obras completas, além do vídeo produzido pela TV Escola, informações introdutórias sobre a vida e a obra do autor, adaptadas de fontes confiáveis, como a cronologia preparada por Galante de Souza para a Revista do Livro (INL/MEC), em 1958, e a página eletrônica da Academia Brasileira de Letras. Necessário observar que o propósito das seções Cronologia e Bibliografia não é trazer informações novas ou exaustivas sobre o autor, mas possibilitar ao usuário acesso a informações básicas sem precisar recorrer de imediato a outras fontes.
Já a seção O autor e a obra procura conjugar momentos distintos da interpretação da obra machadiana, ao publicar fragmentos de autores contemporâneos de Machado e ao viabilizar o acesso a uma amostra significativa da atual produção acadêmica sobre o tema. As teses e dissertações relacionadas nessa seção estão publicadas no Portal Domínio Público. Para ter acesso gratuito ao conteúdo completo, é só fazer um cadastro no sistema. Complementa a homenagem uma relação de endereços de outras páginas na internet com materiais de qualidade relativos a Machado e sua obra.
Boa leitura!
O projeto de edição das obras de Machado de Assis em formato digital foi pensado, primeiramente, como parte das atividades que marcam o centenário da morte do autor, além de responder à necessidade de ampliar o acesso a sua obra, aos estudantes dos diferentes níveis e ao público leitor em geral. Leia o texto completo
Consulta por gênero (ordem cronológica)
FSM-2009
Fotos: Eduardo Seidl
Palestinos defendem prioridade para boicote econômico a Israel
Ativistas palestinos presentes ao FSM 2009 priorizam campanha de boicote econômico a Israel e pedem anulação do Tratado de Livre Comércio entre Israel e Mercosul. “Não precisamos de que a luta palestina seja encampada por todos. A resistência palestina existe há 60 anos e continuará. Devemos isolar Israel. Parar de comercializar seus produtos. Devemos boicotar até que Israel venha a respeitar as resoluções da ONU" diz Jamal Jumá, coordenador do movimento "Stop the Wall".
BELÉM - Aqui no FSM 2009 a percepção de que Israel pela primeira vez perdeu uma guerra ecoa na qualidade da participação palestina, que mudou muito. Os movimentos sociais da região não buscam mais visibilidade, apenas, nos debates e ambiente do Fórum. O mais recente massacre em Gaza atendeu a essa demanda. Os palestinos aqui presentes vieram com uma agenda de natureza popular e política.
Jamal Jumá, coordenador do movimento Stop the Wall – que participa do Fórum desde 2004 e que estava no painel Um Mundo sem Guerras é Possível, promovido pelo Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso) –, ocorrido no dia 30 , resumiu da seguinte maneira a sua campanha nos FSM: “Não precisamos de que a luta palestina seja encampada por todos. A resistência palestina existe há 60 anos e continuará. O que precisamos é que os movimentos se unam para que tenhamos a paz não em 20, mas em 10 anos”.
Do ponto de vista político a “causa palestina” neste FSM prioriza a campanha de boicote econômico a Israel, inclusive com uma campanha pela anulação do Tratado de Livre Comércio entre Israel e o Mercosul. Trata-se de uma tentativa de repetir a condenação ao regime de Apartheid na África do Sul, nos anos 80.
A perspectiva é conter Israel através de um movimento popular, palestino e internacional. No dia seguinte ao painel organizado pelo Clacso neste FSM, o jornal israelense Haaretz publicou com exclusividade uma matéria que talvez explique a agenda desses palestinos engajados no FSM. Os dados, minuciosamente apurados e alarmantes, dão conta do expansionismo israelense sobre territórios palestinos da Cisjordânia e foram, durante anos, mantidos em segredo pelo exército de Israel.
Segundo a matéria assinada por Uri Blau, “uma análise dos dados revela que, na imensa maioria dos assentamentos – algo em torno de 75% - a construção de casas, algumas vezes em larga escala, tem sido feita sem o cumprimento dos procedimentos adequados ou contra a lei que disciplina o assunto. Os dados também mostram que, em mais de 30% dos assentamentos a construção extensiva de prédios e infraestrutura (estradas, escolas, sinagogas, yeshivas e mesmo postos policiais) ocorreram em terras privadas pertencentes aos residentes palestinos da Cisjordânia”.
O exército de Israel levantou esses dados inicialmente para se defender de acusações de movimentos dos direitos humanos e de reivindicações judiciais de palestinos. Talvez essa realidade explique a consideração de uma década, por parte da campanha Stop the Wall, para que a paz seja alcançada entre ambos os povos. Desde 2002 - no governo de Ariel Sharon - Israel começou a erguer um muro de concreto de nove metros de altura e em torno de 700 km de extensão, anexando territórios palestinos e isolando ambas as comunidades, na região da Cisjordânia. A campanha que Jumá coordena chama esse muro de Muro do Apartheid. “Israel dá claros sinais de que não quer a paz, construindo colônias e estradas do apartheid, em que carros palestinos não passam. Pode-se sair de uma colônia ilegal até Tel Aviv sem ver um palestino sequer”, denunciou.
“Acredito que a paz seja fácil de se obter na Palestina, mas é difícil se as coisas continuarem como estão”, disse o ativista palestino, registrando a assimetria militar dos ataques israelenses em Gaza. “Foram 44 mil casas destruídas, usaram bombas de fósforo”, disse, para acrescentar em seguida que houve uma média de 230 palestinos mortos para cada israelense que morreu. O número de palestinos mortos recentemente em Gaza, segundo ele, “seria algo comparativamente a 730 mil brasileiros mortos”.
Em seguida, o ativista, que é formado em literatura árabe, fez um balanço do que sucedeu aos ataques recentes: “ficamos com duas lições quanto às pessoas: a primeira é que jamais tivemos em nossa experiência uma solidariedade como tivemos ao nosso povo, nessas três semanas. Foi uma heróica resistência, um grande exemplo; a segunda é que Israel não conseguiu entrar com seus tanques nas áreas habitadas de Gaza. Apesar de sua força militar, Israel não conseguiu quebrar o tecido social em Gaza”, concluiu.
Para Jumá, o apelo às leis internacionais, à ONU e ao seu Conselho de Segurança não pode depender, apenas, de governos ou membros dos poderes estatais. Ele interpreta os movimentos subsequentes ao ataque a Gaza da comunidade internacional como de apoio, cumplicidade e anuência para com Israel. Tampouco guarda grandes expectativas frente ao presidente norte-americano recém empossado, Barack Obama: “Ficamos frustrados em não escutá-lo defender o fim da ocupação e o reconhecimento dos direitos dos palestinos. Nem mencionou os crimes de guerra”, disse, para afirmar o que esperava do novo presidente: “O que esperamos de alguém como ele, o primeiro negro a governar o país, é que os Estados Unidos peçam perdão pelos crimes que cometeram contra o mundo, contra os palestinos, contra o Iraque, o Afeganistão, o Cambodja, o Vietnã, o mundo árabe... a lista é longa”, disse o palestino.
No lugar do apelo aos governos e aos dirigentes estatais, o coordenador do Stop the Wall defende a militância política, popular e internacional das sociedades civis organizadas. Para ele, está em jogo, neste momento, barrar um diagnóstico e um projeto que, segundo disse, é apoiado por Barack Obama e pelo ex-senador George Mitchell, o novo enviado especial para o Oriente Médio, dos EUA. “Eles defendem um estado palestino contíguo ao israelense e apresentam como solução para os territórios palestinos ocupados um projeto de industrialização, como se dizendo 'vocês vão ter empregos, mas não seu território'”.
O projeto a que Jamal Jumá se refere transformaria o que se vem chamando um tanto simpaticamente da solução “dois povos, dois estados” num campo minado de conflitos infindáveis, porque iria ser criada uma zona de bolsões, ou um, nas suas palavras, “estado bantustão”, os falsos estados que o regime do Apartheid criou, na África do Sul, para manter os negros longe das terras dos brancos mas próximos dos postos de trabalho dominados por estes. Apesar de os bantustões, espécies de favelas legalmente constituídas serem em tese territórios autônomos, de fato eram territórios depauperados, sem independência. No caso dos palestinos, seria, inclusive, cercado por um imenso Muro, que Jumá combate na sua campanha.
Para Jumá, os cercos a Belém, com o “Muro do Apartheid” e o bloqueio a Gaza são expressões de um aviso à população palestina da Cisjordânia. Algo como “se vocês não aceitarem esse sistema, a Cisjordânia pode ser bombardeada como Gaza foi”, disse Jamal, para afirmar que “o ataque a Gaza é só um aviso à Cisjordânia”.
A defesa do papel dos movimentos sociais que orbitam no FSM não é, para o ativista palestino, a de salvar os palestinos ou de oferecer-lhes uma solução. Ambos os procedimentos não deixam de abundar em sua inutilidade e hipocrisia, dada a fraqueza da ONU e as trevas da quadra recente da história sob os anos George W. Bush, para dizer o mínimo. Para ele, a solução dos problemas dos palestinos “deve partir da Palestina”. O apelo de Jumá ao FSM é um apelo pelo boicote comercial a Israel, com base na perda de credibilidade na força de lei das decisões da ONU. “Devemos isolar Israel, boicotá-lo. Parar de comercializar seus produtos. Devemos boicotar até que Israel venha a respeitar as resoluções da ONU. Precisamos que esse movimento continue. Lutar contra os acordos de livre comércio que Israel tem celebrado com vários países, inclusive com o Mercosul. Precisamos pensar neste fórum em como trabalhar unidos, ao redor do mundo”.
Essa é a agenda, não apenas do Jamal Jumá e do movimento Stop the Wall, mas de muitos outros movimentos palestinos presentes em Belém. Eles defendem (ainda que não falem disso aberta e espontaneamente) uma tese que já foi considerada utópica, mais ou menos nos anos 60 do século passado, a saber, a de um único estado, laico, binacional, sem muros, nem fronteiras entre os povos, sem documentos de identificação distintos. Afinal, disse Jumá, “ou reconhecemos que não vamos eliminar a existência um do outro e que estaremos sempre juntos, ou o conflito nunca terá fim”.
Dada a ocupação empedernida de Israel sobre territórios palestinos, já a mais longa da modernidade, e dada essa derrota moral e política que parece clara para os participantes deste Fórum, essa utopia pode vir a fazer sentido. Pode ganhar realidade, pois, como disse o palestino, “as questões essenciais do mundo, que aqui se discutem, dizem respeito a cada um de nós”, chamando à militância, não pela visibilidade, mas pelo reconhecimento.
Jazz do bom...
Thelonious Monk with John Coltrane (1957)
Músicos:
Faixas 1,2,4 : Thelonious Monk (piano); John Coltrane (tenor sax); Wilbur Ware (bass); Shadow Wilson (drums)
Gravado em junho de 1957
Faixas 3,5 : Thelonious Monk (piano); John Coltrane (tenor sax); Coleman Hawkins (tenor sax); Ray Copeland (trumpet); Gigi Gryce (alto sax); Wilbur Ware (bass); Art Blakey (drums)
Gravado em 26 de junho de 1957
Faixa 6 : Thelonious Monk (piano)
Gravado em abril de 1957
Faixas:
1. Ruby, My Dear (6:21)
2. Trinkle, Tinkle (6:40)
3. Off Minor (5:15)
4. Nutty (6:39)
5. Epistrophy (3:09)
6. Functional (9:43)
opinião de Fidel Castro...
(Extraído do CubaDebate)
NÃO é muito difícil. Depois da tomada de posse, Barack Obama declarou que para a devolução da base naval de Guantánamo a seu dono legítimo devia sopesar, em primeiro lugar, se prejudicava ou não, no mínimo, a capacidade defensiva dos Estados Unidos.
Logo acrescentou que, quanto à devolução do território ocupado a Cuba, devia considerar, sob quais concessões a parte cubana aceitaria essa solução, o que significa a exigência de uma mudança em seu sistema político, preço contra o qual, Cuba lutou durante meio século.
Manter uma base militar em Cuba contra a vontade do nosso povo, é uma violação dos mais elementares princípios do Direito Internacional. O presidente dos Estados Unidos tem faculdade para acatar essa norma sem condição alguma. O fato de não respeitá-la constitui uma ação de soberba e abuso de seu imenso poder contra um país pequeno.
Para compreender melhor o abuso do poder do império, deve se levar em conta as declarações publicadas pelo governo dos Estados Unidos, em 22 de janeiro de 2009, no site oficial da internet, depois da posse de Barack Obama. Biden e Obama resolveram apoiar decididamente a relação entre os Estados Unidos e Israel, e consideram que o indiscutível compromisso no Oriente Médio deve ser a segurança de Israel, o principal aliado dos Estados Unidos na região.
Os Estados Unidos nunca vão se afastar de Israel, e seu presidente e vice-presidente "acreditam firmemente no direito de Israel de proteger seus cidadãos", assegura a declaração de princípios, que retoma nesses pontos a política do governo do antecessor de Obama, George W. Bush.
É esse o modo de compartilhar o genocídio contra os palestinos em que caiu o nosso amigo Obama. Adoçantes similares oferece à Rússia, China, Europa, América Latina e ao resto do mundo, depois que os Estados Unidos converteram Israel numa importante potência nuclear que absorve a cada ano uma porção considerável das exportações da próspera indústria militar do império, com que ameaça, com violência extrema, a população de todos os países de crença muculmana.
Abundam exemplos similares. Não faz falta ser adivinho. Podem ler, para mais informação, as declarações do novo chefe do Pentágono, experto em assuntos bélicos.
Fidel Castro Ruz
29 de janeiro de 2009
Enquanto isso na Venezuela....
Claudia Jardim De Caracas para a BBC Brasil |
Programa "Bairro Adentro", usa médicos cubanos em atendimetos |
Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o governo, a área social passou a ser prioritária em sua gestão, que contou com o incremento dos preços do petróleo para o financiamento dos projetos sociais.
Até mesmo os críticos da política econômica do governo, cuja estrutura continua dependente fundamentalmente da exploração petrolífera, concordam que as condições de vida dos venezuelanos melhoraram sob a administração chavista.
“Os setores sociais antes marginalizados e excluídos, realmente saíram da pobreza crítica, estão melhor, ninguém pode negar isso. Os que não comiam nem o suficiente, agora estão comendo”, afirmou Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela (BCV).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, em 1999, 20,1% dos venezuelanos viviam na extrema pobreza. Em 2007, o índice havia caído para 9,5%.
O número de pobres total no início do governo era de 50,5 % - mais de 11 milhões de venezuelanos. Esse número caiu para 31,5%.
De um universo de 26,4 milhões de pessoas, 18,8% dos venezuelanos saíram da linha da pobreza (cálculo realizado com base nos dados oficiais).
Para o historiador norte-americano Steve Ellner, professor da Universidade dos Andes, no Estado de Mérida (Venezuela), entre apostar no desenvolvimento econômico e na industrialização do país ou investir no setor social, Chávez privilegiou o segundo na divisão da renda obtida com o petróleo.
“No curto prazo, programas de desenvolvimento econômico teriam dado resultados mais rápidos, mas a prioridade era o social”, afirmou.
O relatório da Cepal de 2008, que aponta a diminuição da pobreza na América Latina, indica que os programas sociais foram os responsáveis pela queda no número de pobres na Venezuela.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pela empresa Datanálisis, nos últimos oito anos o consumo das classes E e D havia aumentado em 22%, impulsionado pelo incremento do salário mínimo (que subiu de US$ 47 em 1999 para US$ 371) e pela ajuda financeira que provém dos programas sociais.
Com exceção dos programas relacionados com a saúde, os beneficiários das “missões” (nome dado por Chávez aos programas sociais) recebem uma ajuda média de US$ 100.
“Parte dos recursos obtidos com o petróleo foi distribuída por meio desses programas”, afirmou o ex-diretor do BCV Maza Zavala.
“Missões”
O “Bairro Adentro” foi um programa social implementado pelo governo em 2003. Esta “missão”, que presta atendimento médico básico e familiar nas periferias do país, inaugurou o projeto de cooperação Cuba-Venezuela, que hoje está presente nas áreas de saúde, educação e esporte.
Os programais sociais são financiados com a receita excedente do petróleo e contam com estrutura e dinâmicas próprias, que obedecem fundamentalmente às diretrizes da Presidência da República, sem passar pelo filtro dos ministérios.
No entendimento do governo, a estrutura burocrática governamental impediria que os projetos alcançassem, com a velocidade que a conjuntura política exigia, um número considerável da população pobre, que foi e continua sendo a base de apoio do chavismo.
“Quando o governo teve que enfrentar a ameaça de perder o referendo (revogatório realizado em 2004), tirou quase que da manga o programa 'Bairro Adentro ', que teve um impacto extraordinário”, afirmou à BBC Brasil o sociólogo Edgardo Lander, da Universidade Central da Venezuela.
“Agora, as pessoas têm um médico a duas quadras de casa no caso de uma emergência, é uma mudança significativa na qualidade de vida das pessoas”, acrescentou.
Lander explica que a crise da saúde pública no país no período anterior a Chávez estava associada a dois fatores principais: a privatização do sistema e a resistência dos profissionais em atuar no setor público, desmantelado nas décadas anteriores, de acordo com o sociólogo.
Agora, as pessoas têm um médico a duas quadras de casa no caso de uma emergência, é uma mudança significativa na qualidade de vida Edgardo Lander, sociólogo |
“Para esses médicos, ir a um bairro pobre era o mesmo que ir a uma zona de guerra. Era algo completamente alheio à sua realidade”, disse.
Organização
Magaly Perez é coordenadora de um Comitê de Saúde no bairro periférico de 23 de Enero, em Caracas.
Os comitês reúnem voluntários da vizinhança onde está instalado o programa “Bairro Adentro”, que diagnosticam os problemas de saúde do local e auxiliam na atuação dos médicos cubanos.
Perez conta que o trabalho de censo da população do bairro fez com que esses voluntários “tomassem consciência da organização comunitária e da importância de participar para transformar nossa realidade”.
De acordo com os moradores do bairro, antes, a única alternativa para a população de baixa renda era enfrentar horas de fila em hospitais para receber algum tipo de atenção.
“Antes, morriam pessoas aqui porque não tínhamos assistência médica adequada. Isso mudou com a revolução”, afirmou Magaly Perez à BBC Brasil, enquanto anotava a lista dos idosos que participariam do exercício matinal realizado três vezes por semana com o auxílio de um técnico cubano.
“Os cubanos trabalham dia e noite, mas os médicos venezuelanos não, eles são capitalistas e o povo deu as costas a ele. Eles não sobem o morro para socorrer ninguém”, afirmou Magaly Perez.
Antes, morriam pessoas aqui porque não tínhamos assistência médica adequada. Isso mudou com a revolução Magaly Perez |
Em 1998, havia 1,6 mil médicos atuando no atendimento primário de uma população de 23,4 milhões de pessoas. Atualmente há 19,6 mil para uma população de 7 milhões. Deste total, 14 mil profissionais são cubanos, entre médicos, enfermeiras e técnicos em saúde.
A disputa entre os médicos venezuelanos - que alegam falta de condições e segurança para atuar nas periferias e hospitais públicos – e o governo – que argumenta que o problema é de natureza política - levou a administração chavista a criar um sistema de saúde paralelo, com a ampliação do “Bairro Adentro” em pequenas clínicas especializadas.
O resultado da disputa, de acordo com Lander, foi o abandono ainda maior da rede de hospitais públicos.
“A rede hospitalar foi abandonada na parte de insumos e atendimentos, os hospitais sofreram um deterioramento grande”, afirmou.
A quantidade de novas clínicas do “Bairro Adentro”, porém, ainda é insuficiente para atender a toda a população, de acordo com a organização não-governamental PROVEA.
Política
Na mesa da sala de espera do pequeno consultório no bairro de 23 de Enero havia um abaixo assinado em apoio à emenda constitucional que irá a referendo em 15 de fevereiro, cuja eventual aprovação colocará fim ao limite para a reeleição aos cargos públicos, entre eles, a Presidência.
Uma das senhoras que aguardavam atendimento se antecipou em dar uma explicação: "A saúde aqui não tem ideologia política, muitos que vêm aqui não apóiam o comandante (Chávez), mas, mesmo assim, são beneficiados", afirmou Josefina Rodriguez, de 70 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a mortalidade infantil também foi combatida na última década, ao passar de 21,4 por cada mil nascidos, em 1998, para 13,7 em 2007. No Brasil, em 2007, o índice era de 24,32 por cada mil nascimentos.
O “Bairro Adentro” serviu de modelo para as outras “missões”, que abrangem as áreas de educação básica, superior e profissionalizante, de auxílio às mães solteiras, de subsídio alimentar, entre outras.
Em 2005, na metade do governo Chávez, o Ministério de Educação declarou o país “livre de analfabetismo” com a aplicação do método cubano “Yo sí puedo”, metodologia aplicada recentemente na Bolívia e em algumas áreas do nordeste do Brasil.
De acordo com o governo, 1,6 milhão de adultos foram alfabetizados no período de dois anos.
Ainda segundo o governo, 3,4 milhões de pessoas foram graduadas nas “missões” educativas.
Institucionalização
Julio Borges, dirigente do partido de oposição Primeiro Justiça (centro-direita) reconhece que durante o governo Chávez “houve um despertar social muito importante, principalmente entre os mais pobres, com a participação” das pessoas envolvidas com o projeto chavista.
Borges, porém, questiona se a estrutura criada para manter as missões poderá ser mantida ao longo do tempo.
“É um problema estrutural. As pessoas estão contentes com Chávez porque estão se afogando no mar e as missões são um colete salva-vidas. Mas a pergunta é se um dia elas vão sair do mar”, afirmou.
Para a oposição, analistas e inclusive alguns chavistas, a falta de institucionalização nos programas sociais abre o precedente para a corrupção, já que não há um sistema de controle que regule essas atividades e o manejo dos recursos públicos.
As pessoas estão contentes com Chávez porque estão se afogando no mar e as missões são um colete salva-vidas. Mas a pergunta é se um dia elas vão sair do mar Julio Borges, dirigente do partido Primeiro Justiça |
Em 2008, o orçamento anunciado para as missões foi de US$ 2,6 bilhões.
O sociólogo Edgardo Lander avalia que, passado o período de “emergência” para a criação dos programas sociais, o governo deveria institucionalizá-los.
“As pessoas não podem viver neste estado de emergência permanentemente e não pode haver essa espécie de militância na gestão pública”, afirmou.
Dívida
A insegurança continua sendo a principal dívida social do governo, na avaliação de especialistas. A violência é a principal preocupação dos venezuelanos, de acordo com uma pesquisa da empresa Hinterlaces.
De acordo com um levantamento do Centro para a Paz e Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela, publicado no relatório da ONG Provea de 2007, em 1998, o índice de homicídios era de 25 por 100 mil habitantes.
Em nove anos o número subiu para uma média de 45 mortos por 100 mil pessoas em 2007, com cerca de 13 mil assassinatos no mesmo período.
“Em um governo que pretende impulsionar a democratização da sociedade e favorecer os setores populares, nos damos conta de que são justamente eles os que mais sofrem as conseqüências da insegurança”, afirmou Edgardo Lander.
“O governo pensa que o problema da segurança é somente estrutural no âmbito da educação e da cultura”, acrescentou Lander.
Em um governo que pretende favorecer os setores populares, nos damos conta de que são justamente eles os que mais sofrem as conseqüências da insegurança Edgardo Lander, sociólogo |
O ministro de Relações Exteriores, Nicolas Maduro, ex-presidente do Congresso, admite que um dos principais desafios do governo é combater a criminalidade, sem apontar no entanto, soluções para o problema.
Protestos na Suiça contra o FEM...
Foto Reuters
Os protestos contra o Forum Econômico Mundial, que se realiza em Davos, na Suiça, não param. Na reunião de ontem, os ministros do comercio prometeram resgatar a Rodada de Doha para reativar a economia global.Os organizadores convidaram Cuba para participar da proxima reunião sobre a America Latina que realizar-se-á em abril, no Rio de Janeiro, devido ao interesse que a Ilha desperta "pelas oportunidades de negocios" que apresenta.
sábado, 31 de janeiro de 2009
do sitio Correio da Cidadania...
Não, absolutamente não! | | | |
Michael Warschavski | |
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O Correio da Cidadania publica este manifesto escrito por Michael Warschavski, do Alternative Information Center (AIC), em 18 de janeiro passado. O jornal se oferece para transmitir à organização patrocinadora do manifesto as adesões que chegarem à redação.
Não em nome deles e nem em nosso nome!
Ehud Barak, Tzipi Livni, Gabi Ashkenazi e Ehud Olmert: não se atrevam a aparecer em qualquer homenagem aos heróis do Gueto de Varsóvia, Lublin, Vilna ou Kishiven. Nem vocês líderes do movimento Paz Agora, para quem paz significa "pacificação" a qualquer preço, inclusive a destruição de todo um povo. Sempre que eu estiver em uma dessas cerimônias, farei tudo para expulsá-los, porque suas presenças são um imenso sacrilégio.
Não em nome deles!
Vocês não têm o direito de falar em nome dos mártires do nosso povo. Vocês não são Ana Frank do campo de concentração Bergen Belsen, mas, sim, Hans Frank, o general alemão que se empenhou em provocar a fome e a destruição dos judeus da Polônia.
Vocês não representam qualquer continuidade do Gueto de Varsóvia, porque hoje o Gueto de Varsóvia está diante de vocês, como alvo de seus tanques e de sua artilharia - e seu nome é Gaza.
Gaza que vocês decidiram eliminar do mapa, assim como o General Frank pretendia eliminar o Gueto. Mas, diferentemente dos Guetos da Polônia e da Bielorrússia, nos quais os judeus estavam praticamente isolados, Gaza não será destruída porque milhões de homens e mulheres nos quatro cantos do nosso mundo estão construindo um poderoso escudo humano no qual está gravado: NUNCA MAIS!
Não em nosso nome!
Juntamente com dezenas de milhares de outros judeus, do Canadá à Grã-Bretanha, da Austrália à Alemanha, nós os advertimos: não cometam a ousadia de citar nosso nome, porque nós partiremos para cima de vocês e, se necessário, os levaremos ao inferno dos criminosos de guerra e enfiaremos suas palavras goela abaixo até que peçam perdão por nos haver misturado com seus crimes.
Nós, e não vocês, somos os herdeiros de Mala Zimetbaum e Marek Edelman, de Mordechai Anilevics e Stephane Hessel, e agora transmitimos ao mundo a mensagem que eles dirigiram a toda a humanidade na Páscoa de 1943: "Lutamos pela nossa liberdade e pela liberdade de vocês; pelo nosso brio e pelo brio de vocês; pela nossa dignidade social e nacional, assim como pela dignidade social e nacional de vocês".
Esse Apelo do Gueto de Varsóvia nós deixamos sob a custódia dos lutadores da resistência em Gaza.
Para vocês, dirigentes de Israel, "liberdade" é uma palavra feia. Vocês não têm brio e não entendem o sentido da dignidade humana.
Não somos "outra voz judaica", mas a única voz judaica capaz de falar em nome dos santos torturados do povo israelita. A voz de vocês são as bestiais vociferações dos assassinos de nossos antepassados.
O original em inglês pode ser encontrado em http://www.alternativenews.org/content/view/1545/389/.
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Os humanos, insensíveis, por ROBERT FISK...
Quando foi que paramos de nos incomodar com civis mortos em tempo de guerra?
Robert Fisk. 31/1/2009, The Independent, UK
Créditos: blog do azenha
E depois que a própria ministra de Negócios Estrangeiros de Israel disse que o exército israelense recebeu autorização para "enlouquecer" [ing. "go wild"] lá, tudo parece confirmar o que tenho dito, que a "Força de Defesa" israelense é exército tão vagabundo quanto os outros exércitos da Região.
Mas parece que perdemos o senso de imoralidade que se deve esperar que acompanhe todos os conflitos e todas as violências.
A recusa da BBC, de veicular um anúncio de pedido de ajuda para os palestinos é altamente instrutiva. Temos de pôr em discussão a "imparcialidade" da BBC. Em outras palavras, proteger uma instituição foi considerado mais importante que a vida de crianças. A guerra considerada esporte de massa, cujo atento monitoramento – como um jogo de futebol, por mais que o Oriente Médio seja escandalosa tragédia – ganha precedência sobre o sofrimento humano.
Não sei com certeza quando isso começou. Ninguém duvida que a II Guerra Mundial foi banho de sangue de proporções titânicas, mas, depois daquele conflito, implantamos vários tipos de leis para proteger os seres humanos. Os protocolos da Cruz Vermelha Internacional, a ONU – tanto o todo-poderoso Conselho de Segurança quanto a ridícula Assembléia Geral – e a União Européia foram criadas para pôr fim aos conflitos em larga escala. E sim, sei que houve a Coreia (sob bandeira da ONU) e depois foi o Vietnam, mas depois que os EUA retiraram-se de Saigon, criou-se um consenso de que "nós" já não guerreamos.
Estrangeiros, sim, cometem atrocidades em massa – pode-se pensar no Camboja – mas nós, ocidentais superiores, não. Não agimos assim. Guerra de baixa intensidade na Irlanda do Norte, talvez. E daríamos algum jeito no conflito Israel versus árabes. Mas havia um sentimento de que My Lai, nunca mais. Os civis voltaram a ser sagrados no Ocidente.
Não sei exatamente quando a mudança começou. Terá sido a desastrosa invasão israelense do Líbano, em 1982 e o massacre em Sabra e Chatila, pelos aliados de Israel, de 1.700 palestinos civis? (Gaza não bateu esse recorde.) Israel, como sempre, alegou estar lutando "nossa" "guerra contra o terror". Mas o exército de Israel não é o que se supõe que seja e os massacres (lembro do massacre de Cana, em 1996; e das crianças de Marwahine, em 2006) parecem estar associados a isso.
Além do mais, claro, há o assuntinho da guerra Iran-Iraque, de 1980 a 1988, que os ingleses apoiaram entusiasmados fornecendo armas aos dois lados, e o massacre, pelos sírios, de milhares de civis em Hama e...
Não, talvez tenha começado na Guerra do Golfo de 1991. Os rapazes e as moçoilas da televisão deitaram e rolaram – foi a primeira guerra que teve trilha sonora para acompanhar as imagens –, e os soldados dos EUA simplesmente queimaram vivos milhares de soldados iraquianos nas trincheiras, e só soubemos muito depois e nem demos muita bola; e quando os soldados dos EUA ignoraram as regras da Cruz Vermelha que mandam identificar e sinalizar valas comuns, safaram-se também desse crime. Havia cadáveres de mulheres em algumas dessas valas comuns – vi soldados ingleses enterrando cadáveres de mulheres. E lembro que viajei até Mutla, de carro, para mostrar a um delegado da Cruz Vermelha onde eu vira uma vala comum cavada pelos norte-americanos e ele viu uma papoula de plástico [é um broche, espécie de medalhinha distribuída para os que contribuíram para os fundos de apoio aos veteranos dos EUA] presumivelmente deixada ali por um norte-americano e disse: "Alguma coisa aconteceu."
O que ele disse foi que alguma coisa acontecera à lei internacional, às regras da guerra. Haviam sido violadas. Depois veio Kosovo – onde nosso caro Lord Blair pela primeira vez exercitou seus talentos de fazedor de guerra – e mais massacres. Claro, Milosevic era o bandido (embora muitos dos kosovares ainda estivessem em suas casas quando a guerra começou, o objetivo da guerra foi a volta deles, depois da brutal expulsão pelos sérvios). Mas aqui, outra vez, os ingleses violaram algumas regras a mais e safaram-se.
Lembrem o trem de passageiros que os ingleses bombardeamos na ponte Surdulica – e a famosa sequência em que o filme de Jamie Shea é acelerado, para mostrar que quem bombardeou não teria tido tempo para manter o fogo? (A verdade é que o piloto voltou para um segundo bombardeio depois de o trem já estar em chamas, mas essa parte foi cortada no filme.) Depois, o ataque à estação de rádio em Belgrado. E às estradas civis. Depois, o ataque a um hospital no interior. "Alvos militares", disse Jamie. Tinha razão. Havia soldados escondidos entre os pacientes, no hospital. Todos os soldados sobreviveram. Todos os pacientes morreram.
Depois foi o Afeganistão e todo aquele "dano colateral" e vilas inteiras varridas do mapa e depois foi o Iraque em 2003 e dezenas de milhares – ou meio milhão ou um milhão – de iraquianos civis mortos. Mais uma vez, no início, voltamos aos nossos truques ingleses de bombardear pontes e estações de rádio e pelo menos uma residência civil em Bagdá, onde "nós" imaginamos que Saddam estivesse escondido. Sabíamos que estava protegido por um escudo humano (de cristãos, aliás, por acaso), mas os americanos disseram que se tratava de operação "de alto risco" – e 22 civis foram mortos. Vi quando tiraram dos escombros o último cadáver, um bebê.
E não damos sinais de nos incomodar muito. Lutamos no Iraque, agora vamos voltar a lutar no Afeganistão, outra vez, e todos os direitos humanos e proteção devida à pessoa parecem ter evanescido mais uma vez. Arrasaremos vilas e cidades e descobriremos que os afegãos nos odeiam e formarão mais grupos de milícias criminosas – exatamente como fizemos acontecer no Iraque – para lutar contra nós. Os israelenses organizaram milícia semelhante em sua zona de ocupação no sul do Líbano, comandada por um major do exército libanês e fanático. Agora, os soldados ingleses é que "enlouquecerão". E a BBC está preocupada com sua "imparcialidade"?
Artigo original, em inglês em:
http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fiskrsquos-world-when-did-we-stop-caring-about-civilian-deaths-during-wartime-1521708.html