quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um desabafo de Eduardo Guimarães...

Omelete verde-amarela

Eduardo Guimarães

Segundo informações da agência AFP, “os presidentes de Equador e Venezuela, Rafael Correa e Hugo Chávez, vão propor à União de Nações Sul-Americanas (Unasul) a criação de um órgão regional que defenda os governos dos abusos da imprensa".

Já Correa chamou a imprensa de seu país de "corrupta e instrumento da oligarquia”.

Chávez garantiu que o Equador "conta com todo o apoio da Venezuela em sua luta contra este fenômeno que se aproxima da loucura do fascismo, de forma aberta, descarada e cínica".

Um dos maiores inimigos da América Latina é a imprensa, segundo Correa, pois seria “comprometida com os poderes que sempre dominaram a região” .

O equatoriano também afirmou que “Temos que enfrentar e derrotar este poder tão grande e tão impune", e deu a receita de como fazer isso: "Com leis mais fortes, que punam tanto a desinformação, como a má fé e a corrupção".

Atuando nessa linha de pensamento, o presidente do Equador anunciou “uma drástica auditoria sobre as freqüências concedidas pelo Estado aos meios de comunicação”.

Na Venezuela, a polícia deu uma batida na casa de Guillermo Zuloaga, presidente da televisão Globovisión, veículo aliado da oposição ao governo e que o presidente do país chamou de "terrorista que viola a Constituição e incita ao ódio". A operação encontrou diversos carros de luxo sem documentos.

É verdade que as tevês na Venezuela e no Equador – e também na Bolívia, não devemos nos esquecer –, acima de todos os outros meios de comunicação, agem de forma mais desabrida do que no Brasil.

Como conheço muito de perto todos esses países, vi nas tevês deles convocações da população para protestar contra o governo. Peças publicitárias são veiculadas instigando as pessoas a saírem às ruas, onde acabam acontecendo confrontos entre governistas e anti-governistas.

Contudo, no Brasil, não estamos muito distantes disso. De acusações baseadas em documentos falsos contra uma ministra de Estado publicadas na primeira página de um grande jornal a envolvimento desse jornal e de uma grande revista semanal com banqueiros acusados, processados e condenados por corrupção, temos aí uma organização criminosa.

Claro que, enquanto na Venezuela, no Equador e na Bolívia as forças armadas são legalistas, no Brasil, através das declarações freqüentes de chefes militares feitas de forma pública, o governo de centro-esquerda do país é constantemente ameaçado de levante golpista das forças armadas.

Estou cada vez mais convicto, portanto, de que, enquanto o Brasil não enfrentar essa questão, não haverá jeito. Os grandes interesses continuarão mantendo os governos contra a parede. Falam tanto que Lula deixa os banqueiros ganharem, mas tentasse ele diminuir-lhes o lucro e seria derrubado em semanas.

As forças armadas ainda são as grandes fiadoras da exclusão social e da concentração de renda no país. Isso por força da cúpula dessas forças. Não se sabe, porém, se as tropas contemporâneas atuariam em consonância com o comando militar...

Esses comandantes já são idosos e oriundos do regime de 1964, em boa maioria. Alguns já estão passando à reserva, outros estão morrendo, mas, enquanto ainda contaminarem as forças armadas, sempre irá pairar a dúvida sobre se poderiam contar com os efetivos militares.

Na Venezuela, por exemplo, durante a tentativa de golpe de 2002 a cúpula das forças armadas estava mancomunada com as tevês Globovisión, RCTV e Venevizión, entre outras, bem como com a Fedecámaras (a Fiesp venezuelana), com os partidos Acción Democrática, Copei e com outros partidos menores e alguns sindicatos.

O que aconteceu foi que as tropas se recusaram a obedecer a ordem do comando militar, o qual acabou preso, e o então presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona, fugiu do país para não ser preso também. As tevês, porém, apesar de terem confessado no ar sua participação no golpe quando pensaram que ele tinha dado certo, continuam impunes até hoje.

Por incrível que pareça, a liberdade de imprensa, que deveria ser liberdade de opinião e de pensamento, transformou-se em pretexto para censurar essas liberdades. Hoje no Brasil, por exemplo, cinco mil pessoas saem à rua numa das maiores cidades do país e o direito da população de ter essa informação é sumariamente cassado por concessões públicas que são as tevês.

Uma inimiga política do dono da Folha de São Paulo tem publicada contra ela na primeira página do jornal um documento falso acusando-a de ter cometido crimes e ninguém paga por isso. A maior empresa brasileira, a Petrobras, foi acusada ontem, pela mesma Folha, de ter mandado matar um cidadão que a questionava na Justiça.

A atuação da Folha de São Paulo já virou criminosa faz tempo. Ao lado da Veja, que ainda tem histórico de crimes muito menor, por mais que ainda seja extenso.

Folha e Veja são hoje veículos que produzem notícia. São parte da notícia. E parte do jogo político. Há vários indícios de envolvimento delas ao menos com um criminoso condenado, Daniel Dantas.

No Brasil, portanto, a situação é pior. Além das forças armadas, a cúpula do Judiciário também está contaminada por aliados do mesmo criminoso condenado. O governador paulista tem parentes envolvidos com esse criminoso. Enfim, crime organizado e instituições estão fundidos no Brasil.

Tudo isso me leva a uma opinião: não dá para fazer uma omelete sem quebrar os ovos. Assim, com meias palavras, com meias medidas, será difícil civilizar o Brasil. Já está na hora de elegermos um líder mais forte, mais ousado, mais destemido do que Lula.

Chamem de “populista”, do que quiserem. No resto da América Latina, os povos já estão elegendo líderes dispostos a enfrentar o sistema de opressão e exclusão social desenvolvido por essa casta étnica indo-européia.

E o pior é que estamos falando de grupelhos de descendentes de europeus que enriqueceram à sombra do Estado, sobretudo durante a ditadura militar, e montaram aparatos de comunicação enormes que fazem a diferença na condução dos países latino-americanos. E o fato é que tudo, hoje em dia, está centrado na comunicação.

No Brasil, a única iniciativa na questão da comunicação foi a criação da tevê Brasil e a convocação da tal Conferência Nacional de Comunicação, que, segundo informações recentes, já está meio que dominada pelos grandes grupos midiáticos.

Em minha opinião, o Brasil precisa eleger um líder forte, disposto a enfrentar esse monstrengo político-econômico-étnico-regional-midiático-militar. Poderia ser Dilma Rousseff, sim. Se o Brasil conseguir elegê-la, pode ser que, no poder, ela se mostre mais corajosa do que Lula.

Ou poderia ser um Ciro Gomes, também. A meu ver, ele tem mais o perfil de líder do qual o Brasil precisa. O problema é que não dá mais tempo de construir sua candidatura. Ou dá?

Além disso, o brasileiro tem medo de eleger líderes fortes, brigadores. Está na nossa cultura pacifista. Contudo, pacifista só quando se trata de nos levantar como povo, pois somos um dos países mais violentos do mundo.

Enfim, tudo isto não é nada mais do que um desabafo. Lendo os jornais, vendo os telejornais, percebendo o governo acuado o tempo todo enquanto, nos países vizinhos, os governos tomam a ofensiva, a gente acaba ficando meio “down”.

É que o caminho, no Brasil, é muito mais longo do que nos outros países. Até porque, nossa cultura é a de tentar fazer omeletes sem quebrar os ovos.

Erja Lyytinen

Erja Lyytinen & Davide Floreno - Attention (2002)


1. I Will Have My Tomorrows (Lyytinen)
2. Teach Me To Swing (Lyytinen)
3. Don't Know If I Love You (Lyytinen)
4. Jumpin' From Six To Six (Odie)
5. Not A Good Girl (Lyytinen)
6. Attention! (Lyytinen)
7. Backyard Blues (Lyytinen)
8. Jone's Boogie (Floreno)
9. Don't You Feel My Leg (Dupont, Baker,Williams)
10. Greed (Lyytinen)
11. You Talk Dirty (Lyytinen)
12. Twenty-One (Lyytinen)

DOWNLOAD


Erja Lyytinen - Wildflower (2003)


1 Long Ago
2 I Just Came Up With A New Song
3 Wildflower
4 Be Friendly
5 High G
6 Get Me Some Money
7 Maybe I Gotta Make Some Music
8 In The Bushes
9 Memories From The Past
10 On The Roof

DOWNLOAD Or DOWNLOAD

Senha para descompactar: lagrimapsicodelica

Créditos: lagrimapsicodelica

terça-feira, 26 de maio de 2009

Wladimir Ungaretti segue sob censura


Wladimir Ungaretti, professor de Jornalismo da Fabico/UFRGS, segue sob censura, resultante da ação judicial movida pelo repórter fotográfico Ronaldo Bernardi, do jornal Zero Hora. Ungaretti escreve hoje no blog Ponto de Vista:

“… deslocar-nos quando ele não nos espera.” Sun Tzu

“Realizamos esta postagem de hoje, antecipando em um dia a data anunciada por nós para a retomada das atividades, após uma semana de silêncio. A partir de amanhã manteremos nossa atitude de protesto. Mais uma semana de silêncio. Estamos sujeitos a uma multa de 150 reais diários em decorrência de qualquer comentário ou análise de materiais publicados por Zerolândia. Diante desta ação de força só nos resta esta atitude. A medida, do pontodevista concreto, seleciona o que podemos ou não analisar. Estamos autorizados (!!!??????) a comentar, apenas, as perfumarias. Ou a não comentar tais perfumarias. A medida nos impede do exercício da crítica. Trata-se de um ato de censura. E diante deste estamos imobilizados.

A ação movida contra nós é patrocinada pelo PRBS (Partido Rede Brasil Sul de Comunicações), tendo em vista que é assumida por um funcionário de carreira com quase 40 anos de casa. Este é um fato. O resto é blábláblá na fabricação de mentiras. Não tínhamos noção - precisa - do o quanto nossas críticas incomodavam. Nossa inferioridade diante do gigantismo do Grupo é imensa. Temos, nesse momento, apenas força moral; a mais absoluta convicção das críticas realizadas por nós. Alguns possíveis erros de avaliação (ou até exageros) não anulam a honestidade com estas foram realizadas. Em algum momento deverá prevalecer a força da retidão moral. Pouco importa ao final o resultado das ações. O episódio é emblemático. Indicativo do que pode estar sendo articulado. Alguns leitores informam que empresas da mídia corporativa estariam sugerindo que tudo que venha a ser publicado, na Internet, tenha como anexo uma ficha. Dados com número da carteira de identidade, CPF e outras informações.

Solicitamos, na medida do possível que todos, em seus respectivos espaços mantenham viva a informação de que estamos sob censura. E com alguma periodicidade. Esperamos, também, que a nossa situação não venha a se constituir em motivo para a autocensura. Agradecemos, antecipadamente, todas as manifestações de solidariedade. E de carinho.

Mais uma vez estamos sendo empurrados gradativamente, queiram ou não, para a clandestinidade. Estudamos a possibilidade de encerramos esta etapa. Talvez fique como alternativa a produção (clandestina) de textos e fotos para outros blogs e sítios. Sempre estive à disposição de todos os grupos anarquistas.

Nossa postagem anterior foi encerrada com um viva ao Hamas. Uma provocação, sim. Encerramos esta com outra provocação. Desta vez, vivas em memória do grupo Facção Exército Vermelho, conhecido como Grupo Baader Meinhof. Palavras e fotos como estiletes, sempre. JORNALISMO é subversão”.

Ocidente em polvorosa contra teste nuclear da Coreia

Ocidente em polvorosa contra teste nuclear da Coreia

Do sitio PatriaLatina



Comitê de Relações Culturais com o Estrangeiro da República Popular Democratica da Coreia publicou nesta segunda-feira uma nota a respeito do segundo teste nuclear subterrâneo realizado pelo governo do país no último fim de semana.

Segundo Alejandro Cao de Benós de Les y Pérez, delegado especial do Comitê, ''as resoluções do Conselho de Segurança da ONU não importam em absoluto à RPD da Coreia, que considera tais estamentos uma desculpa das superpotências.

As potências ocidentais, como Estados Unidos e União Europeia, protestaram contra o teste realizado por Pyongyang. O Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan), instituição imperialista que congrega as nações como maior número de ogivas nucleares do planeta, afirmou raivosamente que a ação da RPDC foi "irresponsável".

O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, afirmou que o país está "preocupado" e que os testes são "um golpe nos esforços de não proliferação". Na China, o ministério do Exterior disse em um comunicado que "o governo chinês é contra, de forma resoluta, o teste nuclear da RPD da Coreia".

Leia abaixo a íntegra da nota, reproduzida a partir do original no site Kaos en la Red.

República Popular Democrática da Corea tem direito soberano ao desenvolvimento de sua defesa.

A política internacional de duplo sentido dos Estados Unidos é evidente. Enquanto esse país armazena milhares de ogivas nucleares, realizando testes dentro e fora de seu território, e sendo a única nação que usou armas nucleares contra outros povos, acusa a RPDC de ''provocação'' e de ''nação perigosa que age contra a opinião pública internacional''.

Outras potências nucleares, como França ou Israel, realizam ensaios de magnitude muito maior e de forma regular, sem receber nenhum tipo de condenação.

O problema é que a ''opinião pública internacional'' é uma metáfora, que na realidade se refere à propaganda imperialista e unilateral da Casa Branca, que crê ter a primazia de representar a voz de todos os povos e de ter o direito de impor sua cultura e economia ao restante das nações.

As resoluções do Conselho de Segurança da ONU não importam em absoluto à RPDC, que considera tais estamentos uma desculpa das superpotências para justificar seus próprios planos políticos-estratégicos (como a invasão do Iraque ou a própria Guerra da Coreia).

Como consequência do comunicado do Conselho de Segurança de 13 de abril de 2009, em que se condenava o lançamento do satélite artificial civil Kwanmyongsong-2, nosso Ministério de Relações Externas declarou nulas as conversações multilaterais de seis partes, já que considerou absurdo prosseguir em conversações de aproximação com os EUA, enquanto estes seguiam impondo sanções e violando o direito básico de nossa república.

Os Estados Unidos devem saber que a RPDC jamais se submeterá a um processo de subordinação. Os Estados Unidos devem aprender a respeitar e tratar como igual o nosso governo.

A RPDC deseja a paz, mas não se ajoelhará ante os Estados Unidos para consegui-la.

O Exército e o povo deste país estão preparados tanto para a paz como para a guerra.

As sanções dos Estados Unidos são tão antigas quanto a criação da RPDC. Nosso país viveu sob sanções contínuas e pode seguir vivendo com elas.

A Guerra da Coreia, entre os Estados Unidos e a RPDC, se deteve após a assinatura do armistício de 27 de julho de 1953. Isto representa que as duas nações se encontram, todavia, tecnicamente em guerra. O governo da RPDC tenta há muitos anos substituir o acordo de trégua por um tratado de paz definitivo, mas o governo americano se negou até hoje.

Isso só acontece porque o governo de Washington se reserva ao direito de voltar a invadir o norte da Coreia, sendo assim, qualquer campanha propagandística da administração Obama será completamente ignorada se não estiver fundamentada em tentativas reais de aproximação.

Como se observou regularmente por meio das agências de notícias oficiais, o desenvolvimento nuclear da RPDC é puramente defensivo e dissuassivo, e isso demonstrou ser a única salvaguarda do país frente à agressão imperialista (lembremos coo o ex-presidente George W. Bush passou de uma postura bélica a uma política de aproximação em seus últimos anos de mandato após a RPDC ter se declarado um Estado nuclear.

Os Estados Unidos são os primeiros interessados em que a RPDC não tenha tecnologia nuclear, já que temem que este material possa ser vendido a outros países e organizações.

A RPDC é uma nação muito mais estável e unida que os Estados Unidos, por isso não existem atos terroristas ou possibilidades de infiltração científica, e é nossa política invariável o repúdio ao terrorismo e à facilitação de tecnologia nuclear a terceiros.

A RPDC recorda que os Estados Unidos são os primeiros produtores e exportadores de armas no mundo. Que financiaram dezenas de guerrilhas e invasões ilegais e que têm literalmente ocupada a Coreia do Sul, desde o ano de 1953, com suas bases , militares, estacionando nelas mais de 30 mil soldados, submarinos, bombardeiros e navios com mísseis nucleares.

São sos Estados Unidos os únicos que ameaçam a paz na península Coreana, ainda assim tentam criminalizar a RPDC, evadindo-se de suas responsabilidades.

Enquanto os Estados Unidos continuarem sua política externa de arrogância e pressão, a RPDC continuará seu próprio caminho, realizando tantos testes defensivos de mísseis e nucleares quanto forem precisos.

Alejandro Cao de Benós de Les y Pérez

Delegado Especial

Comitê de Relações Culturais com o Exterior

Governo da RPD da Coreia

Kaosenlared

Texto: Alejandro Cao de Benós de Les y Pérez

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O que seria do mundo sem os sábios de araque?


Palestrantes picaretas

O que seria do mundo sem os palestrantes? Talvez um lugar melhor. Você já deve ter reparado como esta cidade virou alvo privilegiado deles. De epidemia nos anos 90, passou agora a peste incurável. E o assédio é total. De repente, você está no emprego, e o RH faz a convocação para todos assistirem a uma palestra sobre as lições do boto amazônico para a liderança. Abundam especialistas em generalidades as mais inimagináveis: desportistas falam das lições de vitória aplicadas ao trabalho; ex-filósofos montam cursos de treinamento para atendentes de telemarketing; psicografia aplicada às vendas...

Todo acadêmico fracassado percebe que fazer palestra em empresa é lucrativo. Conheço vários gênios universitários promissores que trocaram seus altos ideais por um faturamento maior. Não os condeno, porque a carreira acadêmica é mal-remunerada e frustrante, e não há boa instituição que escape da pasmaceira e da rede de inveja. Acaba sendo mais lucrativo discorrer superficialmente sobre assuntos nos quais o acadêmico se aprimorou, mesmo que para uma audiência de zé-manés. Estes formam o público-alvo dos palestrantes, já que a formação no Brasil é uma vergonha.

Em terra de cego, conferencista é pensador. Os olhinhos brilham quando ele discorre sobre superação e cita neurolinguística, psicanálise ou uma proposição de Wittgenstein. O público se sente recompensado, mesmo que seja com vidrinhos de mais falso brilho intelectual. “Vou usar este aforismo na próxima reunião!”, pensa o gerente que assiste à apresentação.

As palestras são aulas-shows divertidas, até porque os especialistas usam data show para projetar figurinhas e frases de efeito, em corpo bem grande, para todo mundo entender. Cada conferencista guarda o seu sistema de exibição. Há o piadista ou o que faz passos de funk para acordar a patuleia. Há o democrata que “abre o debate” para ganhar tempo. E também aparece às vezes o vulto professoral que defenden autoajuda como se fosse uma tese de doutorado em Oxford.

Que reis do sofisma ele são! Usam exemplos para sustentar um argumento assertivo que em geral não se apoia na realidade. Eles vendem tudo como se fosse “o Segredo”, da força do pensamento positivo à Arte da Guerra de Sun Tzu, do Cristo à física quântica.
As pessoas já não creem em mais nada nem têm padrões éticos ou lógicos claros. O resultado é que viraram reféns do engano bem embalado. Os palestrantes preenchem a lacuna da nossa ignorância. O problema é a superpopulação desses sábios de araque. Daqui a pouco serão tantos que vai haver gente bradando manual corporativo pelas ruas, feito pregador de Bíblia.

Texto de Luis Antônio Giron do blog Mente Aberta.

CAPANGAS OU PISTOLEIROS - qual é a turma do Gilmar?

Lembrando de minha avó, que ameaçava lavar nossa boca com sabão sempre que desconfiava estarmos escondendo o que fazíamos de errado e inventando mentiras, só ouço o noticiário de TV enquanto estou lavando louça. A boa velhinha nunca cumpriu com suas ameaças e, infelizmente, também não posso fazer nada. Daí que só ligo a TV enquanto estou na pia, pois desconto minha ira nas panelas: "- Me respeitem que vocês não estão falando com seus homer simpsons!" (Homer Simpson é o personagem meio idiota de um desenho animado, ao qual William Borner, o apresentador e editor do Jornal Nacional, comparou seus telespectadores).

Mais atento à sujeira das panelas do que à da Globo News, não peguei o nome da juíza convidada para comentar o pito do Ministro Joaquim Barbosa no presidente do Supremo, num programa da emissora, levado ao ar dia 23 de abril pela manhã; mas a afirmação da juíza tentando pôr panos quentes, acho que acabou por incendiar o palheiro. Ao menos na minha parca compreensão das coisas.

Naquela tentativa de especularem sobre a discussão, a juíza recusou a intenção dos jornalistas de culpabilizar o poder executivo pela desmoralização do judiciário, mas escorregou quanto à referência aos capangas do Gilmar Mendes, tentando minimizar com a sugestão de que Joaquim Barbosa provavelmente se referisse aos guarda-costas do Presidente do Judiciário.

A juíza resvalou lá na TV e aqui na pia a panela ensaboada escapou-me da mão, tamanho o susto! Porque o Presidente do Supremo do Tribunal Federal precisaria de guarda-costas?

Presidente, deputado, empresário, governador, prefeito, jogador, artista, gente famosa, vá lá! Sempre podem render algum resgate e nunca falta algum maluco querendo entrar pra história, além dos naturalmente revoltados por seus desmandos.

Já imaginaram o nefando George Bush sem guarda-costas? Morreria soterrado de sapatos!

Mas quem diabos se beneficiaria atacando um Presidente do Supremo Tribunal Federal?

Excelentemente relacionado com a UDR e os mais poderosos bandidos desse país aos quais sempre atende com habeas corpus e outros pauzinhos judiciariamente manipulados, a quem teme o Gilmar? Quem ameaçaria sua integridade?

Me refiro a integridade física, claro!, pois quanto a moral o Presidente do Supremo tem se demonstrado pouco cioso. Vai ver só exigiu o respeito do Ministro Joaquim por algum incontido preconceito. Aliás, só por aquela careta disfarçada de sorriso, já merecia ser enquadrado em qualquer lei anti-racista.

Eu lá ariando a gordura das panelas, e a pergunta insistindo em minha cabeça: "Quem teria interesses, condições e meios para ameaçar tão alto magistrado?"

Não posso acreditar que os Sem Terra, ou qualquer outro grupo de reivindicações populares, tenham acesso sequer aos ouvidos do Presidente do Supremo para poder xingar sua mãe. Se tivessem, a pobre senhora já estaria mais desqualificada do que as progenitoras de árbitro de futebol em decisão de campeonato na marcação de pênalti, no último minuto de placar empatado. É o que se deduz só do blog do Noblat, onde um corolário de centenas de mensagens de leitores entusiasmados, repete em coro o que afirma um deles: Joaquim Barbosa lavou a alma dos brasileiros!

E olhem que leitor do blog do Noblat sequer é de esquerda! Está longe de ser petista, ou lulista.

Continuei circundando a esponja ensaboada, perguntando aos pratos e talheres as razões de um presidente do Supremo Judiciário em manter um exército de guarda-costas? Se a juíza houvesse se referido aos seus empregados, até poderia entender: motorista, arrumadeira, cozinheira, secretária... Natural!

Um ou até dois guardas-costa que sejam, compreensível! Mas o dizer da juíza deixou claro que Gilmar Mendes deve ter mais guarda-costas do que o juiz Odilon, aquele de Ponta Porã, há décadas ameaçado por traficantes e contrabandistas da sempre violenta fronteira com o Paraguai.

O Gilmar! Lá em Brasília? Mesmo que seja em Mato Grosso, como afirmou o Barbosa: "... O senhor não está falando com seus capangas do Mato Grosso."

Sei não... Minhas panelas desconfiam que quem vai precisar de guarda-costas, a partir de agora, será o Joaquim Barbosa.

Raul Longo
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia

--
[A rede castorphoto é uma rede independente tem perto de 33.000 correspondentes no Brasil e no exterior. Estão divididos em 20 operadores/repetidores e 170 distribuidores; não está vinculada a nenhum portal nem a nenhum blog ou sítio. Os operadores recolhem ou recebem material de diversos blogs, sítios, agências, jornais e revistas eletrônicos, articulistas e outras fontes no Brasil e no exterior para distribuição na rede]

domingo, 24 de maio de 2009

Cuidado com Obama....

Guerras maiores e mais sangrentas igual a paz e justiça

por James Petras

Stanley McChrystal. "Os Deltas são loucos... É preciso ser um psicopata certificado para aderir à Delta Force...", disse-me certa vez na década de 1980 um coronel do Exército dos EUA em Fort Bragg. Agora o presidente Obama promoveu o mais infame dos psicopatas, o general Stanley McChrystal, a chefe do comando militar dos EUA e da NATO no Afeganistão. A elevação de McChrystal à liderança é assinalada pelo seu papel central na direcção de equipes de operações especiais empenhadas em assassínios extra-judiciais, tortura sistemática, bombardeamento de comunidades civis e missões de busca e destruição. Ele é a própria corporificação da brutalidade e do sangue que acompanha a construção do império conduzida por meios militares. Entre Setembro de 2003 e Agosto de 2008, McChrystal dirigiu a Joint Special Operations (JSO) do Pentágono, comando que opera equipes especializadas em assassínios no estrangeiro.

A questão das equipes de Operações Especiais (Special Operations teams, SOT) é que elas não distinguem entre oposições civis e militares, entre activistas e seus simpatizantes e a resistência armada. As SOT especializam-se em estabelecer esquadrões da morte, recrutar e treinar forças paramilitares para aterrorizar comunidades, vizinhanças e movimentos sociais de oposição a regimes clientes dos EUA. O "contra-terrorismo" das SOT é terrorismo em reverso, concentrando-se sobre grupos sócio-politicos entre os servidores estado-unidenses e a resistência armada. O SOT de McChrystal alvejou líderes insurgentes locais e nacionais no Iraque, Afeganistão e Paquistão por meio de raids de comando e ataques aéreos. Durante os últimos cinco anos do período Bush-Cheney-Rumsfeld as SOT foram profundamente implicadas na tortura de prisioneiros políticos e de suspeitos. McChrystal foi um favorito especial de Rumsfeld e Cheney porque estavam a seu cargo as forças de "acção directa" das Special Missions Units. Os operativos da "Acção Directa" são os esquadrões da morte e torturadores, e o seu único envolvimento com a população local é aterrorizar e não fazer propaganda. Eles empenham-se na "propaganda da morte", assassinando líderes locais para "ensinar" os locais a obedecerem e submeterem-se à ocupação. A nomeação por Obama de McChrystal como chefe reflecte um agravamento da nova escalada militar da sua guerra do Afeganistão em face do avanço da resistência por todo o país.

A posição deteriorada dos EUA é manifesta no endurecimento do círculo em torno de todas as estradas que levam à capital do Afeganistão, Cabul, bem como na expansão do controle e influência Taliban por toda a fronteira Paquistão-Afeganistão. A incapacidade de Obama para recrutar novos reforços da NATO significa que a única oportunidade de a Casa Branca avançar o seu impulso para a construção militar do império é escalar o número de tropas estado-unidenses e aumentaram o rácio de mortes entre todos e quaisquer civis suspeitos em territórios controlados pela resistência armada afegã.

A Casa Branca e o Pentágono afirmam que a nomeação de McChrystal deveu-se às "complexidades" da situação no terreno e a necessidade de uma "mudança de estratégia". "Complexidade" é um eufemismo para o reforço da oposição em massa aos EUA, complicando as tradicionais operações de "bombardeamento e limpeza". A nova estratégia praticada por McChrystal envolve "operações especiais" em grande escala e a longo prazo para devastar e matar as redes sociais locais e líderes comunitários, os quais proporcionam apoio à resistência armada.

A decisão de Obama de impedir a divulgação de montes de fotografias que documentavam a tortura de prisioneiros pelas tropas de "interrogadores" dos EUA (especialmente sob o comando das "Forças Especiais") está directamente relacionada com a sua nomeação de McChrystal, cujas forças "SOT" estiveram altamente implicadas em tortura generalizada no Iraque. Igualmente importante, sob o comando de McChrystal a DELTA, SEAL e Equipes de Operações Especiais terão um papel mais destacado na nova "estratégia de contra-insurreição". A afirmação de Obama de que a publicação destas fotografias afectará adversamente as "tropas" tem um significado particular. A exposição gráfica do modus operandi de McChrystal durante os últimos cinco anos sob o presidente Bush minará a sua efectividade na execução das mesmas operações sob Obama.

A decisão de Obama de recomeçar os "tribunais militares" secretos de prisioneiros políticos estrangeiros, mantidos no campo prisional de Guantanamo, não é meramente uma reencenação das políticas de Bush-Cheney, as quais Obama condenou e prometeu eliminar durante a sua campanha presidencial, e sim parte de uma política mais vasta de militarização e coincide com a sua aprovação da maiores operações de vigilância policial secreta efectuadas contra cidadãos dos EUA.

Colocar McChrystal como encarregado das operações militares expandidas no Afeganistão-Paquistão significa colocar um notório praticante do terrorismo militar — a tortura e assassinato de oponentes da política dos EUA — no centro da política externa do país. A expansão quantitativa e qualitativa de Obama da guerra estado-unidense no Sul da Ásia significa números maciços de refugiados a fugirem da destruição das terras, lares e aldeias; dezenas de milhares de mortes civis e a erradicação de comunidades inteiras. Tudo isto será cometido pela administração Obama com o objectivo de "esvaziar o lago" (deslocar populações inteiras) para apanhar o peixe (insurgentes armados e activistas).

A restauração de Obama das mais infames políticas da Era Bush e a designação do mais brutal comandante de Bush baseia-se na sua adesão total à ideologia da construção do império conduzida por meios militares. Uma vez que alguém acredite (como Obama) que o poder e a expansão dos EUA baseiam-se em conquistas militares e contra-insurgência, todas as demais considerações ideológicas, diplomáticas, morais e políticas serão subordinadas ao militarismo. Ao centrar todos os recursos no êxito da conquista militar, escassa atenção é prestada aos custos suportados pelo povo alvo da conquista ou ao Tesouro dos EUA e à economia americana. Isto tem sido claro desde o princípio. Em meio à maior recessão/depressão com milhões de americanos a perderem o seu emprego e os seus lares, o presidente Obama aumentou o orçamento militar em 4% — levando para além dos 800 mil milhões de dólares.

A adesão de Obama ao militarismo é óbvia a partir da sua decisão de expandir a guerra afegã apesar da recusa de NATO em comprometer quaisquer tropas combatentes adicionais. Ela é obvia na sua nomeação do mais infame e endurecido general das Forças Especiais da era Bush-Cheney para encabeçar o comando militar destinado a subjugar o Afeganistão e as áreas fronteiriças do Paquistão.

É exactamente como George Orwell descreveu em Animal Farm: Os Porcos Democráticos estão agora a prosseguir as mesmas políticas militares brutais dos seus antecessores, os Porcos Republicanos, só que agora em nome do povo e da paz. Orwell pode parafrasear a política do presidente Barack Obama, como o "Guerras maiores e mais sangrentas igual a paz e justiça".


O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=13644

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, 23 de maio de 2009

Azenha explica, de forma didática, aspectos da crise mundial...

Um problema de U$ 681 trilhões: Porque a crise financeira persiste e o dólar começa a derreter

por Luiz Carlos Azenha

Conheço gente que torce o nariz ao ouvir falar da crise financeira internacional. Gente que não entende nada de economia, nem do linguajar aparentemente complexo usado pelos comentaristas picaretas da mídia corporativa brasileira.

Em primeiro lugar é preciso considerar que "eles" usam um linguajar complicado com o objetivo de PARECER mais inteligentes, mais preparados ou melhor conectados do que você, caro leitor. Daí as constantes referências a "falei ontem com o ministro fulano" ou "estive hoje com o executivo sicrano". É tudo uma tentativa de fazer com que você ouça tudo calado e aceite sem questionar.

Eles são AUTORIDADE. Você, um mané qualquer que está diante do altar (a tela da TV ou o jornal). Quando eles pontificam no jornal, na TV, no rádio, nunca deixam claro que estão expressando apenas um ponto-de-vista, nem revelam que esse ponto-de-vista resulta de uma visão de mundo muito particular. Em geral nossos comentaristas econômicos são neoliberais de carteirinha tanto quanto os patrões e refletem a visão de que tudo o que é relacionado ao estado é uma droga e tudo o que é ligado à iniciativa privada é maravilhoso. A não ser que o estado seja o estado de José Serra: esse, sim, é O estado, que pode cometer um erro ou outro no varejo, mas em geral SÓ ACERTA.

É por isso que admiro o Mike Whitney, do site estadunidense Counterpunch. Com ele não tem BS, o popular bullshit. Ele corta o papo furado dos analistas econômicos e enfia a faca direto no coração dos assuntos que pretende abordar. Ele não esconde sua posição no espectro político. É um cara de esquerda. E a Miriam Leitão? É de direita? É liberal? É patronal?

Na análise que reproduzo abaixo, o Whitney fala dos negócios que considera o veneno do mercado financeiro internacional, conhecidos como CDS, ou credit default swaps. Não se assuste com o nome. Grosseiramente, bem grosseiramente, é a mesma coisa que o "vale" emitido pela vendinha da dona Maria quando falta troco, só que com um nome pomposo e com a "garantia" das melhores firmas dos Estados Unidos. Leia o artigo do Whitney, com tradução do Viomundo e algumas explicações minhas (do Azenha) entre colchetes:

May 22-24, 2009
Credit Default Swaps
O veneno do sistema

por MIKE WHITNEY
, no Counterpunch

Em pouco mais de uma década, os negócios com os Credit Default Swaps (CDS) incharam em uma indústria multibilionária que mudou o caráter fundamental do sistema financeiro e aumentou o risco sistêmico em várias ordens de magnitude.

[Lembre-se, é como se a vendinha da esquina da sua casa, em vez de dar o troco, resolvesse emitir "vales" de forma adoidada para toda a clientela, com a garantia de que eles seriam honrados a qualquer momento, em troca de mercadoria]

Os CDS, que foram criados originalmente para reduzir o potencial de perdas com dívidas não honradas, se tornaram uma vaca leiteira para os grandes bancos, gerando mega-lucros. No caso da seguradora AIG, as perdas com as transações em CDS já custaram 150 bilhões de dólares ao povo americano e, ainda assim, não houve uma tentativa séria do Congresso de baní-los de uma vez por todas. Pior ainda, os CDS são a causa-raiz de um risco sistêmico que liga centenas de instituições financeiras, numa conexão letal.

[As vendinhas de outros bairros também decidiram emitir "vales", em vez de devolver o troco]

Os contratos de CDS não passam por um mercado centralizado, nem são regulamentados pelo governo. Isso significa que ninguém sabe se quem emite os CDS pode pagar o que promete ou não. É um esquema de pirâmide de primeira ordem. A AIG [a maior seguradora dos Estados Unidos] é um bom exemplo de companhia que explorou esse sistema e depois fugiu com alguns milhões em lucros. Ela vendeu muito mais CDS do que poderia cobrir e então -- quando a dívida começou a acumular até os olhos -- correu para o Fed [o Banco Central americano] em busca de um resgate multibilionário.

[Quando os clientes das vendinhas foram resgatar os vales, trocar os papéis por mercadoria, as vendinhas de sua cidade ficaram sem mercadoria. E correram em busca de ajuda do governo para poder honrar os compromissos]

O presidente do Banco Central, Ben Bernanke, mais tarde se disse furioso com o fiasco da AIG, mas isso não o impediu de jogar as perdas nas costas do público, colocando o contribuinte como garantidor das apostas ruins da AIG. Tenha em mente que a AIG estava vendendo papel com garantia de capital ZERO, uma atividade equivalente a falsificar dinheiro. Ainda assim, ninguém foi indiciado ou processado pelo caso. Fraudar clientes e empurrar a conta para o Zé da Silva é uma regra de Wall Street.

[O governo Lula -- não seria o governo Serra, certo? -- pegou o dinheiro que você paga em impostos, comprou mercadoria e despachou para as vendinhas para tapar o rombo. Mas nada fez para ACABAR COM A EMISSÃO DE VALES]

Os CDS formaram uma teia que cobre todos os cantos do sistema financeiro, juntando bancos e outras instituições financeiras de uma forma que, se um falir, outros vão junto. É isso o que significa o "muito grande para falir", um eufemismo que se refere ao emaranhado de negócios com esses papéis que se espalhou -- apesar do risco -- de forma que um punhado de banqueiros pode acumular lucros obscenos. Os CDS se tornaram a galinha dos ovos de ouro do cartel de bancos; uma locomotiva geradora de lucro sem risco que transfere riqueza pública para especuladores de alto risco. Não fosse pelos lucros turbinados nas transações com os derivativos (o CDS é um dos derivativos), muitos dos bancos já teriam falido.

[Com a garantia de que o governo vai ajudar sempre que houver problemas, os donos das vendinhas continuam a emitir vales em vez de dar o troco. Como os clientes APARENTEMENTE não perderam nada, eles continuam aceitando os vales. Mal sabem os clientes que, na verdade, é o dinheiro do imposto deles que está sustentando a emissão de vales]

Do dr. Ellen Brown:

"Os CDS são o derivativo mais comum. São apostas entre duas partes se uma companhia vai ou não honrar os seus títulos. Num negócio típico, o "comprador de proteção" lucra se a companhia não honrar seus compromissos dentro de um certo período de tempo, enquanto o "vendedor de proteção" recebe pagamentos periódicos por assumir o risco".

[É como se as vendinhas apostassem entre elas e com terceiros se serão ou não capazes de honrar os vales que emitiram. Mas, lembre-se, elas fazem isso certas de que, se der confusão, poderão contar com o resgate do dinheiro público]

"Em dezembro de 2007, o Banco de Compensação Internacional (conhecido pela sigla BIS, em inglês) estimou em 681 trilhões de dólares os negócios com derivativos -- dez vezes mais o PIB de todos os países do mundo combinados.

(fonte: "Credit Default Swaps: Evolving Financial Meltdown and Derivative Disaster Du Jour", Dr. Ellen Brown, globalresearch.ca)

Os números são de confundir a cabeça, mas são reais, assim como as perdas, que eventualmente serão empurradas para o contribuinte. Sobre isso há certeza.

O secretário do Tesouro Timothy Geithner recentemente pediu maior regulamentação, mas é apenas relações públicas. Geithner é um representante da indústria (bancária) cuja maior qualificação para o cargo foi sua lealdade aos banqueiros. Ele não tem qualquer intenção de aumentar a regulamentação ou apertar a supervisão. Toda a conversa sobre mudança é uma forma de dar satisfações ao público enquanto ele tenta sabotar as tentativas do Congresso de re-regulamentar o mercado de derivativos.

Nas próximas semanas, Geithner provavelmente vai anunciar uma série de "novos produtos" da reforma, acompanhados do tradicional discurso sobre mercados livres, inovação e da "necessidade de proteger o interesse público". É tudo farsa. Afortunadamente, o pobre Geithner é o pior vendedor do mundo, o que significa que cada palavra do que ele disser será analisada por uma legião de blogueiros tentando entender o que ele quis dizer exatamente. Vai ser difícil para ele jogar um cobertor sobre os olhos do público novamente.

[Nos Estados Unidos, ninguém leva mais a sério os comentaristas econômicos da TV ou dos jornais, com algumas exceções. A mídia do país já se deslocou completamente para a internet, pelo menos aquela que é levada a sério em Wall Street. Os blogs do Wall Street Journal, por exemplo, são frequentados por analistas de mercado que, usando pseudônimos, contam todos os podres dos bastidores e deixam nuas as "otoridades" do governo]

Os swaps [operações que envolvem os CDS] se originaram nos anos 80 como forma de as instituições financeiras se garantirem contra variações repentinas de preços ou flutuações das taxas de juros. Mas os derivativos tomaram um caminho diferente quando o Congresso aprovou o Ato de Modernização do Mercado Futuro de 2000, no governo Clinton.

A lei causou uma grande mudança na forma como os CDS eram usados. A indústria descobriu fórmulas para expandir a emissão de papéis através de complexos instrumentos apoiados em quantidades cada vez menores de capital. Tudo para maximizar os lucros com dinheiro emprestado. Os CDS eram o veículo perfeito; afinal, sem qualquer regulamentação, é impossível saber quem tem o dinheiro para cobrir os papéis. Além disso, apostar no valor de papéis para os quais você não corre risco de perda é divertido; é como fazer uma apólice de seguro da casa de um rival enquanto você espera que ela queime.

Ainda assim, limpar o sistema financeiro não significa acabar completamente com todos os CDS. Existe uma solução e ela não é complicada. É preciso uma estrita regulamentação e supervisão de todos os emissores de CDS para ter certeza de que todos estão suficientemente capitalizados; e é preciso ter uma plataforma central onde são feitos os negócios. Só isso. (Nota do Whitney: Não pode ser a Bolsa Intercontinental, ICE, que é muito conectada aos bancos)

[Ou seja, o governo deveria regulamentar a emissão de vales das vendinhas para ter certeza de que todas tem estoque ou capital para comprar estoque e, portanto, honrar os vales emitidos.]

Geithner está tentando torpedear a reforma nascente ao propor consertos que preservam o monopólio dos bancos na emissão de derivativos. É o carregador de água dos banqueiros. Agora podemos ver porque a indústria financeira é a maior contribuinte das campanhas políticas.

"Muito grande para falir" é um slogan de relações públicas, mas acima de tudo é um mito. Nenhuma instituição financeira é muito grande para sofrer intervenção do governo; para que o governo leiloe os seus bens desvalorizados, para que mude os gerentes e reestruture a dívida. Isso já foi feito uma vez e pode ser feito de novo sem danificar o sistema como um todo.

O problema real é como separar as instituições financeiras saudáveis das insolventes, agora que o sistema está amarrado em uma rede complexa de negócios. Os CDS formam a maior parte dessas transações, o que os torna a principal fonte de risco sistêmico. Para consertar o problema, os contratos atuais deveriam ser desfeitos ou vencer sem renovação, enquanto os novos contratos deveriam ser fechados através de uma central na qual os inspetores do governo tenham poder de decidir se os vendedores estão devidamente capitalizados ou não.

[É o governo, não o dono da vendinha, que deveria decidir se a vendinha pode ou não emitir novos vales. Parece óbvio, mas isso tiraria dos banqueiros todas as "facilidades" para ganhar dinheiro mole]

A solução do Fed -- de garantir todo o sistema financeiro para evitar um novo fiasco como o da Lehman Brothers -- não ataca o problema fundamental; só coloca mais pressão sobre o dólar, que já começa a ceder. A questão agora é se o Congresso vai tirar a cabeça da areia por um tempo suficientemente longo para fazer o trabalho em nome do povo, aprovando leis para re-regulamentar o sistema. Existe uma saída, mas ela requer ação, e rápida. Sem uma correção de rota, a perspectiva de um derretimento do mercado de derivativos aumenta a cada dia.

Mike Whitney mora no estado de Washington. Responde a e-mails no fergiewhitney@msn.com

Occupation 101: vozes da maioria silenciada...

É um documentário que aborda o conflito Israelo-Palestino dirigido por Sufyan Omeish e Abdallah Omeish, e narrado por Alison Weir, fundadora do If Americans Knew. O filme discute os eventos a partir do surgimento do movimento Sionista até a segunda Intifada, a limpeza étnica da Palestina, as relações entre Israel e Estados Unidos e as violações dos direitos humanos e abusos cometidos por colonos e soldados israelenses contra os Palestinos.


Um em cada quatro brasileiros tem preconceito contra pessoas LGBT

Um em cada quatro brasileiros tem preconceito contra pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneras (LGBT) e assume sua rejeição às identidades que compõem esta população, revelou a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, realizada pela Fundação Perseu Abramo em pareceria com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung, e apresentada pelo sociólogo da USP Gustavo Venturi, no Rio de Janeiro, no último dia 15, durante lançamento da pesquisa na Academia de Polícia do Rio de Janeiro (ACADEPOL).

O estudo foi realizado entre os dias 7 e 22 de junho de 2008 em 150 municípios brasileiros. Foram feitas 2014 entrevistas domiciliares, com aplicação de questionários estruturados, somando 92 perguntas. A primeira delas buscou medir o grau de aversão ou intolerância a diversos grupos sociais, como gente que não acredita em Deus (42%), usuários de drogas (41%), garotos de programa (26%), transexuais (24%), travestis (22%), fanáticos religiosos (22%), ex-presidiários (21%), gente muito rica (20%), lésbicas (20%), gays (19%), pessoas com Aids (9%), judeus (11%), muçulmanos (10%) e índios (2%), entre outros.

A partir daí a pesquisa centrou-se no tema do preconceito contra LGBTs, a partir de conhecidas afirmações preconceituosas, formuladas para medir o grau de concordância ou discordância dos entrevistados:

84% concordaram que “Deus fez o homem e a mulher com sexos diferentes para que cumpram seu papel e tenham filhos

58% concordaram que “A homossexualidade é um pecado contra as leis de Deus

38% concordaram que “Casais de gays ou de lésbicas não deveriam criar filhos

29% concordaram que “Quase sempre os homossexuais são promíscuos

29% concordaram que “A homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada

26% concordaram que “A homossexualidade é safadeza e falta de caráter

23% concordaram que a “Mulher que vira lésbica é porque não conheceu um homem de verdade

21% concordaram que “Os gays são os principais culpados pelo fato da Aids estar se espalhando pelo mundo” (neste último, embora 21% das pessoas entrevistadas tenham concordado plenamente, outros 12% concordaram em parte, o que alcança um índice de concordância de 33%. Há também um aumento em relação às outras perguntas se levado em conta os que afirmaram “concordar em parte”).

A pesquisa mediu ainda o grau de tolerância para a convivência com gays e lésbicas nas relações de trabalho e vizinhança, nas relações pessoais, com médicos e com professores.

Ao medir o grau de tolerância entre os pais, 72% afirmaram que não gostariam de ter um filho gay, mas procurariam aceitar, enquanto 7% afirmaram que o expulsariam de casa.

O estudo enfocou ainda o preconceito assumido versus o chamado preconceito velado. Embora entre 69% e 72% das pessoas entrevistadas tenham afirmado não ter preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, 26% admitiram preconceito contra o primeiro grupo, 27% contra o segundo e o terceiro e 29% contra os dois últimos.

Ao medir o índice de homofobia por sexo (um para cada 3 homens e uma para cada 5 mulheres), o estudo dá conta de que os homens são mais homofóbicos do que as mulheres.

Entre os LGBTs, foi perguntado como estes se sentem em relação a sua identidade sexual: 65% afirmaram se sentir à vontade, 26% orgulhosos. Perguntados se alguma vez já sofreram discriminação, 22% afirmaram já terem sido discriminados pelos pais, 27% na escola, 31% na família, 24% por amigos, 11% por policiais na rua, 9% por policiais na delegacia e 7% por professores.

Para o antropólogo Sergio Carrara (IMS/CLAM), a pesquisa pode ser lida como uma espécie de termômetro de como as cosias estão acontecendo no Brasil atual. “Os dados revelam a presença forte da homofobia, mas também revela uma sociedade mais tolerante. Podemos olhar esses dados com um pouco mais de otimismo”, analisou.

Leia mais sobre este tema:

- Orientação sexual em MS
- Entrevista: André Fischer fala da mídia e da comunidade gay