domingo, 28 de fevereiro de 2010

Entrevista com Moacir Gadotti sobre educação....


 

Participaram: Bárbara Mengardo, Hamilton Octavio de Souza e Tatiana
Merlino. Fotos: Jesus Carlos.
O professor Moacir Gadotti é um dos mais respeitados educadores brasileiros. Lecionou nos vários níveis do ensino e nas principais universidades do país. Aposentou-se pela USP, depois de 46 anos de magistério. Autor de muitos livros, inclusive em parceria com Paulo Freire – com quem estudou nos anos 70, na Suíça. Foi assessor de Freire na Secretaria de Educação de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (1989-1992). Atualmente é diretor do Instituto Paulo Freire, que desenvolve inúmeros projetos de educação popular. Nesta entrevista exclusiva para Caros Amigos, Gadotti analisa a situação da educação no Brasil, aponta por que o país não conseguiu erradicar o analfabetismo, indica os pontos de avanço e de atraso no sistema educacional.

Caros Amigos - Fale sobre a sua trajetória, como se tornou educador, quando passou a trabalhar com Paulo Freire.
Moacir Gadotti - É muita responsabilidade falar de si mesmo, não é muito fácil. Mas eu acho que eu sou um professor, simplesmente. Tenho 46 anos de magistério. Trabalhei desde a pré-escola até a pós-graduação, hoje ainda continuo na USP.

Está na USP ou na Unicamp?
Na USP. Aposentado no ano passado, mas continuo dando aula e orientação na pós-graduação.

Como começou na área da educação?
Eu comecei como professor de Matemática, quando eu estava fazendo o curso de Pedagogia. Terminei em 67. Iniciei também um curso de Filosofia, mas demorei dez anos para terminar, porque estava trabalhando e estudava, foi difícil. Então eu comecei dando aula de Matemática, porque o curso de Pedagogia daquela época dava uma licença para ensinar Matemática nas séries iniciais, não era Matemática avançada. Trabalhei em creches, em pré-escolas, dei aula de Filosofia depois do curso de Pedagogia.

Em São Paulo?
Em São Paulo. Eu cheguei a dar aula em oito escolas ao mesmo tempo.

No ensino público?
Ensino público e privado. Havia uma aula minha de Filosofia que, depois de 69, o meu programa foi substituído por Educação Moral e Cívica, foi proibida a Filosofia. Eu me lembro muito bem, nesse dia eu estava lecionando no Colégio Sagrado Coração de Jesus e a diretora me falou assim: “Olha, a partir de hoje você não é mais professor de Filosofia, você é professor de Moral e Cívica, e aqui está o programa”. Ai eu disse: “Bom, então eu vou passar a ser professor de Educação Moral e Cívica, mas não vou mudar o programa”, o programa já estava em andamento. Uma história daquele período difícil. Depois eu terminei meu curso de Filosofia. Comecei a dar aula de Filosofia na Faculdade Nossa Senhora Medianeira, na Avenida Paulista, enquanto concluía na PUC o mestrado. O mestrado conclui em 73, e no mesmo ano fui para Genebra fazer o doutorado a convite de uma associação de Filosofia de lá. Participei de um concurso em 73, havia uma só vaga de bolsista e consegui ganhar essa única vaga. Eu também queria muito ir à Genebra porque o Paulo Freire, em 70, tinha mudado para lá, e eu tinha trabalhado em 67 com o primeiro livro que saiu do Paulo Freire, que era “Educação como prática da liberdade”, foi no trabalho de conclusão de curso de Pedagogia.

Ele estava exilado nessa época?
Ele foi pra Genebra em 70, o exílio começou em 64. Ele foi primeiro para a Bolívia, depois para o Chile, fez uma rápida passagem nos Estados Unidos, em 69, em 70 ele foi pra Genebra e de lá voltou ao Brasil em 1980. Então eu peguei esse período até 77 com ele, voltei ao Brasil a convite da Unicamp, em 77. O Paulo conseguiu voltar, definitivamente em 80, como professor da Unicamp e da PUC. Eu lecionei na PUC São Paulo, na PUCCamp e também na USP, mas eu comecei na Unicamp. Então isso é um pouco a minha trajetória. E nesse período também me envolvi na fundação do PT, fui um dos dirigentes da Fundação Wilson Pinheiro, que era a fundação do Partido dos Trabalhadores na época, um grupo extraordinário, foi uma grande escola para mim. Tinha a Marilena Chauí, o Paul Singer, o Florestan Fernandes, o Perseu Abramo. Então para mim foi uma vivência muito bonita, de participar da executiva do partido como membro da fundação. Foi lá que eu escrevi o livro “Pra quê PT”, sobre a origem do PT. Foi lançado na campanha presidencial de 89.

Você participou também da gestão da prefeita Luiza Erundina em São Paulo?
Na época da fundação do PT o pessoal estava muito envolvido com educação. Então a gente tinha um pé na escola, um pé na militância. E para mim o Paulo Freire também foi uma grande escola, uma escola de formação mesmo como ser humano, como educador. Então, em 89, fui ser assessor de gabinete na prefeitura. Acho que o Paulo deu para a educação brasileira uma contribuição enorme, por várias razões: primeira, a fundação do Mova, movimento de alfabetização, para mostrar que a superação do analfabetismo brasileiro precisa que a sociedade se envolva. O Estado não dá conta sozinho, a luta
contra o analfabetismo exige a mobilização da sociedade. Nós tivemos 97 convênios de uma vez só e não é só para alfabetizar, ele queria fazer uma alteração social. Eu lembro que algumas entidades não tinham condição alguma de fazer convênio com a prefeitura mais burocrática do planeta. Então o que ele fazia? Tinha um departamento jurídico para ajudar as entidades a se estruturarem, terem um estatuto, gerarem uma diretoria, terem uma sede, e assim fazerem o convênio. A ideia era a de que a educação não era só ensinar o be a bá, era ensinar a população a ser soberana. E para ser soberana precisa ter organização social. A educação tem esse papel, não tem que ficar só na questão do letramento, precisa conscientizar. O Paulo nunca abandonou a ideia da emancipação, da luta pela libertação, a educação como caminho para a libertação do ser humano como um direito. A emancipação é um direito. É um direito de quem vai à escola. A emancipação humana tem a formação da consciência. Então, o Mova foi algo extraordinário que devia ter sido assumido como política pública no governo Lula, que
nós, movimento social, propomos como um avanço da sociedade brasileira nesse sentido.

Por que o Brasil não conseguiu até hoje erradicar o analfabetismo?
Bom, primeiro existe um atraso secular de décadas, um atraso crônico na educação brasileira, que vem desde os jesuítas, a colônia, o império, a república. Nós despertamos para a educação no século XX, na década de 30, já que na década de 20 tivemos as primeiras formações de educadores. Então, esse atraso é crônico, o esforço é muito maior do que o esforço de dois governos. Nós tivemos um dado muito negativo que saiu no dia 19 de setembro de 2009, do Pnad. Eu me lembro dessa data porque dia 19 é o dia do nascimento de Paulo Freire, ele completaria 88 anos nesse dia. O dado é que aumentou o número oficial de analfabetos no Brasil de 2007 para 2008, foram dados do IBGE de 2009. Aumentou o número. Nós temos hoje o mesmo número de analfabetos que tinha quando Paulo Freire deixou o Brasil para ir para o exílio: 15 milhões. Continua e aumentou. Quer dizer, essa pergunta procede. Aumentou em número absoluto e diminuiu a taxa de analfabetismo, de 9,9% para 9,8%, a taxa caiu 0,1%.

Mas aumentou a população.
Aumentou a população. O Estado de São Paulo deu uma grande contribuição para isso. No Estado de São Paulo nós temos mais de 600 mil analfabetos, só na região da Grande São Paulo, em torno de 600 mil.

Na Grande São Paulo?
Na Grande São Paulo. Então, o analfabetismo é a negação de um direito. O  analfabetismo tem a ver com um conjunto do bem viver das pessoas. Imagina agora: chegamos a ter mais de 300 classes de catadores de produtos recicláveis de lixo. Imagina que a pessoa está na rua das 5 horas da manhã até as 7 horas da noite, catando lixo, e às 7 horas da noite vai para uma sala de aula. É muito difícil essa pessoa ter condições, depois de um dia passando fome, de se alfabetizar. Então, as condições sociais são determinantes. Condições sociais de moradia, de trabalho, de emprego, de saúde, fora a educação. A educação não está desligada, não é um problema setorial, é um problema estrutural com os outros condicionantes. Então, a qualidade da educação tem a ver com esses outros fatores, está ligada. Não estou dizendo que precisa primeiro resolver o problema da moradia, do emprego, do transporte, para depois resolver a educação. Isso vai ser junto. O nosso analfabetismo é muito maior do que de outros países da América Latina. O do Mercosul, por exemplo, é 2,5%, 3%, o nosso é 9,8%, são 15 milhões de pessoas. Vou dar dois pontos onde o atraso continua, em que nós paramos, simplesmente estacionamos: educação de adultos, nós praticamente estacionamos nos analfabetos. E a outra é na creche, de 0 a 4 anos, onde 34% das vagas são pagas e apenas 14 em cada 100 crianças de 0 a 4 têm acesso à creche.

O que isso representa?
Bom, claro que não vamos considerar que nasceu e já vamos colocar em uma creche, mas quando eu vejo, principalmente em São Paulo, que uma mãe trabalhadora, empregada doméstica, sai lá da zona leste para trabalhar nos Jardins e amarra, acorrenta uma criança de quatro anos e ela é responsabilizada criminalmente por isso, quem deve ser responsabilizado é o Estado. A prefeitura aqui tem 84 mil pedidos de vagas em creche que não são atendidos. É um crime que se faz com essa criança e com essa mãe. Como é que está uma mãe que vai trabalhar em uma casa, é de chorar isso aí, é de  chorar, é de arrepiar. Eu me coloco na pele dessa mãe que deixa uma criança em casa, que não tem onde deixar, ou que deixa com uma outra de sete anos. Essa criança teria que estar na escola, caramba! Não pode. E é isso que nós sustentamos ainda. Não podemos ficar com 84 mil crianças esperando em São Paulo para ter uma vaga em creche. Está certo que tem muitos problemas, mas eu acho que começa na base. E
quando se fala em ensino fundamental, por que a Unesco coloca a gente lá em 88º lugar? É porque há muita evasão. A gente matricula as crianças, mas a média de evasão de primeira a oitava série está em torno de 20%.

É uma quebra de 20%?
É uma quebra de 20%, e se mantém. E há 40% de defasagem em torno da questão idade-série. Então, a criança está fora da série que deveria estar. Isso causa, primeiro, um custo muito elevado, porque você paga duas, três vezes a mesma matrícula. Então, a evasão custa caro para o Brasil. Eu sei que o governo federal avançou muito, não só nas últimas décadas, eu diria até, fazendo jus ao que o FHC fez há oito anos, ele deixou uma boa legislação. Deixou um plano nacional de educação, que bem ou mal faz um diagnóstico; deixou uma lei de atividades, bem ou mal, se fossem cumpridas, dão uma boa base; deixou o sistema nacional de avaliação de educação básica; do ponto de vista legal, deixou o Fundeb; deixou os parâmetros curriculares nacionais. E Lula avançou mais ainda. Os três ministros de Lula avançaram. Mas que há um avanço é reconhecido, há avanço. Mas aqueles dois pontos, para mim, acho que nós ainda precisamos avançar muito.

Vamos retomar um pouco o ponto do analfabetismo. Você não concluiu a resposta do analfabetismo.
Então, a resposta do analfabetismo é que, no caso, é muito mais difícil você zerar no ensino básico, o analfabetismo zero, tem que ter cuidado com esse slogan, eu vi isso em outros países, na Venezuela, nos Estados Unidos. Cuidado, porque não é só saber ler, só saber assinar o nome, é muito mais que isso. Mas haverá, sempre haverá, mesmo nos países mais avançados, sempre tem lá 0,1%, 0,5% ou 1%. Não é zerar. Mas digamos, o índice de analfabetismo razoável de 2%, 2,5% têm muitos municípios que conseguem. Eu mesmo nasci em um município que, na minha época, não havia nenhum analfabeto, município pobre de Santa Catarina.

Para ler a entrevista completa e outras matérias confira a edição de fevereiro da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou clique aqui e compre a versão digital da Caros Amigos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pesquisa explica porque ninguém quer ser professor - A Profissão mais Desprestigiada do Brasil

Suplício de Sísifo
 
Segundo recente pesquisa encomendada pela Fundação Victor Civita e realizada pela Fundação Carlos Chagas, apenas 2% dos alunos do segundo grau, atualmente, pensam um dia em ser professor. Pesquisa acessível em: http://revistaescola.abril.uol.com.br/politicas-publicas/carreira/ser-professor-escolha-poucos-docencia-atratividade-carreira-vestibular-pedagogia-licenciatura-528911.shtml.

E qual o perfil desses 2%? Minoria suprema, que ainda tem coragem de querer ser profissional da educação no Brasil? Segundo a mesma pesquisa os 2% tem o mesmo perfil dos atuais universitários que cursam Pedagogia ou outra licenciatura voltada para sala de aula, a saber:

1) 80% cursaram nível médio em escola pública;
2) 30% deles estão entre os que foram aprovados com as piores notas;


A conclusão é que: aqueles que serão professores são mal qualificados. Respondendo ainda a pesquisa, a área de Pedagogia ficou em 16% lugar na preferência dos alunos da escola pública. Já para os alunos das escolas particulares ainda mais distante, como desejo, ocupa o 36º lugar. Os pesquisadores fizeram a seguinte pergunta: Por que você não quer ser professor? Eis as razões, senhores prefeitos, senhores governadores, senhores secretários de educação:

1) É desgastante;
2) Desvalorizado socialmente;
3) Mal remunerado.

Para piorar, nem os alunos querem ser professores, nem a família quer que sejam professores. DESSA FORMA QUAL SERÁ O FUTURO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL? QUE FUTURO TERÁ O BRASIL? Segundo os especialistas, urgentes medidas devem ser tomadas. Entre elas apontam:

1) Melhor remuneração, para atrair os melhores;
2) Bons planos de Carreira;
3) Investir na formação dos profissionais;
4) Resgatar a importância do professor para sociedade;
5) Tratar o professor como profissional;
6) Entre outros.

O que temos visto no Estado do Ceará, que não é diferente do resto do Brasil? Mesmo com o advento da Lei do Piso salarial para os profissionais da educação: Conseguiram reduzir a remuneração em alguns municípios; as propostas de planos de carreira são vergonhosas; os profissionais da educação são tratados como despesa; não há investimento na formação dos profissionais; o professor é cada vez mais humilhado e ridicularizado, mesmo quando no desespero faz greve; quando falta ao trabalho com várias doenças que variam de problemas vocais, depressão e até problemas mentais, pelo desgaste e desilusão com a profissão, são tratados pela mídia como irresponsáveis e pelo Ministério Público como criminosos; não são tratados como profissionais, tanto que até o instituto do concurso é sabotado e passam a contratar por politicagem, por apadrinhamento, não por critérios objetivos, pois o concurso selecionaria os melhores, mas qual melhor quer ser professor? A pesquisa apontou que é profissão que atrai uma minoria entre os piores alunos. No Ceará educação de qualidade é um sonho de uma noite de verão.

Como paradoxo, os repasses do FUNDEB, de janeiro de 2008 até janeiro de 2010, tiveram um aumento em média, em se tratando de mais recursos, da ordem aproximada de 70%, considerando a atualização do valor aluno para o ano de 2010. PARA ONDE ESTÁ INDO TODO ESSE DINHEIRO NINGUÉM SABE. Mas ninguém vê a mídia escrita ou televisiva investigando os desvios, muito menos o Ministério Público.


CASOS REAIS NO CEARÁ:

1º) No Município de Tabuleiro do Norte, há mais professores contratados que concursados;
2) No Município de Bela Cruz a proposta de Plano de Carreira previa que a formação contínua seria contada apenas como ponto para progressão da avaliação de desempenho;
3) No Município de Apuiarés o prefeito transferiu professores para escolas muito distantes, só porque votaram em outro candidato;
4) No Município de Fortaleza um professor leva anos para ter atendido um simples requerimento de progressão funcional ou um simples pedido de concessão de licença prêmio;
5) No Município de Ocara o prefeito lotou a mesma professora pela manhã numa escola e à tarde noutra escola a quilômetros de distância, sendo impossível mesmo em veículo motorizado chegar a tempo de dar aula e sem pagar auxílio transporte;
6) No Município de Itapajé, chamaram de plano de carreira, um projeto de lei onde só havia previsão de classe única. Como pode existir carreira onde há apenas uma classe se as classes são os degraus da carreira? Devendo no mínimo existir uma classe para nível médio, uma para nível superior e outra classe para especialista;
7) No Município de Quixeré, para cumprir a lei do piso nacional para os profissionais da educação, o Município cassa direito adquirido como o qüinqüênio;
8) No Município de Mucambo, o sindicato da categoria chegou a sofrer perseguição, porque ousou mobilizar a categoria para debater o plano de carreira e apresentou emendas;
9) No Município de Jijoca, a presidente do Sindicato teve retirada metade da jornada, perdendo metade do salário, por ousar mobilizar a categoria da educação para debater o seu plano de carreira;
10) Nenhum Município do Ceará, em suas propostas de planos de carreira, compradas de forma caríssima de assessorias da Capital do Estado, em alguns casos chegando ao valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), prevê política para formação contínua dos profissionais da educação, eleição para núcleo gestor das escolas, condições adequadas de trabalho, número de alunos por professor, atos que redundem em gestão realmente democrática...
Para finalizar, 03 perguntinhas, que você pode responder em forma de comentário:

I- Se é professor ou professora municipal, você é feliz com a sua profissão? Por quê ?
II- Se ainda cursa o segundo grau, sonha em ser professor(a) no seu Município?
III- Você deseja que um filho, uma irmã ou outro parente que você gosta venha a ser professor(a) municipal?
No dia que as três perguntas acima forem respondidas positivamente, cursar Pedagogia ou outras licenciaturas terá o mesmo Status que Direito, Engenharia e Medicina, os cursos mais desejados por aqueles que cursam atualmente o segundo grau, sejam em escolas públicas, sejam em escolas particulares. Segundo a citada pesquisa. Ah! Você viu quanto ganha um procurador municipal, um médico no Município, um engenheiro? Então compare com o piso de um professor. Depois avalie e reflita: EDUCAÇÃO DE QUALIDADE É UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL? TERÁ QUALIDADE SE CONTINUAREM TRATANDO OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO COMO OS TRATAM HOJE?

Refletir... entender... para agir... para mudar...
 
* Valdecy AlvesNascido na cidade de Senador Pompeu (CE), terra natal do grande escritor Moreira Campos, mora em Fortaleza, terra da luz. É poeta, dramaturgo, cineasta e advogado especialista em Direito Constitucional.. Participou da fundação de inúmeros jornais e revistas literárias tanto no Ceará, como no Estado de São Paulo. Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB Ceará durante 08 anos, foi advogado da Cáritas em Senador Pompeu (CE), advogando em várias áreas do direito. Atualmente tem escritório em Fortaleza Ceará, assessorando vários sindicatos de servidores municipais tanto em Fortaleza, quanto no interior do Estado Ceará. Atuando como consultor e parecerista para todo o Brasil.

O que mais a Globo esconde?


Marco Antonio Araujo do blog o Provocador

Inúmeros colegas da imprensa já deram o recado: a audiência dos Jogos Olímpicos de Inverno foi surpreendente. Quem achava que a Record ia entrar numa fria se deu mal.
O povo não é bobo. É capaz de ligar seu televisor para conhecer e se encantar com novidades. O brasileiro é curioso e tem bom gosto. Não é o estúpido que alguns barões da mídia acham.
O que me interessa discutir aqui não são as estranhas regras do curling ou do skeleton, mas as entranhas de outro jogo. O de esconde-esconde. Não aquele da infância de todos nós. Mas a brincadeira que a Globo faz com seus telespectadores.
A Velha Senhora detinha os direitos de transmissão dos Jogos de Inverno há anos. Mas o escondeu de todos nós. Pagou para não exibir. Nem deixar que outros exibissem. Encastelada no Jardim Botânico, decidiu o que uma nação gostaria ou não de acompanhar. Talvez porque nos julgue estúpidos demais.
Mas tão estúpidos que a Globo resolveu simplesmente ignorar os Jogos de Vancouver. Não deram um segundo sequer sobre esse fenômeno que tomou conta das nossas telinhas. Esconderam de novo! Em resposta ao Estadão, que no último dia 19 publicou a pergunta óbvia (por que vocês não falaram dos Jogos de Inverno?), veio a arrogância.
Descreve o jornal: “a emissora alega que não falou sobre o evento porque não viu fato ‘relevante’ (um competidor morreu em uma prova), não possui os direitos de transmissão – que foram da Globo até 2006 e agora são da Record – e porque não possui ninguém de sua equipe lá cobrindo. Opa: e a turma do Sportv?”, conclui a colunista Keila Gimenez.
Traduzindo: em 2006 foram realizados os Jogos de Inverno de Turim, na Itália. Lembra? Não, ninguém pode lembrar, só os executivos mestres globais.
A morte do atleta georgiano, no luge, foi tão irrelevante que a imprensa mundial noticiou. Sobre a turma do Sportv, eles são da Globo, estão lá, dividem a cobertura de inúmeros outros eventos, vivem usando microfone com o logotipo das duas emissoras, mas neste caso… e agências de notícias? Coitada, a Globo não deve assinar nenhuma delas.
Esse esconderijo platinado é bem amplo, nele cabe um montão de coisas. Nesse esconde-esconde, ficamos sem ver as Diretas Já. Esconderam mais de um milhão de pessoas no comício do Anhangabaú. O Lula só apareceu quando virou presidente da República. Aí não dava mais pra esconder.
Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes não tiveram a mesma sorte. Sumiram.
Precisaram morrer para aparecer. Aí já era tarde. Só de uma coisa eu não reclamo. A Glória Maria pode continuar escondida.
A Globo, pensando bem, escondeu o quanto pode a história do Brasil. Quem estudar nosso país pelos arquivos do Jornal Nacional nem vai saber que houve uma ditadura militar.
Por isso, temos que torcer para que a concorrência aumente. Para que não haja líder absoluto, concentração de poder, esconderijos.
Aí, sim, a Velha Senhora vai ter que se esconder. De vergonha.

Boa música brasileira....

Ana Paula da Silva – Aos de Casa (2009)


download









Jaime Alem – Dez Cordas do Brasil (2009)


download

 

 

 

 

Sérgio Mendes & Brasil ‘66 – Stillness (1971)


download







TODAS COM CRÉDITOS DO UMQUETENHA

Remédios por juros ...

Auditoria aponta que governos de SP, DF, MG e RS usaram recursos do SUS para fazer ajuste fiscal 

Leandro Fortes na Carta Capital

Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil. Em três dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos quatro anos, no mercado financeiro.

A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais- de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.

As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.

Ao analisar as contas, os técnicos ficaram surpresos com o volume de recursos federais do SUS aplicados no mercado financeiro, de forma cumulativa, ou seja, em longos períodos. Legalmente, o gestor dos recursos é, inclusive, estimulado a fazer esse tipo de aplicação, desde que antes dos prazos de utilização da verba, coisa de, no máximo, 90 dias. Em Alagoas, governado pelo também tucano Teotônio Vilela Filho, o Denasus constatou operações semelhantes, mas sem nenhum prejuízo aos usuários do SUS. Nos casos mais graves, foram detectadas, porém, transferências antigas de recursos manipulados, irregularmente, em contas únicas ligadas a secretarias da Fazenda. Pela legislação em vigor, cada área do SUS deve ter uma conta específica, fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Saúde, sob gestão da Secretaria da Saúde do estado.

O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB. No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.

Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.

O Rio Grande do Sul foi o último estado a ser auditado, após um adiamento de dois meses solicitado pelo secretário da Saúde da governadora tucana Yeda Crusius, Osmar Terra, do PMDB, mesmo partido do ministro Temporão. Terra alegou dificuldades para enviar os dados porque o estado enfrentava a epidemia de gripe suína. Em agosto, quando a equipe do Denasus finalmente desembarcou em Porto Alegre, o secretário negou-se, de acordo com os auditores, a fornecer as informações. Não permitiu sequer o protocolo na Secretaria da Saúde do ofício de apresentação da equipe. A direção do órgão precisou recorrer ao Ministério Público Federal para descobrir que o governo estadual havia retido 164,7 milhões de recursos do SUS em aplicações financeiras até junho de 2009.

O dinheiro, represado nas contas do governo estadual, serviu para incrementar o programa de déficit zero da governadora, praticamente único argumento usado por ela para se contrapor à série de escândalos de corrupção que tem enfrentado nos últimos dois anos. No início de fevereiro, o Conselho Estadual de Saúde gaúcho decidiu acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa para apurar o destino tomado pelo dinheiro do SUS desde 2006.

Ainda segundo o relatório, em 2007 o governo do Rio Grande do Sul, estado afetado atualmente por um surto de dengue, destinou apenas 0,29% dos recursos para a vigilância sanitária. Na outra ponta, incrivelmente, a vigilância epidemiológica recebeu, ao longo do mesmo ano, exatos 400 reais do Tesouro estadual. No caso da assistência farmacêutica, a situação ainda é pior: o setor não recebeu um único centavo entre 2006 e 2007, conforme apuraram os auditores do Denasus.

Com exceção do DF, onde a maioria das aplicações com dinheiro do SUS foi feita com recursos de assistência farmacêutica, a maior parte dos recursos retidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul diz respeito às áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, aí incluído o programa de combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas também há dinheiro do SUS no mercado financeiro desses três estados que deveria ter sido utilizado em programas de gestão de saúde e capacitação de profissionais do setor.

Informado sobre o teor das auditorias do Denasus, em 15 de fevereiro, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, colocou o assunto em pauta, em Brasília, na terça-feira 23. Antes, pediu à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, à qual o Denasus é subordinado, para repassar o teor das auditorias, em arquivo eletrônico, para todos os 48 conselheiros nacionais. Júnior quer que o Ministério da Saúde puna os gestores que investiram dinheiro do SUS no mercado financeiro de forma irregular. "Tem muita coisa errada mesmo."

No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupa-do por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.

Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.

Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.

CartaCapital solicitou esclarecimentos às secretarias da Saúde do Distrito Federal, de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Em Brasília, em meio a uma epidemia de dengue com mais de 1,5 mil casos confirmados no fim de fevereiro, o secretário da Saúde do DF, Joaquim Carlos Barros Neto, decidiu botar a mão no caixa. Oriundo dos quadros técnicos da secretaria, ele foi indicado em dezembro de 2009, ainda por Arruda, para assumir um cargo que ninguém mais queria na capital federal. Há 15 dias, criou uma comissão técnica para, segundo ele, garantir a destinação correta do dinheiro do SUS para as áreas originalmente definidas. "Vamos gastar esse dinheiro todo e da forma correta", afirma Barros Neto. "Não sei por que esses recursos foram colocados no mercado financeiro."

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, afirma jamais ter negado atendimento ou acesso à documentação solicitada pelo Denasus. Segundo Terra, foram os técnicos do Ministério da Saúde que se recusaram a esperar o fim do combate à gripe suí-na no estado e se apressaram na auditoria. Mesmo assim, garante, a equipe de auditores foi recebida na Secretaria Estadual da Saúde. De acordo com ele, o valor aplicado no mercado financeiro encontrado pelos auditores, em 2009, é um "retrato do momento" e nada tem a ver com o fluxo de caixa da secretaria. Terra acusa o diretor do Denasus, Luís Bolzan, de ser militante político do PT e, por isso, usar as auditorias para fazer oposição ao governo. "Neste ano de eleição, vai ser daí para baixo", avalia.

Em nota enviada à redação, a Secretaria da Saúde de Minas Gerais afirma estar regularmente em dia com os instrumentos de planejamento do SUS. De acordo com o texto, todos os recursos investidos no setor são acompanhados e fiscalizados por controle social. A aplicação de recursos do SUS no mercado financeiro, diz a nota, é um expediente "de ordem legal e do necessário bom gerenciamento do recurso público". Lembra que os recursos de portarias e convênios federais têm a obrigatoriedade legal da aplicação no mercado financeiro dos recursos momentaneamente disponíveis.

Também por meio de uma nota, a Secretaria da Saúde de São Paulo refuta todas as afirmações constantes do relatório do Denasus. Segundo o texto, ao contrário do que dizem os auditores, o Conselho Estadual da Saúde fiscaliza e acompanha a execução orçamentária e financeira da saúde no estado por meio da Comissão de Orçamento e Finanças. Também afirma ser a secretaria a gestora dos recursos da Saúde. Quanto ao investimento dos recursos financeiros, a secretaria alega cumprir a lei, além das recomendações do Tribunal de Contas do Estado. "As aplicações são referentes a recursos não utilizados de imediato e que ficariam parados em conta corrente bancária." A secretaria também garante ter dado acesso ao Denasus a todos os documentos disponíveis no momento da auditoria.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Telebrás, disciplinando o mercado...

Retomar Telebrás seria chance de impor mínima disciplina ao mercado
  Valéria Nader e Gabriel Brito - Correio da Cidadania  
 
Desde o início do ano, vêm surgindo informações dando conta de que o governo federal teria intenções de reativar a Telebrás, de modo a tê-la como seu carro-chefe no anunciado Plano Nacional de Banda Larga, que visa atingir cerca de 70% das residências brasileiras. O anúncio do PBNL já fez ventilar hipóteses de que o processo também incluiria uma espécie de retomada estatal no setor, totalmente privatizado na era FHC.
 
Para tratar do assunto, o Correio da Cidadania conversou com o jornalista Samuel Possebon, que já concedeu diversas consultorias na área das telecomunicações. Para ele, o governo acerta ao tentar voltar a ter alguma rédea no setor, o que, ainda que não signifique uma real reestatização – o novo alvo de estridente combate por parte de nossa mídia, diante de um suposto viés neo-estatizante do governo Lula -, poderia disciplinar o mercado. Como se sabe, o Brasil ocupa as primeiríssimas posições em tarifas telefônicas, fixa e móvel, de modo nada condizente com a média de renda de seu cidadão.
 
No entanto, o também professor do Departamento de Comunicação da UNB descarta a possibilidade de retomada estatal no setor, pois vê os atores privados e a cultura de concorrência aberta em posições já afirmadas. Possebon reconhece as melhorias tecnológicas oferecidas pelo mercado, mas ressalta ser importante uma maior acessibilidade da população e uma redução nos custos ao consumidor.
 
Correio da Cidadania: Como vem encarando as discussões acerca das Telecomunicações no Brasil nos últimos meses, especialmente em função da polêmica sobre a expansão da banda larga, que o governo parece querer encampar como um projeto estatal através da Telebrás e aquisição das linhas da Eletronet (antiga empresa estatal, atualmente em estado falimentar, detentora de uma rede de cabos de fibra ótica)?
 
Samuel Possebon: O governo tenta através do Plano Nacional de Banda Larga e a retomada da Telebrás equilibrar um pouco o setor, oferecendo novas opções para o acesso à banda larga. Porém, ainda não são muito claras as diretrizes desse plano e qual seria o grau de protagonismo do governo. Portanto, fica um pouco difícil saber qual será o sucesso da empreitada e se atingirá seus objetivos declarados.
 
De toda forma, creio ser uma idéia correta, pois coloca em cena um novo ator no setor, na figura do próprio Estado, e que vai no sentido de abrir o leque de concorrência, fazer preços baixarem e o acesso da população à banda larga aumentar. Mesmo assim, é cedo para vislumbrar qual alcance e efetividade terá o plano.
 
CC: A propósito, o que é hoje a Telebrás, uma vez que, ao contrário do ocorrido no setor elétrico (cuja privatização veio de forma mais segmentada), sabemos que as Telecomunicações foram privatizadas em bloco no governo FHC, e a estatal foi praticamente extinta?
 
SP: O que aconteceu é que, no processo de privatização do setor, em 97 e 98, vários funcionários que seriam incorporados à Anatel não podiam ser demitidos ou aposentados de uma vez, sendo incorporados também pelas empresas que entraram no setor. Isso fez com que a empresa praticamente fechasse, com seus quadros passando para a agência reguladora ou outras empresas que passaram a atuar nas telecomunicações. Como no setor elétrico o processo foi mais diluído, não houve a mesma necessidade.
 
CC: As ações da Telebrás tiveram valorização expressiva nos últimos anos, e também nos últimos dias, em função das notícias sobre os projetos do governo. O que pensa dessa valorização?
 
SP: Isso foi um movimento natural de mercado, que sempre ocorre no campo da especulação. Aconteceu a mesma coisa, por exemplo, quando começaram os boatos de venda da Sadia. A empresa estava falida, mas, com as notícias que circulavam, seus papéis na bolsa se valorizavam e as ações subiam do mesmo jeito.
 
O mesmo ocorreu na compra do Unibanco pelo Itaú. É um movimento natural que sempre acontece no mercado especulativo, e agora não foi diferente.
 
CC: Acredita estar em curso um projeto ou uma ‘séria’ tentativa de retomar de alguma forma o controle do setor de telecomunicações, dando mais corpo e nova vida à Telebrás? Enxerga relação com a própria questão da soberania nacional?
 
SP: Não. Acredito que o governo queira apenas dar um pouco mais de regulação ao setor, de maneira a também expandi-lo e criar um maior alcance nacional.
 
Mas não se trata de uma retomada estatal no setor. Ele pretende somente colocar uma nova opção no mercado, de modo que se abra um pouco mais o leque de concorrência e as demais empresas sejam obrigadas a baixar seus preços e também melhorar a qualidade dos serviços, ainda muito deficientes, apesar de todos os avanços tecnológicos.
 
Não vejo intenções governamentais no sentido de alguma reestatização, não é essa a idéia do plano. O que buscam é melhorar a competitividade e controlar mais o mercado.
 
CC: Como você enxerga hoje esse setor no Brasil? Caminhamos, conforme se aventa, melhor do que teria sido sem a privatização?
 
SP: É difícil falar em hipóteses, sobre o que seria sem a privatização. São inegáveis os avanços que as empresas privadas ofereceram, no que se refere à tecnologia e qualidade de alguns serviços, que não existiam antes, apesar do preço e da impossibilidade de acesso de grandes parcelas dos brasileiros.
 
Por outro lado, é certo que hoje as condições econômicas do país também são bem diferentes, o que permitiria que o serviço por parte do governo também se encontrasse em outro nível.
 
CC: O que pensa do fato de sermos o país com uma das mais altas tarifas de celular e telefonia fixa do mundo, ao lado de possuir um serviço de internet também caríssimo e ainda muito restrito?
 
SP: Esse é um ponto a se discutir bastante. É verdade que precisa ser dado um desconto por conta da altíssima carga tributária deste país, principalmente em serviços, de modo que o consumidor acaba sendo bastante afetado, pois as empresas acabam incluindo essa carga no preço final.
 
Mas também é preciso uma melhoria em tal ponto, pois, apesar de todos os avanços tecnológicos oferecidos, as tarifas são realmente muito elevadas, além de sabermos que há um altíssimo número de reclamações das pessoas com relação às empresas que prestam tais serviços. É também por isso que o governo entrou na questão, para rearranjar os níveis de preços e aumentar a acessibilidade a tais serviços, ainda muito distantes de grande parte da população.
 
CC: Você apoiaria algum tipo de reestatização no setor?
 
SP: No momento é difícil falar em reestatização, pois todo um modelo já está afirmado na sociedade e é complicado tocar nos atuais parâmetros de mercado.
 
Acho importante e não vejo nada de errado em uma maior atuação estatal no setor, até para regular e controlar melhor os preços de telefonia fixa e móvel, além de internet.
 
Não vejo nada de errado em contar com a participação simultânea do Estado e dos atores privados, desde que nas mesmas condições e regras de mercado, sem que um seja claramente favorecido em relação ao outro no que se refere às condições de oferecer os serviços de telecomunicações. Se for assim, pode ser positivo para o país e os consumidores um modelo que inclua os dois lados.
 
CC: Como encara a fusão Oi/BrTelecom? Há estudiosos que nela enxergam pontos positivos, na medida em que seria uma forma de o setor retomar corpo em sua atuação, único modo de chegar aos grotões. Mas não se caminha ao mesmo tempo em direção contrária à concorrência tão reverenciada na justificativa do desmembramento e privatização no setor?
 
SP: Foi uma fusão bem complicada. Sabemos que o governo alegava se tratar de uma questão importante para que o país tivesse um ator competitivo globalmente, podendo disputar espaços de mercado fora do país também.
 
No entanto, esses resultados estão bem abaixo do esperado, inclusive internamente, e até hoje ainda não se viu uma grande evolução dentro daquilo que foi prometido para justificar a fusão das empresas.
 
Além do mais, o processo não foi conduzido da melhor maneira, mas agora Inês é morta e é preciso dar continuidade ao crescimento do país no setor e também a essa questão da oferta de serviços de telecomunicações às localidades tidas como menos interessantes pelo mercado.
 
Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.
 

Pobre Costa Rica...

Costa Rica… ou não tanto!


do jornal avante, via blog da Marcia
por Pedro Campos

A Costa Rica está na mesma região da América Latina onde se encontram o Panamá, El Salvador, Nicarágua e Honduras. Do Panamá sabemos – os que o sabem – que foi um território que os Estados Unidos roubaram à Colômbia para construir o Canal do mesmo nome. Dos outros três, ouvimos e lemos durante anos que andaram anos em guerra «por causa» de uns guerrilheiros ao serviço do «comunismo internacional», que não queria deixar aqueles países em paz… Da Costa Rica pouco ou nada se sabe, para além de que a governou durante anos um figurão «bem comportado» chamado Figueres e que agora passou por um processo eleitoral onde outro «bem comportado» – Oscar Arias, neste caso com Prémio Nobel da Paz debaixo do braço – passou o comando a uma senhora que vai continuar as mesmas políticas neoliberais cujos resultados devastadores já conhecemos bem. A Costa Rica aparece-nos, então, nos média como «país exemplo», uma espécie de Chile da América Central, salvando as distâncias do caso – entre elas a de que o Chile tem um exército prussiano ainda bem marcado pela herança pinochetista e a Costa Rica não tem soldados, o que não quer dizer que não tenha forças repressivas, claro está.
Do Chile, laboratório onde os «rapazolas de Chicaco» ensaiaram, a sangue e fogo, as suas receitas económicas neoliberais, diz-nos (quase) toda a comunicação social que é exemplo a seguir. Quem ousar dizer o contrário, mesmo que seja com números na mão, é um desmancha-prazeres e leva com o pau na cabeça…nem sempre figuradamente.
E a Costa Rica? Segundo a velha teoria do «quem cala, consente», o silêncio que a rodeia pareceria indicar que anda tudo no melhor dos mundos. Contudo, nunca faltam os tais desmancha-prazeres… mesmo dentro de casa!
As autoridades de São José não são muito dadas a isso de fornecer dados sobre a situação socioeconómica do país, mas algumas dicas vão soltando de vez em quando, de forma um tanto sorrateira para que não se notem muito, porque sempre há quem esteja atento. Vejamos. O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos publicou há poucas semanas uma série de números oficiais que mostram claramente que o país, como resultado das políticas económicas neoliberais, atravessa o seu pior momento dos últimos 30 anos.
Números da desigualdade e da pobreza

Uma maneira de não informar é não analisar adequadamente a realidade. Se tomarmos a pirâmide socioeconómica nacional, não é possível, por exemplo, discriminar a riqueza do 1% ou dos 5% das famílias mais ricas do país. Como só há cinco divisões, só podemos conhecer a riqueza de cada quinto! Mesmo assim as diferenças são gritantes e vemos então que os 20% mais ricos têm entradas que superaram 14,8 vezes as dos 20% mais pobres… e esta é a diferença mais alta dos últimos 25 anos! Imagine-se, então, qual será a desigualdade entre a cúpula desse primeiro quinto e a base da pirâmide… Mas o verdadeiro problema não é só o abismo entre o quinto mais opulento e o mais miserável. O fosso é igualmente cada vez mais marcado entre o primeiro e os intermédios…
Recentemente, perto 26 mil famílias – mais de 100 mil pessoas – passaram a engordar o exército das que estão na pobreza. O número total de pobres saltou de 830 mil para 945 mil pessoas. É muita gente? Considerando o número de habitantes do país, essa cifra que se aproxima do milhão de habitantes corresponde a 20,3% da população total.
Uma das causas desta situação é o número crescente de desempregados. Entre Julho de 2008 e Julho de 2009 o total de pessoas sem trabalho aumentou 63%, ao passar de 102 mil para 166 mil. Como sempre, é entre as mulheres e os jovens onde mais se fazem sentir estes índices. Como afirmava recentemente um analista da TeleSul, «com toda a clareza observamos que a crise assume principalmente um rosto feminino e juvenil». Mas, para além dos desempregados, estão os subempregados e os que estão na categoria de «inactividade laboral». Os segundos parecem ser aqueles que, estando há muito sem trabalho, já perderam a esperança de o encontrar e saem do mercado e… das estatísticas. Os primeiros são aqueles – números não se conhecem e quem não os informa lá terá as suas razões – que trabalham mas ou não ganham o suficiente para ter uma vida digna ou têm de suportar jornadas laborais inadequadas. Alguns cálculos dizem que a força de trabalho nestas condições saltou de 26 para 30% no último ano.
Menos mal que Oscar Arias é «só» Nobel da Paz – tal como Barack Obama/Bush III – e não Nobel de Economia!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Acidente Vascular Cerebral no Brasil não é causa grave para Saúde Pública, e sim Segurança Nacional.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Brasil
  Daniel Chutorianscy - Correio da Cidadania   
 
O Acidente Vascular Cerebral no Brasil não é causa grave para Saúde Pública, e sim Segurança Nacional.
 
No Brasil, morrem por ano 250.000 pessoas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) - ou "derrame". Quem sabia isso? E ainda mais, milhões de brasileiros ficam seqüelados, tornando-se "invisíveis" para a sociedade. Ninguém sabe, ninguém viu....
 
É a maior causa de mortes no país, superando infartos, câncer, acidentes de trânsito. Esses dados são fornecidos pelo canal oficial de informações do governo, a TV Globo (novembro 2009, "Bom Dia Brasil"). Talvez seja muito mais. Quem sabe?
 
A cifra de 250.000 é um número assustador, corresponde ao tamanho das guerras e tragédias como furações ou "tsunamis". E ninguém sabe nada disso... Perguntamos: como é que pode, nenhuma informação ou prevenção?
 
Para os governos atuais ou do passado, trata-se do fenômeno da "invisibilidade", não vê, não existe, não toma nenhuma medida e deixa rolar.
 
Certamente existe uma vinculação imediata do AVC com as indústrias de fumo, álcool, drogas (lícitas ou ilícitas), alimentação (o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, o transgênico tomou conta do mercado do consumidor brasileiro), baixíssimos salários, hipertensão, diabetes e o "tigre nosso de cada dia" que é o estresse de enfrentar essa realidade alienadamente, uma espécie de "AVCerização" social. Um sistema de saúde (saúde?) moribundo, com a mídia propagando aos quatro ventos o consumo de bens pouco duráveis, repetindo a "invisibilidade" com o mesmo bordão: "não vê, não existe... e deixa rolar". A doença não traz lucros institucionais.
 
O acidente vascular cerebral é uma interrupção do circuito cerebral. Pode ser de dois tipos: isquêmico (85% dos casos) e hemorrágico (15% dos casos). Saiba você que até quatro horas após um incidente de AVC isquêmico, pode-se usar medicamento específico (o trombolitico alteplase), cuja performance é de 50% de melhoras, não deixando seqüelas.
 
Tal medicamento existe no Brasil, aprovado seu uso em protocolos do Ministério da Saúde. Você sabia? Não. É somente usado em alguns poucos hospitais particulares, a preço muito alto.
 
Milhares de vidas podem ser salvas, milhares de pessoas podem dispensar a "invisibilidade ou AVCerização social", mas a que preço?
 
Investir na doença ou na saúde? A opção pela saúde implica em remover a "AVCerização social" e começar a nos mexer. "Ninguém quer adoecer ou morrer", "ter saúde é o principal".
 
Forcemos, já que é nosso direito, as campanhas nacionais de informação e prevenção, inclusive o diagnóstico rápido, os hospitais do SUS e conveniados, bem como os particulares, a ter o medicamento adequado; organizemos grupos nas unidades de saúde de pacientes avecerizados e seus familiares, repetindo o modelo dos grupos de hipertensos, diabéticos etc.; revisemos os critérios de aposentadoria para pacientes com AVC; forcemos o governo e o Ministério da Saúde a "verem" o que não querem "ver".
 
Temos certeza absoluta de que, quando conseguirmos detonar essa campanha, o país inteiro cobrará as medidas, em vez do "avecê social", teremos um verdadeiro "pulando a cerca" de saúde, cidadania, solidariedade e justiça. "Pular a cerca" é dar visibilidade, não é a sacanagem habitual, aquela do fenômeno da invisibilidade "não vê, não existe...".
 
Daniel Chutorianscy é médico, teve um AVC cerca de um ano atrás, não se manteve "invisível", voltou a trabalhar com algumas seqüelas, não fez uso, lamentavelmente, do alteplase, fundou o Grupo AVC-PULANDO A CERCA em agosto de 2009, que, neste pequeno período de tempo, continuou brigando pela Saúde, e "pulando a cerca" pela visibilidade, pela justiça e contra a "avecerização" social. Que o AVC, ou derrame, não mais seja um "derrame" de alienações e engodos. Exigimos Saúde, Educação, Justiça como instâncias primeiras.
 
Daniel Chutorianscy é médico. CRM: 52-27646-7
 
E-mail: trenzinhocaipira@vnet.com.br

Em Cuba, Lula reafirma marca progressista da política externa

Apesar de a mídia ter desviado atenções para a morte de um dissidente cubano, a visita do presidente Lula à ilha de Raúl e Fidel Castro foi muito positiva e cheia de significados. O brasileiro anunciou novo impulso às relações comerciais entre os países, para atenuar efeitos do bloqueio imposto a Cuba pelos Estados Unidos. Isso não apenas representa vantagens econômicas para ambas as nações, como reforça o caráter solidário da política externa do Brasil e consolida seus esforços de integração.

Lula e fidel
Lula termina governo consolidando boa relação com os Castro
 
Lula chegou à ilha na noite de terça (23), ao voltar de encontro regional em Cancún no México, no qual os países do continente deram um grande passo, ao definirem a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe.

Ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, Lula visitou o Porto de Mariel, a 50 quilômetros de Havana, que será modernizado com verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para que seja transformado no maior porto da América Central. O investimento, segundo a Odebrecht, responsável pela obra, é de US$ 800 milhões, dos quais US$ 433 milhões serão financiados pelo governo brasileiro e o restante pelo governo cubano.

A ilha também negocia com o Brasil mais US$ 230 milhões, que serão revertidos em exportação de produtos e serviços. Os recursos serão destinados ainda à construção de rodovias, ferrovias e reabilitação e modernização das instalações portuárias.

Lula defendeu a importância de ajudar Cuba a se preparar para o fim do bloqueio, no qual ele acredita. Nesse sentido, o presidente quer ainda ampliar o comércio entre os dois países, que alcançou US$ 330 milhões, mas oferecendo um equilíbrio melhor na balança comercial, hoje favorável ao Brasil. Sete empresas brasileiras participaram do encontro comercial em Havana e estima-se que a reunião poderá resultar em negócios de cerca de US$ 1 bilhão. Ou seja, bons frutos para Cuba e para o Brasil.

Mas, por trás da questão específica da cooperação, estão refletidos alguns sinais importantes para identificar a marca que o presidente Lula vai deixar ao final de seu mandato. Para além do título de estadista do ano, o presidente brasileiro consolidou uma política externa pautada pela solidariedade, pela busca por integração regional com justas relações, e por uma aproximação com os países mais avançados do continente.

O fato de, ao fim do mandato, Lula fazer esse gesto em relação ao governo revolucionário da ilha dá ainda mais clareza à sua posição ao lado das nações antiimperialistas. Se conseguiu colocar-se num papel de protagonista global, o presidente conseguiu também o reconhecimento dos governos de esquerda, que o têm como um companheiro e aliado.

Talvez isso explique porque a mídia procurou minimizar os motivos do encontro de amigos entre Lula, Fidel e Raúl, voltando a atenção para a morte de um dissidente da ilha, que fazia greve de fome há mais de oitenta dias. Com muita tranquilidade, o governo de Cuba lamentou aquele que é o primeiro falecimento de um preso político cubano desde 1972.

"Lamentamos muito. Ele foi sentenciado a três anos por ter causado problemas e foi levado a nossos melhores hospitais. Morreu e lamentamos muito", afirmou Raúl Castro. Ele disse ainda que o preso Orlando Zapata Tamayo faleceu depois de protagonizar uma greve de fome e que este fato se deve à relação que os Estados Unidos estabelceram com Cuba.

Ele respondeu ainda às críticas das organizações de direitos humanos, que tentavam responsabilizar o regime. "Em meio século, não assassinamos ninguém aqui. Aqui ninguém foi torturado. Houve tortura na Ilha de Cuba, sim, mas na base de Guantânamo, que não é nosso território", disparou.

Em um evento de tamanho significado para a integração, os jornalistas privilegiaram a morte do dissidente talvez porque não consigam aceitar que o Brasil fez a opção acertada de se relacionar com as forças mais avançadas do continente. Também não assimilam que a pequena ilha revolucionária tenha conseguido se manter firme, símbolo da resistência às investidas dos Estados Unidos, e que encontre amigos solidários, como o governo brasileiro.

Não foi à tôa que, em um encontro de mais de duas horas com Fidel, Lula tenha ouvido dele muitos elogios por seu "brilhante desempenho" nesses quase oito anos de mandato. Ao sair da conversa, o brasileiro narrou ter encontrado o companheiro - que já não está em uma causa de repouso - "recuperado" e "excepcionalmente bem", muito melhor que quando o visitou em 2008.


Por Joana Rozowykwiat,
Da Redação, com agências

O que é software Livre (massinha)

Um video que explica, com detalhes e de forma artisticamente bem elaborada, como e o que é software livre e a sua importância para a inclusão digital.