Brizola Neto no
TIJOLACO
Chegamos ao dia decisivo.
Foram meses que ensinaram muito a todos nós.
Creio que o primeiro ensinamento foi algo que todos partilhamos: do mais humilde dos brasileiros ao próprio presidente Lula.
O de que não existe caminho para justiça social no Brasil que não passe
pelo desenvolvimento econômico e pela afirmação de nossa soberania como
nação.
Acho que todos entendemos que, reescrevendo a frase que ficou famosa nos
tempos do “milagre econômico” da ditadura, o bolo só cresce se for mais
bem dividido e só é mais bem dividido quando cresce.
Progresso econômico e progresso social são duas faces inseparáveis de um Brasil que quer e precisa crescer.
De fato, basta examinar todos os indicadores econômicos e sociais para
que se veja que o governo Lula disparou em realizações e em popularidade
no seu segundo mandato, ao assumir claramente sua natureza nacional e
popular, deixando à beira do caminho aqueles que defendiam, embora com
menos ferocidade, as mesmas regras neoliberais que marcaram o governo
FHC.
Numa palavra, foi finalmente o governo Lula quem retomou a linha de
afirmação nacional, econômica e social que marcou a vida brasileira nas
décadas de 30, 40, 50 e até mesmo na década de 60, pois o progresso
desse país tinha uma força inercial que nem mesmo a ditadura militar,
embora com seus componentes entreguistas, conseguiu romper de imediato.
A década final do regime autoritário, marcada pela estagnação, foi
sucedida primeiro pela nulidade de Sarney, o energúmeno, e depois, pelo
neoliberalismo privatista se afirmou com a nova ditadura: a do
pensamento único.
Em 1995, com Fernando Henrique Cardoso, o viés subalterno que passou a
comandar a vida brasileiro sentiu-se seguro ao ponto de rasgar o véu da
hipocrisia e declarar que sua missão era sepultar definitivamente o que
chamaram de Era Vargas, significando com isso o seu desejo de alienar
todas as riquezas desta nação e conformar o Brasil a uma condição
colonial.
Mas manter o Brasil como colônia, embora o venham conseguindo há cinco séculos, é algo que não se consegue se há liberdade.
Um grande e maravilhoso país, com um grande e generosa população só pode
ser pequeno se nos aceitarmos assim, se nos desprezarmos como povo e
como nação. Se vivermos na tristeza e no silêncio.
Foi por isso que suprimiram a liberdade em 64. Foi por isso que a
deformaram, com o poder midiático, na eleição de Collor e, depois, com a
ideia de que a história dos conflitos pela afirmação das nações era
passado e a globalização e o mercado eram fenômenos divinos e
invencíveis.
Daí nos vem o segundo ensinamento: se a liberdade de imprensa sempre foi
uma ferramenta da rebeldia generosa e da decência humana, o direito à
comunicação, que a engloba, é ainda maior: é o fundamento da liberdade e
da democracia.
Controlá-lo, desde os tempos em que os livros dependiam do imprimatur
dos senhores dos feudos terrestres e celestiais, sempre foi a chave do
poder.
É verdade que os meios tecnológicos, pouco a pouco, foram eliminando
estes “privilégios de impressão”, culminando nesta maravilhosa
ferramenta que é a internet.
Mas um a um, o poder sempre procurou se apoderar deles e desvirtuar o
seu sentido libertário, fazendo dele não apenas o que deve também ser,
diversão e entretenimento, mas diversionismo e entorpecimento.
E, sejamos realistas, os espaços que abrimos aqui, na internet, ainda
são pequenos e pouco significativos perto das estruturas de manipulação e
mentira que dominam e que, também aqui, conseguem montar.
Um governo popular, no Brasil, tem de encarar a democratização da
comunicação como a espinha dorsal de sua sobrevivência política.
Porque os inimigos de um Brasil popular contam com quase toda a
comunicação, com suas máquinas de produzir mentiras, de distorcer
verdades e de deformar consciências.
Outro dia, num evento na Carta Capital exortou os políticos a não terem medo da grande imprensa.
Concordo com ele, mas é preciso que o Governo também não a tema, como vem sendo tristemente verdadeiro há décadas.
Procurei praticar aqui, tanto quanto pude, este conselho.
Este pequeno espaço, que começamos a abrir há menos de um ano e meio,
modestamente, procurou não ter este medo, nem viver em função de
vantagens, poder ou sucesso eleitoral.Nunca, apesar dos conselhos para
que o fizesse, deixei de lado as grandes lutas para cair no terreno
estéril e falso da promessa, da cooptação, da formação de grupos de
interesse.
Hoje, no dia em que se encerra uma etapa importante da luta histórica de
nosso povo, o corpo está extenuado, mas a consciência serena.
Este mês, 1,2 milhão de acessos ao Tijolaço e , sobretudo, os mais de 15
mil comentários postados desde 1º de outubro mostram que este se tornou
um lugar de encontro, para dividir ideias, angústias, revoltas e
paixões.
Para dividirmos o que somos de verdade, pois é o que somos de verdade o melhor que podemos dar uns aos outros.
A minha gratidão a todos os que colaboraram neste processo, lendo,
criticando, sugerindo, me dando até uns “foras” de vez em quando.
Carregar este sobrenome e escrever sob um título que identifica a luta
de um grande homem é um enorme peso para alguém tão pequeno.
Mas se cada um de nós, nas nossas pequenas forças, pudermos, cada um,
conduzir um grão de areia, é certo que juntos podemos fazer uma
montanha.
A minha gratidão e reconhecimento a todos, e que o destino sorria a este povo tão sofrido.
Viva o povo brasileiro, razão de ser do Brasil!
PS. Em cumprimento da legislação eleitoral, não farei postagens
mencionando candidatos hoje, dia das aleições, até o fechamento das
urnas. A tela de Di Cavalcanti que encima este post, chamada “Mulheres
Protestando”, diz tudo