Na
passada semana, o jornal The Independent revelou a existência de planos
de partilha das reservas daquele país pelas petrolíferas BP e Royal
Dutch Shell.
Segundo o diário londrino The Independent (19.04) o governo de Tony Blair tinha planos para explorar as reservas de petróleo iraquianas cinco meses antes de se aliar aos Estados Unidos para a invasão daquele país.
Os documentos divulgados foram obtidos por Greg Muttitt, autor do livro Fuel on the Fire: Oil and Politics in Occupied Iraq (Combustível no fogo: petróleo e política no Iraque ocupado), e provam que houve pelo menos cinco reuniões entre funcionários do governo britânico e responsáveis das petrolíferas BPe Royal Dutch Shell em finais de 2002.
Além disso, num documento secreto do Ministério dos Negócios Estrangeiros de inícios de 2003 afirma-se claramente: «A Grã-Bretanha tem um interesse absolutamente vital no petróleo iraquiano».
Também as actas de uma reunião, realizada em 31 de Outubro de 2002, entre a ministra do Comércio, baronesa Symons, e representantes da BP e Royal Dutch Shell e BG (British Gas), indicam que a governante prometeu defender os interesses das companhias britânicas junto do governo dos EUA.
A BP receava que Washington permitisse a manutenção do contrato já existente entre a TotalFinaElf o regime de Saddam Hussein após a invasão, o que tornaria o grupo francês na maior petrolífera do mundo (facto que também explica, pelo menos em parte, a decisão da França de não integrar a coligação militar que invadiu o Iraque em 20 de Março de 2003).
A acta de outra reunião, em 6 de Novembro de 2002, no Ministério dos Negócios Estrangeiros não deixa igualmente dúvidas quanto aos desígnios britânicos: «O Iraque é a grande oportunidade petrolífera. A BP está desesperada para entrar ali e ansiosa de que os acordos políticos não lhe negue a oportunidade».
Isto é também confirmado pelo registo das declarações do director do departamento do Médio Oriente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Edward Chaplin, numa reunião em Outubro de 2002: «A Shell e a BPnão podiam permitir-se ficar sem uma participação [no Iraque], no interesse do seu futuro a longo prazo (...) Estávamos determinados em obter uma fatia justa, em troca da acção do Reino Unido, para as companhias britânicas num Iraque pós-Saddam.»
O roubo do século
As expectativas de saque vieram a confirmar-se logo após a invasão. De acordo com o mesmo jornal, os contratos assinados por um prazo de 20 anos foram os maiores na história da indústria do petróleo.
Cerca de metade das reservas do Iraque, ou seja, 60 mil milhões de barris de petróleo foram comprados por companhias como a BP ou a CNPC (China National Petroleum Company), cujo consórcio conjunto, no campo de Rumaila no Sul do Iraque, espera realizar 403 milhões de libras (mais de 453 milhões de euros) de lucros anuais.
O autor deste trabalho de investigação, Greg Muttitt, conclui: «Vemos que o petróleo era de facto uma das mais importantes considerações estratégicas do governo e que houve conluio secreto com companhias petrolíferas para lhes dar acesso a este prémio enorme.»
Aparências e factos
Tony Blair, 6 de Fevereiro de 2003: «Honestamente, a teoria da conspiração do petróleo é uma das mais absurdas quando a analisamos. O facto é que, se o petróleo do Iraque fosse a nossa preocupação, posso dizer que podíamos provavelmente chegar amanhã a acordo com Saddam em relação ao petróleo. Não é o petróleo que é a questão, são as armas».
BP, 12 de Março de 2003: «Não temos qualquer interesse estratégico no Iraque. Se quem chegar ao poder quiser uma participação ocidental depois da guerra, caso haja guerra, o que sempre dissemos é que tal deve decorrer na base da igualdade de condições. Não estamos seguramente a forçar o nosso envolvimento.»
Lord Browne, então director executivo da BP, 12 de Março de 2003: «Não se trata, na minha opinião nem na da BP, de uma guerra do petróleo. O Iraque é um produtor importante, mas deve decidir o que fazer com o seu património e o seu petróleo.»
Shell, 12 de Março de 2003: «Nunca procurámos ou mantivemos encontros com funcionários do governo britânico sobre a questão do Iraque. O assunto só surgiu em conversas durante encontros normais que temos de vez em quando com funcionários (...) Nunca pedimos "contratos".»
Segundo o diário londrino The Independent (19.04) o governo de Tony Blair tinha planos para explorar as reservas de petróleo iraquianas cinco meses antes de se aliar aos Estados Unidos para a invasão daquele país.
Os documentos divulgados foram obtidos por Greg Muttitt, autor do livro Fuel on the Fire: Oil and Politics in Occupied Iraq (Combustível no fogo: petróleo e política no Iraque ocupado), e provam que houve pelo menos cinco reuniões entre funcionários do governo britânico e responsáveis das petrolíferas BPe Royal Dutch Shell em finais de 2002.
Além disso, num documento secreto do Ministério dos Negócios Estrangeiros de inícios de 2003 afirma-se claramente: «A Grã-Bretanha tem um interesse absolutamente vital no petróleo iraquiano».
Também as actas de uma reunião, realizada em 31 de Outubro de 2002, entre a ministra do Comércio, baronesa Symons, e representantes da BP e Royal Dutch Shell e BG (British Gas), indicam que a governante prometeu defender os interesses das companhias britânicas junto do governo dos EUA.
A BP receava que Washington permitisse a manutenção do contrato já existente entre a TotalFinaElf o regime de Saddam Hussein após a invasão, o que tornaria o grupo francês na maior petrolífera do mundo (facto que também explica, pelo menos em parte, a decisão da França de não integrar a coligação militar que invadiu o Iraque em 20 de Março de 2003).
A acta de outra reunião, em 6 de Novembro de 2002, no Ministério dos Negócios Estrangeiros não deixa igualmente dúvidas quanto aos desígnios britânicos: «O Iraque é a grande oportunidade petrolífera. A BP está desesperada para entrar ali e ansiosa de que os acordos políticos não lhe negue a oportunidade».
Isto é também confirmado pelo registo das declarações do director do departamento do Médio Oriente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Edward Chaplin, numa reunião em Outubro de 2002: «A Shell e a BPnão podiam permitir-se ficar sem uma participação [no Iraque], no interesse do seu futuro a longo prazo (...) Estávamos determinados em obter uma fatia justa, em troca da acção do Reino Unido, para as companhias britânicas num Iraque pós-Saddam.»
O roubo do século
As expectativas de saque vieram a confirmar-se logo após a invasão. De acordo com o mesmo jornal, os contratos assinados por um prazo de 20 anos foram os maiores na história da indústria do petróleo.
Cerca de metade das reservas do Iraque, ou seja, 60 mil milhões de barris de petróleo foram comprados por companhias como a BP ou a CNPC (China National Petroleum Company), cujo consórcio conjunto, no campo de Rumaila no Sul do Iraque, espera realizar 403 milhões de libras (mais de 453 milhões de euros) de lucros anuais.
O autor deste trabalho de investigação, Greg Muttitt, conclui: «Vemos que o petróleo era de facto uma das mais importantes considerações estratégicas do governo e que houve conluio secreto com companhias petrolíferas para lhes dar acesso a este prémio enorme.»
Aparências e factos
Tony Blair, 6 de Fevereiro de 2003: «Honestamente, a teoria da conspiração do petróleo é uma das mais absurdas quando a analisamos. O facto é que, se o petróleo do Iraque fosse a nossa preocupação, posso dizer que podíamos provavelmente chegar amanhã a acordo com Saddam em relação ao petróleo. Não é o petróleo que é a questão, são as armas».
BP, 12 de Março de 2003: «Não temos qualquer interesse estratégico no Iraque. Se quem chegar ao poder quiser uma participação ocidental depois da guerra, caso haja guerra, o que sempre dissemos é que tal deve decorrer na base da igualdade de condições. Não estamos seguramente a forçar o nosso envolvimento.»
Lord Browne, então director executivo da BP, 12 de Março de 2003: «Não se trata, na minha opinião nem na da BP, de uma guerra do petróleo. O Iraque é um produtor importante, mas deve decidir o que fazer com o seu património e o seu petróleo.»
Shell, 12 de Março de 2003: «Nunca procurámos ou mantivemos encontros com funcionários do governo britânico sobre a questão do Iraque. O assunto só surgiu em conversas durante encontros normais que temos de vez em quando com funcionários (...) Nunca pedimos "contratos".»