terça-feira, 19 de julho de 2011

Euforia em torno de redes sociais reacende temor de bolha especulativa


19/7/2011 9:24,  Por Deutsche Welle

via CORREIO DO BRASIL

Jovens empresas online como o LinkedIn são atualmente as favoritas dos investidores. Munidos de gordas somas, eles especulam que algo grandioso irá acontecer, o que lembra os tempos da “bolha” da New Economy, pouco antes da virada do século.
Será a história que se repete? Desde meados de maio, empresas pontocom se lançam, uma atrás da outra, nas bolsas de valores dos Estados Unidos, aproveitando-se da euforia em torno das assim chamadas mídias sociais.
Segundo estimativa da emissora CNBC, o valor do Facebook, quando entrar no mercado de ações, deverá ultrapassar os 100 bilhões de dólares. Isso significa que o valor de mercado da rede social seria superior ao do Deutsche Bank, Deutsche Post e Lufthansa juntos – para citar três conglomerados alemães de peso internacional.

Paralelos e diferenças

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Reid Hoffman, fundador do LinkedInO número é respeitável: a rádio online Pandora é ouvida por mais de 90 milhões de usuários em todo o mundo. O problema é que o lucro da empresa é zero, e isso não deverá mudar num prazo previsível. Então o que justifica sua cotação de mercado de 3 bilhões de dólares?
Recentemente, tanto ela como a rede profissional online LinkedIn entraram na bolsa, enriquecendo seus proprietários originais. Nos próximos meses, várias outras firmas – como o site de jogos Zynga e o de descontos Groupon – planejam dar o mesmo passo, com cotações megalomaníacas.
Mesmo sem produzir um único centavo de lucro, a Pandora foi efusivamente saudada pela Bolsa de Valores de Nova York e pelos analistas de mercado. Já as ações do LinkedIn duplicaram de cotação poucas horas após seu lançamento. “Está uma loucura aqui”, descreveu a apresentadora da rede de TV ABC.
Só que, depois dessa vertiginosa valorização inicial, logo em seguida os títulos caíram sensivelmente. As comparações com a “bolha pontocom”, que explodiu no final da década de 1990, são inevitáveis. Scott Kessler, perito em internet da agência de rating Standard & Poor’s, estava em Wall Street na ocasião: “Havia centenas de empresas sem qualquer modelo de negócios. Todos sabem aonde isso levou”.
Porém aqui reside uma diferença quanto ao fenômeno atual: não são centenas, mas sim cerca de uma dezena de firmas pontocom e de mídia social lançando-se no mercado de títulos. E os calouros têm tanto um modelo de negócios quanto investidores poderosos por trás.

Cotações vertiginosas, faturamento zero

Há pouco a Zynga também anunciou a intenção de emitir ações. Ela é conhecida por jogos de computador, como o Farmville. E, bem ou mal, em 2010 alcançou um lucro de 90 milhões de dólares. Quando entrar para Wall Street, no próximo trimestre, deverá contar com uma cotação de aproximadamente 10 bilhões de dólares.
Já o Facebook ostenta 750 milhões de usuários registrados, em todo o mundo. O mercado espera uma cotação entre 100 bilhões e 200 bilhões de dólares quando a empresa entrar na bolsa, no início do próximo ano. Para comparar: a capitalização da HP (Hewlett-Packard), maior fabricante de computadores do mundo, encontra-se atualmente em 70 bilhões de dólares.
O empresário Bo Peabody criou sua própria plataforma online no final dos anos 90, e ainda hoje ele investe exclusivamente em empresas de internet. Mas mantém distância das redes sociais, pois não consegue perceber qual seria o modelo de sucesso delas.
“No caso das redes sociais, não se trata realmente de empresas de mídia. São as pessoas que falam e se comunicam entre si. Não é fácil ganhar dinheiro com algo assim. As operadoras de telefone, por exemplo, cobram taxas pelas conversas ou pela linha. As redes sociais tentam lucrar com a publicidade. Mas é difícil colocar propaganda no meio das conversas”, analisa Peabody.

Google-Yahoo x Facebook & cia.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Google x Facebook: duas realidades virtuais diferentesKessler continua apostando no sucesso das empresas de tecnologia. Entretanto, em sua opinião, isso não significa investir nos novos cometas no firmamento internáutico. Os paralelos com a “bolha pontocom” existem, porém “uma grande parte das empresas de tecnologia, sobretudo as estabelecidas, estão com as cotações mais atraentes das últimas décadas”, afirma.
O perito se refere especialmente às cotações de empresas como Google ou Yahoo. Em sua opinião, elas estão extremamente subvalorizadas e, com o hype em torno de Facebook e companhia, foram deixadas de lado de forma precipitada.
Para que ocorra uma crise semelhante à de dez anos atrás, seria preciso que muito mais firmas – e muito mais obscuras – entrassem no mercado de ações. No momento, esse não é o caso. O que não significa que seja totalmente livre de riscos empatar capital em ações como as de Pandora, Facebook, Groupon, Twitter ou Zynga.

Autor: R. Wenkel / J. Korte / A. Valente
 
Revisão: Alexandre Schossler

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A história barateada e a recuperação da inocência

Escrito por Cassiano Terra Rodrigues  no CORREIO DA CIDADANIA


No livro Conversas com Woody Allen, é de se notar o seguinte:

Eric Lax: Como era a primeira ideia para A rosa púrpura do Cairo?

Woody Allen: Quando tive a ideia, era só um personagem que desce da tela, grandes brincadeiras, mas aí pensei, onde é que isso vai dar? E me veio a ideia: o ator que faz o personagem vem para a cidade. Depois disso, a coisa se abriu feito uma grande flor. A Cecília precisava decidir e escolher a pessoa real, o que era um passo à frente para ela. Infelizmente, nós temos de escolher a realidade, mas no fim ela nos esmaga e decepciona. Minha visão da realidade é que ela sempre foi um lugar triste para estar... mas é o único lugar onde você consegue comida chinesa.

O novo filme de Woody Allen, “Meia-noite em Paris” (Midnight in Paris, com roteiro e direção próprios, Espanha/EUA, 2011), retoma e inverte a ideia de A rosa púrpura do Cairo: agora, em vez de um filme, uma cidade (de muitos sonhos), Paris; em vez de uma mulher, um homem, Gil (Owen Wilson), roteirista de filmes de qualidade duvidosa em Hollywood, prestes a terminar seu primeiro romance, ambicioso para realizar todo seu talento e mudar a carreira; mas, em vez de um abandono da realidade maçante... bem, aí é que está o nó, digamos assim.

De certa forma, há a retomada da ideia da realidade eivada de sonho e fantasia: em Paris, Gil entra em um automóvel antigo que o leva de volta à Paris dos anos 20, povoada pelos artistas vanguardistas que ele tanto admira: Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Luís Buñuel, Picasso... Nessa viagem ao passado, ele se encontra como escritor, descobre o amor e a si mesmo. Ao mesmo tempo, esse deslocamento espaço-temporal – dos EUA à Europa, dos anos de 2010 aos de 1920 – articula ao menos dois temas importantes: a perda da inocência e a recusa da realidade do presente. Antes de prosseguir, um aviso ao leitor: quem não quiser saber o final do filme, deve parar a leitura.

O tempo todo no filme duas perguntas estão interligadas: que relação podemos ter com a cultura? Qual o sentido da permanência do passado? A primeira liga-se à perda da inocência e é um tema caro à literatura escrita nos EUA (lembre-se Henry James, por exemplo). Com efeito, a personagem que deixa os EUA e vai à Europa em busca de conhecimento, história, cultura etc. serve para discutir o que significa ser americano. Essa viagem a Paris (a real ou a idealizada) pode ser entendida como uma busca por legitimidade identitária, a colônia buscando sua identidade cultural retornando às suas raízes na metrópole. Assim como na literatura, também no filme (e já em Vicky Cristina Barcelona, de 2008) vemos uma contumaz crítica à futilidade e superficialidade da sociedade americana, dominada pelo consumismo e pelo utilitarismo: a noiva de Gil, Inez (Rachel McAdams), e sua família só pensam em dinheiro, em satisfação imediata pelo consumo e em manter seu alto padrão de vida. A fala de sua mãe, Helen (Mimi Kennedy), é reveladora dessa atitude: “Barato é barato.” Ela pensa que Gil é barato e só dá valor ao que pode ser comprado caro (uma cadeira antiga, roupas ou restaurantes etc.), mas a relação viva que Gil mantém com a literatura não lhe é cara – antes, parece-lhe excentricidade e esquisitice. Parece, assim, que o esnobe Paul (Michael Sheen) é um espelho de Helen: derramando nomes, conceitos, datas e análises formais, complicadas e equivocadas por todo lugar, a cultura parece ser, para ele, erudição a serviço da vaidade, um grande baú de objetos, um grande estoque de supermercado, do qual ele pode sacar o melhor para cada ocasião, o melhor para capitalizar seu verniz social. Inez, Helen e Paul são personagens que bem ilustram como, na pós-modernidade, a integração da produção estética à produção de mercadorias banaliza toda criatividade, barateia toda inovação. Sabe-se bem o resultado, exaustivamente analisado por Fredric Jameson: tudo é pastiche, tudo é “imitação de estilos mortos, a fala através de todas as máscaras estocadas no museu imaginário de uma cultura que agora se tornou global” (Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio, p. 45).

Gil é o único a perceber o pastiche, mas tarda a perceber o caso entre Paul e Inez. Quando percebe, resolve abandonar definitivamente todo esse mundo. Desse ponto de vista, a perda da inocência pode significar que ele também deixa de lado o “american way of life” e sua ideologia de “winners x losers”. Mas, aqui, surpreende-nos um desvio! É o francês Gilles Deleuze, no belo ensaio “Da superioridade da literatura anglo-americana”, quem afirma: “Fugir não é exatamente viajar, tampouco se mover. Antes de tudo porque há viagens à francesa, históricas demais, culturais e organizadas, onde as pessoas se contentam em transportar seu ‘eu’”. É exatamente isso que faz principalmente Paul no filme; não desprezemos mais essa chama na rinha das vaidades França x EUA.

Durante todo o filme fica evidente que Gil não se sente bem em meio a tanto consumismo e vaidade. Ele sonha com uma Paris que não existe mais e, fugindo para ela, numa grande fantasia dentro do filme, encontra tudo o que quer e não tem em seu tempo. A fantasia do filme nos faz perguntar qual a função da arte numa sociedade consumista. É claro que temos de questionar qual o sentido da criação artística em nossas vidas; na verdade, que sentido damos à criação de nossas vidas. As pressões da noiva e da família dela são pelo uso instrumental de sua arte – Gil deve continuar escrevendo roteiros para filmes classe Z e, com isso, ganhar muito dinheiro para sustentar os gostos decorativos de sua noiva. A viagem à Europa, afinal, era só para um breve e profícuo aculturamento, que deveria, no retorno ao lar, se converter em muitos dólares – o ar de sofisticação de um produto local vem das brisas que ele tomou na Europa. Um belo ideal de macho burguês, no fim das contas. Já insistia Hegel, no século XIX: se a arte desistir dos grandes interesses do espírito, tornando-se meramente decorativa e ilustrativa, terá deixado de ser arte. E, com efeito, arte, em sentido pleno, já era para Hegel uma coisa do passado, que tinha atingido seu apogeu entre os gregos, já que o reconhecimento de nós mesmos e de nosso lugar no mundo só para poucos passa pela experiência artística – não à toa Gil sente-se deslocado, pois só ele parece recusar essa morte da arte. De fato, ele se desloca, uma vez no espaço e duplamente no tempo; e também podemos dizer que essa forma de Woody Allen problematizar a relação modernidade x pós-modernidade não dá de barato sua admiração pela história e pela cultura modernista.

A viagem ao passado o faz encontrar Adriana (Marion Cotillard), jovem estudante de moda que, na Paris dos anos 20, torna-se amante de Picasso. Juntos, fazem uma viagem ao passado dentro do passado, à Paris dos sonhos de Adriana: a Belle Époque de Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin, Degas e tantos outros expressionistas, simbolistas etc. Nesse momento, Gil tem uma revelação e é também então que a articulação espaço-temporal revela seu sentido. Ele recusa a possibilidade de aceitar totalmente a fantasia da fantasia e ficar na Paris da Belle Époque, numa viagem ao passado do passado; reconhece suas ilusões serem impossíveis, decide voltar a 2010 e viver em seu tempo.

Ora, isso não significa que, no fim, Gil se torne um esquizofrênico pós-moderno, um historicista fixado em imagens de um passado modernista e irrecuperável. Ao contrário, o filme parece sugerir justamente o oposto. Sua consciência súbita da insuficiência da nostalgia extemporânea não significa uma concessão ao consumismo superficial – antes, renova seu olhar: as ruas de Paris; a diferença de iluminação a marcar as diferenças entre as épocas; e, por fim, as luminosas cenas finais do close em Gabrielle (Léa Seydoux) e do close em Gil, indicam a possibilidade de renovação do olhar (arriscamos dizer que a luz – Paris, cidade luz... – é personagem central do filme; o trailer dá uma breve amostra e pode ser visto aqui: http://www.youtube.com/watch?v=BYRWfS2s2v4 ). Gil rompe com todas as suas relações, abandona a noiva fútil, a rendosa carreira de roteirista medíocre em Hollywood e decide ficar em Paris, dando novo sentido à sua vida – apenas por ter fugido da vida que tinha ele pode agora criar a própria vida.

Woody Allen certa vez disse que trazemos em nós mesmos as sementes de nossa própria destruição. “Meia-noite em Paris” acrescenta uma nota otimista a essa afirmação psicanalítica e trágica: também trazemos as sementes de nossa recriação. Descobrimos a terra fértil onde plantá-las ao começarmos uma fuga e um desvio.

Cordiais saudações.

* * *
AUTO-INDULGÊNCIA: Os leitores devem perdoar duplamente a este escritor. Em primeiro lugar, pela demora em escrever novos textos. Em segundo lugar, pela auto-propaganda: a partir de agosto, será oferecido, na PUC-SP, o curso de extensão “Diálogos entre filosofia, cinema e humanidades: o cinema como construção do conhecimento”, coordenado por este que vos escreve. Mais infos seguindo o link: http://cogeae.pucsp.br/cogeae/curso/4326.

Cassiano Terra Rodrigues é professor de filosofia na PUC-SP e sempre que pode busca traçar linhas de fuga.

Os preços e a exploração do consumidor no Brasil

Editorial do SUL21

Tudo no Brasil é caro. A ladainha de sempre é de que a culpa é dos impostos e do “custo Brasil”, formado basicamente por encargos sociais. Paga-se muito imposto no Brasil e, por este motivo, os produtos são caros, afirmam. Bela balela, pura mentira. Que se pagam altos impostos no Brasil é verdade, mas não é apenas este o motivo de o consumidor brasileiro pagar tudo muito mais caro do que os dos demais países. O “custo França”, com certeza, é equivalente ao brasileiro.
A matéria do final de semana do Sul21 sobre o preço dos livros no Brasil é um exemplo do que se afirma aqui. Os livros são caros não pelo motivo dos impostos, já que os livros são isentos de tributação desde os anos 50 do século passado. Tanto os livros quanto os automóveis, as ligações telefônicas (de aparelhos celulares e de fixos), as roupas, os dentifrícios etc. etc. etc. são caros basicamente porque, além dos impostos, o mercado consumidor brasileiro é relativamente pequeno, mas principalmente porque as margens de lucro praticadas no país são excessivamente altas.
Nada contra os lucros, quando eles são razoáveis. O produtor, o distribuir e o comerciante precisam ser remunerados. Não fosse assim, não existiria a economia de mercado e não há nada a vista que nos autorize acreditar que ela esteja prestes a se extinguir e/ou a ser substituída por outra forma de organização econômica.
Tudo contra a ganância desvairada, imperante no Brasil. Durante muitos anos, desde que se instalou a ciclo de industrialização dependente e associado (aos capitais internacionais) no país, o consumo restringiu-se a uma pequena fatia da população, nunca maior do que 25% do total populacional. Como se produzia para poucos, vendia-se (muito) caro para que se pudesse gerar o ganho necessário para manter e reproduzir o sistema.
Foi assim desde os anos 50, na era JK, com a introdução da indústria automobilística e sociedade de massas no país. Foi assim desde os anos 70, no período do “milagre econômico brasileiro” durante a ditadura militar, com a reserva de mercado e a dificuldade de importação de produtos de fora. Foi assim nos anos 90, na com a “abertura dos portos” e a invasão de produtos importados da era Collor de Melo.
Tudo começou a mudar nas eras Itamar Franco, FHC e Lula, com o aumento do mercado consumidor desde o Plano Real. As sucessivas (foram três) quebras econômicas do país e as privatizações não alteraram o ritmo da expansão do mercado interno brasileiro iniciado com Itamar e aprofundado com Lula.
A entrega de setores estratégicos da economia à iniciativa privada (internacional e nacional), ocorrida no período FHC sem a devida implantação de mecanismos de controle eficientes, gerou distorções que ainda hoje se mantém. Os serviços telefônicos no Brasil são os segundos mais caros do mundo (e de péssima qualidade)! Os automóveis brasileiros são tão caros que se paga aqui o preço de um carro de luxo (tipo um SUV de última geração) por um réles 1.4 parcamente equipado! As roupas de grife, vendidas aqui a preço de ouro (tipo Tommy, Lacoste, Zara), são compradas no exterior por cerca de 1/3 dos que se paga no Brasil! Hoje, muitos dos que possuem renda, viajam ao exterior para fazer compras. O que economizam por lá, paga a passagem, a estadia e sobra ainda para a poupança.
Há um problema de escala, sem dúvida. Como se vende menos, se compensa aumentando a margem de lucro para se manter o ganho final. Acontece que se os preços são altos em demasia, mesmo que os ganhos dos consumidores aumentem (como está ocorrendo atualmente), nunca se conseguirá atingir um volume de consumo que possibilite a diminuição dos preços finais, em virtude do aumento da escala de vendas.
Hoje, na verdade, nem mesmo a justificativa do tamanho do mercado consumidor interno brasileiro se sustenta. Os carros produzidos no Brasil, por exemplo, são vendidos no mundo todo, já que o mercado é global. Além disso, a ascensão social de mais de 32 milhões de pessoas e a queda de 43% da população miserável ocorridas no Brasil nos últimos oito anos fez com que fosse incorporado ao mercado interno do país um contingente de consumidores superior à população total da Espanha ou mais do que uma vez e meia a população do Canadá. O crescimento da classe média brasileira, neste mesmo período, foi equivalente ao número total de moradores de duas Bélgicas.
Segundo projeções do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (RJ), se for mantido o ritmo atual de crescimento, o Brasil terá incorporado até o ano de 2014 mais do que uma França de cidadãos às classes A, B e C ou um total de 68 milhões de pessoas. Está mais do que na hora, portanto, de o consumidor se impor e exigir redução de preços e melhoria de serviços. Que tal começar campanhas na internet, nas redes sociais e também por meios dos movimentos populares e partidos políticos pela redução das margens de lucro excessivas e pelo respeito ao consumidor?

domingo, 17 de julho de 2011

Governo destrói carreira dos educadores em SC

Vermelhos e Brancos (1967)

Créditos: FILMES ÉPICOS
 
NOME DO FILME   Título Original: Csillagosok, Katonák
  Gênero: Drama | Guerra
  Ano de Lançamento: 1967
  Duração: 90 min
  País de Produção: Hungria
  Diretor(a): Miklós Jancsó

Sinopse:

Considerado por alguns, como propaganda comunista, o filme é na verdade uma evocação minimalista da falta de sentido da guerra. A história segue o exército vermelho e o exército branco que se enfrentam em meio a revolução russa, liderada por Lênin, transformando o país em uma guerra civil pela formação da União Soviética. O filme mostra os detalhes dessa guerra. Considerado um dos mais fortes e contundentes filmes de guerra já realizados, esta obra-prima é quase desconhecida no Brasil e consagrou o importante cineasta húngaro Miklos Janksó.


Elenco:

József Madaras ... Hungarian Commander
Tibor Molnár ... Andras
András Kozák ... Laszlo
Jácint Juhász ... Istvan
Anatoli Yabbarov ... Captain Chelpanov
Sergei Nikonenko ... Cossack Officer
Mikhail Kozakov ... Nestor
Bolot Bejshenaliyev ... Chingiz
Tatyana Konyukhova ... Yelizaveta the Matron
Krystyna Mikolajewska ... Olga
Viktor Avdyushko ... Sailor
Gleb Strizhenov ... Colonel
Nikita Mikhalkov ... White Officer
Vladimir Prokofyev
Valentin Bryleyev

Dados do Arquivo:

Tamanho: 939 Mb
Formato: AVI
Qualidade: DVD Rip
Audio: Húngaro, Russo
Legenda: Português | Download da Legenda |
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Religião, religiosidade e educação

Por Jurema Nunes e Monica Valéria no ACORDA CULTURA

O sagrado constitui uma categoria universal da experiência humana. Uma das formas de relacionar-se com essa categoria é através do que conhecemos por religião. A religião e a noção de religiosidade estão entre nós desde sempre. A experiência religiosa, dizem alguns, está na base da ação social e dá-lhe sentido. Religião seria o resultado do que somos capazes de registrar em relação ao inefável e religiosidade seria a disposição do indivíduo para integrar-se às coisas sagradas. Advindo do latim, re-ligare, pode ser um conjunto de práticas e crenças relacionadas com o transcendental, que tem como elementos derivativos os rituais, os códigos e as leis morais. Enquanto algumas encontram a base de tais códigos e leis nos dogmas, outras têm preceitos e interdições.

A religião dá-nos, através dos ritos, mesmo que mínimos, uma noção de segurança - um como se - que transforma o mundo ameaçador e enigmático - como diria Bronislaw Malinowski (1884-1942), um dos fundadores da antropologia social. A religião é um fenômeno social e individual, inextricavelmente ligado a outros aspectos da cultura e da sociedade. Um exemplo disso é o fato de que, embora hoje, em África, as religiões tradicionais representem uma porcentagem menor que segmentos cristãos e islâmicos, ainda persiste a ideia de que “nascer, casar e morrer” tenha que ser permeado por tais tradições de alguma forma.

O cerne das religiões tradicionais do continente africano é, ao que parece, a criatividade e a emoção – importante legado para nossa afro-brasilidade. Afirma-se que a religiosidade tradicional de África possui uma interação muito flexível e fluida no ambiente institucional no qual opera. Os africanos em diáspora foram capazes de criar e recriar expressões de sua religiosidade tradicional em várias situações, reagindo a mudanças, perigos e possibilidades. A religião não está longe da ideia de oficio, tendo seu foco central na ação. Parte de uma estratégia de sobrevivência, de estar no mundo, de corporeidade no chão que se pisa, servindo a fins práticos, imediatos ou remotos, sociais ou individuais. O que não exclui possibilidades de contato com o transcendental. Velhos significados são remontados em novas formas e sentidos possíveis em cada realidade. Essa transformação foi fundamental na desenvolvimento da maioria das manifestações religiosas das Américas. Sendo primordialmente voltada para o grupo, as experiências coletivas e individuais são expressas na vivência da comunidade religiosa.

Nei Lopes afirma: “embora as religiões negro-africanas tenham suas peculiaridades, todas comungam de uma ideia central, segundo a qual a vontade do ser supremo manifesta-se por meio de heróis fundadores, entre eles vivos ou espíritos dos antepassados. Há, portanto, uma ontologia negro-africana, uma estrutura religiosa, embora os africanos não tivessem durante muito tempo um termo equivalente ao termo ocidental religião”.

Um vasto continente, cuja população “modelou” o outro – oponente ou parceiro – de tal maneira que não somente transformou o outro, mas também se adaptou, impregnando o conhecimento da noção de relatio, uma síntese criativa, coração e expressão da experiência religiosa africana e afro-americana. A ontologia que se configura explica o significado da vida, enquanto corpo e matéria, a criação do mundo, as relações entre os seres visíveis e invisíveis. Há a busca por explicar o permanente combate e recorrente inter-relação entre o bem e o mal, a vida e a morte, saúde e doença, prazer e dor, contentamento e sofrimento, fartura e escassez... saberes e fazeres expressados e mantidos através da oralidade, por gerações. E esta ação pode aquecer geração ainda não nascida se utilizarmos os aprendizados e debates sobre tal legado como subsídio educativo, jamais meramente ilustrativo, mas constituinte de nossa história e cultura.

Precisamos conhecer como se processa a cosmovisão “africana” buscando suas dimensões, e sua recriação no Brasil. Esse intento responde à renovação curricular que visa fortalecer o reconhecimento positivo das contribuições dos negros à sociedade brasileira.

Aproximadamente quatro milhões de africanos escravizados chegaram aos nossos portos em sucessivas levas, trazendo anseios, crenças e muito conhecimento. Trouxeram consigo o cabedal de memórias, tudo que fica além do esquecimento, algo que constrói e vivifica. Muitos sucumbiram, mas todos provaram sua resiliência cotidianamente. Aquele que resistiu, o fez em corpo, verbo, som e gesto. Corpo enquanto lugar, que recebe o eterno e o realiza.

As tradições aqui mantidas resistiram pela força deste corpo que se fez verbo pelo poder que a palavra traz. Mito reiterado no calor dos cânticos, no frescor das ervas, no cozimento das oferendas, no destemor dos combates.

O conceito de ancestralidade mítica compreende um tempo numa composição de eventos que aconteceram, estão acontecendo ou acontecerão num futuro próximo. Para fazer sentido, o tempo tem de ser experimentado, assim se tornando real. É através da sociedade, presente e passada, que ele é vivenciado. Tal sociedade pode ser a de hoje, mas pode ser e ter a mesma potência àquela de muitas gerações anteriores. Cada grupo, cada nação, cada casa religiosa tem um história, que se move do instante em que se vive para o enorme passado, uma história orquestrada pelo mito.

Há inumeráveis mitos no continente africano que narram a criação do universo, a origem do homem. O passado não está perdido, é lugar cheio de atividades e acontecimentos. Aqui o lugar corpo-memória se funde à pedagogia do cotidiano – intermediando as relações com o Todo. Aqui, no Novo Mundo, homens e mulheres lembraram-se de suas tradições ancestrais o que estava mais próximo de seus sentimentos e mentes. Como os poderes cósmicos permeiam a vida, o gênero humano escolhe manter tais poderes, destruí-los ou enfraquecê-los por meio de sua experiência. O ato ritualístico nesta perspectiva é validado no aqui-e-agora, na temporalidade do instante, porque tal momento contém o universo.

Conhecer, aprender e respeitar as expressões culturais negras
Em conversas com professores pode-se observar que o tema religiosidade é o mais difícil de ser trabalhado. Isto ocorre pelas vivências, em sua maioria constrangedoras, acontecidas em suas vidas pessoais e profissionais no espaço escolar. Apesar de discriminada, a religião de matriz africana é assunto na sala de aula. Para exemplificar, seguem dois relatos colhidos em capacitações do Projeto “A Cor da Cultura”, em 2006:

Uma professora nos conta que um aluno cita que nas redondezas da escola existe um “centro de macumba” que toca nos fins de semana a noite toda e, como ele é vizinho, já aprendeu todas as músicas. Neste momento começa um reboliço na sala com comentários contra ao Centro Espírita e uma defesa de alguns participantes (alunos ogãs e rodantes) já se pronunciam, em defesa do espaço religioso cantando os “pontos” que conhecem. Uns afirmam que aprenderam de tanto ouvir e outros admitem que frequentam o lugar.

A presença de um iniciado ao culto da tradição dos orixás, iaô, em sala de aula logo após o processo religioso, trouxe uma confusão para a turma. O desrespeito ao colega que utilizava seus aparatos (fios de conta e cabeça coberta) foi apresentado através das risadas e apelidos depreciativos ao “macumbeiro”.

Situações como as descritas acima possibilitam ao professor relacionar o momento com as re-significações que a Lei 10639/03 permite e determina a inclusão da discussão de forma elucidativa, através de novas informações alcançadas em pesquisas na área envolvida, no material do Kit do Projeto A Cor da Cultura e outras fontes. Desse modo, o alcance da pesquisa envolverá a toda comunidade escolar e, assim, abordar o tema e outros, que virão compor a discussão sobre a presença da população de origem africana no Brasil.

A partir dos anos 90, fruto de reivindicações do movimento negro, vimos uma nova abordagem sob a égide da Lei. Essa mudança paulatina apontava para a diversidade em termos de proposta curricular. Aponta-se para a importância de conhecer, aprender e respeitar as expressões culturais negras, entre elas a religiosidade. Valorizar tais manifestações possibilita compreender os diferentes modos de viver, conviver, pensar e ser no mundo. O desafio está em ampliar o olhar dos docentes e, consequentemente, dos discentes - para que haja uma real mudança nas concepções engessadas que o racismo e as pré-concepções nos legaram. Estamos numa forja, aprendendo. A escola brasileira não pode mais silenciar–se a esse saber, negando aos alunos tal conhecimento, que evoca a re-criação e a capacidade de resiliência que nos forma. Numa realidade como a nossa, isso é mais que válido.

Sabemos que essas tradições, tão importantes quanto qualquer outra, foram ditas como inferiores ou reduzidas a pecha de crendices, e ainda hoje precisamos de uma lei que imponha a necessidade de ensinar tal saber nas escolas. Esse é, na justa medida, o desafio da educação para diversidade. Uma valorização da história e ancestralidade africana e de suas manifestações no Brasil, não a partir de um “exotismo”, mas a partir do respeito e de um olhar sobre nós mesmos, nossa inteireza. A invibilização da portentosa herança africana em terras brasileiras foi cosida em racismos, pré-concepções e conseqüente falta de conhecimento, e isto foi feito por anos a fio. Tal ação não condiz com as propostas contidas na LDB, mas se constitui um real desafio. Entretanto, para alguns autores, é possível e necessário, confiar nos caminhos da ancestralidade como forma de apropriação pedagógica para compartilhar ensinamentos da cosmovisão africana em instituições de educação formal.

Márcio Pochmann: 70 anos de salário mínimo no Brasil


A política do salário mínimo no Brasil passou por profundas modificações, seja em seu objetivo, seja em seus resultados, desde sua introdução pelo presidente Getúlio Vargas, em 1940, durante o regime autoritário do Estado Novo (1937–1945). Sua história, contudo, registra quatro fases distintas.

Por Márcio Pochmann*
no VERMELHO

A primeira, entre 1940 e 1951, abrange a instituição e consolidação do valor do mínimo para os trabalhadores urbanos desde a fixação, em 10 de maio de 1940, do primeiro valor monetário. A segunda fase, entre 1952 e 1964, foi marcada pela elevação do poder de compra, como a incorporação de parte dos ganhos de produtividade da economia, ainda sem incluir os trabalhadores do setor rural. Nesse período havia 29 níveis de salário mínimo no país.

A terceira fase diz respeito aos anos de 1964 a 1995, quando a política do mínimo afastou-se e permaneceu distante dos objetivos originalmente definidos em 1940, embora tenha se mantido como um importante mecanismo de intervenção do poder público no mercado de trabalho. Os camponeses e as empregadas domésticas foram incorporados pela política do salário mínimo durante a fase de rebaixamento do seu valor real, apesar de a Constituição Federal de 1988 ter estabelecido compromissos políticos com a recuperação do seu poder de compra. A quarta fase inicia-se a partir de 1995, com o valor real do salário mínimo sendo elevado gradualmente acima da inflação. No ano de 2009, por exemplo, seu poder aquisitivo, foi 74,1% superior ao de 1995, porém se manteve valendo apenas 43,7% do que era em 1940.

Mesmo ainda distante de seus objetivos originais, o mínimo nacional, por ser a remuneração de ingresso no mercado de trabalho organizado e a base da hierarquia salarial de grande parte das empresas, se mantém como referência dos salários dos empregos secundários (não-chefes de família, mulheres e jovens), de empregos com alguma qualificação no início da carreira e, sobretudo, de trabalhadores (chefes de família) sem qualificação. No ano de 2008, por exemplo, 46,1 milhões de brasileiros tinham remuneração mensal referenciadas no valor do salário mínimo, o que representa 49,9% da população trabalhadora. Desse universo, 18,5 milhões eram beneficiados da Previdência Social, 14 milhões eram empregados assalariados, 8,5 milhões eram ocupados por conta própria, 4,7 milhões eram trabalhadores domésticos e 276 eram empregadores.

O setor público emprega somente 1% do total dos brasileiros com remuneração referenciada no valor do salário mínimo, o que equivale somente a cerca de 485 mil pessoas, sendo 6,2 mil na administração federal, 120,7 mil na administração estadual e 357,4 mil na administração municipal. Entre os que recebem o valor do mínimo nacional, 52% são homens e 48% são mulheres, enquanto 71% vivem nas cidades e 29% no meio rural. O setor de serviços absorve 44,2% dos ocupados com remuneração de até um salário mínimo, seguidos de 29% no setor agrícola, de 13,4% na indústria e de 10,6% no comércio. A região Nordeste concentra a maior parcela dos ocupados recebendo o salário mínimo nacional (58,6%), enquanto a região Sul apresenta a menor parcela (20,7%), seguida do Sudeste (22,5%), Centro Oeste (28,1%) e Norte (39,7%).

Decorrente do movimento de queda no valor do salário mínimo, o Brasil se transformou, ao contrário de outras economias que avançaram no seu processo de industrialização, num país de baixos salários. A permanência de um imenso contingente de trabalhadores ganhando tão pouco não pode ser atribuída ao fator econômico, já que entre 1940 e 2009 a renda per capita multiplicou-se por 6,5 vezes, enquanto o valor do mínimo não chega nem à metade do que era no momento de sua criação.

Se a atual Constituição Federal fosse observada, o valor do salário mínimo deveria ser capaz de atender às necessidades do trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que preservem seu poder aquisitivo. Não há dúvidas, porém, de que tais normas ainda não são cumpridas. O mínimo é suficiente para atender ao consumo de 13 alimentos básicos para uma pessoa, mas não para a alimentação de uma família e para as demais despesas que a Constituição define. Em São Paulo, por exemplo, o valor do salário mínimo comprava duas cestas básicas com 13 alimentos, enquanto em 1995 podia adquirir somente uma. Apesar deste avanço em relação à cesta básica, percebe-se que o salário mínimo necessário para atender todas as necessidades básicas, para além da alimentação individual, alcançou a soma de R$1.995,91 em dezembro de 2009. Ou seja, 4,3 vezes o salário mínimo vigente naquele mês. Como o Brasil pagou salário mínimo com maior valor, mesmo tendo a economia nacional capacidade de produzir e empregar mão-de-obra bem menor que a atual, entende-se que a política de recuperação do valor real do mínimo não pode parar. Se o Brasil almeja ser um país desenvolvido precisa considerar o crescimento contínuo do salário mínimo, conforme se observa na Dinamarca, cujo mínimo anual equivale a mais de 2/3 da renda nacional per capita.

Por ter como objetivo contrabalançar as tendências inerentes ao funcionamento do mercado de trabalho de gerar salários decrescentes e emprego precário, o que acentua a desigualdade da renda, a atual política de salário mínimo precisa ser mantida. Seguindo a tendência verificada desde 2007, quando foi criada a política de reajuste real do mínimo, serão necessários 27 anos para que o atual valor do salário mínimo passe a cumprir o preceito constitucional, ou 15 anos se a meta for o poder aquisitivo do primeiro valor do salário mínimo de 40 anos atrás.

*Márcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: Fórum (essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum 86).

A luta contra a especulação do etanol

 
Etanol: quem segura o rojão é a Petrobras

No meio da colheira, a indústria canavieira diz que houve uma “quebra de safra” e que vai produzir menos etanol este ano. Pronto, está justificado o aumento de preços, não é?. É o mercado, a oferta menor deve, naturalmente, refletir-se em preços maiores. Está no livrinho santo das regras mercadistas.
E quais as razões desta “quebra de safra”? Ah, foi o clima – sabe como é, chove, faz sol… – e também a falta de investimento na renovação e ampliação dos canaviais.
Mas isso aconteceu por dificuldades no setor? Vai aí ao lado o gráfico do faturamento bruto da Cosan-Shell, a maior empresa do setor. E o crescimento dos lucros não é menor, como registra a Agência Reuters, em matéria republicada pela Folha, há um mês:
“A Cosan, maior grupo de açúcar e etanol do Brasil, fechou o quarto trimestre fiscal com lucro líquido de R$ 480,9 milhões, salto de 64% em relação ao ganho de R$ 294 milhões do mesmo período do ano anterior. Em todo o ano-safra 2010/2011, a companhia acumulou lucro líquido de R$ 771,6 milhões, com queda de 26,8% sobre o ganho de R$ 1,054 bilhão de igual período do ano anterior”.
Não se está desfazendo das dificuldades que muitos produtores têm, mas é preciso que fique claro que este setor é cada vez mais concentrado e internacionalizado. 70% das áreas de cana estão em mãos de usinas e, hoje, 35% das usinas são estrangeiras. E as multinacionais pouco investiram em novos projetos.
Claro que é correto o Governo estimular, com financiamento, a ampliação da capacidade de estocagem de etanol. Ela é indispensavel para garantir a estabilidade no abastecimento. Como é correto, para estabilizar preços, a determinação de que as compras se façam em contratos de longo prazo, para garantir linearidade nas entregas, em lugar da especulação confessada de algumas empresas, que usam sua capacidade de estocar – na planta ou no tanque – à espera de melhores preços. 
A estocagem, por si só, não basta. Ao contrário, ela muitas vezes é utilizada como ferramenta para majorar preços, como a gente publicou aqui.
Deve haver duas condicionantes para financiá-la.
A primeira delas é o controle público sobre os estoques. Não se argumente que isso é um bem privado, por várias razões, desde o subsídio dado ao setor, diretamente, até o apoio com que ele contou na formação de um mercado de consumo, com as desonerações tributárias que se fei para a criação de um frota flex-fuel.
A segunda é que o próprio Governo precisa avançar na sua participação no setor, através da Petrobras, tanto na produção quanto na distribuição. E, portanto, o crédito público disponível deve a ela ser preferencialmente dirigido.
Até porque quem segura o rojão, em matéria de combustíveis, é a Petrobras, que não reajustou seus preços na gasolina entregue na boca das refinarias, importou e ampliou o volume de refino do produto.
Apesar da lentidão com que a ANP vem tratando essa regulação, os contratos de fornecimento pré-estabelecido, a longo prazo, vão sair. É que a presidenta Dilma tem mandado avisar que, se não houver um acordo em que as usinas garantam o fornecimento de etanol, taxará a exportação de açúcar.
Aí a turma treme.

sábado, 16 de julho de 2011

Jogos da Alba têm início neste domingo, com 19 países inscritos


Começa neste domingo (17), na Venezuela, a 4ª edição dos Jogos da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba). Participarão mais de dois mil atletas pertencentes dos 9 países que formam a Alba, além de outros 10 países do mundo. O evento esportivo, que acontecerá até 30 de julho, é realizado a cada dois anos e tem como objetivo demonstrar as habilidades dos esportistas e promover a integração social dos povos.

"Mais que tratados entre estados é necessário fomentar a união latino-americana através do permanente intercâmbio cultural entre os habitantes da região”, declarou o presidente venezuelano Hugo Chávez, ao site de informações do governo. Neste sentido, os Jogos da Alba são exemplos de formas para alcançar este objetivo.
Dezenove nações enviarão suas delegações. Participarão esportistas da Argentina, Brasil, Colômbia, Curazao, Chile, El Salvador, Espanha, Guatemala, Guiana, México, Paraguai, Peru, Porto Rico e República Dominicana, Antigua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, San Vicente e as Granadinas e Venezuela. Para alguns países, o torneio servirá como preparação para os próximos jogos Panamericanos de Guadalajara (México) em 2012.

Segundo a organização venezuelana, pelo site de informações do governo, o evento cresceu em participação e mantém "o sonho de Simón Bolívar: a unidade entre os povos da região”. Em entrevista à TeleSur, o ministro de Esporte da Venezuela, Héctor Rodríguez, declarou que "estes jogos aproximam os povos. Esmos dando saltos impressionantes na unidade latino-americana e caribenha”.

Serão disputadas 35 modalidades individuais e de conjunto em múltiplos estádios e centros esportivos de dez estados venezuelanos. Os principais estados sedes serão Lara, Yaracuy e Carabobo, onde se disputarão competições tais como atletismo, handebol, boxe, canoagem, esgrima, judô, karatê, levantamento de peso, luta, tae kwon do, entre outros. A inauguração se realizará no estado de Lara, no domingo pela manhã.

Os outros estados sedes dos Jogos são Anzoátegui, Aragua, Cojedes, Distrito Capital, Portuguesa, Vargas e Miranda. De acordo com a organização, se investiu mais de 23 milhões de dólares em reparações da infraestrutura esportiva destes estados. Em Cojedes, por exemplo, se instaurou a Universidade Esportiva do Sul.

Alba

A Alba reúne nove países: Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Equador, Comunidade de Dominica, Antigua e Barbuda, Honduras, San Vicente e Granadinas. Juntos, eles representam uma população de 75 milhões de pessoas. A proposta da aliança se formulou pela primeira vez no marco da III Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Associação de Estados do Caribe, em 2001.

É uma aliança política estratégia que "tem o propósito histórico fundamental de unir as capacidades e fortalezas dos países que a integram, na perspectiva de produzir as transformações estruturais e o sistema de relações necessários para alcançar o desenvolvimento integral requerido para a continuidade de nossa existência como nações soberanas e justas”, se explica no texto do Tratado.

Fonte: Adital, com informações de TeleSur, AVN e Alba.

Deolindo Amorim: o Filósofo e Didata do Espiritismo



  • Escreve: Jaci Regis no PENSE


  • Deolindo Amorim foi um grande didata a serviço do pensamento espírita. De personalidade serena e afetuosa, lutou incessantemente contra a corrupção do pensamento doutrinário e pelo entendimento da obra de Allan Kardec, sempre de forma elegante e independente.


    Deolindo Amorim nasceu em 23 de janeiro de 1906 no Estado da Bahia, numa família pobre e católica. Foi presbiteriano fervoroso. Rompeu com sua igreja e permaneceu muitos anos sem definição filosófica ou religiosa. Em 1935 descobriu o Espiritismo.

    A palavra descobriu é empregada no seu sentido de percepção totalizadora de uma idéia. É, certamente, um exercício intelectual, mas ultrapassa esse universo para penetrar no universo da apreensão do objeto.

    Quando se descobre uma doutrina, por exemplo, ela se incorpora a nossa estrutura mental, ao nosso modo de estar no mundo.

    Bem ao contrário de qualquer recaída fanática, a descoberta é a forma de inserir-se no conteúdo, abrangendo, pouco a pouco, não apenas os enunciados, as ideias, os conteúdos. É mais, percebe-se os objetivos, divisa-se o rumo e a essência. Enquanto o adepto, o estudioso permanece na superfície ou na profundidade da ideia, o descobridor se integra, faz uma ligação definitiva com a Doutrina. Foi o que aconteceu com Deolindo Amorim.

    Nascido a 23 de janeiro de 1908, Deolindo mudou-se para o Rio de Janeiro. Radicado na antiga capital do Brasil, tornou-se jornalista e, posteriormente funcionário público, tendo galgado elevada posição funcional no Ministério da Fazenda.

    Desde que descobriu a Doutrina Espírita, tornou-se, progressiva e determinadamente, no baluarte pela definição específica do que é o Espiritismo.

    Conheci pessoalmente Deolindo Amorim. Missivista atencioso, ele teceu comentários elogiosos à minha obra “Comportamento Espírita”, na ocasião de seu lançamento. A dimensão de seu trabalho certamente não cabe nos limites destas notas. Sua figura simpática, serena, não significava, entretanto, fraqueza ou acomodação. Polemizou com companheiros de forma responsável e respeitosa. Prosseguiu seu caminho com coerência e dignidade. Manteve posições firmes, mesmo contra amigos e situações.

    Personalidade afetuosa, mostrou uma determinação e uma estrutura de pensamento ímpares. Foi, ao longo de sua vida, uma barreira positiva, definida, contra a corrupção do pensamento doutrinário. Lutou sem descanso pelo bom entendimento da obra de Allan Kardec.

    Creio que a figura ímpar de Deolindo pode ser definida como o didata por excelência, o professor eficaz do Espiritismo.

    O ATIVISTA

    Deolindo não ficou na teoria. Além de escrever livros, editar jornais, representar periódicos e enviar artigos para muitos jornais e revistas, proferir conferências, tomou iniciativas que marcaram o movimento espírita brasileiro.

    Já em 1939 ele idealizou e promoveu o I Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Foi uma reunião de intelectuais espíritas, semente de propostas posteriores. O momento era crucial, o Espiritismo era perseguido pela Igreja e pela Polícia. A II Grande Guerra estava iniciada.

    Esteve ao lado de Leopoldo Machado na promoção do I Congresso de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil e na criação do Conselho Consultivo de Mocidades Espíritas.
    Foi parceiro fiel de Aurino Souto, presidente da Liga Espírita do Brasil. Finalmente, fundou em 7 de dezembro de 1957 O Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), instituição de grande influência no estudo e divulgação do Espiritismo, com sede no Rio de Janeiro e que dirigiu até sua desencarnação.

    EM DEFESA DO ESPIRITISMO

    Um dos problemas mais emergentes relativos ao bom entendimento da Doutrina Espírita foi a constante tentativa de confundi-lo seja com a Umbanda, o Candomblé, com as religiões cristãs e doutrinas espiritualistas. Principalmente com os cultos afro-católicos, as confusões foram muitos grandes. Hoje, talvez, esse aspecto esteja quase superado mas já foi mais grave. A própria Federação Espírita Brasileira (FEB) pretendeu fazer uma divisão absurda: chamar de Espiritismo todas as práticas mediúnicas ou semelhantes e de Doutrina Espírita, a obra de Kardec.

    Em 1947 Deolindo publicou Africanismo e Espiritismo, onde deixa clara a inexistência de ligações filosóficas, práticas ou doutrinárias entre o Espiritismo e as correntes espiritualistas apoiadas na cultura africana, trazida pelo escravos e que se converteram em várias seitas de gosto popular.

    Determinado a explanar, didaticamente, as bases da doutrina de Allan Kardec, ele escreveu “O Espiritismo e os Problemas Humanos”, “O Espiritismo à Luz da Crítica”, em resposta a um padre que escrevera livro atacando a Doutrina. “Espiritismo e Criminologia”, oriundo de uma conferência no Instituto de Criminologia da Universidade do Rio de Janeiro. Em 1958, lançou “O Espiritismo e as Doutrina Espiritualistas”, onde não combate nenhuma corrente ou ideia espiritualista, como a Teosofia, a Rosacruz, seitas de origem asiática ou africana. Ele simplesmente define, separa, identifica o que é o Espiritismo, mostrando a sua independência filosófica, embora ressaltando eventuais coincidências de pontos filosóficos, devido à base espiritualista desses movimentos.

    O DIDATA DA DOUTRINA

    Deolindo não lançou teorias, nem propôs ideias revolucionárias de atualização ou desenvolvimento da Doutrina. Esmerou-se e o fez com absoluto sucesso, em definir o conteúdo, a abrangência, o papel e o lugar do Espiritismo na sociedade e nas doutrinas espiritualistas.

    Não se pense, todavia, que tenha sido ortodoxo e conservador. Nada disso. Foi uma mente aberta ao novo, entendeu perfeitamente o sentido evolucionista do Espiritismo e recusou-se a aceitar as ideias conservadoras, retrógradas.

    Na Introdução de “O Espiritismo e as Doutrina Espiritualistas” ele diz: “Escrevemos este trabalho com o sincero propósito de concorrer, embora despretensiosamente, para que se esclareça cada vez mais a verdadeira posição do Espiritismo perante as doutrinas e os cultos espiritualistas. Todas as doutrinas, como todos os credos, sejam quais forem as suas origens, nos merecem o mais justo respeito. (...) Devemos, porém, dizer claramente o que é e o que não é Espiritismo, para que não haja confusão nem tomem corpo interpretações duvidosas.”

    E reafirma sua posição: “Repetimos que o Espiritismo é universalista, porque os fatos do espírito são universais, os seus problemas têm o sentido da universalidade, mas também é oportuno acentuar que o Espiritismo não é uma forma de sincretismo doutrinário ou religioso, sem unidade nem consistência”.

    Que é o Espiritismo, afinal? Vejamos o que nos diz Allan Kardec: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Ciência de observação, sim, nem precisamos dizê-lo, porque tem por objeto uma fenomenologia que já foi comprovada em experiências; doutrina filosófica, realmente, porque, tendo por base experimental o fenômeno mediúnico, faz inquirições sobre as causas e leis, deduzindo consequências que incidem no domínio moral, da religião, da filosofia em si. Eis, em síntese, o que é o Espiritismo

    Finalizando o excelente “O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas”, afirma que “Como doutrina essencialmente progressista, recebe os enriquecimentos das ciências, como acompanha os fenômenos sociais e culturais, sem perder, todavia, a sua integridade e as suas características. Nenhuma religião, nenhum culto espiritualista poderia absorvê-lo ou confundi-lo, a despeito da existência de aspectos comuns, porque as suas concepções basilares, tendo consequências científicas, filosóficas e religiosas, não permitem adaptações e concessões arbitrárias. Desta proposição, consequentemente, chegamos à conclusão de que O Espiritismo é uma doutrina que se basta a si mesma, sem empréstimos nem acréscimos artificiais”.

    A QUESTÃO RELIGIOSA

    Sobre a questão religiosa no Espiritismo, sua posição foi bem igual a de Kardec. Citando as palavras do fundador, concluía que, como qualquer filosofia espiritualista, o Espiritismo tinha consequências religiosas, mas de forma alguma se tornava uma religião constituída.

    “Allan Kardec frisa bem que o Espiritismo não é uma religião constituída. Não o fora nos primeiros tempos, quando o seus delineamentos ainda estavam na fase de elaboração, nem o seria hoje, com a experiência histórica de mais de um século, quando a Doutrina já está definitivamente consolidada. O qualificativo constituída não exclui a ideia religiosa. Há muita diferença entre o culto organizado e atos religiosos ou consequências religiosas. O Espiritismo tem, indiscutivelmente, consequências religiosas, e muito profundas, mas a sua esquematização, a sua índole e a sua conceituação básica não comportam qualquer forma de culto material, nem, sacerdotes, nem chefes carismáticos... O verdadeiro culto para o Espiritismo é o culto interior, é o sentimento, a elevação do pensamento.”

    “O fato de haver Allan Kardec preferido não instituir nenhum sistema moral, porque lhe bastou a moral cristã para o coroamento da doutrina por ele codificada, não quer dizer que o Espiritismo concorde ou deva concordar com tudo quanto ensinam as diversas religiões e denominações cristãs; muito menos seria possível introduzir no Espiritismo práticas, dogmas e formas peculiares às religiões oriundas do Cristianismo.”

    E, “não é possível reduzir o Espiritismo às limitações de uma seita cristã, assim como não se pode concordar com a suposição corrente de que tudo seja a mesma coisa.”

    “Tendo-se preocupado fundamentalmente com a interpretação filosófica do fenômeno e suas consequências na ordem moral, a Codificação do Espiritismo não cogitou, nem poderia cogitar, de qualquer culto material, assim como não prescreve cerimônias de iniciação, nem hierarquia sacerdotal” .

    Se reconhecida, como é obvio, que o Espiritismo tem uma ligação estreita com a moral de Jesus, e consequentemente com o Evangelho, deixa claro que essa foi uma decisão de Kardec e separa de maneira muito clara o cristianismo do Espiritismo.

    Pelo fato de aceitar a mensagem do evangelho, afirmou, não significa que o Espiritismo aceita tudo do cristianismo. Ele sempre foi contrário à confusão dos que tentam diluir o Espiritismo seja com os cultos espiritualistas, seja com os rituais do cristianismo. Repudiava o tudo é a mesma coisa, frase usada para justificar as deturpações gritantes contra a identidade da Doutrina.

    “É o Espiritismo que interpreta o evangelho, não é o evangelho que interpreta o Espiritismo.”

    REFORÇO À INTELECTUALIDADE

    Como é comum no movimento espírita, Deolindo foi muito criticado por optar pela cultura e pela inteligência. Existiu, no Rio de Janeiro, a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos que ele não fundou, como às vezes se diz, mas a que pertenceu e foi seu último presidente. Tornada insubsistente a continuidade da Faculdade, ele promoveu a criação do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB) fundado em 7 de dezembro de 1957 e por ele dirigido até sua desencarnação.

    Quanto à questão da unificação do movimento, Deolindo nunca aderiu à Federação Espírita Brasileira, tanto que aliou-se à Liga Espírita do Brasil, entidade criada em 1927, por Aurino Souto e da qual Deolindo foi o último 2º vice-presidente.

    Em 1949, com o chamado Pacto Áureo, a Liga Espírita do Brasil, que não tinha representatividade nacional, deixou de existir, transformando-se numa entidade federativa estadual. Hoje, depois de várias denominações, é a USERJ - União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro.

    Deolindo foi contra o acordo. Suas palavras sobre o assunto, em 1949: “quando a Liga aceitou o Acordo de 5 de outubro, acordo que se denominou depois, Pacto Áureo, tomei posição contrária (...) votei contra a resolução, porque não concordei com o modo pelo qual se firmara esse documento. E o fiz em voz alta, de pé, na Assembleia, com mais doze companheiros que pensavam da mesma forma”.

    Admirava muito Léon Denis, de quem disse: “Léon Denis pertence, com inteira justiça, à galeria dos mais autênticos filósofos espíritas. Discípulo e continuador de Allan Kardec, ninguém o foi, até hoje, com mais afeição e com vigor intelectual”.

    Mas seu respeito a sua fidelidade ao pensamento de Allan Kardec foi não apenas exemplar, mas de um tirocínio brilhante e uma defesa inteligente e atuante.

    Em 24 de abril de 1984, aos 77 anos de vida terrena, desencarnou Deolindo Amorim, fechando um ciclo fecundo de pensadores espíritas, dos quais, com justiça, ele está num lugar privilegiado.

    Todavia, mais do que nunca, neste momento em que o Espiritismo precisa decidir seu próprio caminho, o pensamento, a palavra e a postura de Deolindo Amorim são elementos indispensáveis para entender, seguir e definir o futuro da Doutrina.

    Fonte: Jornal de cultura espírita “Abertura”, dezembro de 2000, ano XIII, nº 155 - Santos-SP.

    Jaci Regis (1932-2010), psicólogo, jornalista, economista e escritor espírita, foi o fundador e presidente do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS), idealizador do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), fundador e editor do jornal de cultura espírita “Abertura” e autor dos livros “Amor, Casamento & Família”, “Comportamento Espírita”, “Uma Nova Visão do Homem e do Mundo”, “A Delicada Questão do Sexo e do Amor”, “Novo Pensar - Deus, Homem e Mundo”, dentre outros.