quinta-feira, 29 de março de 2007

O capataz do imperialismo e da reação interna

O capataz do imperialismo e da reacção interna

por Fernando Silva [*]

Abraço ao serviçal. O segundo mandato de Lula da Silva não começou com uma pancada única como foi em 2003 com a reforma previdenciária. Mas que ninguém se engane, o que estamos assistindo é muito pior e ainda mais perverso. Porque são muitas pancadas, ataques amplos, vários deles com profundas e danosas conseqüências de médio prazo e que não estão sendo sentidas de imediato pelos trabalhadores e o povo porque são feitos no varejo.

Estamos no final do 1º trimestre do ano. Já foram anunciados o PAC e seu conjunto de medidas para tentar regulamentar um grande projeto de parceria público-privado, sem tocar um centavo na remuneração sagrada e orçamentária ao capital financeiro e ainda atirando sobre a classe trabalhadora. Embutidos nesse projeto estão a garfada no FGTS [1] , o arrocho no salário mínimo e o congelamento dos salários dos servidores públicos.

Já fomos devidamente informados do ataque aos rendimentos da poupança, da tentativa de "regulamentar" o direito de greve no setor público, da parceria política e comercial com o governo Bush (o maior terrorista do planeta).

Some-se a isso a esculhambação do "espetáculo do crescimento" de cargos e ministérios para a montagem e acomodação do governo de coalizão.

Quando dava a impressão, após a visita de Bush, que estava esgotada a cota de barbaridades para o 1º trimestre do ano, quando, até pelo instinto humano de não desejarmos ver tantas más notícias em tão pouco tempo, ou por acreditarmos que nada pode ficar mais indecente do que já está, eis que, em uma mesma semana, em um espaço breve de três dias, Lula declara os usineiros [2] como heróis mundiais e reabilita Collor de Melo.

A declaração ao heroísmo dos usineiros ocorreu na mesma semana em que a fiscalização do próprio Ministério do Trabalho revelou as condições de semi-escravidão dos trabalhadores das usinas de cana-de-açúcar em São Paulo, condições que já resultaram, por exemplo, em mais de uma dezena de mortes por exaustão!

Até onde irá a arrogância e a estupidez de capataz que o presidente tem demonstrado é uma questão a ser decidida pelos próximos anos. Façam suas apostas. Mas o que é gravíssimo é que estamos diante de um retrocesso histórico, tragicamente patrocinado por um governo oriundo do movimento operário e popular.

Pois, desde que Bush aqui esteve, vai ficando ainda mais claro que, por trás do bonito discurso das fontes alternativas de combustível, nas quais o Brasil, com seu etanol, ocuparia um papel de destaque no cenário internacional, está sendo operada a entrega e associação de setores do agronegócio com empresas norte-americanas para a produção do etanol, às custas de uma superexploração do trabalho, digna de século XVIII.

Quanto à reabilitação política de Collor, bem, dá apenas uma dimensão da perda de caráter e de qualquer padrão moral de coerência e memória histórica do próprio presidente; pior do que isso, representa uma bofetada em dezenas de milhões de homens e mulheres, que não dedicaram décadas de suas vidas para que um projeto de mudanças terminasse em tal grau de rendição e de abjeta revisão histórica.

Tomando a liberdade de parafrasear os versos de Cazuza , os novos heróis de Lula não morreram de overdose, mas, definitivamente, os nossos inimigos estão no poder.

26/Março/2007
[1] Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
[2] Donos de fábricas de açúcar e de plantações de cana sacarina.


[*] Jornalista, do diretório nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

O original encontra-se em Correio da Cidadania


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
30/Mar/07

segunda-feira, 26 de março de 2007

Hagar, o horrível

Tiras do Hagar, lembrando dos gibis...

Genesis


Clássico de 1970

baixar aqui

domingo, 25 de março de 2007

Grande jogo em Bagé

Acabou a pouco o jogo de futebol, pelo campeonato gaúcho entre Guarany de Bagé e Internacional de Porto Alegre, atual campeão mundial fifa-2006.
Foi um jogo bastante interessante do ponto de vista tático. Abel armou seu time com três zagueiros, quatro no meio campo e três atacantes, formação essa que siquer foi treinada, puro desespero de quem precisava ganhar.
O que se viu no início foi um Guarany bem armado defensivamente, marcando o tempo inteiro, sem tréguas, não dando espaços ao adversário.
O inter, por sua vez, perdido no meio campo, sem alguem para armar o ataque, tendo apenas Indio e Ceará desempenhando função tática de apoio aos atacantes, principalmente Ceará, com boas jogadas pela ponta direita, por onde aconteceu a jogada do gol de Cristiam, aos 21 minutos do primeiro tempo, com um cruzamento que lembrou Valdomiro Vaz Franco. Alguém lembra dele?
O Guarany, ao final do primeiro tempo teve uma falta a seu favor onde foi feita uma jogada ensaiada culminando com um chute forte bem defendido por Renan.
No segundo tempo, houveram maiores chances de gol de ambas as equipes, pois o Guarany atacou mais, precisando empatar a partida.
O Inter teve algumas oportunidades desperdiçadas e um gol bem anulado por Carlos Simon.
Mas quem teve a melhor oportunidade de gol foi o Guarany, num cruzamento da direira, Dudu entrou sozinho, sem goleiro e desperdiçou o que seria o gol de empate do jogo.
E ficou nisso. O Inter segue sua "via crucis", tendo que ganhar todas as partidas que faltam e o Guarany, com a certeza de ter realizado uma boa partida e um bom campeonanto, somente não obtendo classificação por ter ficado numa chave classificatória bem mais difícil que a outra. Se estivesse na chave do G.F.Portoalegrense certamente já teria obtido sua classificação.
O Índio de Bagé se despede com a cabeça erguida e com uma boa base para o ano que vem, na disputa de outro campeonato.
O estádio estava lotado e nenhum incidente aconteceu. está de parabéns a diretoria do Guarany e todos aqueles que colaboraram para o bom espetáculo que tivemos.
Em tempo: Ediglê e Rafael Santos? sou mais Bicudo e Darzone...

sábado, 24 de março de 2007

Literatura Islâmica

O sitio Oriente Médio Vivo está disponibilizando uma biblioteca virtual com temas específicos sobre literatura Islâmica, com textos em português. Para quem deseja se informar de forma correta, fugindo das "des-informação midiótica" pruduzida pela imprensa imperialista, vale a pena dar uma conferida e boa leitura.
Literatura Islâmica - biblioteca virtual

Leitura à distância

Gabriel Perissé

O título é redundante. Toda leitura é à distância. Distante no tempo, no espaço; distante do autor. O leitor distante de tudo e todos, navegando em linhas, entrelinhas, rastejando entre vírgulas, escalando parágrafos.
Educação à distância foi, é, sempre será a leitura. Leitura no papiro, na tela do computador, diante da TV, teleitura, leitura ouvinte de quem ensina à distância, leitura que vê longe.
O leitor está distante porque está próximo da Grécia antiga, da França medieval, da Ásia incompreensível, da África sangrenta; está próximo de tudo aquilo que é viver fora de si, entre povos extintos, sob céus estrelados cuja configuração nunca mais se repetirá, a não ser na releitura.
A distância do texto traduzido. A distância do livro censurado, queimado, contrabandeado, copiado sob o peso do medo. A distância da obra cujo autor sofreu para pensar e criar, e esse sofrimento se perdeu para sempre; mas, para sempre, ficou inscrito na escrita. A distância que aproxima o leitor de tudo o que ele não é, não sabe… e por vezes não anseia.
Ler é distanciar-se dos problemas reais, da conta de luz a pagar, da tragédia presente, e reaproximar-se de tudo isso pela via da consciência, da lucidez, da clarividência. Ler é ir longe, em direção ao que não se toca, para penetrar fundo naquilo que nos tocou viver.
O leitor cai no abismo da leitura, não há como localizá-lo, foi tragado pelos pesadelos de Kafka, pelos sonhos de Lewis Carrol, pelos devaneios de Cervantes, pelas visões de Dante. Onde está você, leitor distante? Em que distância você se perdeu e se encontrou?
A única disciplina é a leitura, o único professor é o livro, o único diploma é a vontade de reler.
Leitura, porta entreaberta para todas as distâncias. O leitor absorto, alheio, distraído, atento ao que ninguém percebe acontecer em sua imaginação, em sua mente hipnotizada.

O livro é o controle remoto com que trocamos os canais. Vamos de uma época a outra, de uma cultura a outra, de um coração a outro, de um drama a outro, num piscar de olhos, olhos arregalados.

A leitura nos afasta do aqui-agora, leva-nos para o além, o além-fronteira, o além-mar, o além-mundo. E é indo para tão longe daqui que o leitor caminha por dentro do livro, para fora do livro. Para dentro da vida.

* Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor
Colaboração de Marco Antonio Vargas de Lima

Jogo do século?

O jogo de amanhã a tarde entre o Guarany Futebol Clube e o Sport Club Internacional de Porto Alegre, atual campeão mundial Fifa-2006, vem se revestindo de muitas especulações. Por um lado a cidade de Bagé está eufórica com a visita do colorado e por outro está colocando este jogo como o desafio do século para o índio alvi-rubro visto que este, comemora seu centenário de fundação, e ainda possui possibilidades bastante grandes de classificação à próxima fase do campeonato gaúcho.
Para tanto, a cidade e a equipe estão num grau elevado de motivação, pois vencer o campeão do mundo, ainda que o colorado venha com um time misto, se configurará como um feito histórico para o atual momento que vive a equipe do Guarany de Bagé.
O Internacional virá com um time misto porque na próxima quarta-feira terá um jogo decisivo contra o Velez da Argentina, onde nem o empate servirá as suas pretensões de classificação à próxima fase da Copa Libertadores da América, onde é o atual campeão, mas que realiza este ano uma campanha sofrível, obtendo apenas uma vitória e duas derrotas em três jogos disputados.
Por tudo isso, o jogo de amanhã se configura como um evento sem sombra de dúvidas dos mais interessante. E que vença o melhor!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Nova variante de peste bubônica preocupa cientistas

Bactéria 'Yersinia pestis'
A bactéria 'Yersinia pestis' causa a peste bubônica
Cientistas identificaram uma variante resistente a antibióticos da peste bubônica, uma das doenças mais antigas e letais da história da humanidade.

Os pesquisadores do departamento de Agricultura dos Estados Unidos analisaram uma amostra da bactéria Yersinia pestis, que causa a doença, encontrada em um adolescente em Madagascar.

Testes revelaram que a bactéria é resistente a oito tipos diferentes de antibióticos que poderiam ser usados em tratamentos contra a peste.

Em artigo publicado na revista médica Journal Public Library of Science One, os cientistas disseram que a descoberta dessa variante de peste está causando grande preocupação nas comunidades da área de saúde por causa de seu potencial de disseminação entre a população.

A peste bubônica, também conhecida como peste negra, matou milhões de pessoas na Europa durante a Idade Média, no século 14. A doença dizimou cerca de um terço da população do continente.

Ameaça

“A resistência a antibióticos na Yersinia pestis é rara, mas constitui uma séria ameaça à saúde pública e à biodefesa internacional.”

“A variante resistente da Y. pestis pode ter um enorme impacto na saúde humana, complicando o controle de epidemias e levando a altas taxas de mortalidade”, disseram os cientistas.

A peste normalmente é transmitida aos seres humanos por ratos ou pulgas. Mas a doença pode ser também passada entre humanos através da inalação de partículas contaminadas emitidas por espirro ou tosse.

Os pesquisadores temem que a bactéria possa ser usada por extremistas em atentados biológicos, já que pode ser facilmente disseminada através do ar.

Segundo os cientistas, a bactéria pode ter se tornado resistente depois de trocar genes com bactérias comumente encontradas em alimentos, como a salmonela e E. coli. Essa troca pode ter acontecido quando pulgas que carregavam a peste morderam ratos infectados com as outras bactérias.

Pequenos surtos de peste bubônica continuam acontecendo em diferentes partes do mundo, mas a doença vem sendo controlada com o uso de antibióticos, já que não existe uma vacina.

Em 2005, a República Democrática do Congo teve o pior surto da doença nos últimos 50 anos, com mais de 60 mortos.

Os sintomas da peste bubônica incluem febre alta, mal-estar e o aparecimento de protuberâncias azuladas na pele, os bubos, que são gânglios linfáticos inchados por causa da infecção.

Caso não seja tratada, a taxa de mortalidade pela peste bubônica pode chegar a 75%.

Já a peste pneumônica – que ocorre quando a bactéria da doença afeta o pulmão – tem um alto índice de mortalidade e é “invariavelmente” fatal se não for tratada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Fonte:BBC

quarta-feira, 21 de março de 2007

Internacional deve anunciar duas contratações




O Internacional tem praticamente garantidos dois reforços - o zagueiro Antônio Carlos e o lateral-esquerdo Jorge Luís -, mas corre contra o tempo para contratar também um apoiador até esta sexta-feira, dia do encerramento das inscrições de jogadores contratados fora do país.

Em Vacaria, onde o Inter aguardava o jogo da noite desta quarta-feira, contra o Glória, pelo Campeonato Gaúcho, o vice de futebol Giovanni Luigi passou a tarde no telefone. Ele recebeu as notícias, por parte de empresários, de que Antônio Carlos, Ajjacio (FRA), já desembarcara no Rio de Janeiro e que o empréstimo de Jorge Luís, do Braga (POR), já estava concretizado.

O Ajaccio, da Segunda Divisão da França, receberá 1 milhão de euros (cerca de R$ 2,7 milhões) pela cessão dos direitos de Antônio Carlos em quatro parcelas de 250 mil euros (cerca de R$ 691 mil). A maior parte do dinheiro para a contratação do zagueiro de 23 anos revelado pelo Fluminense sairá de investidores. O jogador é esperado nesta quinta-feira em Porto Alegre, e será inscrito na segunda fase da Copa Libertadores, se o Inter conseguir classificação.

A pretensão dos dirigentes de contratar um apoiador é antiga. Desde o início do ano, quando concluíram que Pinga, contratado em 2006 do Treviso (ITA), por 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 4,1 milhões) não era o substituto que eles procuravam para Tinga. Desde então, tentaram duas vezes a contratação de Rosinei, do Corinthians, mas o Timão recusou as propostas.

terça-feira, 20 de março de 2007

Contra o pessimismo

Emir Sader

A crítica radical do mundo tem uma ampla avenida pela frente, mas isso também implica em riscos. Nunca a humanidade dispôs de tantos avanços técnicos e científicos para transformar o mundo conforme os sonhos humanistas, mas nunca se sentiu tão impotente diante de um mundo que parece funcionar por uma lógica absolutamente autônoma.

Entra governo, sai governo, as leis do mercado parecem dominar irreversivelmente o mundo, o estilo de vida norte-americano devasta espaços nunca antes alcançados – seja na China ou na periferia das grandes metrópoles do sul do mundo –, a Europa consolida uma hegemonia conservadora, parece não surgir um bloco de forças que se enfrente aos poder imperial dos EUA.

Tudo parece empurrar-nos para o pessimismo. A crise da URSS não deu lugar a um socialismo superador dos problemas desse modelo e, ao contrário, disseminou o neoliberalismo nas terras de Lênin. O capitalismo abandonou seu modelo keynesiano por um modelo de extensão inaudita da mercantilização de todos os rincões do mundo. Podemos perguntar-nos se vivemos um período de derrotas e retrocessos tão grandes como o que se viveu a partir dos anos 20, caracterizado por contra-revoluções de massas e por derrotas estratégicas dos projetos revolucionários.

Nos anos 20, diante da ascensão fulminante do fascismo e do nazismo e da consolidação do stalinismo nos partidos comunistas, Adorno e seus companheiros da Escola de Frankfurt aderiram a um pessisimo melancólico. Aprofundaram suas análises sobre as raízes da virada conservadora no mundo, dando especial destaque às tendências autoritárias na personalidade das pessoas. Wilhelm Reich concentrava essa tendência na impotência da pequena burguesia, enquanto Lênin havia apontado para a aparição e consolidação de uma aristocracia operária no seio da classe trabalhadora dos países centrais do capitalismo.

A diferença entre a crítica realista das condições concretas que a esquerda tinha de enfrentar, bloqueada melancolicamente pelo pessimismo e a responsabilidade de buscar alternativas, de decifrar os espaços de acumulação de forças que pudessem reverter, é o que diferencia os enfoque de Adorno e de Gramsci.

Este notabilizou-se pela frase “pessimismo da razão, otimismo da vontade”. Mas não se tratava apenas de agregar um estado de espírito de esperança – de “otimismo” – a uma situação sem saída, em que o bloqueio interno à esquerda – do stalinismo – e externo – dos fascismos – condenava a esquerda à imobilidade ou às visões de denúncia e de testemunha.

Assumindo-se não como intelectual revolucionário – ao estilo dos que seriam chamados de “marxistas ocidentais” –, mas com a responsabilidade de dirigente revolucionário ao estilo das gerações anteriores dele, que necessariamente envolviam a capacidade intelectual de elaboração (Nova: Ver: Anderson, Perry, “Considerações sobre o marxismo ocidental”, Boitempo Editorial, São Paulo, 2004). Responsabilidade que obrigava a captar a realidade concreta, incluindo suas contradições, essenciais para definir os elos mais fortes e mais fracos de cada campo, para poder desembocar nos espaços mais favoráveis à acumulação de forças a fim de reverter as condições desfavoráveis.

As análises que não desembocam nessa direção terão deixado de captar as contradições vivas da realidade, tendendo a se manter em visões descritivas, com os riscos do funcionalismo. Costumam destacar aspectos da realidade e absolutizá-los, ou pelo menos tirá-los de contexto e, principalmente, não dando conta da totalidade do fenômeno, com a contradição como seu motor.

A crítica, simplesmente, não remete à prática, resigna-se a uma visão externa ao objeto analisado. A crítica sempre foi, para o marxismo, para a dialética, uma forma de limpeza de campo de concepções que refletem de forma parcial ou completamente equivocada a realidade, não para deter-se aí, mas para incorporar seus elementos de verdade, negá-los nas suas inverdades e poder, assim, estar em condições de superá-las.

A crítica sem a prática superadora correspondente leva à inação, ao pessimismo, à desmobilização e, no limite, à desmoralização.
Fonte: carta maior