Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Formato: RMVB
Idioma: Francês
Legendas: Português
Duração: 129 min.
Tamanho: 413 MB
Dividido em: 05 Partes
Servidor: Rapidshare
PARTE 01
PARTE 02
PARTE 03
PARTE 04
PARTE 05
Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain
Copiado de:RapaduraAzucarada
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Roteiro: Guillaume Laurant, Jean-Pierre Jeunet
Gênero: Comédia/Romance
Origem: Alemanha/França
Duração: 122 minutos
Tipo: Longa
Com: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin, Jamél Debbouze, Claire Maurier, Clotilde Mollet, Isabelle Nantey, Dominique Pinon
Amélie Poulain (Tautou), uma jovem parisiense recatada e tímida, foi educada pelos pais, com poucos contactos com o mundo exterior. Com vinte e poucos anos, Amélie trabalha num pequeno café e mora num apartamento antigo, onde encontra uma caixa escondida há mais de 40 anos. Ao procurar o dono, virá a descobrir a satisfação de trazer a alegria aos outros. Numa estação de comboios depara com o hábito peculiar de um jovem (Kassovitz), que colecciona fotos tipo passe mandadas fora, frequentemente rasgadas, por utilizadores de uma máquina automática.
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quarta-feira, 24 de outubro de 2007
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Há demasiados ruídos à nossa volta. O coração sobressalta, os nervos afloram, a mente atordoa-se. É o televisor ligado quase o tempo todo, o fluxo incessante de imagens sugando-nos num carrossel de flashes. O rádio em monólogo inclemente, a música rítmica desprovida de melodia, o som alojado nos orifícios auditivos, o telefone trinando supostas urgências, o celular a invadir todos os espaços, suas musiquetas de chamada destoando em teatros, cinemas, templos, cerimônias e eventos, seus usuários nele dependurados pelas orelhas, publicitando em voz alta conversas privadas. De todos os lados sobem ruídos: da construção civil vizinha, do latido dos cães, dos carros na rua e das aeronaves que cortam o espaço, das motos estridentes, do anunciante desaforado em seu carro de som, do apito fabril disciplinando horários. Tantos ruídos causam tamanho prejuízo à saúde humana que o Exército usamericano criou, em sua sanha assassina, um arsenal de "projéteis sonoros", capazes de produzir som de 140 decibéis. Bastam 45 para impedir o sono. O rumor do tráfego na esquina de uma avenida central atinge 70 decibéis. Aos 85 produz-se uma lesão auditiva. Elevado para 120, o som provoca dor aguda nos ouvidos. Imagine-se, pois, o que significa essa tecnologia de tortura a 140 decibéis! Nosso silêncio não é quebrado apenas por ruídos auditivos. Agridem-nos também os visuais. Assim como o silêncio da zona rural ou de uma igreja nos impregna de paz, levei um choque ao visitar, anos atrás, Praga antes da queda do Muro de Berlim. Não havia outdoors. A cidade não se escondia atrás de anúncios. A poluição visual era zero, permitindo contemplar a beleza barroca da terra de Kafka. Nas cidades brasileiras, subjugadas pelo império do mercado, somos vorazmente engolidos pela proliferação de propagandas, exceto a capital paulista, agora em fase de despoluição visual por iniciativa da prefeitura. Sem silêncio, ficamos vulneráveis, expostos à voracidade do mercado, a subjetividade esgarçada, a epiderme eriçada em potencial violência. Contra esse estado de coisas, o professor Stuart Sim, da Universidade de Sunderland, na Inglaterra, acaba de lançar Manifesto pelo silêncio, contra a poluição do ruído. O autor enfatiza que a cacofonia de sons que nos envolve ameaça a saúde, provoca agressividade, hipertensão, estresse, problemas cardíacos. Todos os grandes bens infinitos da humanidade - arte, literatura, música, filosofia, tradições religiosas - exigiram, como matéria-prima, o silêncio. Sem ele perdemos a nossa capacidade de raciocinar, ouvir a voz interior, aprofundar a vida espiritual, amar além do jogo erótico meramente epidérmico. Quando um casal de noivos me procura, interessado em preparar-se para o matrimônio, costumo indagar se os dois são capazes de ficar juntos uma hora, em silêncio, sem que um se sinta incomodado. Caso contrário, duvido que estejam em condições de uma saudável vida a dois, pois o respeito ao silêncio do outro é um dos atributos da confiança amorosa. Assisti ao filme O grande silêncio, do diretor alemão P. Gröning, que nos convida a penetrar a vida de uma comunidade cartuxa nos Alpes franceses. Nenhuma palavra no decorrer de três horas de filme, exceto o canto gregoriano das liturgias monásticas e o bater do sino. Um convite à mais desafiadora viagem: ao mais profundo de si mesmo. Quem ousa, sabe que lá se desdobra um Outro que, por sua vez, espelha nossa verdadeira identidade. Viagem que tem como veículo privilegiado a meditação. Na fase inicial, é tão árduo quanto escalar montanha para quem não esta acostumado ao alpinismo. Porém, em certo momento, é como se u’a mão invisível nos elevasse, tornando a subida suave e agradável. Só então se descobre que, no imponderável do Mistério, não se sobe, se desce, mergulha-se em si mesmo para vir à tona, do outro lado de nosso ser, naquele Outro silenciosamente presente em nossas vidas e na tecitura do Universo. Aqui a palavra se cala e o silêncio se faz epifania. [Autor, em parceria com Leonardo Boff, de "Mística e Espiritualidade" (Garamond), entre outros livros].
* Frei dominicano. Escritor.
Equador avança contra os lucros das petroleiras
Medida anunciada pelo presidente Rafael Correa decreta que o Estado ficará com 99% dos lucros extras; hoje, recebe 50%
Claudia Jardim,
de Caracas (Venezuela)
Enquanto os principais países consumidores de petróleo e gás acirram a disputa para garantir o abastecimento de seu mercado, alguns governos da América Latina se impõem regras do jogo na contramão dos interesses das transnacionais e das grandes potências.
Dessa vez, foi o Equador. “Em nome da soberania nacional” – s eguindo os exemplos de Venezuela e Bolívia –, o presidente Rafael Correa determinou que o Estado deverá arrecadar 99% do lucro excedente obtido com a produção do petróleo. Antes, o percentual era dividido igualmente: 50% para o Estado; 50% para a empresa.
¡°O petróleo é de todos. Jamais voltaremos a perder nossa propriedade”, anunciou Correa, ao apresentar o decreto que estabelece um maior controle do Estado sobre os recursos petrolíferos. "O governo da Revolução Cidadã considera que é insuficiente que o Estado equatoriano receba 50% dos lucros extraordinários”, avaliou.
A proposta de assumir um maior controle dos recursos naturais faz parte de uma antiga reivindicação dos movimentos sociais equatorianos que foi capitalizada por Correa durante sua campanha eleitoral em 2006. O decreto atinge empresas como Petrobras (Brasil), Repsol-YPF (Espanha), Perenco (França), Andes Petroleum (China) e City Oriente (EUA).
Originalmente, os contratos estabeleciam um preço médio de 25 dólares por barril para um período de 20 anos, ficando o Estado excluído dos lucros extras pelo aumento da cotização do petróleo cru no mercado. Em 2006, os contratos foram modificados, dividindo em partes iguais os beneficios adicionais.
De acordo com o procurador da República do Equador, Xavier Garaicoa, as transnacionais não cumpriram com o pagamento de 50% dos lucros extras. Entre as empresas que atuam com irregularidades, está a estadunidense City Oriente. Apenas em 2006, a transnacional deixou de pagar ao Estado equatoriano cerca de 30 milhões de dólares, segundo informou Garaicoa ao canal de televisão Ecuavisa.
Com a nova medida, as transnacionais ficarão apenas com 1% dos excedentes. O governo equatoriano ainda não esclareceu qual será o preço estabelecido nos novos contratos. Até o fechamento desta edição o preço do petróleo OPEP estava estimado em 76 dólares por barril.
Nacionalismo petroleiro
A medida de Correa foi interpretada por alguns setores como um passo “radical” de parte do presidente equatoriano. A s companhias transnacionais que atuam no país foram convocadas a uma reunião para renegociar seus contratos e não compareceram. Alegaram que precisavam de mais tempo para consultar as matrizes.
Para o especialista em petróleo Carlos Mendonza, a medida equatoriana obedece a uma tendência mundial de parte dos Estados produtores de petróleo que não só tendem a assumir o controle dos recursos, como também a participar dos lucros, antes destinados exclusivamente às transnacionais. “Os países têm o direito de tirar vantagem de um recurso que lhes pertence e que, além disso, vai acabar. Trata-se de uma reivindicação nacionalista petroleiro”, avalia Mendoza.
O decreto firmado por Correa também tende a fortalecer a economia do país. Cerca de 35% dos dólares que entram no país vêm da venda do petróleo. C om a medida, cerca de 840 milhões de dólares anuais deverão ingressar diretamente para os cofres públicos.
O ministro equatoriano de Minas e Petróleo, Galo Chiriboga, explicou que os acordos devem mudar de figura jurídica. A partir de agora deixariam de ser um convênio de participação e assumiriam um caráter de prestação de serviços. Ou seja, o novo contrato proposto pelo governo equatoriano reforça que o Estado é o dono do petróleo. (Leia a cobertura completa na edição 242 do jornal Brasil de Fato)
da dignidade
Eduardo Galeano
Para eliminar qualquer vestígio da participação estadunidense na ditadura sanguinária do general Cedrás, os marines retornaram ao seu país levando 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide voltou acorrentado. Deram-lhe permissão para governar, mas lhe negaram o poder. Seu sucessor, René Préval, obteve quase 90% dos votos nas últimas eleições presidenciais, mas qualquer chefe de quarta categoria do Fundo Monetário Internacional ou do Banco Mundial tem mais poder no país do que o próprio presidente.
O veto pode mais que o voto. Veto às reformas: toda vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede empréstimos internacionais para dar pão aos famintos, palavras aos analfabetos ou terra aos lavradores, fica sem resposta. Ou, na melhor das hipóteses, obtém uma resposta em forma de ordem: "Recita a lição". No momento em que o governo haitiano se nega a entender que precisa se desfazer dos poucos serviços públicos que ainda restam – últimos míseros refúgios para um dos povos mais abandonados do mundo –, os professores o reprovam no exame.
"INCAPAZ DE SE GOVERNAR" – No ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Sentiram um profundo mal-estar, ficaram muito chocados ao ver tanta miséria. O embaixador da Alemanha em Porto Príncipe explicou a eles qual é o problema: "Tem gente demais neste país", disse. "A mulher haitiana sempre está a fim, e o homem haitiano sempre pode." E riu. Os deputados ficaram calados. Naquela mesma noite, um deles, Winfried Wolf, deu uma verificada nos números. E constatou que o Haiti, juntamente com El Salvador, é o país mais populoso das Américas..., tão populoso quanto a Alemanha: têm quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.
Durante os dias em que esteve no Haiti, o deputado Wolf não se impressionou apenas com a miséria. Ficou também maravilhado com a beleza das pinturas populares. E chegou à conclusão de que o Haiti é superpovoado... de artistas.
Os Estados Unidos invadiram o país em 1915 e o governaram até 1934. Retiraram-se quando conseguiram realizar dois objetivos: resgatar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia a venda de plantações a estrangeiros. Na época, Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar a si mesma. Tem "uma tendência à vida selvagem e uma incapacidade física de civilizar-se".
"ESCRAVOS POR NATUREZA" – O Haiti tinha foi a pérola da Coroa francesa, a sua colônia mais rica: uma grande plantação de cana-de-açúcar, com mão-de-obra escrava. Na obra "O Espírito das leis", Montesquieu explicou, sem papas na língua: "O açúcar sairia muito caro, se na sua produção não trabalhassem os escravos. Escravos que são negros da cabeça aos pés e têm o nariz tão achatado que é quase impossível sentir pena deles. Resulta impensável que Deus, que é tão sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, em um corpo completamente negro".
Em troca, Deus havia colocado um chicote na mão do capataz. Os negros eram escravos e vadios por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir ao patrão, e o patrão devia castigar o escravo, que não demonstrava o mínimo entusiasmo em cumprir o desígnio divino.
Karl Von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, fez um retrato do negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes devassos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, comprovou que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, como o papagaio que pronuncia algumas palavras".
LIBERDADE E SOLIDÃO – Em 1803, os negros do Haiti deram uma grande surra nas tropas de Napoleão Bonaparte, e a Europa jamais perdoou essa humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos conquistaram a independência antes, mas meio milhão de escravos continuavam a trabalhar nas suas plantações de algodão e tabaco. Jefferson, que era proprietário de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas dizia também que os negros foram, são e serão inferiores.
A bandeira dos libertados foi hasteada sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura da cana-de-açúcar e pela guerra contra a França. Um terço da população tinha morrido em combate. Então teve início o bloqueio. A nação recém-nascida foi condenada à solidão.
Nem Simón Bolívar teve a coragem de assinar o reconhecimento diplomático. Graças ao apoio do Haiti, Bolívar pudera recomeçar a luta pela independência americana, depois que a Espanha já o tinha derrotado. O Haiti enviou sete navios, muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos – uma idéia que não tinha passado pela cabeça do Libertador. Bolívar assumiu o compromisso, porém, após a vitória, quando já governava a Grã Colômbia, virou as costas para quem o tinha salvo. E, quando convocou as nações americanas ao Panamá, não convidou o Haiti.
Os Estados Unidos reconheceram o Haiti só sessenta anos depois, enquanto Etienne Serres, um gênio francês em anatomia, descobria que os negros são primitivos por causa da pouca distância que separa o seu umbigo do pênis. Na época, o Haiti já padecia nas mãos de sanguinárias ditaduras militares, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa: a Europa tinha obrigado o Haiti a pagar uma gigantesca indenização à França, como forma de pedir perdão pelo delito da dignidade.
A história da prepotência contra o Haiti, que nos dias de hoje assume dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, é autor de várias obras sobre a América Latina. As veias abertas da América Latina é a mais conhecida e divulgada.
_____http://ospiti.peacelink.it/zumbi/news/semfro/sf246p29.html
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Che: Homem e Exemplo (final) | | | |
Pietro Lora Alarcón | |
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Ingressamos, nesta fase final das nossas anotações sobre a contribuição de Ernesto CHE Guevara, a alguns aspectos de seu pensamento sobre as formas de luta e as vias para a revolução. Com relação a tais pontos, CHE não somente argumenta sobre as possibilidades cubanas de triunfo e construção do programa socialista, mas também sobre as perspectivas de uma mudança no cenário da América Latina na sua plenitude e, ainda, de uma mutação na correlação de forças internacional contra os Estados que promovem o colonialismo, em tempos de Guerra Fria.
A real dimensão do humanismo revolucionário do CHE somente pode ser explicada a partir da ação em favor da libertação dos povos. CHE entendia que os aliados naturais do processo revolucionário não eram necessariamente os governos, nem sequer, como ele mesmo expressou várias vezes, aqueles que se apresentavam como amigos e, no entanto, eram presas fáceis das tentações dos Estados mais poderosos, senão os povos. Assim, a luta popular em outros países não somente da América Latina, mas da África e da Ásia, assim como a resposta solidária que fosse dada desde o interior dos países centrais, seria de fundamental importância para o sucesso da Revolução Cubana e de todo e qualquer processo que empreendesse o caminho ao socialismo.
Duas questões importantes devem ser levadas em conta nesta ação libertadora: a primeira, a ação militar propriamente dita, que implica no Che a preparação que obtém com o General Bayo, sua leitura sobre os fundamentos de tática e estratégia de Clausewitz e, obviamente, sua experiência na guerra de guerrilhas; a segunda, a vocação internacionalista, a qual nunca abandonou e que foi o resultado, não somente da compreensão de que a Revolução Cubana somente teria possibilidades de sucesso sobre a base da solidariedade internacional, das contínuas convocações ao conjunto dos povos à luta antiimperialista, senão, essencialmente, da sua vivência, a que o colocou em contato com a realidade desesperada e sem esperanças dos homens e mulheres da América.
Como acertadamente lembra Roberto Massari em sua Che Guevara: grandeza y riesgo de la utopia”, a preparação militar do Che começa na Guatemala em 1954, quando se alista nas brigadas juvenis, e prossegue no México sob as ordens do General Bayo. O General, veterano da Guerra Civil Espanhola, tinha a virtude de complementar conhecimentos militares próprios das práticas de um exército regular com os conhecimentos da guerra de todo o povo e das históricas guerras de trincheiras no cenário americano. CHE lembra especialmente dos seus ensinamentos por ocasião da vitória em Las Villas. Quando, após sua morte física, publica-se a obra Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, é possível observar a influência de Bayo aliada às formulações sobre a guerra e a política oriundas de Clausewitz.
Tema de obrigatória abordagem é sua percepção sobre a questão moral e seu entrelaçamento com a questão militar. As forças revolucionárias, sustenta, devem crescer moralmente, posto que essa é a base para o cumprimento das tarefas no dia a dia. O agir está ligado à espiritualidade. Essa opinião a levará em conta até o final em solo boliviano. E, a essa questão moral, Che adiciona na prática dois elementos: a tática de guerra de movimentos - por isso, na Bolívia, Che divide seus homens, como ele mesmo coloca no seu Diário, em grupos de vanguarda, centro e retaguarda em permanente mobilidade – e a unidade com os setores do povo – “La guerra de guerrillas no es outra cosa que una expresión de la lucha de masas y no se puede pensar aisladamente de su medio natural, que es el pueblo”.
Há que dizer que a ignorância de alguns lhes permite, sem qualquer pudor, qualificar o CHE como terrorista. Com efeito, demonstrando seu desconhecimento sobre o conceito de terrorismo, sobre a natureza real das ações militares – ecoando sobre o que outros perigosamente dizem –, o acusam sem, minimamente, fazer uma leitura prévia do seu pensamento. É de bom alvitre, quando algo se desconhece, dar-se ao trabalho de ler e, se isto não é possível, então, talvez calar a boca seja a melhor opção.
Na obra La Guerra de Guerrillas, publicada em 1960, CHE expõe seu pensamento com relação ao terrorismo: “El sabotaje no tiene nada que ver con el terrorismo; el terrorismo y el atentado personal son fases absolutamente distintas. Creemos sinceramente que el terrorismo es un arma negativa, que no produce de ninguna manera los efectos deseados, que puede inducir al pueblo a ponerse en contra de un determinado movimiento revolucionario y que comporta una perdida de vidas entre sus ejecutores muy superior a la ventaja obtenida”.
CHE também não é alguém que reconheça apenas um caminho para a transformação social. Novamente, na sua Táctica y Estratégia de la Revolución Latinoamericana, expressa: “(...) Existe, sin embargo, alguna posibilidad de tránsito pacífico (...) pero, en las condiciones actuales de América, cada minuto que pasa se hace más difícil para el empeño pacifista y los últimos acontecimientos vistos en Cuba muestran un ejemplo de cohesión de los gobiernos burgueses con el agresor imperialista, en los aspectos fundamentales del conflicto. Recuérdese nuestra insistencia: tránsito pacífico no es logro de un poder formal en elecciones o mediante movimientos de opinión pública sin combate directo, sino la instauración del poder socialista, con todos sus atributos, sin el uso de la lucha armada”.
Como é possível perceber claramente, CHE não descartava a possibilidade de assumir o poder e iniciar a construção de uma sociedade mais justa atravessando a luta popular sem o poder das armas. Contudo, também é enfático em reconhecer que a agressão imperial contra Cuba e contra as manifestações populares em prol das mudanças democráticas e progressistas impede os caminhos menos dolorosos para o povo, que, indubitavelmente, se vê forçado a implementar recursos e homens para uma defesa diante de um inimigo poderoso.
Pois bem, certamente, muitas questões ainda podem ser ditas sobre a vigência do pensamento de CHE. Nosso propósito não poderia ser esgotar sua ação, vida e obras. Focalizamos, por isso, em três segmentos, os elementos que nos parecem hoje mais determinantes e dos quais podemos extrair lições concretas, não para uma reprodução dogmática, mas para um aprendizado dialético: em primeiro lugar, em tempos de integração, o pensamento do CHE implica reconhecer que a unidade decorre não de pressões econômicas nem políticas, mas de gestos concretos que se dirijam a criar um cenário de paz e de segurança para todos. Falar de integração enquanto as tropas do país destroem, agridem, torturam e enquanto Guantánamo se constitui em terra imune à aplicação da legalidade internacional é a postura mais hipócrita que se pode esperar de um Estado.
Em segundo lugar, o resgate do ser humano, como mola propulsora do trabalho, da sua dignidade como agente de mudanças democráticas; e, finalmente, a idéia de que a paz é uma bandeira vigorosa, e que a vocação popular não é a guerra, mas que esta pode ser uma necessidade política, quando se é injustamente agredido e é preciso a defesa mais intransigente dos direitos do ser humano.
CHE não era um Quixote lutando contra moinhos, mas um ser humano convencido até a alma dos seus sonhos, o que o une a todos os progressistas do mundo, nos quais a dor ou o cansaço não matou a utopia.
É CHE, como diz a canção. (...) depois de tanto tempo e tanta tempestade, seguimos para sempre esse caminho longo, longo, por onde tu vais.....
Pietro Alarcón, advogado, colombiano, é professor da PUC-SP. |
Benditas foices que roçaram eucaliptos | | | |
Frei Pilato Pereira | |
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Foices não roçam sozinhas, então é preciso dizer benditas mãos que foram erguidas ao céu empunhando bandeiras, ao som de gritos e canções em defesa da terra, da água e de tudo o que Deus criou. Benditos trabalhadores que, no dia 16 de outubro de 2007, deixaram suas casas e, com suas foices, ferramentas de trabalho, foram defender o amanhã, o futuro do planeta e da humanidade - o MST realizou no Rio Grande do Sul dois atos de protestos contra as monoculturas de eucaliptos em Santana do Livramento e na região de Bagé. Parece estranho dizer que alguém foi defender o futuro da humanidade com uma foice nas mãos. Também parece estranho o que se lê no Evangelho quando Jesus de Nazaré disse aos fariseus que queriam ver seus discípulos calados: “Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40).
Tivemos o histórico ato das mulheres no dia 8 de março de 2006. Onde elas arrancaram mudas de eucaliptos como a mãe que arranca o espinho que faz doer a carne do filho indefeso. Aquela ação acordou a sociedade para a questão das monoculturas de plantas exóticas. Mas as multinacionais da celulose, com apoio do governo gaúcho, tentaram calar todas as vozes de denúncia contra essas monoculturas no Rio Grande do Sul. O governo do estado realizou ações fortes e severas para garantir o ambicioso projeto das papeleiras multinacionais. E alguns já pensavam que o fato estava consumado e que não tinha mais volta. Mas quando achavam que a voz profética tinha sido calada, eis que as foices gritaram, roçando caminhos para a vida.
Com medo das foices e dos que não temem a opressão, o governo da Yeda mandou sua polícia com todo seu aparato de guerra para agredir e prender os trabalhadores que lá estavam apenas roçando com suas foices para resgatar a terra aprisionada pela ambição. Junto com a polícia estava também a imprensa de plantão para registrar um fato político de direito constitucional como ato criminoso.
E o chefe da polícia disse na imprensa que agiram contra o crime, prenderam os criminosos que danificaram o patrimônio alheio. Concordamos que este é o papel da polícia. Então, deveriam prender os donos, gerentes, diretores das papeleiras multinacionais que estão danificando o Pampa gaúcho com suas monoculturas de plantas exóticas. Pois crime mesmo é fazer monocultivos de eucaliptos, porque provocam terríveis e irreparáveis danos ambientais e sociais. Por serem desenvolvidos no modelo de monocultura, esses plantios geram poucos empregos e causam a perda da biodiversidade. Os eucaliptos, por exemplo, consomem grande quantidade de água e provocam enorme desequilíbrio ao ambiente natural. A experiência que temos no Brasil, no estado do Espírito Santo, é que a indústria de celulose, além de devastar a mata nativa, também expulsou muitas comunidades de suas terras. E naquele estado já secaram centenas de córregos e nascentes de água. É apenas um pouco das conseqüências destas monoculturas. E quem não vê que isto é crime?
E a polícia deveria prender também a dona Yeda Crusius por sua conivência e cumplicidade com o crime organizado das indústrias de celulose no Rio Grande do Sul. São elas que estão cometendo crime contra o patrimônio do povo gaúcho e não podemos ser cúmplices disso. As futuras gerações poderão herdar uma Pampa mais pobre que esta que nós herdamos de nossos pais. Poderão herdar os campos desertos virados em tocos de eucaliptos, sem cavalos e sem tropas. Uma terra sem vida para germinar a semente, para fazer florir o trigo e produzir o pão. Se é isto que queremos deixar de herança para nossos descendentes, então fiquemos de braços cruzados. Mas, do contrário, se queremos preservar a vida com justiça e paz, então devemos continuar a luta contra as monoculturas e as indústrias de celulose.
E se tentarem calar as vozes que clamam contra os desertos verdes, as foices gritarão. Não é isso que queremos. Desejamos que os ouvidos do entendimento e do diálogo se abram para escutar as diversas opiniões da sociedade e assim construirmos caminhos alternativos para um outro desenvolvimento. Que seja um desenvolvimento economicamente viável, político-socialmente justo e ecologicamente sustentável.
Frei Pilato Pereira é membro da CPT e do Serviço de Justiça, Paz e Ecologia da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. |
Formato: rmvb
Áudio: Francês
Legendas: Português/BR
Duração: 2:09
Tamanho: 499 MB
Dividido em 06 Partes
Servidor: Rapidshare
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» Sinopse: Quatro anos após a Revolução, a situação econômica da França é um desastre. Cada cidadão é um suspeito em potencial. As cabeças rolam com a guilhotina. O povo está com fome e medo. Os mesmos revolucionários, que tinham proclamado a Declaração dos Direitos do Homem, implantam o Reino do Terror. Danton e Robespierre. Enquanto o primeiro tem o apoio do povo, o segundo tem o poder. O embate entre os dois líderes dá inicio a um complexo processo político.
Elenco:
Gérard Depardieu - Danton
Wojciech Pszoniak - Robespierre
Anne Alvaro - Eleonore
Roland Blanche - Lacroix
Patrice Chéreau - Desmoulins
Emmanuelle Debever - Louison
Krzysztof Globisz - Amar
Ronald Guttman - Herman
Copiado de:RapaduraAzucarada
Screen Shots:
Ali na Espanha: a direita também quer censurar livros escolares
Emir Sader
Tempo propício também para a proliferação do obscurantismo. Parece que já qualquer um pode se projetar no cenário dos debates, porque está apoiado na máquina familiar e monopolista da mídia mercantil. “Cualquiera es un ladron, cualquier es un gil” – como diz o tango Cambalache. São ventrílocos do poder e, mais imediatamente, dos donos da empresa em que trabalham, com quem coincidem em tudo, usando suas bocas e penas para que seus chefes falem.
Um desses ventrílocos de turno chegou a escrever – na Folha de S. Paulo, onde tinha coluna, naquela época, enquanto pleiteava um emprego na Globo – que o Gilbero Braga era “o Balzac brasileiro” (sic) e fez um artigo especialmente dedicado a bajular a familia Marinho. Não deu outra: foi contratado. Tentou ser o Francis II, quando este já havia fracassado em tentar usar a imprensa brasileira para chegar a escrever para a da sua pátria de adoção, que nem chegou a rejeitá-lo, porque o desconheceu. Teve que terminar seus dias destilando ódio contra o Brasil, por ter nascido aqui. O seu sucedâneo de terceira geração falhou ainda mais e descarrega o ódio sobre o Rio, enquanto tenta beber no que chama de “reino da grana”, a São Paulo dos Jardins.
São a versão brasileira do mesmo movimento obscurantista que começou lá atrás com Reagan, se disseminou com Thatcher e tem suas expressões nacionais em forças como o neopinochetismo chileno, o neofranquismo espanhol e o neoditatorialismo militar no Brasil.
Ali, na Espanha, tal como aqui, essa direita obscurantista tentar censurar os livros didáticos. A FAES, a fundação do partido de Aznar, o PP, neofranquista, analisou os livros de texto de Educação espanhóis (parece que seus amos do Norte definiram que essa é a pauta agora, então seus ventrílocos desenvolverm a campanha em cada país, de forma parecida como em outras campanha, inclusive na que desestabilizou o Brasil e preparou o golpe militar de 1964).
Um membro da direção do PP acusa a esses livros de “raciocinar sistematicamente com critérios marxistas”, de difundir valores anticapitalistas, antiocidentais, antiamericanos, anti-PP e anticristãos. (Já ouviram ou leram algo muito similar dali, por aqui? Estarão em alguma circular de alguma fundação bushista, mandado para seus ventrílocos locais? Nem originalidade tem cada um.)
Provas de antiamericanismo, ali como aqui, são fajutas: “O consumo de presunto serrano foi durante muitos anos ilegal nos EUA, já que era considerado não saudável, ao se tratar de carne crua simplesmente salgada” (sic). “Em 1989, a ONU promoveu a Convenção sobre os Direitos da Criança, que já é um tratado internacional que foi ratificado por todos os países do planeta, exceto os EUA e a Somália”. Outros exemplos seriam fotos dos presos dos EUA em Guantánamo, que talvez consideram inessencial ou forjadas.
O documento dali se volta contra o que considera “elogio do pensamento progressista”, inaceitável, ali e aqui, para os obscurantistas: “O grande triunfo da juventude chegou no final da década de 1960. Maio de 1968 ficou como uma data simbólica do começo de uma profunda mudança de rumo no modo de entender a vida”. Mais grave ainda como “provas” do “pensamento antiliberal” é a citação em um livro do bispo Pedro Casáldaliga, representante da teologia da libertação e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 1989. Outra “prova”: “Educar em democracia é iniciar nos valores da participação, porque o homem é social e comunitário e não pode ficar reduzido ao âmbito do indivíduo” – já superando todos os limites de descambando para o “totalitarismo”, segundo os obscurantistas dali e daqui.
“Rejeição da liberdade econômica” – que confunde com liberalismo econõmico, com economia de mercado e com neoliberalismo – estaria em frases como: “As conseqüências do consumismo são: aumento da diferença entre os países desenvolvidos e os países do Terceiro Mundo” – verdade inaceitável, ainda mais transmitida para novas gerações. Ou esta: “Enquanto alguns poucos reuniam imensas fortunas, a imensa maioria vivia mal com pequenos salários ou morria de fome no desemprego”.
Igualmente verdades que devem ir para baixo do tapete: “Nosso mundo se desenvolveu gracas às riquezas e a mão-de-obra barata do Terceiro Mundo”. Ou: “A chave para eliminar as diferenças entre o norte e o sul reside na atitude dos países desenvolvidos”. Consideram “doutrina econômica marxista”, uma afirmação como esta, ainda que verdadeira: “Os países desenvolvidos, em boa medida, são desenvolvidos porque historicamente colocaram os países a seu serviço e os mantiveram assim.”
Caso não se censure esses livros, estaremos formando crianças e jovens com uma perigosa percepção real do mundo. Ali e aqui. Xô – diz o obscurantismo, aqui e ali.