Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)
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Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)
01 Afro Blue
02 Chano Pozo
03 Yambu
04 Mongorama
05 Barandanga
06 Guaguanco Mania
07 Para Ti
08 Las Guajiras
09 Tenderly
10 Bacoso
11 Introduction by Symphony Sid
12 My Sound (conga drum solo)
13 Canta Bajo
14 Watermelon Man
15 Sweet Tater Pie
16 Dirty Willie
17 Happy Now
18 Cuidado
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Mongo Santamaria - Skin on Skin The Anthology (1958 - 1995)
01 Cinderella
02 Black Stockings
03 Summertime
04 Cold Sweat
05 Fever
06 Adobo Criollo
07 Hippo Walk
08 Saoco
09 Sofrito
10 Virtue
11 Forked Tongue
12 Little Angel
13 Mayeya
14 Manteca
15 Bahia
16 Panamanian Aire
Total : 344,48MB
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Aracruz estima prejuízo de US$ 2,13 bilhões
Créditos: Marco Aurélio Weissheimer
terça-feira, 4 de novembro de 2008
A luta de classes persiste |
Jorge Zabalza entrevistado por J. L. Berterretche, V. Loss e H. Peña. www.alquimia.org |
Quem é Jorge Zabalza? Jorge Pedro Zabalza Waksman nasceu na cidade de Minas, Uruguai, em 1943. Zabalza, “El Tambero” como é conhecido pelos movimentos sociais, foi dirigente do Movimento de Liberação Nacional Tupamaros – um dos movimentos guerrilheiros mais importantes da história da América Latina.
Zabalza esteve preso como refém no período nefasto da ditadura no Uruguai, governo de fato coincidente com todos os outros que assolaram e sacrificaram os povos da região entre os anos 70 e 80. Foi vereador de Montevidéu e exerceu a presidência da Câmara de Vereadores. Com uma posição crítica firme e uma coerência histórica incomparável, nestes tempos em que muitos dos principais dirigentes da esquerda uruguaia têm se entregado ao canto de sereia do neoliberalismo, Zabalza expressa ao Portal Desacato sua posição com ênfase e sem eufemismos inúteis. (N.R.)
DESACATO: - A quase quatro anos da experiência uruguaia com o governo progressista dá a impressão de que foi descartada tanto a reforma como a revolução. A opção parece ter sido o social-liberalismo. Que balanço você faz do governo atual?
Jorge Zabalza: - A herança que vem com a história do movimento popular constitui um mandato ético e moral que, segundo acredito, não tem sido ouvido pelo governo progressista. Há três parâmetros que dão a medida desse desconhecimento:
1) Durante o governo progressista cresceu a produção e cresceram as exportações do Uruguai, mas enquanto em 2004 a massa salarial era 30% do produto nacional, na atualidade se reduziu para 20%. Pese ao crescimento geral da riqueza, os ricos cada vez se apropriam de maior parte do bolo e os pobres cada vez recebem menos. Está comprovado que o novo imposto à renda não mexe no capital. Pode se disser que os conselhos de salário não conseguiram impedir que a redistribuição da riqueza funcionasse em favor dos que mais têm, aprofundando cada vez mais a brecha social. Fracassaram.
2) A pesar de ser verdade que há ditadores e verdugos presos, mesmo que seja em jaula de ouro, são as organizações e os advogados de Direitos Humanos os que devem manter viva a iniciativa por Verdade e Justiça. O governo progressista se limita a deixar os criminosos fora do marco protetor da lei de Caducidade ao contrário de brancos e colorados. A força política dos desaparecidos, assassinados e torturados deve ter uma atitude mais ativa e o companheiro Sr. Presidente deveria ordenar que os fiscais investiguem e processem tantos terroristas de Estado que estão soltos (o verdadeiro problema em matéria de falta de segurança). O que, pelo menos, se negaria a que as arcas do povo pagassem os advogados que os defendem a eles e aos três assassinos processados no Chile. A negativa a anular a lei de Caducidade (mesmo que com lei ou sem lei, a impunidade continue) e manter terroristas nos mandos das Forças Armadas e a Polícia, são uma mensagem clara de que os setores mais reacionários interpretam como consentimento e debilidade. Estão entreabrindo portas a futuros desmandos e golpes militares.
3) Em tempos de luta pela segunda independência da América Latina, uma luta favorecida pela recessão produtiva e a fraude financeira nos EUA, o governo progressista do Uruguai mantém uma política de muito boas maneiras com o imperialismo. Em lugar da solidariedade com os povos irmãos, uma espécie de neutralidade pela via de não tomar posições claras nos foros continentais. Se proclama que dá na mesma comerciar com deus que com o diabo, como se o comércio não tivesse nada a ver com o ideológico e o político. Contra a tradição histórica de seu movimento popular, o Uruguai está sendo o fura-greves latino-americano no conflito com os donos do mundo.
Em conclusão: em seus eixos centrais, o progressismo se limitou a uma mudança de caras no governo (mais doces que as anteriores, com mais gracejo popular) para benefício dos interesses dos mesmos privilegiados de sempre.
DESACATO – Há assuntos no país que parecem ser tabu para a grande maioria da esquerda. Um deles é o da propriedade da terra. A Frente Ampla em sua totalidade não a questiona nem nas suas palavras nem nos fatos. Isso já não é mais um problema? Raúl Sendic e os trabalhadores dos canaviais que foram os últimos que fizeram uma grande campanha pela socialização da terra, estavam equivocados?
Zabalza: - Há uma contra-reforma agrária. A propriedade da terra concentrada cada vez em menos mãos e dedicada ao cultivo da soja e o eucalipto dominados por grandes capitais transnacionais. O mono-cultivo desertifica nossos solos suaves e ondulados. O governo financia gratuitamente as caravanas e a computarização na cria de gado bovino. Mais da metade das indústrias de moinhos e frigoríficas em mãos estrangeiras… o que tem feito o governo progressista para frear o processo? Olhar pro lado e recitar versos gauchescos. Mantém-se a impunidade impositiva do latifúndio e os exportadores. Nem sequer foram anuladas as sociedades anônimas, base jurídica do grande negócio agro exportador.
DESACATO: – O outro assunto é o da constituição. Comparando-a com a constituição de 1988 no Brasil dá a impressão que como mínimo está 50 anos atrasada em termos de direitos e liberdades. A Frente Ampla com maioria absoluta nas duas câmaras coincide agora com os setores políticos tradicionais em que a constituição de Jorge Batlle é uma maravilha? E tendo em conta que muitos países da América Latina estão redefinindo suas constituições.
Zabalza: - A Constituição atual do Uruguai é produto da reforma "laranja", a mesma que amparou a escalada autoritária e repressiva de Pacheco Areco. Em 1985, os uruguaios festejamos o regresso ao regime constitucional mais favorável às classes dominantes.
DESACATO: – O que parecia impossível aconteceu: uma greve general contra o governo progressista Qual é a situação no movimento social que levou à greve?
Zabalza: - Nas bases sociais há uma surda desconformidade com sua situação econômica e social. O amortecimento progressista do conflito social segue funcionando perfeitamente e os desconformes escolherão um novo governo progressista, enganados pela demagogia de Mujica, a quem crêem equivocadamente parado à esquerda de Astori e Tabaré. Mas a luta de classes persiste em seu trabalho incessante sobre as consciências…
DESACATO: - Tendo em conta que o Uruguai é um país netamente exportador e com sua economia interna dolarizada, Há forma de prever como pode afetar o colapso financeiro global à política uruguaia?
Zabalza: - A última mentira de Astori: o Uruguai está "blindado" contra a crise mundial… não estiveram a City londrina nem Wall Street, não esteve nenhum dos grandes ladrões universais, mas o progressismo convenceu a muitos que aqui nada acontecerá. Como todos os povos do mundo, o uruguaio pagará esta gigantesca fraude que se denomina "crise".
DESACATO: – Quais seriam os caminhos para a recomposição de um programa de esquerda radical no país?
Zabalza: - A luta social.
DESACATO: - Em que estrutura devem se localizar os verdadeiros militantes de esquerda que querem de verdade a revolução?
Zabalza: - Fora de toda a merda progressista e eleitoreira.
DESACATO: - Você quer acrescentar alguma reflexão a esta entrevista?
Zabalza: - Que papel teria o parlamentarismo em um projeto deste tipo? Um parlamentar extra - frenteamplista seria um vaso de hortênsias decorando o frondoso jardim do progressismo. O debate no parlamento foi substituído pelos grandes meios de comunicação. Através deles os lutadores sociais podem conseguir maior incidência na opinião que o melhor dos deputados "radicais". Citam que Lenin, que só contava com o Iskra para difundir as idéias revolucionárias… se deve fazer a revolução com todos os instrumentos atuais e não repetindo esquematicamente análises corretas nas condições de princípios do século passado… por favor!
Versão em português: Tali Feld Gleiser, de América Latina Palavra Viva.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Omar Sosa - Sentir
01. Opening For Elegguá
02. Sucesion En Blanco
03. Rojo Changó
04. Manto Blanco
05. Toridanzón
06. Azul Yemayá
07. Oda Al Negro
08. Sister In Yellow
09. Cielo Y Mar Azules
10. Tres Notas En Amarillo
11. Rojo Y Negro
12. Eggun
13. Sentir
Total: 107,03MB
Blog da Cúpula Íbero-Americana
“Tivemos nossos recursos naturais saqueados, e a aplicação, nos últimos 20 anos, do neoliberalismo, o que foi outro saque, outro roubo. Em 2005, antes de que eu fosse presidente, a Bolívia recebia 300 milhões de dólares pela exploração dos hidrocarbonetos. No ano passado, depois da modificação na lei dos hidrocarbonetos e da nacionalização, a Bolívia recebe 2 bilhões de dólares. Como mudou a situação econômica! A partir de nossa experiência, o neoliberalismo, o sistema capitalista não é nenhuma solução em meu país”.
Créditos: Marco Aurélio Weissheimer
domingo, 2 de novembro de 2008
Como esses estúpidos selvagens chegaram a dominar Washington
Como a política nos EUA chegou a ser dominada por pessoas que fizeram da ignorância uma virtude? Num ponto isso é fácil de responder. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural e dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa.
Como muitos deste lado do Atlântico, eu fui por muitos anos encantado com a política americana. Os EUA têm as melhores universidades do mundo e atrai as mentes mais brilhantes. Domina descobertas na ciência e na medicina. Sua riqueza e seu poder dependem da aplicação do conhecimento. Ainda assim, de maneira única dentre as muitas nações desenvolvidas (com a exceção possível da Austrália), o conhecimento é uma desvantagem política grave nos EUA.
Houve exceções ao longo do século passado – Franklin Roosevelt, JF Kennedy e Bill Clinton temperaram seu intelectualismo com um toque de senso comum e sobreviveram -, mas Adlai Stevenson, Al Gore e John Kerry foram respectivamente fulminados por seus oponentes por serem membros de uma elite cerebral (como se isso não fosse uma qualificação para a presidência). Talvez o momento decisivo no colapso da política inteligente tenha sido a resposta de Ronald Reagan a Jimmy Carter, no debate presidencial de 1980. Carter – tropeçando um pouco, usando longas palavras – cuidadosamente enumera os benefícios do sistema nacional de saúde. Reagan sorri e diz: “Lá vem você de novo”. Seu próprio programa de saúde teria apavorado muitos americanos, caso tivesse sido explicado tão cuidadosamente como o fez Carter, mas ele tinha encontrado a fórmula para se prevenir de questões políticas sérias ao fazer com que seus oponentes parecessem intelectuais “engomados” que não mereciam confiança.
Não foi sempre assim. Os pais fundadores da República – Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, John Adams, Alexander Hamilton e outros – estavam entre os maiores pensadores de sua época. Eles não sentiam necessidade de tornar isso um segredo. Como o projeto por eles construído degenerou-se em George W. Bush e Sarah Palin?
Num ponto isso é fácil de responder. Políticos ignorantes são eleitos por povos ignorantes. A educação norte-americana, assim como seu sistema de saúde, é notória por seus fracassos. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural; dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa, dois terços dos votantes norte-americanos não são capazes de nomear três organizações governamentais; a competência matemática dos adolescentes de 15 anos nos Estados Unidos está em vigésimo quarto dos vinte e nove países da OECD.
Mas isso só aumenta o mistério: como tantos cidadãos norte-americanos tornaram-se tão estúpidos, e desconfiados da inteligência? Até onde li, o livro de Susan Jacoby, The Age of America Unreason [algo como A Era da des-Razão Americana], fornece uma explicação completa. Ela mostra que a degradação da política norte-americana resulta de uma série de tragédias interligadas.
Um tema é muito familiar e claro: religião – particularmente religião fundamentalista – torna você estúpido. Os EUA é o único país rico em que o fundamentalismo cristão é vasto e crescente.
Jacoby mostra que já houve uma certa lógica nesse anti-racionalismo. Durante as algumas décadas após a publicação de A Origem das Espécies, por exemplo, os americanos tinham boas razões para rejeitar a teoria da seleção natural e para tratar os intelectuais públicos com suspeita. Desde o começo, a teoria de Darwin foi misturada, nos EUA, com a filosofia brutal – agora conhecida como darwinismo social – do escritor britânico Herbert Spencer. A doutrina de Spencer, promovida na imprensa popular com o financiamento de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Thomas Edison, sugeria que os milionários estavam no topo da escala estabelecida pela evolução. Ao impedir os desajustados de serem eliminados, a intervenção governamental enfraquecia a nação. A maioria das desigualdades econômicas eram tanto justificáveis como necessárias.
O darwinismo, em outras palavras, tornou-se indistinguível da forma mais bestial do laissez-faire econômico. Muitos cristãos responderam a isso com náusea. É profundamente irônico que a doutrina rejeitada um século atrás por proeminentes fundamentalistas como William Jennings Bryan seja agora determinante para o pensamento da direita cristã. Fundamentalistas modernos rejeitam a ciência darwinista da evolução e aceitam a pseudociência do darwinismo social.
Mas há outras razões, mais poderosas, que explicam o isolamento intelectual dos fundamentalistas. Os EUA são peculiares ao delegarem o controle da educação a autoridades locais. Ensinar nos estados do sul era ser dominado por uma elite aristocrática e ignorante de donos de terras, e um grande abismo educacional foi aberto. “No sul”, escreve Jacoby, “só o que pode ser descrito é que um bloqueio intelectual foi imposto para manter do lado de fora idéias que pudessem ameaçar a ordem social”.
A Convenção Batista do Sul, agora a maior congregação religiosa dos EUA, era para a escravidão e a segregação o que a Igreja Reformada Holandesa (Dutch Reformed Church) era para o apartheid na África do Sul. Ela fez mais do que qualquer força política para manter o sul estúpido. Nos anos 60 tentou disseminar a desagregação estabelecendo um sistema privado de escolas e universidades cristãs. Hoje, um estudante pode ir do jardim da infância até o mais alto grau de estudos sem qualquer exposição ao ensino secular. As crenças batistas do sul também passam imunes ao sistema de escola pública. Uma enquete feita por pesquisadores na Universidade do Texas em 1998 revelou que um em cada quatro professores de biologia das escolas do estado acreditavam que humanos e dinossauros viveram na Terra ao mesmo tempo.
Essa tragédia vem sendo assistida pela fetichização americana da auto-educação. Apesar de seu lamento por sua falta de educação formal, a carreira de Abraham Lincoln é repetidamente citada como evidência de que a boa educação fornecida pelo estado não é necessária: tudo de que se precisa para ter sucesso é determinação e individualismo vigoroso. Isso pode ter servido bem para as pessoas quando os genuínos movimentos de auto-educação, como o que se construiu em torno dos Little Blue Books na primeira metade do século XX estiveram em voga. Na era do info-entreternimento (1), esse tipo de coisa é receita para a confusão.
Além da religião fundamentalista, talvez a razão mais potente para o combate dos intelectuais na eleição seja que o intelectualismo tem sido equiparado à subversão. O breve flerte de alguns pensadores com o comunismo há muito tempo atrás tem sido usado para criar uma impressão na mente do público de que todos os intelectuais são comunistas. Quase todo dia homens como Rush Limbaugh e Bill O'Reilly vociferam contra as “elites liberais” que estão destruindo a América.
O espectro das grandes cabeças alienígenas subversivas foi crucial para a eleição de Reagan e de Bush. Uma elite intelectual genuína – como os neocons (alguns deles ex-comunistas) em torno de Bush – deu o tom dos conflitos políticos como uma batalha entre americanos comuns e bem sucedidos e super-educados pinkos (2). Qualquer tentativa de desafiar as idéias da elite intelectual da direita tem sido atacada, com sucesso, como sendo elitismo.
Obama tem muito a oferecer aos EUA, mas nada disso vai parar se ele vencer. Até que os grandes problemas do sistema educacional sejam revertidos ou que o fundamentalismo religioso perca sua força, haverá oportunidade política para que gente como Bush e Palin ostentem sua ignorância.
Publicado originalmente no Guardian, em 28 de outubro de 2008
O artigo também está publicado na página de George Monbiot
(1) Neologismo usado pelo autor (infotainment), que resulta da junção das palavras informação com entreternimento. N.deT.
(2) Pinko é um termo pejorativo criado pela direita norte-americana para designar intelectuais supostamente comunistas ou simpáticos ao comunismo que, contudo, não são militantes partidários. A palavra pinko deriva do nome da cor rosa, em inglês – pink -, que resulta da mistura do vermelho com o branco. Pinko seria uma forma light de comunismo, assumida supostamente por aqueles “intelectuais” que não pretendem ser associados diretamente ao comunismo. Termo aparece pela primeira vez, segundo a Wikipédia, em 1926, no semanário Time. N.deT.
Tradução: Katarina Peixoto
"História dos árabes"...
Registros ingleses e israelenses… da história dos árabes*
ROBERT FISK - Blog do Bourdoukan
Às costas de Assad, estão os arquivos da correspondente ditadura. Mas são documentos secretos e nem uma folha impressa é acessível aos cidadãos sírios. Não há arquivos do ministério de relações exteriores, nem interiores, nem do ministério da defesa. Não há cláusula que proíba publicar alguma coisa por 30 anos. Há proibição eterna. Não há Arquivo Nacional no mundo árabe, nem há pesquisadores esperando para entrar em algum Arquivo Nacional em país árabe.
É assim no Cairo, em Riad, em Beirute e em Trípoli. Ditaduras e califados zelam pelos próprios segredos.
O único país do Oriente Médio no qual é possível consultar arquivos nacionais públicos atende pelo nome de Israel – e bom para os israelenses. Mas o resultado é óbvio. Pesquisadores israelenses tem podido desconstruir a história tradicional da pequena Israel – provando que jamais houve rádios árabes que mandassem os palestinos deixar a própria terra, que os árabes foram sim, expulsos de suas cidades, por métodos de limpeza étnica, pelos grupos Irgun e Hagana.
Mas não há pesquisador árabe que possa responder à propaganda, com argumentos coletados dos arquivos de história árabe. Quem queira tentar, tem de ir aos Arquivos Nacionais em Londres, e ler os despachos, de 1948, enviados da Palestina, pelo General Cunningham; ou tem de citar historiadores israelenses. E acabaram-se as fontes. Se não se contam as biografias autolouvatórias de ditadores e generais árabes, o que há está em Londres. Mesmo os pesados volumes escritos por Walid Khalidi sobre as cidades palestinas destruídas dependem, completamente, da pesquisa do historiador israelense Benny Morris.
Lentamente, contudo, começa a acumular-se na Região uma pequena bagagem de referência histórica. Se não há como conhecer os documentos privados dos líderes do lamentável Exército Árabe de Libertação de 1948, pode-se pelo menos, ainda, ouvir o depoimento dos sobreviventes palestinos.
Rosemarie Esber, por exemplo, deu bom uso aos saberes que obteve nas universidades de Londres e Johns Hopkins e entrevistou, na Jordânia e no Líbano, 126 homens e mulheres palestinos que perderam casas e terras em 1948 e 1949. Seu livro, Under the Cover of War [Sob a camuflagem da guerra] ajuda a equilibrar o que narrem documentos e diários de um lado, com história oral recolhida do outro lado. O livro não poupa os árabes – não, pelo menos, os árabes que cometeram atrocidades ou os voluntários iraquianos que se apresentaram para defender a Palestina, sem nada saber da geografia do país – mas, mesmo assim, o sofrimentos dos que tiveram de fugir está registrado.
Por exemplo, a fala de Abu Mohamed, da vila de Saquiia, leste de Telaviv, contando o que aconteceu dia 25/4/1948: "Os judeus entraram na cidade e começaram a atirar em mulheres, homens e velhos. Prenderam as meninas e até hoje não se sabe o que aconteceu a elas. Vieram da colônia que havia perto da vila... Usavam armas Bren [1]. Os tanques estacionaram no centro da vila. Naquele dia, morreram 14. Duas mulheres não conseguiram correr e foram mortas na vila... As pessoas correram juntas na direção de al-Lid (Lod, onde, na Israel atual, está o aeroporto Ben Gurion). Depois, as famílias correram separadas... Deixamos tudo o que tínhamos. Imaginamos que seria por pouco tempo e que poderíamos voltar."
No Líbano também floresce um comércio de livros baseados em diários e arquivos pessoais. Um dos mais intrigantes é A Face in the Crowd: The Secret Papers of Emir Farid Chehab, 1942-1972 [Um rosto na multidão: Os papéis secretos de Emir Farid Chehab], com os documentos privados do chefe do serviço de inteligência do Líbano, imediatamente depois da II Guerra Mundial. Além de demonstrar que as relações Síria-Líbano podiam ser tão ruins nos anos 40 quanto nos anos 90, aprende-se ali que Chehab foi espião ativo, cujos agentes na Jordânia, em 1956, trabalharam para descobrir por que o jovem Rei Hussein demitiu o comandante britânico da Legião Árabe, Glubb Pasha. "Glubb gastava mal, controlava com mão de ferro as finanças do Exército e as despesas secretas, e recusava-se a partilhar informação relevante com os oficiais e comandantes árabes", escreveu um informante que permanece incógnito, em carta para Chehab, dia 11/3/1956.
"[Glubb] interferia em tudo, [controlava até] as linhas telefônicas de vários ministérios. Um telefonista que trabalha em Aman admitiu para mim que até as redes de comunicação do Palácio e do Primeiro-ministro eram controladas pelo exército. Um comunicado secreto emitido por Glubb para todos os chefes de unidades britânicas foi descoberto recentemente; dizia que, em caso de ataque israelense os britânicos deveriam retirar-se sem resistência. Oficiais independentes levaram esse comunicado ao Rei." Então, adeus, Glubb Pasha.
Mas teria isso algo a ver, talvez, com a também secreta "Operation Cordage", citada pela primeira vez por Keith Kyle em seu excelente livro sobre Suez, e ainda mais rigorosamente investigada por Eric Grove da Universidade Salford? "Cordage" foi o plano inglês para defender seu aliado jordaniano, no caso de Israel atacar o Egito. O plano, segundo Grove, incluída "campanha aérea conduzida pelos Venoms (ingleses, da RAF) das bases de Aman e Mafraq na Jordânia, para destruir a Força Aérea israelense em 72 horas... A Alemanha colaborará com uma esquadrilha de aeronaves (Sabres ou Hunters) operada a partir de Chipre..." Uma brigada de pára-quedistas seria levada à Jordânia para defender as bases aéreas britânicas e, assim – junto com a Legião Árabe de Glubb –, também para defender Amã contra os israelenses. Hussein demitiu Glubb no final de fevereiro de 1956; porque Glubb, na formulação diplomática de Grove, "criara problemas". Então… o quanto Glubb sabia sobre a "Operation Musketeer"?
O que realmente criara "problemas", é claro, foi o próprio plano secreto dos ingleses de atacar o Egito, com França e Israel, depois do quê teve início a "Operation Musketeer" – o ataque a Suez –, a partir da "Operation Cordage", e os israelenses, inimigos potenciais dos britânicos… repentinamente tornaram-se seus aliados secretos. Mas isso, é claro, é o que se lê nos arquivos britânicos. Desgraçadamente, ainda passarão muitos anos antes de que se saiba o que Assad lê, ali, na calçada de sua biblioteca em Damasco, naquele livro de ferro.
© The Independent, UK, em http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/
robert-fiskrsquos-world-arabs-have-to-rely-on-britain-and-israel-for-their-history-981765.html
[1] Armas Bren eram metralhadoras leves, que os ingleses usaram dos anos 30 até 1991. A palavra "Bren" é formada com as duas primeiras letras de "Brno", cidade tcheca onde as armas eram desenhadas, e de "Enfield", cidade inglesa onde as armas eram fabricadas (na British Royal Small Arms Factory) (da Wikipedia, em http://en.wikipedia.org/wiki/Bren_gun).
sábado, 1 de novembro de 2008
Reflexões de Fidel
CHÁVEZ falou em Zúlia do "camarada Sarkozy", e o disse com certa ironia, mas sem ânimo de o ferir. Antes pelo contrário, quis reconhecer sua sinceridade quando, em sua condição de presidente rotativo da Comunidade de Países Europeus, falou em Beijing.
Ninguém proclamava o que todos os líderes europeus conhecem e não confessam: o sistema financeiro atual não presta e é preciso mudá-lo. O presidente venezuelano exclamou com franqueza:
"É impossível voltar a fundar o sistema capitalista, seria como uma tentativa de colocar a navegar o Titanic depois que está no fundo do Oceano."
Na reunião da Associação de Nações Européias e Asiáticas, em que participaram 43 países, Sarkozy fez confissões notáveis, segundo os telexes:
"O mundo vai mal, encara uma crise financeira sem precedentes por sua magnitude, rapidez, violência, e suas conseqüências sobre o meio ambiente põem em causa a sobrevivência da humanidade: 900 milhões de pessoas não têm os meios para se alimentarem.
"Os que participamos desta reunião representamos dois terços da população do planeta e metade de suas riquezas; a crise financeira começou nos Estados Unidos, mas é mundial e a resposta deve ser mundial."
"O lugar para uma criança de 11 anos não é a fábrica, mas a escola".
"Nenhuma região do mundo tem lição para dar a alguém." Uma clara alusão à política dos Estados Unidos.
No final recordou perante as nações da Ásia o passado colonizador da Europa nesse continente.
Se Granma tivesse subscrito essas palavras, diriam que se tratava de um clichê da imprensa oficial comunista.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse em Beijing que não se podia "prever a entidade e duração da crise financeira internacional em curso. Trata-se, nem mais nem menos, da criação de uma nova carta constitutiva das finanças." Nesse mesmo dia foram divulgadas notícias que revelam a incerteza geral desatada.
Na reunião de Beijing, os 43 países da Europa e da Ásia acordaram que o FMI deveria ter um papel importante assistindo os países gravemente afetados pela crise, e apoiaram uma reunião de cúpula inter-regional na busca da estabilidade a longo prazo e do desenvolvimento da economia do mundo.
O presidente do governo espanhol, Rodríguez Zapatero, declarou que "existia uma crise de responsabilidade em que uns poucos se enriqueceram e a maioria se está empobrecendo", que "os mercados não confiam nos mercados". Fez um apelo para os países fugirem do protecionismo, convencido de que a concorrência faria com que os mercados financeiros jogassem seu papel. Ainda não foi oficialmente convidado à Cúpula em Washington pela atitude rancorosa de Bush, que não lhe perdoa a retirada das tropas espanholas do Iraque.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, apoiou sua advertência sobre o protecionismo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pela sua vez, reunia-se com eminentes economistas para tratar de evitar que os países em desenvolvimento sejam as principais vítimas da crise.
Miguel D’Escoto, ex-ministro de Relações Exteriores da Revolução Sandinista e atual presidente da Assembléia Geral da ONU, demandava que o problema da crise financeira não fosse discutido no G-20 entre os países mais ricos e um grupo de nações emergentes, mas nas Nações Unidas.
Existem desacordos acerca do lugar e da reunião onde deve ser adotado um novo sistema financeiro que ponha fim ao caos e a ausência total de segurança para os povos. Existe grande temor de que os países mais ricos do mundo, reunidos com um grupo reduzido de países emergentes golpeados pela crise financeira, aprovem um novo Bretton Woods ignorando o resto do mundo. O presidente Bush declarou ontem que "os países que discutirão aqui, no mês próximo, sobre a crise global também devem voltar a se comprometerem com os fundamentos do crescimento econômico a longo prazo: mercados livres, livre empresa e livre comércio."
Os bancos emprestavam dezenas de dólares por cada dólar depositado pelos poupadores. Multiplicavam o dinheiro. Respiravam e transpiravam por todos os poros… Qualquer contração os conduzia à falência ou à absorção por outros bancos. Era preciso salvá-los, sempre a custa dos contribuintes. Fabricavam enormes fortunas. Seus privilegiados acionistas majoritários podiam pagar qualquer quantidade por qualquer coisa.
Shi Jianxun, professor da Universidade de Tongui, Shanghai, declarou em um artigo que publicou na edição exterior do Diário do Povo, que "a crua realidade tem levado a pessoas, no meio do pânico, a repararem que os Estados Unidos têm utilizado a hegemonia do dólar para pilhar as riquezas do mundo. Urge mudar o sistema monetário internacional baseado na posição dominante do dólar."
Com poucas palavras explicou o papel essencial das moedas nas relações econômicas internacionais. Assim vinha acontecendo há séculos entre a Ásia e a Europa: lembremos que o ópio foi imposto a China como moeda. Disso falei quando escrevi "A vitória chinesa".
Nem sequer prata metálica, com a qual pagavam inicialmente os espanhóis desde sua colônia nas Filipinas os produtos adquiridos na China, desejavam receber as autoridades desse país, porque se desvalorizava progressivamente devido a sua abundância no chamado Novo Mundo recém conquistado pela Europa. Até vergonha sentem hoje os governantes europeus pelas coisas que impuseram a China durante séculos.
As atuais dificuldades nas relações de intercâmbio entre esses dois continentes devem se resolver, segundo o critério do economista chinês, com euros, libras, ienes e iuanes. Não há dúvidas que a regulação razoável entre essas quatro moedas ajudaria o desenvolvimento de relações comerciais justas entre a Europa, a Grã-Bretanha, o Japão e a China.
Estariam incluídos nesse contexto o Japón e a Alemanha ―dois países produtores de sofisticados equipamentos de tecnologia avançada, tanto para a produção quanto para os serviços―, e o maior motor em potência da economia do mundo, a China, com ao redor de 1 400 milhões de habitantes e mais de 1,5 milhões de milhões de dólares em suas reservas de divisas convertíveis, que são em sua maioria dólares e bônus do Tesouro dos Estados Unidos. Segue-lhe o Japão, com quase as mesmas cifras de reservas em divisas.
Na atual conjuntura, incrementa-se o valor do dólar pela posição dominante dessa moeda imposta à economia mundial, justamente assinalada e rejeitada pelo professor de Shanghai.
Grande número de países do Terceiro Mundo, exportadores de produtos e matérias-primas com pouco valor agregado, somos importadores de produtos de consumo chineses, que soem ter preços razoáveis, e equipamentos do Japão e da Alemanha, os quais são cada vez mais caros. Mesmo quando a China tem tentado que o iuane não fique sobrevalorizado, como demandam sem cessar os ianques para protegerem suas indústrias da concorrência chinesa, o valor do iuane se incrementa e o poder aquisitivo de nossas exportações diminui. O preço do níquel, nosso principal produto de exportação, cujo valor atingiu mais de 50 mil dólares a tonelada não há muito tempo, nos últimos dias apenas ultrapassava os 8 500 dólares por tonelada, isto é, menos de 20 % do preço máximo alcançado. O do cobre se reduziu a menos de 50%; assim sucessivamente acontece com o ferro, alumínio, estanho, zinco e todos os minérios indispensáveis para um desenvolvimento sustentável. Os produtos de consumo, como café, cacau, açúcar e outros, para além de todo sentido racional e humano, em mais de 40 anos apenas incrementaram seus preços. Por isso, há bem pouco tempo eu advertia igualmente que, como conseqüência de uma crise que estava ao virar da esquina, os mercados se perderiam e o poder aquisitivo de nossos produtos se reduziria consideravelmente. Nessa circunstância, os países capitalistas desenvolvidos sabem que suas fábricas e serviços se paralisam, e só a capacidade de consumo de grande parte da humanidade já nos índices de pobreza, ou por debaixo deles, poderia mantê-los funcionando.
Esse é o grande dilema que coloca a crise financeira e o perigo de que os egoísmos sociais e nacionais prevaleçam por em cima das vontades de muitos políticos e estadistas angustiados perante o fenômeno. Não têm a menor confiança no próprio sistema do qual surgiram como homens públicos.
Quando um povo deixa atrás o analfabetismo, sabe ler e escrever, e possui um mínimo indispensável de conhecimentos para viver e produzir honradamente, faltar-lhe-ia vencer ainda a pior forma de ignorância em nossa época: o analfabetismo econômico. Só assim poderíamos saber o que está acontecendo no mundo.
1900 DE BERTOLUCCI - 1976
Créditos: Stirner - F.A.R.R.A.
Informações Técnicas
Direção: Bernardo Bertolucci
Produção: Alberto Grimaldi
Fotografia: Vittorio Storaro
Trilha Sonora: Ennio Morricone
Título no Brasil: 1900 de Bertolucci
Título Original: Novecento / 1900
País de Origem: Itália / França / Alemanha
Gênero: Drama/Épico
Tempo de Duração: 315 minutos
Ano de Lançamento: 1976
Áudio: Italiano
RMVB Legendado
Cor
Elenco
Robert De Niro ... Alfredo Berlinghieri
Gérard Depardieu ... Olmo Dalco
Dominique Sanda ... Ada Fiastri Paulhan
Francesca Bertini ... irmã Desolata
Laura Betti ... Regina
Werner Bruhns ... Ottavio Berlinghieri
Stefania Casini ... Neve
Sterling Hayden ... Leo Dalco
Anna Henkel ... Anita
Ellen Schwiers ... Amelia
Alida Valli ... Signora Pioppi
Romolo Valli ... Giovanni
Bianca Magliacca
Giacomo Rizzo ... Rigoletto
Pippo Campanini ... Don Tarcisio
Burt Lancaster
Donald Sutherland
O filme faz uma retrospectiva histórica da Itália desde o início do século 20 até o fim da Segunda Guerra Mundial, focando as vidas de duas pessoas: Olmo (Gérard Depardieu), filho bastardo de camponeses, e Alfredo (Robert De Niro), herdeiro de uma rica família de latifundiários. Apesar da amizade desde a infância, a origem social fala mais alto e os coloca em pólos política e ideologicamente antagônicos. O pano de fundo é o intenso cenário político da época, com o fortalecimento do fascismo e, em oposição, as lutas trabalhistas ligadas ao socialismo.
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