O Governo Mundial
(Segunda Parte)
(Extraído do
CubaDebate)
“O á-bê-cê do tráfico de drogas”
“O
ópio é cultivado em diversas regiões do mundo:
América do Sul, Triângulo de Ouro de Laos, Burma e
Tailândia, Afeganistão, Paquistão e Ásia Central,
numa zona conhecida como a Meia Lua Dourada. A
imensa maioria das amapolas de ópio crescem numa
estreita zona montanhosa de aproximadamente seis mil
quilômetros, que abrange do sul da Ásia à Turquia,
passando pelo Paquistão e Laos.”
“Neste momento, é claro que os bilderbergers não se
encarregam pessoalmente de transportar as drogas nem
de lavar o dinheiro dos benefícios. A CIA se
encarrega disso…”
“…Neil Clark aponta o seguinte: ‘Soros está
aborrecido não com os objetivos de Bush ―estender a
Pax Americana e fazer com que o mundo seja mais
seguro para capitalistas globais como ele―, mas com
a grosseira maneira de Bush para consegui-lo.”
“‘O
Plano Marshall proposto para os Bálcãs é uma ilusão
[…] Financiado pelo Banco Mundial e pelo Banco
Europeu de Desenvolvimento (EBRD), bem como por
credores privados, beneficiará principalmente as
empresas mineiras, petroleiras e construtoras, e
inchará a dívida externa até bem adiantado o
terceiro milênio.”
“Intervenção militar da OTAN”
“A
consolidação do poder da OTAN no sul da Europa e no
Mediterrâneo constitui também um passo para a
ampliação do campo de influência geopolítica do
Bilderberg, além dos Bálcãs, para a área do mar
Cáspio, Ásia Central e Ásia Ocidental.”
“O fantasma de Travis”
“Na
primeira semana de novembro de 1999, recebi o que em
princípio parecia ser um cartão postal enviado de
Ladispol, um povoado na região do Lazio, Roma, na
costa mediterrânea.”
“Em
30 de março de 1980, foi a data em que saímos
oficialmente da União Soviética. Enquanto estivemos
na Itália, alojamo-nos em Ladispol, um lugarejo que
seria o nosso lar durante o ano seguinte.”
“Saí
para a rua. Chuviscava. Duas criancinhas pulavam e
chapinhavam encantados, de charco em charco,
deixando as marcas dos sapatos nas calçadas.
Atravessei a elegante rua sob os grandes nimbos e
abri a porta do pub da esquina da minha casa. 29 de
novembro de 1999. Que diabo significava tudo isso?
Voltei a ler o texto. ‘Estou passando bem. Tomara
que você estivesse aqui’. Assinado: Fashoda. Que
diabo era esse cara?”
“‘Fashoda não é uma pessoa, mas um lugar!’ Podia
sentir como batia o meu coração. 29 de novembro de
1999 […] De repente, me endireitei no assento.
‘Fashoda, Travis Read!!!’.”
“Travis era um malandro que eu conheci durante a
reunião do Clube Bilderberg em King City em 1996.
Era uma trombadinha, indisciplinado e detestável […]
Travis era propenso a ser preso e, quase com a mesma
rapidez, a ser libertado.”
“Como soube mais tarde, Travis Read se converteu em
delinqüente para trabalhar com os delinqüentes.”
“Foi
enviado para o Sudão por contatos que trabalhavam
tanto para a CIA quanto para a Polícia Nacional do
Canadá, a RCMP […] Nunca foram revelados os
pormenores de sua viagem ao Sudão, mas, ao igual que
em 1899, esse lugar deixado da mão de Deus atraía os
caras mais impróprios pelos motivos mais próprios.”
“‘Se
Travis quiser me ver, então isto vai se tornar uma
grande bagunça’, disse para os meus botões.”
“Devo admitir que quando as coisas se saíam mal,
sempre confiava nos antigos funcionários soviéticos.
Algo intrínseco neles fazia com que não confiassem
no Ocidente e não se deixavam facilmente comprar, ao
contrário do que os jornais de massas e as
informações de imprensa desejam fazer crer.”
“Não
eram esse tipo de pessoa que a gente gostaria trair.
Eu sabia que estava a salvo com eles. Meu avô havia
arriscado sua própria vida no início da década de
1950 para salvar a vida dos pais destes homens,
agentes do KGB…”
“Em
27 de novembro, na última hora da tarde, tocou meu
celular. Era Travis. Estava alojado em algum antro
da periferia de Roma.”
“—Piazza della Repubblica, às 17h30 — interrompi-o.”
“—Eu
ponho as regras — vociferou Travis.”
“—Você quer a informação ou não? — perguntou
Travis.”
“—Não o suficiente como para que me matem — disse eu
friamente.”
“Travis não assistiu à reunião. Ao redor das 20h30,
encaminhamo-nos rapidamente para a residência dele,
se pode ser chamada assim, pistolas na mão. O antro,
de uma peça só, havia sido totalmente saqueado.
Mesmo assim, não tinha indício de lutas nem manchas
de sangue nem o cadáver de Travis Read. Pelo que
sei, nunca mais se ouviu falar nele.”
“De
vez em vez, o fantasma de Travis aparece nos cantos
mais profundos de minha memória, uma lembrança
mórbida da fragilidade e da falibilidade do espírito
humano.”
Assim conclui Estulin o capítulo 3.
“CAPÍTULO
4”
“Bilderberg e a guerra secreta no Afeganistão”
“As
causas pelas quais estouram as guerras se enraízam
na ideologia refletida nos livros de texto
escolares: as nações vão à guerra por períodos de
tempo terrivelmente longos, fundamentando-se em
mentiras, como o demonstrou a Primeira Guerra
Mundial e cada um dos conflitos do século 20.”
“O
famoso historiador Edmund Morgan escreveu o
seguinte: ‘A história nunca se repete. Os que não
sabem dos detalhes acreditam nisso’.”
“A
bacia do mar Cáspio e a Ásia Central são as chaves
da energia no século 21. Duas terceiras partes das
reservas de petróleo se encontram naquela região […]
‘A América quer que a região esteja sob o total
domínio estadunidense’, segundo afirma James Donan
num artigo publicado na revista comercial Oil &
Gas Journal, em 9 de outubro de 2001.”
“‘…Madeleine Albright [nesse momento, secretária de
Estado sob a administração Clinton e uma das pessoas
responsáveis pela guerra de Kosovo] concluiu que
'trabalhar para modelar o futuro da área é uma das
coisas mais apaixonantes que podemos fazer'’,
segundo informa o número de maio de 1998 da revista
Time.
“A
guerra do Golfo permitiu que o Pentágono
estabelecesse numerosas bases militares na Arábia
Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em outros
lugares.”
“Como foi documentado pelo professor Michel
Chossudovsky no War and Globalization, a
aliança GUUAM (Geórgia, Ucrânia, Uzbequistão,
Azerbaijão, Moldávia) formada pela OTAN em 1999,
está sobre o bojo da riqueza caspiana de petróleo e
de gás. Fundamental em GUUAM é a Geórgia, um Estado
cliente dos Estados Unidos, onde Mikhail Saakashvili
demitiu como presidente o ex-ministro de Assuntos
Exteriores soviético, Eduard Shevardnadze, mediante
um golpe de Estado amanhado pelos americanos e
apresentado como uma revolta popular e espontânea.”
“Segundo Project Underground […] antigos membros dos
sovietes, do KGB e do Bureau Político se aproveitam
da riqueza do petróleo, junto a «uma coleção
formidável de importantes figuras da Guerra Fria,
procedentes, principalmente, do gabinete de George
[H. W.] Bush». Os jogadores são os antigos
conselheiros de Reagan, Bush e Clinton, como James
Baker III (ex-secretário de Estado da administração
Bush pai), Dick Cheney (vice-presidente) e John
Sununu (ex-chefe de pessoal da Casa Branca).”
“…Peter Sutherland (da British Petroleum), a rainha
Elizabeth II da Inglaterra (acionária principal da
British Petroleum, cabeça do Comitê dos 300), que
estão lutando pelo controle sobre os recursos
petroleiros e os corredores dos oleodutos que saem
da bacia do mar Cáspio. Em 1998, após uma reunião
secreta do Clube Bilderberg na Escócia, informei nos
meios independentes que a OTAN, executando as
ordens do Clube que a fundou, deu luz verde à Rússia
para bombardear a Tchechênia, sabendo que com isso
aumentariam ainda mais as hostilidades entre esses
dois países, cujo ódio mútuo tem mais de trezentos
anos.”
“O
oleoduto afegão não era simplesmente um negócio, mas
um componente fundamental de uma agenda
geoestratégica mais ampla: controle militar e
econômico total da Eurásia (Oriente Médio e as
antigas Repúblicas soviéticas da Ásia Central).
George Monbiot o confirmava no The Guardian,
em 23 de outubro de 2001: ‘O petróleo e o gás não
têm nenhum valor se não são deslocados. A única rota
que tem sentido tanto político quanto econômico é
através do Afeganistão...’.”
“Depois da queda da União Soviética, a companhia
petrolífera argentina Bridas, dirigida por seu
ambicioso presidente, Carlos Bulgheroni, foi a
primeira empresa em explorar os jazigos petrolíferos
de Turcomenistão, onde se encontram umas das maiores
reservas de gás natural do mundo […] O Afeganistão é
a rota mais curta no caminho ao golfo para
transportar os recursos de gás do Turcomenistão e
Uzbequistão, da Ásia do Norte Central e da Ásia
Ocidental Central.”
“Com
grande consternação para a companhia Bridas, UNOCAL
se dirigiu diretamente aos líderes regionais com sua
própria oferta. UNOCAL formou seu próprio consórcio
concorrente, dirigido pelos Estados Unidos,
patrocinado por Washington, que incluía Delta Oil da
Arábia Saudita, junto ao príncipe saudita Abdullah e
ao rei Fahd.”
“Segundo Ahmed Rashid, ‘a verdadeira influência de
UNOCAL sobre os talibãs está baseada em que seu
projeto tinha a possibilidade de ser reconhecido
pelos Estados Unidos, algo que os talibãs queriam
garantir a qualquer preço. […] Na primavera de 1996,
executivos de UNOCAL levaram o líder uzbeque, o
general Abdul Rashid Dostum (um assassino de massas,
responsável pelo massacre de Dasht-i-Leili em
dezembro de 2001, quando centenas de prisioneiros
talibãs foram propositadamente asfixiados em
contêineres metálicos, enquanto eram levados por
soldados norte-americanos e da Aliança do Norte para
a prisão de Kunduz, Afeganistão) a Dallas para
debater a instalação do oleoduto em seus territórios
do norte, controlados pela Aliança do Norte.”
“A
concorrência entre UNOCAL e Bridas, conforme é
descrita por Rashid, ‘começou a refletir a
concorrência dentro da família real saudita’. Em
1997, funcionários talibãs foram duas vezes a
Washington e a Buenos Aires para serem agasalhados
por UNOCAL e Bridas.”
“Mais uma vez, a violência mudaria o curso dos
acontecimentos. Em resposta ao bombardeamento das
embaixadas estadunidenses em Nairobi e Tanzânia
(atribuído a Ossama bin Laden, embora, segundo
fontes de Inteligência francesas, o atentado fosse
um trabalho do Mossad israelita), o presidente Bill
Clinton disparou mísseis de cruzeiro contra uma loja
vazia no Afeganistão e no Sudão, em 20 de agosto de
1998. A administração, então, cortou relações
diplomáticas com os talibãs e as Nações Unidas
impuseram sanções.”
“O
resto de tempo da presidência de Clinton não houve
reconhecimento oficial ao Afeganistão por parte dos
Estados Unidos nem das Nações Unidas. E nenhum
avanço no tema do oleoduto.”
“Naquele tempo, George W. Bush entrou na Casa
Branca.”
“Durante os meses finais da administração Clinton,
os talibãs eram oficialmente um grupo terrorista.
Depois de quase uma década de competição feroz entre
o consórcio UNOCAL-CentGas, apoiado pelos Estados
Unidos e Bridas da Argentina, nenhuma empresa havia
chegado a um acordo para construir um oleoduto no
Afeganistão […] George W. Bush reatou as relações
com os talibãs. Não é para supreender, visto que, em
1998 e em 2000, o ex-presidente George H. W. Bush
foi à Arábia Saudita em nome da empresa privada
Carlyle Group, o undécimo maior empreiteiro de
Defesa nos Estados Unidos, onde se reuniu em privado
com a família real saudita e com a família de Ossama
bin Laden, conforme a edição de 27 de setembro de
2001, do The Wall Street Journal.”
“Num
dos episódios mais surrealistas e kafkianos dos
acontecimentos prévios a 11-S, o The Washington
Post cita Milt Bearden, agente da CIA, que
ajudou a estabelecer os mujahedin afegãos,
lamentando o fato de que os Estados Unidos não
tomaram tempo para entender os talibãs, quando
afirmou: ‘Nunca ouvimos o que eles tentavam nos
dizer […]. Não falávamos uma língua comum. Nós
falávamos 'entregai Bin Laden'. Eles diziam: Façam
alguma coisa para nos ajudar a entregá-lo'’. Porém,
há muito mais.”
“De
fato, a relação entre a administração Bush e o
‘terrorista’ e líder da Al-Qaeda, Ossama bin Laden,
nunca foi melhor.”
“A
evidência de que a guerra no Afeganistão, onde a
avareza multinacional se mistura com a avareza e a
crueldade dos grandes do petróleo (BP, Shell, Exxon,
Mobil, Chevron, etc.) é simplesmente irrefutável.
Assusta pensar que um canto deixado da mão de Deus,
controlado por terroristas, possa se tornar um ponto
onde se combinam os interesses da administração
Bush, Bridas, UNOCAL, CIA, dos talibãs, Enron,
Arábia Saudita, Paquistão, Irão, Rússia e Índia.”
Sob
a epígrafe Um vaqueiro na Casa Branca,
Daniel Estulin assinala que:
“Bush formou seu gabinete com personagens da
indústria da energia com estreitos vínculos na Ásia
Central (Dick Cheney, de Halliburton; Richard
Armitage, de UNOCAL; Condoleeza Rice, de Chevron) e
chegou ao poder, graças à generosidade das
corporações com direitos adquiridos na região, como
a Enron.”
“A
participação da família Bush na política petroleira
do Oriente Médio e da Ásia Central e seus vínculos
profundos com a família real saudita e a família Bin
Laden existem há várias gerações.”
“Como
os membros do Bilderberger criaram a guerra do Yom
Kippur com o objetivo de internacionalizar o
petróleo.”
“…Os
membros do Bilderberg não deixam nenhuma ponta
solta. Não trabalham com um plano quinquenal.
Planejam a mais longo prazo. No início dos anos
setenta, prepararam um plano B, um plano de partilha
do petróleo, que incluía os Estados Unidos e mais
onze importantes países industrializados,
estabelecendo um mecanismo sob o qual Allen sustenta
o seguinte: ‘O petróleo produzido no interior dos
Estados Unidos pela primeira vez na história
americana será partilhado e destinado, se houver
outro embargo do petróleo do Oriente Médio’.”
Epílogo do capítulo 4.
“A
‘prova’ de 1973, preparada pelos membros do
Bilderberg, demonstra claramente que o petróleo será
utilizado como arma de controle. O que aconteceu em
1973 alertou ‘a população estadunidense e
demonstrou-lhe quanto controle os governos
estrangeiros e as corporações multinacionais podiam
exercer sobre a nação’, escreve David A. Rivera em
Final Warning:
A History of the New World Order.”
No
capítulo 5 se aborda:
“MATRIX:
Bases de Dados e Programa de Conhecimento Total de
Informação”
“Em
geral, é muito mais simples chegar a um acordo
quando não há ouvintes. Não é uma questão de
secretos, mas da capacidade de agir de uma maneira
mais eficaz.”
NEIL
KINNOCK: comissário da União Europeia e membro do
Bilderberg
“O
Programa de Conhecimento Total de Informação (Total
Information Awareness,TIA) do Pentágono é um sistema
que parte de uma frase codificada e implica a
dissolução gradual das prezadas liberdades
individuais da América defendidas pela Constituição
a favor de um Estado global, totalitário. A maior
parte dos pormenores deste gigantesco sistema de
espionagem continua sendo um mistério. Depois dos
atentados de 11 de setembro de 2001, o TIA se tornou
uma rede de vigilância que é ‘representativa de uma
tendência maior aparecida nos Estados Unidos e na
Europa: o fluxo aparentemente inexorável para uma
sociedade sob vigilância’.”
“O
eixo principal da rede de Vigilância Total é uma
nova e extraordinária modalidade denominada
«mineração de dados» ou descoberta de conhecimento,
que supõe a extração automatizada de informação
preditiva oculta a partir de bases de dados.”
“Pondo em prática uma capacidade incomparável para
processar bilhões de registros por segundo, Accurint
compilou o maior registro de dados de contato
acessível do mundo. Accurint procura mais de 20
bilhões de registros que cobrem desde mudanças
recentes até direções antigas que remontam a mais de
30 anos atrás.”
“…quando lhes foi solicitada mais informação, os
responsáveis da empresa se negaram a revelar
detalhes mais específicos sobre a natureza e as
fontes dos dados.”
“Segundo Christopher Calabrese, do Conselho do
Programa de Tecnologia e Liberdade da União de
Liberdades Civis Americana, ‘Matrix […] converte
cada estadunidense num suspeito’.”
“A
Associated Press revelou que, em janeiro de
2003, o governador da Flórida, Jebb Bush, informou o
vice-presidente Dick Cheney, Tom Ridge, que estava a
ponto de juramentar como secretário do novo
Departamento de Segurança Nacional, e
ao diretor do
FBI, Robert Mueller, sobre o projeto secreto que
demonstraria como as Forças de Segurança poderiam
usar um programa informático para capturar
‘terroristas’.”
“Linha
aérea Ibéria”
“Por
outra parte, a Ibéria, a principal linha aérea
espanhola, foi acusada de ceder informação
confidencial dos seus passageiros ao governo dos
Estados Unidos…”.
“‘Os
Estados Unidos obrigam as linhas aéreas a fornecer
dados sobre os viajantes’, Andy Sullivan, Reuters,
17 de março de 2004.”
“Da
mesma maneira, a NASA também pediu e recebeu
informação confidencial sobre dados de passageiros
de milhões de clientes da Northwest Airlines como
nomes, endereços, itinerários de viagem e números do
cartão de crédito, para um estudo similar de
mineração de dados […] incidentes têm ocasionado
dezenas de litígios. Isto representava também uma
violação de sua própria política.”
“‘A
Northwest Airlines entrega à NASA informação pessoal
sobre milhões de passageiros; a cessão viola a
política de privacidade’, Electronic Privacy
Information Center, 18 de janeiro de 2004.”
“‘A
Northwest Airlines cede dados dos passageiros ao
governo’, Jon Swartz, USA Today, 19 de
janeiro de 2004.”
Dedica uma epígrafe a:
“Detalhes privados à vista de todos”
“O
comissário Almunia, o presidente Borrell e o
presidente da Comissão Europeia, José Manuel
Barroso, outro membro do Bilderberger habitual,
fizeram uma grande campanha a favor da aprovação dos
direitos fundamentais, consagrados supostamente na
Constituição Europeia [...] O que nunca disseram nem
Borrell, nem Almunia, nem Barroso ao bom cidadão
europeu é que todos esses direitos, segundo o artigo
51, podem ser suspensos, se ‘os interesses da
União’ assim o determinarem.”
“Contudo, há muita coisa mais por contar quanto à
vergonhosa demonstração de traição por parte da
Comissão Europeia no que diz respeito aos seus
próprios cidadãos.”
“Controle europeu das telecomunicações: votação no
Parlamento Europeu para aceitar a retenção de dados
e a vigilância por parte das forças de segurança.
“A votação sobre a retenção de dados de 30 de maio
de 2002
(Na legislação europeia anterior, os votos do PPE e
PSE reuniram 526 eurodeputados, de um total de
626).”
“Statewatch e os Repórteres Sem Fronteiras foram as
únicas organizações que informaram sobre o que sã
decisões que afetam centenas de milhões de
europeus.”
“Basicamente, a grandiloqüência e desafio dos
socialistas sobre questões de lei nacional e
internacional são uma farsa. A aliança dos grupos do
PPE e do PSE no Parlamento Europeu demonstrou que
eles apoiam as exigências dos governos da UE, em
lugar de agir em defesa das pessoas e de defender os
direitos de cidadãos à privacidade e às liberdades
civis.”
“Javier Solana Madariaga, membro chave do Grupo
Bilderberg, antigo secretário-geral da OTAN e
secretário-geral do Conselho da União Europeia/Alto
Representante para a Política Comum de Segurança e
Defesa, numa decisão que a Federação Internacional
de Jornalistas simplesmente batizou como «um golpe
de Estado de verão». Lembrem, leitores, que
personagens como Javier Solana não representam os
seus interesses nem os da Espanha.”
Depois Estulin documentou tudo ao longo de 16
páginas.
Seu
livro inclui uma epígrafe intitulada “Meu final”.
“A
memória criativa é o contrário mais sutil do
historiador. O pretexto de esquecer governa e
deforma tudo o que decidimos lembrar abertamente. A
existência e o mundo parece se justificarem apenas
como fenômeno estético. Só o estético implica não a
vida pela vida, mas um contraste agudo à
interpretação moral da existência e do mundo.”
“Amos Oz, provavelmente o romancista israelense mais
conhecido, fez esta observação: ‘Ali, onde a guerra
se chama paz; ali, onde a opressão e a perseguição
se denominam segurança, e o assassinato, libertação,
a poluição da linguagem precede e prepara a
contaminação da vida e da dignidade. Afinal, o
Estado, o regime, a classe ou as ideias permanecem
inalteráveis, enquanto a vida humana se destrói’.”
“Se
a democracia é o governo do povo, os objetivos
secretos dos governos e dos sinistros grupos de
pressão são incompatíveis com a democracia. A
própria ideia de esferas clandestinas de influência
dentro do governo que empreendem campanhas secretas
contra a humanidade é, portanto, alheia à noção de
liberdade e deve ser combatida com entusiasta
determinação, a não ser que desejemos repetir os
erros fatais de um passado não tão distante.”
“Numa sociedade cada vez mais desmembrada, existem
alguns elementos que permitem destacar o que
partilhamos, o que temos em comum, e permitem
fazê-lo diretamente, com dramática intensidade. A
dignidade humana e um anseio genuíno de liberdade,
que se compreende num instante em qualquer lugar do
mundo e não necessita tradução, são alguns dos
aspectos mais valiosos da tradição universal. Merece
todo o apoio que possa receber.
“Finalmente, se o fato de criticar os aspectos
arrogantes, irreflexivos e abusivos da sociedade
totalitária faz com que, por vezes, alguém zombar de
você e te chamar de «contra-tudo», deveria
considerá-lo como uma distinção honorável. Graham
Greene acertou quando disse que «o escritor deve
estar pronto para mudar de bando em qualquer
momento. Sua missão é defender as vítimas e as
vítimas mudam».
“DANIEL
ESTULIN”
Dedica finalmente oito páginas e meia à memória de
seu avô.
“Essa foi a última vez que o vi vivo. Um ancião de
complexão normal, de 96 anos de idade, sentado no
seu divã desvencilhado, olhando através de seus
óculos exagerados, encontrando-se com meu olhar, mas
apenas capaz de reconhecer meus olhos. Estava vivo
porque se movimentava e falava, ou antes, porque
fazia um esforço sobre-humano para enlaçar as
letras, que se derramavam nos lugares mais
recônditos das profundidades da consciência que lhe
restava e se negavam com teimosia a se juntarem para
formar sintagmas coerentes. Nos últimos meses de sua
longa vida, ao meu avô, um homem que se expressava
com clareza e que gostava demais do humor e do
debate, literalmente faltavam as palavras. Numa
espécie de ato de crueldade final, o câncer roubou
sua linguagem antes de roubar sua vida.”
“Com
meu bilhete de avião de retorno à Espanha na mão,
passei por casa dele para me despedir. Em minha
última visita, não nos dissemos grande coisa. Eu não
encontrava as palavras apropriadas. Estava sem
fôlego e me custava respirar, porque sabia que nunca
mais o veria. ‘Adeus’ era uma expressão simples
demais e atroz demais.”
“Na
mesa da sala de estar, apoiada na parede, tinha uma
fotografia dos meus avós, feita pouco depois de sua
chegada ao Canadá, em 1983. Minha avó havia falecido
fazia pouco mais de um ano. Meu avô, doente de
gravidade naquele momento, nunca se recuperou da
perda de alguém que amou profundamente durante mais
de quarenta anos.”
“Tentando por todos os meios de não debulhar em
prantos, continuo lembrando a eu próprio que estas
páginas são uma reivindicação da honestidade a
expensas da crueldade e da oportunidade. O tema
principal não é a política, nem uma crítica aberta
do totalitarismo, ao contrário, mas o bater do
coração de um homem, e por isso lhe presto
homenagem. Por isso deveria ser lido.”
“A
morte clínica do meu avô foi constatada no dia 18 de
abril de 1995. Supunha-se que foi a última tarde que
tinha sido ele próprio, como disse Auden acerca do
dia em que morreu Yeats: ‘Ele se converteu em seus
admiradores’. Ele se converteu em uma lembrança;
sumiu nas profundezas do seu nome. É um dos
mistérios da morte, que deveria supor uma mínima
diferença para todos, menos para os achegados dessa
pessoa.”
“Como o resto de nós, a gente morre, no mínimo, duas
vezes: fisicamente e conceptualmente. Quando o
coração deixa de bater e quando começa o
esquecimento. Os mais afortunados, os mais
brilhantes, são aqueles em que a segunda morte é
adiada de um modo considerável, talvez
indefinidamente […] Chegaram chamadas de todos os
países e cantos imagináveis do Planeta, um tributo à
infinita admiração que ele, meu avô, um ex-agente da
contra-espionagem do KGB, infundiu nessas pessoas,
nas quais influiu em suas vidas.”
“Seu
avô era um soldado entre soldados. Esteve vinte e
cinco anos defendendo o Império czarista, Alexandre
II e Alexandre III. Meu avô continuou a tradição
militar da família. Participou da Revolução, da
guerra civil russa e das duas guerras mundiais.
Enquanto defendia os Minsk nas primeiras semanas da
Segunda Guerra Mundial, toda sua família, onze
irmãos e irmãs, seu pai, sua mãe e uma avó de 104
anos de idade, foram exterminados pelos nazistas em
Karasy-Bazar, Crimeia.”
“Levava uma vida verdadeira. Não se limitava
simplesmente a viver.”
“Meu
avô se tinha casado numa ocasião, em 1930. Teve três
filhos. Então, chegou a guerra. Combateu em Belarus,
defendeu Brest, mas foi obrigado a se retirar com o
que restava do Exército Vermelho, devido ao avanço
das tropas alemãs. Nalgum momento, no caos
resultante, perdeu a pista de sua família. Uma mãe e
três crianças de oito, cinco e três anos de idade
não podiam ir tão rápido como o Exército Vermelho ou
como os soldados nazistas. Foram capturados pelos
nazistas, enviados a um campo de concentração e
exterminados.
“A
Segunda Guerra Mundial, tal como demonstro neste
livro e como manifestei amplamente no meu primeiro
livro sobre o Clube Bilderberg, foi astutamente
financiada pelos Rockefeller, Loeb e Warberg. O
príncipe Bernhard, fundador do Clube Bilderberg,
também estava envolvido. Era nazista. A família real
britânica simpatizava, na sua maioria, com os
nazistas, ao igual que a maior parte do Eastern
Establishment «liberal» dos Estados Unidos, o rede
plutocrática que domina a vida econômica, política e
social desse país. Hitler, a besta, foi criado pelos
mesmos que hoje assistem em secreto às reuniões do
Clube Bilderberg, o CFR e a Comissão Trilateral. A
história, para esta gente, é um quadro-negro em
branco para defecar sobre a angústia dos outros.
Alguém me pode culpar por desprezar tanto o
Bilderberg e seus pares?”
“No
meu caso, meu avô continua sendo minha pedra angular
—companheiro de viagem — inclusive depois da morte.
Está tão ausente quanto presente.”
“Tempo e espaço, os truques do mundo ferido por toda
parte, o monte de resíduos que chamamos história,
que também representam seus sucessos. São seus
sucessos. Como o tempo, estes conservam a magia que
o faz desaparecer.”
“Lembro-me dele, sobretudo, quando se aproxima seu
aniversário. Mas, para mim, este ano é diferente. A
idade é uma acumulação de vida e de perda. A idade
adulta é uma série de linhas cruzadas. Ultrapassei
um limiar. Doravante, estou sozinho...”
Recolhi na segunda parte desta Reflexão grande
quantidade das linhas finais de seu livro. Explicam
seu desprezo pela odiosa instituição do Clube
Bilderberg.
É
terrível pensar que as inteligências e os
sentimentos das crianças e dos jovens dos Estados
Unidos são mutilados dessa maneira.
Agora é preciso lutar para evitar que sejam
conduzidos a um holocausto nuclear, e recuperar tudo
o que for possível, sua saúde física e mental, e
procurar as formas em que os seres humanos sejam
libertados para sempre de tão terrível destino.
Fidel Castro Ruz