sábado, 23 de junho de 2007

DUAS POLÍTICAS E UMA ÉTICA

Intervenção do Subcomandante Marcos no auditório Che Guevara em 08 de junho de 2007.


Queremos agradecer os companheiros e companheiras dos grupos e coletivos que se reúnem no "OkupaChe", pelo apoio oferecido para a realização desta mesa redonda.

Lá em cima nos ofereceram outros lugares, "melhor acondicionados", disseram, "mais confortáveis". Como se a ética e a política fossem questão de comodidade, e como se para os zapatistas o que mais importa é o espaço e não o ouvido que, generoso, vocês agora nos oferecem. E escrevo isso antes de dizê-lo, supondo que alguém veio a esta mesa redonda que, para estar na moda, já veio a esta mesa redonda que, para estar na moda, jais importa e se reocupa o primeiro lugar na lista dos esclarecimentos. E só faltava que a própria mesa se esclarecesse.

Ética e política. Foi a nós que coube esse tema. No vaivém da mídia, que oferece soníferos a quem não quer velar, desvelar e desvendar a realidade, há várias coisas que estão ficando ausentes. O Poder vai parafraseando Pablo Neruda e nos canta, de forma estridente, "Gosto quando calas porque estas como pendente"... do que digo, e "estas como distante"... esperando a próxima venda da temporada, ou seja, as próximas eleições".

Veio aí nossa idéia de que se deve fazer menção do ausente, o que agora não aparece sozinho, mas se exclui mutuamente, neste caso, a ética e a política, mas também se apresenta sim como se fosse algo lógico, razoável, compreensível, justificável, aplaudível ... e outros "iveis" que vocês lembrarem.

Fazer menção do ausente é uma das maneiras de reavivar a memória que também anda para frente. E escolhemos exatamente o tema da ética não só para sublinhar seu desterro e ausência da política de cima, além do seu encurralamento no espaço da academia; mas também para sublinhar ou apontar algumas pistas para que, no abaixo que estamos levantando, a ética e a política finalmente se abracem na única forma em que podem fazê-lo, ou seja, sendo "outras".

Quando se trata só de palavras não parece haver nenhum problema em falar de ética e de política. Podem-se escrever livros, proferir palestras, fazer pesquisas e, às vezes, até participar de mesas redondas. Claro, sempre e quando não sejam no Che Guevara da UNAM.

Mas, levá-la a um lugar que rege a própria ação política? Vamos, isso é coisa de ingênuos, de puristas ou de candorosos idealistas doentes pelo calendário da juventude. Já vem a realidade a cantar os versos que dizem: "Juventude, divino tesouro, já vais para não voltar, quando quero um lugar (ou uma bolsa) choro, e, às vezes, choro sem querer".

Mas, se vamos mencionar o ausente, então perguntemos o que se fez dele:

Quando e como foi que a ética e a política tomaram estes caminhos?

A ética o caminho asséptico e medíocre da academia.

A política, o caminho do cinismo e da sem-vergonhice "realista".

Quando foi que a intelectualidade progressista renunciou à análise crítica e se transformou em triste carpideira das derrotas e fracassos de uma parte da classe política que está morta já faz vários anos?

Quando ocorreu esta mágica alquimia que fez dos intelectuais progressistas os justificadores, e não poucas vezes os aduladores, da ação de uma "esquerda" tão entre aspas e tão à direita que é necessário fazer malabarismos para tirá-la de sua localização real no espectro político?

Quando foi que a ética deixou de ser um referencial e foi substituída pelas pesquisas, o rating, as aglomerações de massas ou de votos, e chegar a comprar, assim, o plantão contra a fraude eleitoral de 2006 com o recente show de Shakira no Zócalo?

"Deve-se estar onde o povo está", disseram na época. De tal forma que, com certeza, estiveram aí, quando a Shakira demonstrava o que eu, humildemente e com minhas modestas habilidades, lhe ensinei. Sim, isso faz muito tempo. Agora, já não é fácil mexer as cadeiras toda vez que me acomodo no assento, nas longas viagens do nosso roteiro pelo Outro México, o de baixo, o da esquerda sem aspas, sem orçamentos e sem correspondentes designados.

Mas já estou indo pra outro lado, quando seria melhor estar vindo. Bom, chega de estórias. Estamos falando de coisas sérias e devemos ficar sérios, formais, contrariados.

Voltemos então às perguntas:

Quando foi que a corte parasita da classe política mexicana, com os analistas e locutores que a acompanham, se transformou numa desordenada equipe de bufões sem público e sem comédia?

Quando foi que as notícias sobre as trapalhadas da classe política deslocaram, para baixo, do rating, obviamente, o nível cômico na mídia eletrônica?

Quando foi que o reiterado processo de suplantação de identidades começou a ser chamado, se era (ou é), como nesta universidade, a Nacional Autônoma do México, uma imposição na qual cada um procura não ficar de fora, e em troca oferece o enfeite a uma "esquerda" tão bem comportada que não só "brilha" nas fotos, como também contrasta com esta geração de jovens (ou seja, todos e todas nós, o bando, a raça, os outros, os sujos, os feios, os maus, e, bom, já que estamos nessa de igualdade de gênero, então também as sujas, as feias, as más); todas e todos nós, as girafas e os girafos que encontramos, não a análise crítica, mas sim o desprezo, a gozação e a perseguição daqueles que se autodenominam "a classe pensante"?

Veja, jovem, a diferença fundamental entre a Torre da Reitoria e o auditório Che Guevara é o orçamento. O que importa o que se faz aí em baixo se não posso anunciá-lo na gazeta universitária ou cobrá-lo em faturas "com tudo incluído". Por favor, jovem, seja realista: a comunidade universitária está aqui em cima. Lá fora estão os clientes, sim, os clientes na hora dos laboratórios, das bolsas, dos cursos, das inscrições, dos cargos e...das mudanças nas direções e na reitoria. A ética? Mmh.. me soa. Em quanto está cotada?

E o que se fez da "esquerda" (já coloquei tantas aspas para o termo "esquerda" que temo acabem no teclado) que caminhou pela via eleitoral (algo compreensível e importante) e ao passar foi deixando os princípios, ou seja, a identidade, não só como se fosse um montão de escombros, mas também um peso?

Num raciocínio estranho, os fracassos evidentes não levaram a traçar novamente o lugar dos princípios de uma ação política que se reclamava, e reclama, como uma luta pela justiça, essa eterna ausente no México de baixo - e no mundo, diga-se de passagem.

Não, se se perderam ou foram roubados (a diferença está na quantidade de propaganda paga por cada lado) é porque lhes faltou "estratégia de mídia", que é como chamam agora a claudicação nos princípios, a submissão ao Rei Midas do poder que transforma em merda tudo o que toca.

E falhou a "política de alianças", que é como se chama agora a adulação servil a uma classe dominante que, claro, é vaidosa, mas sempre fiel a seus interesses.

E falharam os acordos e a "unidade" a qualquer preço, a qualquer custo, por qualquer posto. "Unamo-nos", disseram, mas, na realidade, pensavam: "subordinem-se", "esqueçam", "rendam-se".

E quem disse e diz "NÃO!" é "sectário", "infantil", "joguete da direita". Arrancaram as fotos dos zapatistas das paredes e, em seu lugar, colocaram as dos caluniadores, perseguidores e assassinos de indígenas zapatistas: Gustavo Iruegas, Arturo Nuñez, Ricardo Monreal e o autodenominado reitor da UNAM, o senhorzinho Juan Ramón de la Fuente, entre outros.

E penduraram suas velas... enquanto os do outro lado prendiam os refletores da mídia.

No México de cima, podem dizer, sem corar sequer, que é bom que se golpeie e prenda o povo de baixo, gente que rala todo dia para conseguir honestamente algo a levar para suas famílias, que seja privado de sua casa, de seu pequeno comércio, de sua mercadoria, de seu meio de vida, enfim, que se aplauda (ou se cale, que é uma forma pior de aplaudir) que, como numa guerra de conquista, se prive - lá em cima dizem "se expropria" - uma cidade de territórios inteiros para logo entregá-los a grandes investidores que, basta um pouco de memória, são os heróis e aliados de hoje... e os traidores de amanhã.

O caso de Carlos Slim, o aliado de anteontem, o traidor de ontem, o amigo de hoje, o aliado de amanhã, o traidor de depois de amanhã, é o enfeite de luxo da mostra oculta do Poder. E estou falando da Cidade do México, do bairro de Tepito e de sua gente, de Iztapalapa e de sua gente, de Santa Maria La Rivera e de sua gente.

Sem lançar mão de nenhum processo na justiça, se ataca e se despoja. E os meios de comunicação suprem as ordens de busca e se transformam em juizes e verdugos: "dedicavam-se à distribuição do tráfico", sublinham. E nenhum deles se dá ao trabalho de pensar, não diz nada. Nem sequer para perguntar o elementar, ou seja "se eram narcotraficantes, por que viviam onde viviam?" No lugar de perguntas, evidências: "Deve ser por alguma coisa", "merecem", "devem ter feito alguma coisa" e, então, viram o rosto para o outro lado, para um concerto no Zócalo, para uma praça cheia para algumas fotos onde as pessoas são só peças de uma ordenada exposição de peles nuas, a tudo o que não reclame compromisso, questionamento, ética.

Parece que, com o embate neoliberal, não foram derrubadas só as regras não-escritas da política do México e dos referenciais do político como "homem de Estado". Entre os restos do naufrágio de toda a classe política mexicana também jazem: a dignidade, a decência...e a vergonha.

Até parece que as margens da honestidade e da vergonha têm se ampliado bastante até o ponto em que não parece haver mais nenhum limite. Um estranho raciocínio que reza: "De acordo com as pesquisas eleitorais, meus inimigos podem ser meus amigos", de repente Elba Esther Gordillo vai deixar de ser uma bruxa quando for se "meter" com a Frente Ampla de Oposição para ser então uma grande lutadora social e um exemplo para o magistério... que explorou, perseguiu, traiu e assassinou. E os políticos são lixo reciclável: agora os novos "heróis" e "progressistas" são Manuel Barttlet, Javier Corral e Sauri Riancho. Com certeza, o Diálogo Nacional os convidará para a sua próxima reunião, ainda não sei quais são "as bases operárias e camponesas" desse trio de sem vergonhas, nem os malabarismos que seus dirigentes vão fazer para justificar isso.

Sei que mais de um usará citações de Lênin para justificar o que se faz e desfaz. Afinal, Lênin serve para tudo... até para contradizê-lo.

Mas estamos meio longe da Rússia Czarista, do Palácio de Inverno e da Duma.

Lá em cima, o século XXI no México arrancou unindo inteligência e coragem à falta de engenho e à falta de vergonha.

Se com Miguel de la Madrid se repetiu o ciclo de um presidente medíocre, seguido de um presidente covarde (Carlos Salinas de Gortari) e logo um presidente imbecil (Ernesto Zedillo Ponce de León), com Fox e Calderón parece que travou o disco rígido da cibernética política porque não aparecem nem os medíocres, nem os covardes, e reinam os imbecis, ou eles acham que estão reinando, ou fingem, ou não se importam sequer em disfarçar.

Felipe Calderón Hinojosa, curto não só de estatura, se perde nas fotos os abundam os verde-oliva e os cinzas. "Vamos ganhando!", diz, mas todos nós sabemos quem está incluído neste plural e quem não.

A cada dia que passa, há mais sangue nas ruas e nos campos do México, e ele oferece no exterior o mesmo México fictício que herdou de Fox.

E, descaradamente, explica aos possíveis compradores: "Os rapazes (referindo-se aos soldados e aos policiais) estão limpando o lugar. Claro, fazem um pouco de barulho, mas logo ficará tudo limpo. Sobretudo de mexicanos, que são o principal estorvo. Você vai ver como, logo, onde antes havia um país, haverá um terreno baldio e vai poder investir no que quiser".

Ah! E a mídia: vamos escolher entre Espino e Calderón. Agora quem será o menos ruim?

Reiteramos: Lá em cima não há nada a fazer a não ser piadas.

Por isso hoje estamos aqui com vocês. Porque acreditamos, e entre nós "acreditar" é um sinônimo de "fazer", e fazer um sinônimo de "lutar", e "lutar" um sinônimo de "sonhar", que é possível construir outra forma de fazer política, e que sua sustentação principal é a ética, outra ética.

Antes, tenho tratado de explicar que nós zapatistas somos guerreiros e guerreiras, e isso não só quer dizer que nos assumimos como lutadores, às vezes na defensiva, às vezes na ofensiva. Mas também que temos uma ética que pouco ou nada tem a ver com o que se ensina ou se pretende ensinar nas salas de aula, nos livros ou nas mesas redondas com afastamentos incluídos, mas sim com um compromisso.

Nossa posição tem merecido o desprezo e a crítica dos novos defensores do indefinível, ou seja, da ação de uma classe política que ao lodo e ao sangue que mancham suas mãos une agora o cinismo de apresentar sua claudicação como "maturidade", "modernidade" e "realismo".

E, paradoxalmente, lembro agora que nos ofereceram comodidades para esta mesa quadrada (talvez por isso é áspera), a nós que, desde que saímos, temos sido constantes e sonantes incômodos para este setor do pensamento.

Uma vez, José Martí disse que o homem verdadeiro não olha de que lado se vive melhor, mas sim de que lado está o dever. Agora se poderia dizer que o homem e a mulher de baixo e à esquerda não olham de que lado vão as pesquisas, mas sim de que lado está o dever.

E o dever, para nós zapatistas, é nossa ética, a ética do guerreiro.

Já falei de sua origem, das fontes em que saciamos nossa sede para ser o que somos e seremos.

Agora, só quero lembrar quanto segue. A ética do guerreiro poderia ser resumida nos seguintes pontos:

1. Estar sempre com disposição de aprender e de fazer. São duas as palavras fundamentais no andar do guerreiro: "não sei". Enquanto as "grandes cabeças", como disse alguma vez o Comandante Tacho, opinam sobre tudo e têm a pretensão de saber tudo, o guerreiro se aproxima do desconhecido com a mesma admiração que se tem diante do novo. Quando saímos pelo caminho que traçamos com a Sexta Declaração, não distribuímos julgamentos e receitas. Ouvimos e olhamos para aprender. Não para suplantar ou dirigir, mas sim para respeitar. O respeito para o outro, a outra, é como nós dizemos "companheiro" e "companheira".

2. Estar a serviço de uma causa materializada. Não se trata de lutar por quimeras, nem de se enganar sobre o inimigo, a batalha, as derrotas, a vitória. Sabemos que há e haverá sofrimentos, alguns sem nenhum alívio possível, como a dor da morte de Aléxis Benhumea, nosso companheiro e estudante desta universidade, assassinado pelo governo um ano atrás. E há outros que requerem um paciente cultivo da raiva, como saber de nossas companheiras e companheiros presos de Atenco: Nacho, Magdalena, Mariana, para mencionar só três delas e deles. Mas sabemos também que essas e estas dores que não cicatrizam têm rumo, destino, fim. E que esta grande causa que nos motiva não inibe ou subordina as causas de todos os tamanhos, mas é exatamente nelas que se materializa.

3. Respeitar os predecessores. A memória é o alimento vital do guerreiro. A nossa história é a água da qual bebemos. Não só como zapatistas, não só como indígenas, não só como mexicanos. Onde outros lêem e repetem derrotas, para justificar assim rendições, nós lemos ensinamentos. Onde outros vêem personagens, líderes e heróis, nós vemos povos inteiros cumprindo o papel de mestres à distância, no tempo, na geografia, no jeito de ser. A história de baixo nada mais é do que uma imensa memória coletiva.

4. Existir para o bem da humanidade, ou seja, para a justiça. Atenção: não disse "para tomar o poder", nem "para obter um cargo público", nem para "passar à história", nem "para resolver de cima o que é de baixo". Quero dizer, ao contrário, nomear e trazer pra cá esta outra grande ausente no caminho de baixo: a justiça. E não porque ela esteja escondida em algum lugar, esperando que alguém que se acha iluminado a encontre, venha e a presenteie, e nossos calendários se encham de monumentos, bustos e estátuas, mas sim porque é algo que se constrói como se constrói tudo o que nos faz serem humanos, ou seja, coletivamente.

5. Para esta batalha que sabemos ser difícil, e, eu acrescentaria, interminável, devemos nos dotar de armas e ferramentas que nada têm a ver com o que agora se encontra nas páginas de qualquer jornal ou nos noticiários da televisão. Armas e ferramentas que nada mais são a não ser as ciências, as técnicas e as artes. E, entre todas elas, a da palavra.

Por algumas circunstâncias das quais não vou falar agora, nós zapatistas tendemos a ver e olhar mundos para os quais ainda não há palavras nos dicionários. Mas assim como vemos as coisas distantes como se estivessem atrás da esquina, vemos as coisas próximas imediatas com o repouso da distância e do tempo que criamos com a nossa própria geografia e com o nosso próprio calendário.

O mais importante (e o mais esquecido) é que o guerreiro deve cultivar a capacidade de olhar para frente, imaginar o todo composto e acabado, prever os altos e baixos do caminho, os contratempos e sua solução. Deve ser sábio na luta, isto é: em determinar quais são os pontos essenciais de uma situação, onde devem ser aplicados que esforços e que combates se devem ganhar ou perder.

O guerreiro deve prestar atenção e dedicação para as coisas pequenas e para as grandes, as superficiais e as profundas, e traçar assim uma espécie de mapa tridimensional onde cada parte adquire um sentido preciso conforme ditado pelo todo, e o todo só adquire razão e legitimidade em cada uma de suas partes.

Assim, o guerreiro deve buscar o ritmo, ou seja, o acompanhamento entre as partes e o todo. E não a velocidade que acaba por deixar o importante para atender o urgente.

Em nossa ética, então, trata-se de não pensar indignamente, para não atuar desonestamente. Aprender sempre, sempre preparar-se, conhecer todos os caminhos possíveis, seus passos, suas velocidades, seus ritmos. Não para todos andarem, mas sim para saber de todos, caminhar com todos e chegar com todos.

Não é o hoje, o imediato, o efêmero que vemos. Nosso olhar chega mais longe, até lá, onde se vêem um homem ou uma mulher qualquer despertar com a nova e terna angústia de saber que devem decidir sobre o seu destino, que caminham pelo dia com a incerteza que dá a responsabilidade de encher de conteúdo a palavra "liberdade".

Olhamos até lá, até o tempo e o lugar onde alguém presenteia alguma coisa a alguém. E é tão longe que não se chega a distinguir se é uma flor veerrrmelha ou uma estrela ou um sol aquilo que se tende de uma para outra mão.

Nossa ética tem este destino.

Não só por isso, mas também por isso, é que sabemos que vamos ganhar...

Muito agradecido.

Do auditório Che Guevara, na outra Cidade Universitária da UNAM.

Subcomandante Insurgente Marcos.

México, junho de 2007.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

25.000 Drivers para Windows


Pacotão com 25 mil drivers para seu windows.. indispensável
Copiado de:BaixeNet

FIREFOX - extensões

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quinta-feira, 21 de junho de 2007

IMORTAL - O FILME

Chávez e a mídia oligárquica

Ao não renovar a concessão da RCTV, Chávez ganhou tempo. Mas o problema maior continua, permanente, que é a vocação golpista da mídia latino-americana e o grande risco que isso representa para a democracia. Essa é nossa agenda.

Será mesmo que Chávez cometeu um erro de cálculo ao não renovar a concessão da RTCV, como diz o jornalista Teodoro Petkoff, na sua entrevista a Gilberto Maringoni, nesta Carta Maior? Pode ser. Mas sugiro que se inverta a questão. Que se discuta em primeiro lugar a vocação golpista da mídia latino-americana. E por que isso? Porque não é normal grandes jornais ou emissoras de tevê promoverem golpes para derrubar governos. Já as recaídas autoritárias de governantes fazem parte da normalidade política, mesmo na democracia. Kennedy, por exemplo, impediu o New York Times de revelar os preparativos de invasão de Cuba. Um Chávez mandão é o normal na esfera política. Uma mídia golpista é o patológico na esfera da comunicação jornalística. Essa é a aberração que nos cabe discutir. Essa é a nossa agenda. A mídia golpista prefere, é claro, a agenda “Chávez, o autoritário”.

A grande mídia já foi colaboracionista, como se viu na França durante a ocupação nazista, é quase sempre chauvinista em momentos de guerra, fechou os olhos a violações de direitos humanos por necessidades do imperialismo, como fez o New York Times com as atrocidades dos militares em El Salvador, e como faz a CNN agora no Iraque. Foi leniente com as ditaduras latino-americanas na época da Guerra Fria, mesmo as mais atrozes.

A grande mídia levou Nixon à renúncia, no escândalo Watergate. Mas quem estava tramando um golpe ali era Nixon, e não a mídia. Nesse episódio, a mídia americana demonstrou uma notável vocação antigolpista, isso sim. Frustrou uma tentativa de golpe. A grande mídia Ocidental não articula a derrubada de seus próprios governos, democraticamente eleitos. A grande imprensa Ocidental pode ser em geral conservadora e sem dúvida se constitui no grande mecanismo de domínio pela persuasão. Mas desempenha esse papel de modo contraditório, com altos e baixos, também informa bastante, é critica, e freqüentemente se rebela, passando a exercer uma função contra-hegemônica, como na cobertura da guerra do Vietnã.

Isso de golpe pela mídia só mesmo na América Latina. O conceito nem se aplica à mídia européia ou americana. Mas aconteceu no Chile, em 1973, no Brasil, em 1954, e na Venezuela de Chávez, além de tentativas mal-sucedidas, como o golpe da Globo contra Brizola na eleição para o governo do Rio de Janeiro, e os episódios “paragolpistas” da edição de debate Collor-Lula pela Globo na nossa primeira eleição direta para presidente depois da ditadura.

E por que a grande imprensa latino-americana é golpista? Porque é uma mídia de grandes famílias, originalmente os grandes proprietários de terras. Eles e seus sucessores dominam o aparelho de Estado, definem as políticas públicas, ora repartindo o poder com os bancos, ora com uma incipiente burguesia industrial, mas são sempre eles. Não por acaso, a maior bancada do Congresso Nacional é a bancada ruralista.

Essa elite nutre uma visão de mundo composta por três elementos principais: subserviência ao poder maior, que é o poder dos norte-americanos na região, como forma até mesmo de auto-proteção; 2) resistência a todo e qualquer projeto nacional; 3) desprezo pelo povo. Essa é a burguesia que nos coube na divisão do mundo promovida pelos Europeus durante a expansão mercantil e colonização do Novo Mundo. É a burguesia de uma economia dependente. Atavicamente antinacional e elitista.

Sua imprensa tem função muito mais ideológica do que informativa. Quando surge um governo com propostas de desenvolvimento autônomo e distribuição de renda, faz de tudo para derrubá-lo. Instala-se uma guerra. Primeiro tenta evitar que seja eleito. Daí o forte engajamento nas campanhas eleitorais contra os candidatos nacionalistas ou portadores de propostas transformadoras. Depois parte para o pau em conluio com militares golpistas. Foi assim com Getúlio, Allende. Até Juscelino, que deu um chega-pra-lá no FMI e tinha um projeto de país, foi bombardeado pela grande imprensa. O que ela quer são governos que privatizam, desnacionalizam, entregam, são entreguistas. Não por caso, combate ferozmente a política externa de Lula. Preferem a Alca. Chama isso de realismo político, mas é apenas subserviência. Necessidade de ser dependente. Tem pavor de projetos de autonomia nacional e mais ainda de propostas de unidade latino-americana. Nem o Mercosul engoliram.

Nunca aceitaram o Estado que chamam pejorativamente de “populista”. Isso ficou muito claro na Revolução de 30. Mesmo no bojo dessa revolução que deveria marcar o fim da hegemonia agrário-exportadora, Getúlio aplicou a censura prévia, rígida e abrangente, sobre todos os meios de comunicação e produção artística e cultural, a ainda teve a precaução de cooptar a maior cadeia de rádio e de jornais da época, a dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Não foi o autoritarismo de Getúlio, assim como não é o de Chávez, que geram o antagonismo da mídia oligárquica. É o caráter nacional-desenvolvimentista de seus projetos políticos. Tanto é assim que, quando Getúlio voltou ao poder pelo voto, sofreu intenso bombardeio e, de novo, entendeu que o combate à mídia oligárquica era essencial á sua sobrevivência. Apenas mudou de tática. Estimulou Samuel Wainer a fundar a cadeia Última Hora. O fato é que a grande imprensa tem sido arma recorrente dos golpistas. Usa o pretexto principal da luta contra a corrupção, seduzindo com isso a classe média recalcada, mas seu verdadeiro objetivo tem sido sempre o de derrubar o estado nacional-desenvolvimentista.

Quando toda a região abandona o Consenso de Washington em busca de um novo modelo que alie desenvolvimento com redistribuição de renda, agora com o reforço da unidade continental, a vocação golpista da mídia latino-americana torna-se um dos problemas centrais da democracia.

Chávez deve ter feito esse diagnóstico. E partiu para a guerra. Com as armas que tinha, no contexto atual, dentro das regras do jogo. Dividiu a oligarquia da imprensa, cooptando Cisneros, dono do maior conglomerado de mídia e, não renovando a concessão da RCTV, como que sinalizou aos demais o que lhes pode acontecer se saíram da linha.

Resolveu o seu problema, ou talvez só tenha ganhado tempo. Nós continuamos com o problema maior, permanente, da vocação golpista da mídia latino-americana e o grande risco que isso representa para a democracia. Essa é nossa agenda.


Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

A mídia do ódio!!!

Por Ignácio Ramonet

Por que ninguém protestou quando a RCTV foi fechada em 1976, por difusäo de notícias falsas, ou quando foi lacrada em 1980, por sensacionalismo, ou quando foi fechada em 1981, por difusão de programas pornográficos, ou quando foi condenada, em 1981, por ter ridicularizado o presidente da República?

Chego a Caracas para participar de uma jornada sobre “O Direito cidadão de estar informado”, encontro organizado pela Telesur. Participam personalidades da envergadura de Tariq Ali, Danny Glover, Richard Gott, Fernando Solanas, Miguel Bonasso. O ambiente está marcado pelo assunto da não renovacäo da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV), expirada no dia 27 de maio próximo passado. Assisto a uma manifestação do Presidente Chávez, recentemente reeleito com 63% dos votos. Ele explica que a decisão está amparada no Direito, e que não significa nenhuma arbitrariedade, nem ilegalidade. Acrescenta que, na Venezuela, onde 80% das estações de televisão são usadas pelo setor privado, a absorção dos meios de comunicação por grandes empresas converteu o direito de informar mais num privilégio empresarial do que num legítimo direito cidadão.

Converso com Francisco Farruco Sesto, galego nascido em Vigo, que chegou a Caracas com 12 anos de idade e hoje é nada mais nada menos que o ministro da Cultura. De modo simples e tranqüilo, Farruco me explica que toda essa barulhada internacional é um pretexto para atacar o presidente Chávez. “Por que razäo”, me diz, “a Venezuela está hoje no olho do furacäo, quando governos anteriores aplicaram a censura a torto e a direito, e para cá nunca vieram Repórteres sem Fronteira, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), nem a Corte Interamericana de Direitos Humanos? Por que ninguém protestou quando essa mesma RCTV foi fechada durante vários dias em 1976, por "difusäo de notícias falsas", ou quando foi lacrada em 1980, por "sensacionalismo", ou quando de novo foi fechada em 1981, por "difusão de programas pornográficos", ou quando foi condenada em 1981,por ter ridicularizado o presidente da República?”.

Tudo isso aconteceu antes da primeira eleição do presidente Chávez, em 1998. E nenhuma organizacäo internacional condenou estes “abusos” naquela ocasiäo. “Assim como não condenaram o fechamento do Diário de Caracas, ou o desligamento massivo de jornalistas do Globo, ou de Nuevo País. Se hoje há condenacöes, é só para perseguir o presidente e desmerecer o programa da Revolucäo Bolivariana”.

O amigo Farruco tem razão. Abundam exemplos, em diversos países, de concessões não renovadas a canais de televisão, sem que provoquem protestos. Para não ir muito longe, em 2004 na Franca se suspendeu a concessäo da TV Al Manar, porque se considerou que este canal do Hezbolla libanês “pregava o ódio”. Na Inglaterra, Margaret Thatcher cancelou a concessão de uma das grandes cadeias de televisão por ter difundido notícias não gratas, ainda que verídicas. No mesmo Reino Unido as autoridades dispuseram, em marco de 1999, o fechamento temporário de Med-TV-Canal 22; em agosto de 2006 revogaram a licença da One TV; em novembro do mesmo ano, a da StarDate TV 24 e em dezembro a do canal de televendas Auction World.

Organizações independentes, como o Observatório Global de Mídia, denunciaram com provas cabais que a RCTV participou da conjuntura midiática que propiciou o golpe de estado de 11 de abril de 2002. Este canal, mediante manipulaçõöes e envenenamentos, difundiu falsidades e calúnias para fomentar a execração e a birra contra o presidente Chávez e seus partidários. Um comportamento semelhante foi condenado em outras latitudes. Por exemplo, o Tribunal Internacional sobre o Genocídio em Ruanda condenou, em 1994, os promotores da Rádio Mil Colinas por cumplicidade com o extermínio dos tutsis. Na ex-Iugoslávia, o informe do representante da ONU, Tadeusz Mazowiecki, condenou o papel das “mídias do ódio” nas operações de “limpeza étnica” levadas a cabo na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.

Na Venezuela, a RCTV tem sido uma típica “mídia do ódio”, despertando na opinião pública instintos primários e promovendo uma violência tal que poderia desembocar numa guarra civil. A que então se deve todo esse barulho a seu favor? À solidariedade do poder midiático internacional, que vê na decisão do presidente Chávez uma ameaca contra sua atual dominação ideológica. Mas a aguerra näo acaba aqui.




A "Imortalidade tricolor", até parece.....

Alguns acham que "imortalidade" é:

- Ser campeão do mundo em cima do glorioso Hamburgo, há 24 anos atrás, sob efeito de dopping.
- Empatar com o Internacional na final do Campeonato Gaúcho em pleno Beira-Rio.
- Desbancar o "grande" Náutico no Estádio dos Aflitos, conseguindo, assim, vaga na Primeira Divisão do futebol brasileiro.
- Golear o Caxias por 4x0, indo, assim, à final do Campeonato Gaúcho.


Outros pensam "imortalidade" de um jeito diferente:

-Imortalidade é ser o único Campeão do Brasil de forma invicta.
-Imortalidade é vencer o Campeão do Mundo São Paulo no Morumbi numa final de Libertadores.
-Imortalidade é derrubar um dos mais fortes times da história e assim se sagrar Campeão do Mundo.
-Imortalidade é ser sempre o maior vitorioso frente ao seu rival.
-Imortalidade é vencer o chamado "gre-nal do século".
-Imortalidade é nunca ter disputado um escalão de mortais: a Segunda Divisão! DÁ-LHE BOCA!!!!!!!!!!!!!!!



COLORADO COLORADOOOOOOOOOOOOOO
Copiado do orkut da Aline Barbosa, grande colorada.....

quarta-feira, 20 de junho de 2007

BELCHIOR - Discografia


Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu em Sobral, CE, em 26 de Outubro de 1946. Durante a infância foi cantador de feira e poeta repentista. Estudou musica coral e piano com Acaci Halley. Foi programador de radio em Sobral, e em Fortaleza CE começou a dedicar-se a musica, após abandonar o curso de medicina. Ligou-se a um grupo de jovens compositores e músicos – Fagner, Ednardo, Rodger, Teti, Cirino e outros – conhecidos como o Pessoal do Ceara. De 1965 a 1970 apresentou-se em festivais de musica no Nordeste. Em 1971, quando se mudou para o Rio de Janeiro RJ, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a musica Na hora do almoço, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles,(corrigindo:Quem cantou com Belchior no primeiro compacto foram dois Jorges: Jorginho Telles e Jorge Nery. Entretanto, nenhum desses dois xarás é Jorge Melo (com um "L" só), futuro parceiro e sócio de Belchior. Quem me passou a informação foi o próprio, que hoje tem escritório de advocacia em São Paulo e ainda faz shows pelo Brasil, informação enviada por Silvio Atanes). com a qual estreou como cantor em disco, um compacto da etiqueta Copacabana. Em São Paulo SP, para onde se mudou, compôs musica para alguns filmes de curta metragem, continuando a trabalhar individualmente e as vezes com o grupo do Ceara. Em 1972 Elis Regina gravou sua composição Mucuripe (com Fagner). Atuando em escolas, teatros, hospitais, penitenciarias, fabricas e televisões, gravou seu primeiro LP em 1974, na Chantecler. 0 segundo, Alucinação (Polygram, 1976), consolidou sua carreira, lançando canções de sucesso como Velha roupa colorida, Como nossos pais (depois regravadas por Elis Regina) e Apenas um rapaz latino- americano. Outros êxitos incluem Paralelas (lançada por Vanusa em 1975), Galos, noites e quintais (regravada por Jair Rodrigues) e Comentário a respeito de John (homenagem a John Lennon). Em 1983 fundou sua própria produtora e gravadora, Paraíso Discos, e em 1997 tornou-se sócio do selo Camerati. Sua discografia inclui Um show – dez anos de sucesso (1986, Continental) e Vicio elegante (1996, GPA/Velas), com regravações de sucessos de outros compositores.

ÁLBUNS DISPONÍVEIS

1974 - Mote e Glosa 1974 -concerto a palo seco 1976 - Alucinação

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1977 - Coração Selvagem 1978 - Todos os sentidos 1979 - Era uma Vez um Homem e Seu Tempo

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1980 - Objeto Direto 1982 - Paraíso 1984 - Cenas do Próximo Capítulo

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1987 - Melodrama 1988 - Elogio de Loucura 1991 - Acústico

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1992 - Carrero 1993 - Baihuno 1993 - Personalidade

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1995 - Concerto Bárbaro 1996 - Vicio Elegante 1999 - Auto-Retrato cd1

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1999 - Auto-Retrato cd2
2002 - Pessoal do Ceará

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terça-feira, 19 de junho de 2007