segunda-feira, 9 de julho de 2007

Caráter progressista continuará marca do Consea, diz ex-presidente do órgão

O economista Chico Menezes, que deixa direção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, avalia que caráter progressista deve se aprofundar no órgão. Conferência do setor referendou movimentos sociais.

FORTALEZA – O último dia da III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que terminou nesta sexta (6) em Fortaleza, encerrou também o mandato do economista Francisco Menezes como presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Considerado por seus pares um negociador hábil, Menezes conduziu o Consea de forma a afirmá-lo como um dos conselhos mais progressistas e incidentes sobre o Executivo.

Órgão ligado diretamente à Presidência da República, o Consea é composto por 17 ministérios e secretarias do governo, além de representantes da sociedade civil, e tem sido responsável pela proposição de políticas no campo da segurança alimentar, combate à fome e desnutrição, direitos dos diversos setores e populações à alimentação adequada, sistemas de produção e distribuição de alimentos, entre outros.

Politicamente, uma das marcas do Consea tem sido a postura “de esquerda” nas disputas conceituais sobre o modelo de desenvolvimento do país, e, caso as diretrizes apontadas pela III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional sejam incorporadas, como se espera, pela nova direção do órgão, ao que tudo indica esta característica deverá se aprofundar, avalia Menezes.

Num rápido sobrevôo sobre as propostas elaboradas durante a última semana pelos cerca de 2 mil participantes da Conferência, além de uma série de diretrizes para a Lei e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN e SISAN, respectivamente), o debate e o documento final do evento incorporaram um dos mais completos panoramas das diversas demandas dos movimentos sociais que atuam politicamente sobre questões estruturantes no país.

Da crítica à política econômica, considerada um dos principais obstáculos ao saneamento das diversas situações de exclusão que cristalizam, em última instância, a pobreza e a insegurança alimentar, e da rejeição a projetos de grande impacto socioambiental, como a transposição do São Francisco, as hidrelétricas na Amazônia e a exploração dos recursos naturais (mineração, madeira, petróleo) nos territórios de populações tradicionais, passando pelo repúdio aos transgênicos, ao agronegócio e ao monopólio da distribuição dos alimentos (principalmente grandes redes multinacionais de supermercados), e por questionamentos aos acordos de comércio bi e multilaterais sobre agroenergia e agricultura (com os EUA, na OMC, União Européia, etc), até a defesa ampla dos direitos humanos, territoriais, sociais, culturais, econômicos e ambientais das populações tradicionais, da reforma agrária e da agroecologia, entre outros, a Conferência espelhou os debates da sociedade civil sobre o modelo de desenvolvimento do país.

O quanto desta agenda incidirá sobre o governo e terá algum reflexo concreto sobre as políticas sociais e de desenvolvimento, no entanto, depende agora da capacidade de convencimento dos representantes da sociedade civil no Consea, avalia Menezes, e da atuação dos Ministérios aliados, como Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Meio Ambiente (MMA), Desenvolvimento Agrário (MDA), Educação(MEC), Saúde, a Conab, entre outros.

Segundo o economista, apesar de haver uma crescente expectativa de que as manifestações da sociedade civil sejam respeitadas pelo governo, é preciso ter em conta que o Consea, por seu caráter consultivo, é diferente dos movimentos sociais e que o importante para o Conselho são as realizações.

“Passamos um tempo confrontando a base monetarista do governo, e agora o debate se dá com os desenvolvimentistas”, avalia Menezes, para quem a missão da nova direção do Consea será fortalecer o poder de incidência dos setores progressistas.

CTNBio
Quanto às manifestações políticas que confrontam diretamente projetos e posições do governo, como os debates sobre a transposição, o agronegócio, os agrocombustíveis, as hidrelétricas e a política econômica, Menezes acredita que são importantes por explicitarem a tendência dos participantes da Conferência, mas, na prática, tendem a não extrapolar o caráter de posicionamento político.

Diferente, para o economista, é o debate sobre biossegurança e organismos geneticamente modificados, um tema interditado para o Consea. Nesta questão, defende o economista, é urgente que ocorram mudanças, ja que é direito do Conselho participar das decisões sobre alimentos transgênicos, uma vez que afetam a segurança alimentar e nutricional.

“Ja falei isto para o presidente [Lula]. Para se ter uma idéia, como presidente do Consea fui barrado na reunião da CTNBio sobre milho transgênico. A CTNBio argumentou que a reunião era ‘fechada’. Que CTNBio é essa que tem que fazer tudo em segredo?”, questiona Menezes.

A rejeição aos alimentos geneticamente modificados está na própria definição de segurança alimentar e nutricional, cuja função é “garantir a todos alimentação adequada e saudável, conceituada como a realização de um direito humano básico”, que deve atender aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e sabor, e “às formas de produção ambientalmente sustentáveis, livre de contaminantes físicos, químicos e biológicos e de organismos geneticamente modificados”.

Em seu documento final, a III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional exige a revisão da Lei de Biossegurança, “com impedimento à produção e comercialização de alimentos transgênicos, uma vez que ameaçam a soberania alimentar dos povos, causam danos irreversíveis ao meio ambiente, prejudicam a saúde e inviabilizam a agricultura familiar, por manter o controle das sementes nas mão de grandes empresas”.

*a repórter viajou a Fortaleza a convite do Consea

sábado, 7 de julho de 2007

Poemas para Todas as Mulheres

Vinicius de Moraes

No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas...
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

Em Uma manhã dessas....

Os Mutantes, 1968



Os Mutantes, como os conhecemos, nasceu em São Paulo, nos anos 60. Passou por diversas formações e teve vários nomes (Wooden Faces, Six Sided Rockers, O Conjunto, O'Seis) até se consolidar como o trio Os Mutantes, em 1966, em um programa de televisão: Rita Lee, Arnaldo Baptista, Sérgio Dias. Em 1967, conseguiram o segundo lugar no festival da Record acompanhando Gilberto Gil em "Domingo no Parque".

Em 1968, a banda lançou seu primeiro LP, intitulado "Os Mutantes", com os sucessos "Bat Macumba" (Gil), "Panis et Circensis" e "A Minha Menina" (Jorge Ben Jor. Começava a se firmar uma banda hoje considerada referência em termos de música brasileira de qualidade, com destaque para a extrema criatividade e muito bom humor.
Muito tempo depois, em 2005, "Os Mutantes" foi incluído em uma lista dos 50 discos mais experimentais de todos os tempos, na edição da conceituada revista musical britânica Mojo. Esse álbum também ficou na 12ª posição na lista dos "50 Most Out There Albums of All Time" (algo como os 50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos), ficando à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd, Ennio Morricone e Frank Zappa.

De acordo com a resenha que fala dos Mutantes, a necessidade é mãe da criatividade já que a banda foi influenciada pelos Beatles, mas não dispondo de equipamento do nível, teve que improvisar. "Como viviam, em um país onde pedais (de efeit os) não existiam, os irmãos Baptista, de São Paulo, tiveram que criar seus próprios. O texto fala de sons esquisit os, músicas com tom de desenho animado, louvor à Gengis Khan e insurrieção revolucionária. A revista mostra depois que, apesar de pesquisar bem em música, não vai tão longe assim em história, dizendo que, alguns an os depois da gravação, os integrantes da banda "se separaram e enlouqueceram" . A gente sabe: eles enlouqueceram primeiro. E já começaram muito bem.



"Jazzmatazz, Vol. 2: The New Reality" (1995) - Tracklist:

1. Intro (Light It Up) / Jazzalude I / New Reality Style
2. Lifesaver
3. Living In This World
4. Looking Through Darkness
5. Skit A (Interview) / Watch What You Say
6. Jazzalude II. / Defining Purpose
7. For You
8. Insert A (Mental Relaxation) / Medicine
9. Lost Souls
10. Insert B (The Real Deal)/Nobody Knows
11. Jazzalude III. / Hip Hop As A Way Of Life
12. Respect The Architect
13. Feel The Music
14. Young Ladies
15. The Traveler
16. Jazzalude IV. / Maintaining Focus
17. Count Your Blessings
18. Choice Of Weapons
19. Something In The Past
20. Skit B (Alot On My Mind) / Revelation


ANA CAROLINA



Nascida em Juiz de Fora, a cantora, compositora, arranjadora, violonista e percussionista Ana Carolina começou cantando nos bares de sua cidade e teve seus primeiros espetáculos produzidos pela atriz e cantora Zezé Motta.Sua voz de timbre grave chamou a atenção de Luciana de Moraes, filha de Vinicius, que resolveu apostar em sua carreira. Assim, em 1999, Ana lançou seu primeiro álbum, "Ana Carolina", que teve como destaques a música "Garganta" (feita para ela pelo compositor Totonho Villeroy) e as recriações muito pessoais (entre o tango e o blues) de "Retrato em Branco e Preto" (Tom Jobim e Chico Buarque) e "Alguém Me Disse" (de Evaldo Gouvêia e Jair Amorim).Em 2003, Ana Carolina lança seu terceiro CD, "Estampado". Com esse trabalho a cantora obtém reconhecimento da crítica e aprovação do público. No mesmo ano é lançado o DVD "Estampado", um misto de filme-documento e musical.Além do show no Largo da Carioca, o DVD também apresenta performances de voz e violão da artista.Em 2005, Ana Carolina lança "Ana & Jorge", o álbum que registra um show que a cantora fez em parceria com Seu Jorge em agosto de 2005, em São Paulo.A partir de agosto de 2006, Ana Carolina passou a integrar o corpo de apresentadoras do programa Saia Justa, no canal GNT. A presença da cantora e multi-instrumentista como única representante da área musical deixa o programa ainda mais interessante.Ao longo da carreira, Ana Carolina ganhou muitos prêmios; o mais recente foi o prêmio Multishow 2006, nas categorias Melhor Cantora e Melhor CD (pelo trabalho "Ana e Jorge").No final de 2006, a cantora se revelou bissexual gerando polemica e atraindo uma série de novos fãs do publico GLBTS e lançou seu 6º álbum, 'Dois Quartos', com dois cds, o 1º chamado 'Quarto' e o 2º, 'Quartinho'. Neles, a cantora se supera, em maturidade, criatividade e, no melhor estilo 'Madonna', em ousadia, apresentando entre as faixas, uma em que cita o falo masculino, 'Cantinho', numa letra cheia de desejos proibidos. E, também, a música 'Eu Comi a Madona', em que fala de mulheres provocantes.
Ana Carolina - Ana Carolina - 1999
Uma das mais recentes revelações da música brasileira, a cantora mostra aqui a mistura de ritmos que a projetou no cenário nacional. Além de cantar, Ana Carolina toca violão em algumas faixas. Destaques para as músicas ´Alguém Me Disse´ e ´Nada Pra Mim´.
1. Tô Saindo
2. Alguém me Disse
3. Nada Pra Mim
4. Trancado
5. Armazém
6. Garganta
7. A Canção Tocou na Hora Errada
8. Tudo Bem
9. Agora ou Nunca
10. O Melhor de Mim
11. Retrato em Branco e Preto
12. Perder Tempo com Você
13. O Avesso dos Ponteiros
14. Beatriz
15. Tô Caindo Fora

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Ana Carolina - Ana Rita Joana Iracema e Carolina - 2001
Este é o segundo disco da cantora e compositora Ana Carolina, que traz, entre outros destaques, o sucesso "Quem de Nós Dois", que está na trilha sonora da novela "Um Anjo Caiu do Céu".
1. O Rio
2. Confesso
3. Ela é Bamba
4. Implicante
5. Quem de Nós Dois
6. Pra Terminar
7. Que Será
8. Joana
9. Violão e Voz
10. Vê Se me Esquece
11. A Câmera que Filma os Dias
12. Dadivosa
13. Que se Danem os Nós
14. Eu Nunca te Amei Idiota
15. Me Sento na Rua

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Ana Carolina - Estampado - 2003
A cantora, compositora e instrumentista Ana Carolina é uma das maiores revelações da música contemporânea brasileira. Confira sua voz grave e melodiosa em músicas como "Elevador (Livro de Esquecimento)" e "Hoje Eu Tô Sozinha", entre outras.
1. Hoje Eu Tô Sozinha
2. Encostar na Tua
3. 2 Bicudos
4. Elevador (livro de Esquecimento)
5. Só Fala em Mim
6. É Hora da Virada
7. Uma Louca Tempestade
8. Pra Rua Me Levar
9. É Mágoa
10. Mais que Isso
11. Vox Populi
12. Vestido Estampado
13. Nua
14. Não Fala Desse Jeito
15. O Beat da Beata

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Ana Carolina - Ana & Jorge Ao Vivo - 2005
Show gravado no Tom Brasil, numa belíssima apresentação de Ana Carolina e Seu Jorge, onde o formato acústico possibilitou ainda mais que os dois mostrassem suas canções de uma forma mais próxima à maneira que foram criadas e ressaltou suas habilidades como multiinstrumentalistas. O repertório traz canções de Ana e Jorge, além da inédita "Unimultiplicidade".
1. São Gonça
2. Problema Social
3. Zé do Caroço
4. Carolina
5. Comparsas / O Pequenez Pit Bull
6. Tanta Saudade
7. É Isso Aí
8. Prá Rua Me Levar
9. Chatterton
10. Beatriz
11. Brasil Corrupção ( Unimultiplicidade )
12. Mais que Isso
13. Garganta
14. Vestido Estampado
15. O Beat da Beata

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Ana Carolina Dois Quartos - 2006
Ana Carolina separou o que tinha em "Dois Quartos": "Quarto" apresenta uma artista mais pop, mais conhecida. Já "Quartinho" traz composições harmonicamente mais sofisticadas, com arranjos densos. No repertório, músicas como "Nada te Faltará", que fala dos tempos em que vivemos, religião, direitos humanos, e a atual "Notícias Populares", entre outras.
Quarto
1. Nada Te Faltará
2. Tolerância
3. Ruas de Outono
4. Aqui
5. Rosas
6. Um Edifício no Meio do Mundo
7. Vai
8. O Cristo de Madeira
9. Eu Comi a Madonna
10. 1.100,00 (Nega Marrenta)
11. Chevette
12. Notícias Populares
Quartinho
1. La Critique
2. Então Vá Se Perder
3. Carvão
4. Manhã
5. Homens e Mulheres
6. Corredores
7. Sen. Ti. Mentos
8. Cantinho
9. Eu Não Paro
10. Claridade
11. Milhares de Sambas
12. Eu Comi a Madona (Remix)

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Ana Carolina Perfil - 2005

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Governo da Alemanha dividido sobre apoio ao Brasil

Desejo de Lula de investir em Angra 3 e retomar programa nuclear desagrada a boa parte do governo Merkel. Às vésperas de visitar o Brasil para discutir biocombustíveis, líder do PV alemão diz que país parece querer 'voltar ao passado'

RIO DE JANEIRO – O desejo do governo Lula de investir na energia nuclear e retomar a construção da usina atômica de Angra 3 está causando rebuliço político na Alemanha, país que desde 1975 é parceiro do Brasil num programa nuclear que até hoje pouco saiu do papel. O atual governo alemão, fruto de uma ampla coalizão onde coexistem partidos de direita, centro e esquerda, mantém até agora uma posição dúbia sobre o assunto.

Legendas como o Partido Verde (PV) e o Partido Social-Democrata (SPD, que comanda o Ministério do Meio Ambiente) são contra a construção da usina e preferem que a Alemanha ajude o Brasil a investir em fontes de energia renováveis. Por sua vez, o Ministério da Economia, comandado pelo UDC da chanceler Angela Merkel, já manifestou sua simpatia pela retomada do acordo “nos mesmos moldes” de três décadas atrás.

Foi em 2000, durante o governo da coalizão “Verde-Vermelho” liderada por Gerhard Schroeder (SPD), que a Alemanha decidiu não mais construir usinas atômicas, além de fechar as existentes em seu território. A decisão atendeu a uma bandeira histórica do PV, segundo partido mais importante na sustentação do então premier. As 17 usinas que ainda restam em solo alemão serão fechadas até 2021, num cronograma que vem sendo obedecido à risca, mesmo com a mudança de governo.

Manter o perigo atômico longe da Alemanha parece consenso no governo Merkel. O mesmo, no entanto, não se pode dizer quando o assunto é exportar a tecnologia “acumulada” que o país tem no setor. Essa postura dúbia tem merecido críticas de algumas das mais importantes figuras da política alemã, como o comunista Oskar Lafontaine, presidente do partido A Esquerda: “Seria um anacronismo inaceitável para o povo alemão se o governo fechasse suas usinas em casa e quisesse continuar vendendo a tecnologia nuclear para os países em desenvolvimento”, disse.

O próprio ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, já manifestou claramente sua opinião: “Queremos acordos com o Brasil, sim, mas eles são na área das energias renováveis e da competência energética”, disse. As posições contrárias à retomada do acordo nuclear com o Brasil no seio do governo alemão são tantas que impediram a realização do grupo de trabalho bilateral sobre o tema que estava prevista para junho em Berlim. Nova reunião ainda não tem data marcada para acontecer.

Às vésperas de embarcar para o Brasil, onde tomará parte numa delegação do PV alemão que vem discutir os biocombustíveis com políticos, empresários e ativistas sociais, o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Jürgen Trittin afirma que o governo de seu país dificilmente se definirá pelo apoio à proposta do governo brasileiro: “Parto do princípio que uma proposta dessas não terá apoio na Alemanha. Há algumas semanas, debatemos no Congresso um acordo verde, e ficou claro que o governo está completamente rachado quanto ao prolongamento do acordo nuclear com o Brasil. Não acredito que haverá algum auxílio estatal para a construção de Angra 3”, diz.

“Volta ao passado”


Trittin afirma que “ao invés de voltar sua política energética para o futuro, o Brasil parece querer voltar ao passado”. O deputado critica o acordo nuclear Brasil-Alemanha de 1975 e lamenta que o governo Schoroeder não tenha conseguido substituí-lo, como desejou: “Este acordo deveria ter sido substituído por um acordo energético bilateral em 2004, no qual deveriam ser prioridades as energias renováveis, o melhoramento da eficiencia energética, a redução do consumo e a redução das emissões de poluentes”, diz.

O dirigente do PV enumera os motivos que levaram a Alemanha a descartar a opção nuclear: “Energia atômica é prejudicial ao clima, extremamente antieconômica e dependente de incentivos, além de apresentar grande risco. Da fusão nuclear até a questão insolúvel do lixo atômico, passando pela reprodução de material para fabricação de armamento atômico, a lista de riscos à segurança é enorme’, diz.

Opção em desuso


O Brasil, garante Trittin, está indo na contramão do mundo: “Internacionalmente, a energia atômica está retrocedendo. Nos EUA, desde os anos 1970 não foi construída nenhuma nova usina. Na União Européia, apenas na Finlândia. A Europa produz hoje muito menos energia atômica do que há 10 anos. A energia atômica não tem como atender à demanda mundial de energia, sem falar que não é possivel usá-la na calefação, no carro ou nos aviões”.

O caminho, sugere o alemão, é outro: “No atendimento à demanda primária mundial de energia em 2003, a energia atômica foi responsável somente por 6,5%, com tendência de queda. As energias renováveis são responsáveis pelo dobro, 13,3%, e têm grandes chances de crescimento no mercado internacional. Com sua insistência na cooperação atômica, o Brasil perde a oportunidade de construir uma estratégia moderna de parceria energética no campo não atômico, no espírito da defesa climática e de uma política energética sustentável”, lamenta.

* Colaborou Verena Glass

Fonte:AgenciaCartaMaior

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Lenda do Chimarrão


Uma tribo de índios guaranis vivia do seu trabalho na lavoura: derrubava um pedaço de mata, plantava mandioca e milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se cansava, parava de produzir e a tribo precisava emigrar para outras paragens.
Cansado de tais andanças um velho índio um dia recusou-se a seguir adiante e preferiu ficar sozinho na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, ficou numa situação difícil: ou seguia adiante com os jovens da tribo, ou ficava na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse para a paz do Yvi-Marai. Apesar dos pedidos dos moços ela permaneceu junto ao velho pai.
Essa atitude de amor mereceu uma recompensa. Um dia chegou um pajé desconhecido e perguntou a Jary o que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu, mas o velho pai sim: “- Dai-me renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi”.

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno,
E a cuia, seio moreno
Que passa de mão em mão
Traduz no meu Chimarrão
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Glaucus Saraiva

Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou que a plantasse, colhesse as folhas, secasse-as ao fogo, triturasse, colocasse os pedacinhos num porongo (fruto também conhecido como cabaça e com o qual, depois de seco, se faz a cuia), acrescentasse água quente ou fria e bebesse essa infusão: “-Terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão”. Deu a receita e partiu.
Foi assim que nasceu e cresceu uma planta chamada caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão.
Sorvendo aquela verde seiva o ancião recuperou-se, ganhou força e pode empreender a longa viajem até o reencontro com os seus. Ao chegarem, foram recebidos com a maior alegria e a tribo toda adotou o costume de beber a infusão da erva verde, amarguinha e gostosa, que dava força, coragem e confortava mesmo nas horas tristonhas ou da mais total solidão.
Evolução Histórica
O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecido pelos indígenas de toda a América. Em túmulos pré-colombianos de Ancon, perto de Lima, no Peru, foram encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso pelos incas.
Desde os primórdios da ocupação castelhana no Paraguai, indicado por Don Hernando Arios de Saavedra (governante de 1592-1594), observou-se a utilização da erva mate pelos indígenas.
Os primeiros jesuítas estabelecidos no Paraguai, fundaram várias feitorias, nas quais o uso das folhas de erva mate já era difundido entre os índios guaranis, habitantes da região.
Posteriormente observou-se que os indígenas brasileiros, que habitavam as margens do rio Paraná, também se utilizavam dessa planta. Outras tribos localizadas em regiões onde não havia ocorrência natural da essência, possuíam o hábito de consumí-la, obtendo-a através de permuta. Essas tribos localizadas no Peru, Chile e Bolívia, transportavam o produto por milhares de quilômetros.
Orientados pelos jesuítas, instalados num território chamado Companhia de Jesus do Paraguai (denominação dada no século XVII aos territórios das províncias do Paraguai, Buenos Aires e Tucuman), os indígenas iniciaram as plantações de erva mate.
Junto com a implantação dos ervais, os jesuítas aprofundaram-se no estudo do sistema vegetativo da planta, visto que as sementes caídas das erveiras não germinavam naturalmente. Os jesuítas definiram a melhor época de colheita de sementes e um padrão de preparo e cultivo da erva mate.
Por mais de 1 século e meio (de 1610 a 1768, quando se deu a saída forçada da Companhia de Jesus), os jesuítas exploraram o comércio e a exportação do mate. O Padre Nicolós Durain observou que os índios tomavam o mate em água quente, não podendo passar sem ele no trabalho, pois era, muitas vezes, o único sustento.
As bandeiras paulistas, que de 1628 a 1632 percorreram as regiões de Guairá, regressaram trazendo índios guaranis prisioneiros, e com eles o hábito de beber chimarrão.

Churrasco, Cerveja e Cinzas
Um churrasqueiro de renome foi convidado para “queimar uma carne”. Como é de praxe, o anfitrião molhou a garganta do cozinheiro com um “breja”, bem gelada. Durante os preparativos do churrasco a cervejinha foi consumida.
Nessa altura, o fogo também estava nas alturas e precisava ser acalmado para que a carne pudesse ser colocada. Dito e feito, a garrafa de cerveja, a única disponível, virou a vasilha de água usada para controlar o fogo. Essa é a origem de se jogar cerveja nas brasas... Estraga a cerveja e em nada muda o sabor do churrasco...
O melhor mesmo é seguir os ensinamentos de quem conhece: guarde as cinzas do churrasco, devidamente peneiradas. Use-as para controlar o fogo, jogando um pouco sobre as labaredas sempre que ocorrerem chamas. Você economiza carvão, não faz fumaça, não diminui a temperatura do fogo e o melhor, não enferruja a churrasqueira.
Copiado de: ManualDoChurrasco

TelExtreme




Faz ligações para telefone fixo sem custo nenhum tudo pela internet!! P você configurar e discar basta seguir o tutorial...
Limitações: Não possui, ligue e fale o quanto quiser.
Obs:
Caso não consiga ligar nas primeiras tentativas dando erro de limite de números, fique persistindo até ligar.

Estilo: VOIP FREE
Tamanho: 3.20 Mb
Formato: Rar
Idioma: Inglês
Copiado de:PiratasDaWeb
República refém dos ricos
Léo Lince*
Além da popularidade do Lula, aferida em pesquisas publicadas nos jornais da semana, três coisas crescem, estas com velocidade vertiginosa, na sociedade brasileira: a lucratividade da casta financeira, a violência nas ruas e a corrupção nos altos escalões da República. A semana, para espanto e tristeza do cidadão, produziu novos emblemas da marcha ensandecida de cada um destes processos que dilaceram o tecido social e aprofundam a barbárie que nos envolve.
O fluxo de entrada de capital especulativo no Brasil aumentou, entre janeiro e abril, quase cinco vezes em comparação ao mesmo período do ano passado. O bolo, que era de 4,842 bilhões de dólares em 2006, cresceu agora para 24,147 bilhões de dólares e se tornou o principal canal de entrada da moeda americana no país. A banca privada, sempre ela, faz a festa. Toma empréstimo de curto prazo e juros mais baixos no exterior e pode aplicar tais recursos no cassino estratosférico da taxa SELIC. É o famoso capital motel, que os países sérios costumam enquadrar no rigor da lei. Um dinheiro quente que entra e sai com alta rotatividade e adora se hospedar nos paraísos do rentismo e da maracutaia.
Cinco jovens riquinhos da Barra da Tijuca, no Rio, espancaram “por brincadeira” e com estupidez brutal uma empregada doméstica que aguardava condução em um ponto de ônibus. Menos mal que foram presos logo, graças à iniciativa de outro trabalhador, um motorista de táxi, que anotara a placa do carro dos espancadores. Um dos riquinhos, ao chegar à delegacia, disse que logo estaria solto porque sua família, como os bancos, tinha dinheiro. O pai de outro riquinho classificou de absurda a prisão dos espancadores, pois tanta coisa pior está acontecendo. A arrogância dos endinheirados, mau exemplo que vem de cima aos borbotões, frutifica e prospera no “baixio das bestas”.
No planalto central do país, aquela solidão imensa que se transformou no que se vê, segue a novela da corrupção nos altos escalões da República. O capítulo da vez é estrelado pelo antes vetusto Senado Federal, onde contracenam Renan e Roriz, dois riquíssimos ruralistas que fazem bico na câmara alta. Ambos criam porcos e vacas e, talvez por viverem em fazendas luxuosas, só podem emporcalhar e avacalhar outros lugares. Flagrado no grampo, Roriz se explicou naquela linha que só complica. Recebeu um cheque de dois milhões quando só pedira emprestado trezentos mil (devolveu o troco em espécie) para arrematar com a bagatela a “prenhez” de uma vaca premiada. O benemérito é um potentado que enriqueceu com concessões públicas na área dos transportes. Um “amigo de missa” do senador encalacrado e que também reza muito ao lado de outros políticos que lhe facilitam a “prenhez” de sua fortuna.
Enquanto isso, o presidente faz cara de paisagem. Sereno como um santo de bordel, ele se afirma no pedestal sustentado nas estacas da pequena política. Seu governo, por considerar que qualquer nitidez prejudica a “governabilidade”, ostenta como vantagem o empirismo radical. Navega confortavelmente nas águas do fato consumado. E, quando o fato consumado governa o governo, são os poderosos de turno que continuam mandando. As forças opacas do mercado extrapolam de suas tamancas e avassalam o poder público, que se amesquinha na desmoralização. O rato roeu a roupa da República. A “real-politik” resulta em renda rápida para os ricos e é repleta de riscos para o resto. A reta razão recomenda retomar a rota da rua: resgatar a República, refém dos ricos.
* Léo Lince é sociólogo.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Dicas para escapar do Alzheimer



Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que Neuróbica, a "aeróbica dos neurônios", é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro.Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios "cerebrais" que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando- se na tarefa.

O desafio da Neuróbica é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. Tente fazer um teste: - use o relógio de pulso no braço direito; - escove os dentes com a mão contrária da de costume; - ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque); - vista-se de olhos fechados; - estimule o paladar, coma coisas diferentes;- veja fotos de cabeça para baixo; - veja as horas num espelho; - faça um novo caminho para ir ao trabalho; A proposta é mudar o comportamento rotineiro.
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar! Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?
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Meu pai está com Alzheimer



Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia "o Infalível". Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: externocleidomastó ideo. O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer. Aliás, fico até mais tranqüilo diante do "eu não sei ao certo" dos médicos; prefiro isso ao "estou absolutamente certo de que....", frase que me dá arrepios.

Há trinta anos, não ouvia sequer uma menção a essa doença maldita.. Hoje, precisaria ter o triplo de dedos nas mãos para contar os casos relatados por amigos e clientes em suas famílias. O que está acontecendo? Estamos diante de um surto de Alzheimer? Finalmente nossos hábitos de vida "moderna" estão enviando a conta? O que os pesquisadores sabem de verdade sobre a doença? Qual é o lado oculto dessa manifestação tão dolorosa? Lendo o material disponível, chega-se a uma conclusão: essa é uma doença extremamente complexa, camaleônica, de muitas faces e ainda carregada de mistérios. Sabe-se, por exemplo, que há um componente genético. Por outro lado, o Dr. William Grant fez uma pesquisa que complicou um pouco as coisas. Ele comparou a incidência da doença em descendentes de japoneses e de africanos que vivem nos EUA, e com japoneses e nigerianos que ainda vivem em seus respectivos países. Ele encontrou uma incidência da doença da ordem de 4,1 para os descendentes de japoneses que vivem na América, contra apenas 1,8 de japoneses do Japão.

Os afro-americanos vão mais longe: 6,2 desenvolvem a doença, enquanto apenas 1,4 dos nigerianos são atingidos por ela. Hábitos alimentares? Stress das pressões do Primeiro Mundo? Mas o Japão não é Primeiro Mundo? Não tem stress? A alimentação parece ser sem dúvida um elo nessa corrente, e mais ainda o alumínio. Segundo algumas pesquisas, a incidência de alumínio encontrada nos cérebros de portadores da doença é assustadoramente alta. Pesquisas feitas na Austrália e em alguns países da Europa mostraram que, em atos alimentados com uma dieta rica, o sulfato de alumínio (comumente colocado na água potável para matar bactérias) danificou os cérebros dos roedores de forma muito similar à causada nos humanos pelo Alzheimer. Pesquisas do Dr. Joseph Sobel, da Universidade da Califórnia do Sul, mostraram que a incidência da doença é três vezes maior em pessoas expostas à radiação elétrica (trabalhadores que ficavam próximos a redes de alta tensão ou a máquinas elétricas). Mas não param por aí as pesquisas, que apontam a arma em todas as direções.

Porém, a que mais me chocou e me motivou a fazer minhas próprias elucubrações foi o estudo das freiras. Esse estudo, citado no livro A Saúde do Cérebro, do Dr. Robert Goldman, Ed. Campus, foi feito pelo Dr. Snowdon, da Universidade de Kentucky. Eles estudaram 700 freiras do convento de Notre Dame. Na verdade, eles leram e analisaram as redações autobiográficas que cada freira era obrigada a escrever logo ao entrar na ordem. Isso ocorria quando elas tinham em média 20 anos. Essas freiras (um dos grupos mais homogêneos possíveis, o que reduz muito as variáveis que deveriam ser controladas) foram examinadas regularmente e seus cérebros investigados após suas mortes.O que se constatou foi surpreendente. As que melhor se saíram nos testes cognitivos e nas redações – em termos de clareza de raciocínio, objetividade, vocabulário, capacidade de expressar suas idéias, mesmo apresentando os acidentes neurológicos típicos do Alzheimer (placas e massas fibrosas de tecido morto) – não desenvolveram a demência característica da doença. Ou seja, elas tinham as mesmas seqüelas que as outras freiras com Alzheimer diagnosticado (e que tiveram baixos escores em testes cognitivos e na redação), mas não os sintomas clássicos, como os do meu pai.

A minha interpretação de tudo isso: não temos muito como controlar todos os fatores de risco apontados como vilões – alimentação, pressão alta, contaminação ambiental, stress, e a genética (por enquanto). Mas podemos colocar o nosso cérebro para trabalhar . Como? Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida "bandida". Meu conselho : não sejam infalíveis como o meu pobre pai, não cheguem ao topo nunca, pois dali, só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos. Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.

Não existem estudos provando que o Alzheimer é a moléstia preferida dos arrogantes, autoritários e auto-suficientes, mas a minha experiência mostra que pode haver alguma coisa nesse mato. Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas "bobagens" e viveram vidas medíocres e infelizes – muitos nem mesmo tinham consciência disso. Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro.

Invente novas receitas, experimente - não gosta de ir para a cozinha? Hum... preocupante... Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade. Parodiando Maiakovski, que disse "melhor morrer de vodca do que de tédio", eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.
E inté, amigos, que eu vou me cuidar.
Roberto Goldkorn -psicólogo e escritor
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Água poderá ser um direito humano fundamental

Envolverde

O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação, Hama Arba Diallo, está convencido de que, em 2008, a ONU reconhecerá formalmente que a água não é um bem negociável, mas um direito humano básico. Dialla esteve esta semana em Roma para discutir o assunto com a vice-chanceler da Itália, Patrizia Sentinelli, que vai liderar uma campanha para pedir às Nações Unidas que retire a água das normas de comércio, adotando uma “regulamentação vinculante para identificar passos concretos e graduais rumo a um pactado acesso global” a esse recurso até o final do ano que vem. A iniciativa tem lugar após uma recente resolução do parlamento italiano em apoio ao acesso universal à água potável e a serviços de higiene, que afirma que a proteção ambiental e o acesso à água são dois aspectos do mesmo problema.

Diallo deixa o cargo, ao qual renunciou no último dia 25, por ter sido eleito para o parlamento de Burkina Faso nas eleições legislativas do mês passado. O partido governante insistiu que, se ele não deixasse seu posto como dirigente da Convenção e aceitasse seu mandato como legislador imediatamente, sua eleição seria declarada nula.

Diallo previa se retirar de seu posto da ONU em setembro. Antes de incorporar-se à secretaria da Convenção, em 1990, foi por 24 anos alto funcionário nos ministérios de Estado e Assuntos Exteriores de Burkina Faso.

Por que é tão importante que a água seja reconhecida como um bem comum e um direito humano fundamental?

Hama Arba Diallo – É imperativo como maneira de ajudar a garantir que haja um consenso na comunidade internacional para reconhecer o acesso à água como um elemento tão fundamental que é quase uma condição sine qua non para a própria vida. Agora não há lugar na África onde alguém possa ir sem que lhe digam que a maior preocupação que todos têm é oi acesso à água. O informe do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) indica que a escassez de água será cada vez mais importante devido ao aquecimento do planeta.
Se existe uma maneira de ajudar a conseguir este consenso para assegurar que o acesso à água seja imperativo, devemos fazê-lo. E a comunidade internacional está pronta para se mobilizar. Este é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mas, talvez, tenha de ser mais preciso, explicando que o que queremos dizer com “acesso à água segura para beber”. É por isto que necessitamos de um consenso e que a Iniciativa Italiana é tão importante e oportuna.

O senhor acredita que o reconhecimento formal pela ONU é um objetivo que pode ser alcançado?

Diallo – Temos de trabalhar nisso, com em muitos outros temas, no âmbito internacional. É preciso convencer a comunidade internacional que isto é tão importante e possível, e que cabe a eles decidir se continuam ou não. Mas, acredito bastante que podemos ter êxito. É tempo de iniciar uma ação diplomática específica para conseguir o sétimo Objetivo do Milênio (reduzir à metade a proporção de pessoas que carecem de acesso sustentável à água potável até 2015).

O senhor mencionou a África. Quais são as principais ameaças ligadas com à água que os africanos de zonas rurais enfrentam?

Diallo – Os pobres das áreas rurais, que dependem da terra para sua subsistência, especialmente os que vivem em terras secas, foram atingidos de modo particularmente duro. Os produtores rurais de Burkina Faso, Mauritânia e Malía cultivam a terra ou têm gado, ou fazem as duas coisas. Mas na África, os agricultores dependem essencialmente das chuvas como método de irrigação agrícola, por isso são mais afetados pela mudança climática. Está mudando o padrão da estação chuvosa e a duração dessa estação se torna pouco confiável, e também não se pode confiar na quantidade de chuva, em razão dos padrões da mudança climática.

Quais são os efeitos sociais e econômicos mais relevantes da escassez de água?

Diallo – A falta de acesso à água obriga as pessoas a gastarem muitos recursos em sua busca, sejam de água superficial ou fóssil. As fósseis são muito caras, porque ficam a centenas de metros abaixo da terra. As superficiais estão disponíveis mais facilmente quando chove, mas são muito difíceis de conseguir, e também sua qualidade deixa muito a desejar, já que está ao ar livre, sujeita ao vento e a todo tipo de parasita. Quem a beber incorporará esses parasitas.
As doenças ligadas à água estão muito espalhadas por toda a África. Também são veículo para a gastroenterite, malária e outras enfermidades. Se existe uma fonte direta de doenças que estão nos trópicos, a água é, definitivamente, o elemento catalizador que as torna possíveis. Para nós, o acesso à água potável não é apenas uma maneira de ajudar as pessoas a sobreviverem, mas é preciso que também seja de boa qualidade porque quem tem acesso à água segura para beber tem mais probabilidade de estar saudável e de evitar algumas dessas enfermidades.

A Convenção foi adotada pela Assembléia Geral da ONU em 1994 para “adotar uma ação apropriada para combater a desertificação e minimizar os efeitos da seca para benefício das gerações presentes e futuras”. Tem também, de fato, um impacto positivo sobre a pobreza?

Diallo – Fazendo frente ao bem-estar combinado de pessoas e meio ambiente, a Convenção é um importante instrumento nos esforços para erradicar a pobreza extrema. Se existe uma só ferramenta que agora os países têm à sua disposição para combater a pobreza, é esta. Através da Convenção as pessoas podem ter acesso a uma terra melhorada, a uma agricultura melhorada e a um gado melhorado.
Sejam quais forem as ações empreendidas, muito facilmente serão benéficas e eficientes, e terão um impacto direto nos meios de vida das populações diretamente envolvidas. Assim, se alguém quer um instrumento que ajude a combater a pobreza, criar postos de trabalho, gerar renda, proteger a biodiversidade e minimizar a mudança climática, a Convenção é a ferramenta que tem à sua disposição.

Envolverde

Europa usa Brasil para isolar Venezuela e Bolívia, diz sociólogo de Coimbra

Mylena Fiori
Foto: Wilson Dias/ABrBoaventura de Sousa Santos

Interesses econômicos e políticos norteiam a parceria estratégica proposta pela União Européia ao Brasil. Na avaliação do sociólogo e professor Boaventura de Sousa Santos, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o Brasil, neste momento, é um "fruto apetecido" devido à atuação protagonista nas negociações comerciais internacionais e à influência regional e em outras regiões importantes do mundo em desenvolvimento. É, também, o mais "moderado" entre os países sul-americanos.

"O Brasil tem tido posição mais moderada, é o governo mais pró-ocidental, não tem uma linguagem anti-imperialista, enquanto os outros países tem posição mais extremista em relação aos objetivos ocidentais", diz Boaventura. "A Europa obviamente pretende, com esta negociação, premiar a moderação brasileira e, talvez perversamente, isolar as versões mais extremistas. Nomeadamente a Venezuela", avalia em entrevista à Agência Brasil, entre as centenas de livros que ocupam cada centímetro quadrado de sua sala de trabalho em Coimbra.

"Estes são os jogos, as grandes manobras políticas globais que se jogam nestas cimeiras", afirma, em referência à primeira Cúpula Brasil-União Européia, que será realizada nesta quarta-feira, 4, em Lisboa, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes europeus.

Boaventura destaca, porém, as limitações da diplomacia européia, por não poder se sobrepor aos interesses nacionais de cada um dos 27 países-membros. Também aposta na "lucidez" da política externa brasileira e de outros países do mundo. Por estas razões, não acredita no êxito da estratégia européia. "A Europa não está em condições de impor condições ao mundo. Acredito que esta parceria pode ser boa para a Europa para começar a ver outra realidade, outras pessoas, outras caras. A Europa tem que aprender muito, o retorno das caravelas ainda não aconteceu e é bom que aconteça agora".

Portugal assume a presidência rotativa da União Européia colocando o Brasil e a África entre suas prioridades de política externa. O mandato começa com a Cúpula Brasil-UE e termina, em dezembro, com outra cúpula, entre europeus e africanos. Quais os objetivos desta estratégia? Todos podem ganhar com isso?

Boaventura de Sousa Santos -
Penso que fundamentalmente as duas cimeiras se justificam por razões distintas. Portugal é quem teve contatos políticos, culturais e econômicos, para o bem e para o mal, com Brasil e África. No meu entender, mais para o mal, porque foi um contato colonial. Mas foi de muitos séculos e, portanto, criou também algumas possibilidades de cooperação cultural. Portugal, que teve sempre esta fronteira muito flexível entre a Europa e o que está além da Europa, está bem posicionado para trazer estes temas à discussão. O problema é saber como é que vão ser tratados. E aí, claro, Portugal não tem poder para imprimir uma marca especial a estas negociações porque, fundamentalmente, o que está em jogo é a negociação econômica e o que fala mais alto são os números, os interesses no comércio. Portugal, aí, tem uma posição subordinada.

Por que o interesse europeu de aprofundar o diálogo com o Brasil?

Boaventura -
O Brasil é um fruto apetecido para a Europa por duas razões. Em primeiro lugar, porque é uma potência regional e também inter-regional, devido a suas interações com Índia e África do Sul. A Europa procura adensar seu intercâmbio com o Brasil fundamentalmente no plano econômico para procurar um tratado comercial bilateral no momento em que o comércio global está bloqueado. Isto é muito semelhante ao que os Estados Unidos têm feito na América Latina depois que falhou a Alca [Área de Livre Comércio das Américas]. Há também outra coisa na agenda no plano econômico, que é tentar que o Brasil contribua para o desbloqueamento do comércio internacional. Mas a política externa do Brasil tem sido muito lúcida no sentido de mostrar que se não houver cedências importantes da União Européia e dos Estados Unidos, estes países não servem para o Brasil.

E qual a outra razão?

Boaventura -
A outra razão tem a ver com os aspectos políticos. O Brasil tem uma posição geoestratégica nas mudanças políticas que têm ocorrido no continente sul-americano. Vários governos foram democraticamente eleitos com um programa que procura pôr fim a uma ordem internacional que consideram injusta e imperialista, porque permite a exploração desenfreada dos seus recursos naturais e de suas riquezas enquanto a esmagadora maioria das populações vive na miséria e na pobreza. Durante muitos séculos suas riquezas foram sendo saqueadas e, neste momento, estes povos disseram ponto final de alguma maneira. É assim que devemos entender a posição de [Nestor] Kirchner [presidente argentino] quando decidiu reduzir unilateralmente parte da dívida externa. É assim também na Bolívia e na Venezuela, quando decidem nacionalizar o petróleo e o gás. Neste domínio, a filosofia política do governo brasileiro pretende se aproximar da filosofia política da Europa, do modelo social europeu, de tentar alta competitividade e alguma proteção social. O Brasil tem tido uma posição mais moderada, é o governo mais pró-ocidental, não tem uma linguagem anti-imperialista.

E a estratégia pode funcionar?

Boaventura -
Não penso que neste aspecto a cimeira vá ter um grande êxito, precisamente porque o Brasil tem uma política externa muito lúcida, assentada na idéia de que o Brasil tem suas opções políticas, que são diferentes da Bolívia e da Venezuela, mas tem solidariedade continental com estas opções políticas porque todas elas, no seu conjunto, contribuem para um objetivo comum, que é melhorar as condições de vidas das populações excluídas. Portanto, penso que não vai ser possível, através do Brasil, isolar a Bolívia ou a Venezuela. O presidente Lula já deu mais do que sinais de que não pretende isso.

Durante o mandato português, também estão previstas cimeiras com outras grandes economias consideradas emergentes, como Rússia e Índia... O jogo é o mesmo?

Boaventura -
Todas estas cimeiras têm essa característica: adensar o comércio bilateral quando o comércio global, na Organização Mundial do Comércio, está bloqueado. O que interessa sempre, do ponto de vista da Europa, é fundamentalmente os negócios, não é uma visão política estratégica alternativa aos Estados Unidos. Vejo com bastante distância estas cimeiras. Sou europeu, não eurocêntrico, e procuro me colocar sempre na posição dos outros países e das outras regiões diante da Europa. E se eles forem lúcidos, sabem que não há muito mais do que isto em jogo neste momento.




Queen - Coletâneas

Montagem: Mr Bad Guy

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"The Best of Queen" foi lançado na Polônia em 1980 e "Thank God It's Christmas" no Brasil em 1985. Ambas coletâneas só sairam em vinil.


The Best of Queen

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01. Brighton Rock
02. Killer Queen
03. Now I'm Here
04. Somebody to Love
05. Tie Your Mother Down
06. I'm In Love With My Car
07. '39
08. Bohemian Rhapsody
09. Don't Stop Me Now
10. We Are The Champions
11. We Will Rock You



Thank God It's Christmas

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01. One Vision
02. I Want to Break Free
03. Under Pressure
04. Las Palabras De Amor (The Words of Love)
05. Life is Real
06. Rock It (Prime Jive)
07. Love of My Life (Live)
08. Thank God It's Christmas
09. Radio Ga Ga
10. Body Language
11. Tie Your Mother Down
12. Back Chat
13. We Are The Champions (Live)

Intelectuais apolíticos

por Otto Rene Castillo [*]


Otto Rene Castillo. Um dia,

os intelectuais
apolíticos
do meu país
serão interrogados
pelo homem
simples
do nosso povo

Serão perguntados
sobre o que fizeram
quando
a pátria se apagava
lentamente,
como uma fogueira frágil,
pequena e só.

Não serão interrogados
sobre os seus trajes,
nem acerca das suas longas
siestas
após o almoço,
tão pouco sobre os seus estéreis
combates com o nada,
nem sobre sua ontológica
maneira
de chegar às moedas.
Ninguém os interrogará
acerca da mitologia grega,
nem sobre o asco
que sentiram de si,
quando alguém, no seu fundo,
dispunha-se a morrer covardemente.
Ninguém lhes perguntará
sobre suas justificações
absurdas,
crescidas à sombra
de uma mentira rotunda.
Nesse dia virão
os homens simples.
Os que nunca se couberam
nos livros e versos
dos intelectuais apolíticos,
mas que vinham todos os dias
trazer-lhes o leite e o pão,
os ovos e as tortilhas,
os que costuravam a roupa,
os que manejavam os carros,
cuidavam dos seus cães e jardins,
e para eles trabalhavam,
e perguntarão,
"Que fizestes quando os pobres
sofriam e neles se queimava,
gravemente, a ternura e a vida?"

Intelectuais apolíticos
do meu doce país,
nada podereis responder.

Um abutre de silêncio vos devorará
as entranhas.
Vos roerá a alma
vossa própria miséria.
E calareis,
envergonhados de vós próprios.


[*] Revolucionário guatemalteco (1936-1967), guerrilheiro e poeta. A seguir ao golpe de 1954 patrocinado pela CIA, que derrubou o governo democrático de Jacobo Arbenz , Castillo teve de exilar-se em El Salvador. Voltou à Guatemala em 1964, onde militou no Partido dos Trabalhadores, fundou o Teatro Experimental e escreveu numerosos poemas. No mesmo ano foi preso mas conseguiu fugir. Regressou ao exílio, desta vez na Europa. Posteriormente retornou secretamente à Guatemala e incorporou-se a um dos movimentos guerrilheiros que operavam nas montanhas de Zacapa. Em 1967, Castillo e outros combatentes revolucionários foram capturados. Ele, juntamente com camaradas seus e camponeses locais, foram brutalmente torturados e a seguir queimados vivos.

Este poema encontra-se em http://resistir.info/ .

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Gal Costa - Acústico MTV



Gal Costa - Acústico MTV


Neste Acústico, gravado em 1997 para a MTV Brasil, Gal Costa, acompanhada por uma grande orquestra, recria clássicos do seu repertório e faz duetos com Zeca Baleiro, Herbert Vianna, Frejat e Luiz Melodia.
1. Baby
2. Coração Vagabundo
3. Não Identificado
4. London, London
5. Só Louco
6. Barato Total
7. Lanterna Dos Afogados
8. Teco-teco
9. Pérola Negra
10. Sua Estupidez
11. Falsa Baiana
12. Camisa Amarela
13. Vapor Barato
14. Você Não Entende Nada
15. Paula e Bebeto
16. Aquarela Do Brasil

O desafio da unidade da esquerda na Itália

Parte importante da nova esquerda se construiu ao redor do movimento altermundista; divergências quanto a leituras da conjuntura internacional dificultam alianças


Luis Hernandez Navarro

A constituição da Esquerda Européia na Itália, com a participação de uma parte da sociedade civil antineoliberal e não apenas do Partido da Refundação Comunista (PRC), supõe um desafio importante: construir uma coalisão política capaz de influir na política real, com experiências que em sua origem são distintas, em um momento político extraordinariamente complexo.

Don Tonino Dell'Ollio, da associação Libera, comprometida na luta contra a máfia, afirmou com clareza na assembléia constitutiva, parafraseando o papa João XXIII: "não me interessa saber se nos confrontamos no passado, e sim se poderemos ser capazes de empreender um caminho juntos". E completou: "não me interessa apenas estabelecer pontos de contato em nossas história, interessa-me proteger o futuro".

Essa unidade se choca, no entanto, com um obstáculo: a possibilidade de formar um novo partido de esquerda sobre a base de uma hipotética unidade entre o PRC, os comunistas italianos (PCI), os Verdes e a Esquerda Democrática. Caso isso se concretize, o jogo político se modificaria substancialmente.

Fausto Bertinnotti, presidente da Câmara dos Deputados e dirigente histórico do PRC, parece estar interessado em explorar esse caminho. Oliviero Filiberto, secretário do PCI, mostra-se entusiasmado com a idéia. No entanto, Titti di Salvo, da Esquerda Democrática, é muito mais cética. Sua existência como grupo com uma identidade própria é muito recente e uma parte de seus integrantes prefere se aliar com os socialistas.

Porém, para o resto das organizações, a relação com os socialistas (que na realidade são social-liberais) é mais complexa: coincidem com eles na defesa dos direitos sociais, mas têm diferenças fundamentais em questões internacionais e de relação com os organismos financeiros multilaterais.

Não se trata de uma questão secundária. Uma parte muito importante desta nova esquerda se construiu ao redor do movimento altermundista. Assim acredita Vittorio Agnolletto. Médico destacado na luta contra a Aids, porta-voz do Fórum Social durante as jornadas de protesto contra o G8 em julho e deputado europeu eleito como parte das listas do PRC, ele considera que este movimento tem a luta contra o neoliberalismo seu paradigma principal. Nele se expressa - assegura - a radicalidade que vem das jornadas de Gênova.

A situação se complica ainda mais porque as forças que formariam o novo partido são parte da coalisão de centro-esquerda que governa o país, cujo futuro poderia estar incerto se seus integrantes não chegarem a um acordo em torno da questão social. Além disso, eles têm recebido fortes críticas dos seus campos à esquerda - por exemplo, dos centros sociais do Nordeste -, que questionam a participação italiana na expedição militar no Afeganistão.

Europa na mira

Nas últimas semanas se produziu um forte debate entre a militância do PRC. O jornal do partido, o Liberazione, publicou reportagens sobre Cuba e Venezuela, amplamente críticas a suas revoluções e lideranças. A reação foi explosiva entre os que vêem nesses processos referências fundamentais para a sociedade que se quer construir. Os escritos puseram à ordem do dia o socialismo pelo qual se luta e o papel da Europa nisso.

Ramon Mantovani, atual deputado do PRC, conhece bem o México. Esteve lá em várias ocasiões, tanto para encontrar-se com os zapatistas como em missões parlamentares. "A América Latina sempre está presente no imaginário e no debate da esquerda italiana", comenta.

No entanto, critica o esquema de relação baseado tanto no etnocentrismo europeu de supor que a experiência do velho continente é superior à latino-americana, como o de considerar que o que se faz no novo mundo é superior ou mais avançado que o europeu e, portanto, é necessário subordinar-se a isso. Em seu lugar, propõe, deve-se estabelecer novas formas de cooperação que permitam enfrentar de maneira conjunta o neoliberalismo e a guerra.

Segundo ele, a Europa é a dimensão mínima da política como expressão do conflito de classe. O Estado de bem-estar europeu, afirma, nascido da derrota do fascismo e das conquistas do movimento operário, supõe um modelo civilizatório que é preciso defender, transformando-o, contra os embates do neoliberalismo. Nele estão as bases para um modelo econômico e social alternativo, de democracia profunda e real. Mas, para que isso seja possível, deve-se questionar a primazia do mercado, a competitividade e o crescimento. Simultaneamente deve-se construir a primazia do interesse público e a participação pública, entendendo o público não apenas como o estatal.

A referência européia na construção de outra sociedade e outra política foi uma constante na constrituição do capítulo da Esquerda Européia na Itália. Fausto Bertinnotti explicou com clareza. Existe, disse, uma necessidade histórica cada vez mais evidente: a da criação de uma sociedade alternativa. Os movimentos são conscientes disso e o expressam com o slogan "Outro mundo é possível".

A Europa "está convocada a jogar um papel protagônico neste esforço, mas não a Europa atual, e sim outra. Uma Europa que faça da democracia a base de seu papel no mundo e com seu modelo econômico e social", afirmou. A Europa é, na sua opinião, um espaço privilegiado para a integração de cada vez mais países do leste e do oeste, assim como do norte e do sul. Mas não qualquer Europa e, sem dúvida, não a Europa do capital, dos bancos e dos mercados.

O velho continente, assegura, é "a expressão mínima necessária para o renascimento da política das classes subalternas". E a conquista da paz e a transformação da sociedade capitalista serão chaves, serão os terrenos para fazê-lo. (La Jornada)

Fonte:BrasilDeFato

terça-feira, 3 de julho de 2007

Lou Andréas-Salomé



Lou Andréas-Salomé nasceu em 1861 e morreu em 1937.
Foi uma mulher que exerceu grande influência na vida de grandes homens. Nietzsche e Rilke foram seus admiradores; Freud, referindo-se a ela, disse: “ela é a poeta da psicanálise”. Em 1931, Lou Salomé escreveu esta Carta aberta a Freud, associada aos festejos da data de aniversário do mestre da psicanálise, que na ocasião completava 63 anos.

A autora tinha por Freud uma grande admiração e reconhecimento por suas investigações, mas, apesar disso, não deixou de levantar algumas interrogações a Freud. Neste texto Lou Salomé coloca como interrogação a relação entre o processo criador e analítico e, o inverso, a teoria freudiana da criação artística.

Para Lou, que antes de mais nada se afirmou como uma escritora e não como analista, a vida de cada paciente deve ser vista como um romance. Interessante torna-se acompanhar esse mergulho da autora, que se aprofunda nos segredos e mistérios da vida.
Copiado de:AmigosDoFreud

Rita Lee - Acústico MTV



Rita Lee - Acústico MTV


1. Agora só falta você
2. Jardins da Babilônia
3. Doce vampiro
4. Luz del fuego (with Cássia Eller)
5. Nem luxo, nem lixo
6. Alô! Alô! Marciano
7. Eu e meu gato
8. Balada do louco
9. Papai, me empresta o carro (with Titãs)
10. O gosto do azedo
11. Gîtâ
12. Flagra
13. Deculpe o auê (with Paula Toller)
14. Coisas da vida
15. M te vê
16. Mania de você (with Milton Nascimento)
17. Lança perfume
18. Ovelha negra

Isabella Taviani - Ao Vivo



Isabella Taviani - Ao Vivo


Este é o álbum ao vivo de Isabella Taviani, a cantora e compositora carioca que estourou em 2003 com seu CD auto-intitulado de estréia, chegando ao primeiro lugar nas rádios do Rio de Janeiro. São 14 faixas marcadas por toda a força de sua voz e interpretação, com sucessos como "Foto Polaroid", "Digitais" e "De Qualquer Maneira". Vale a pena conferir!
1. O Farol
2. Preconceito
3. Foto Polaroid
4. Digitais
5. Recado do Tempo
6. Último Grão
7. Castelo de Farsa
8. Atrevida
9. Tem que Acontecer
10. Canção para um Grande Amor
11. Sentido Contrário
12. Medo da Chuva
13. Olhos de Escudo
14. De Qualquer Maneira

Cuba, hora de mudanças

A era Fidel está se esgotando. O projeto natural para a transição é combinar controle político nas mãos do PC com reformas capitalistas, ao estilo chinês. Mas há uma alternativa, que se apóia nos ricos processos de mobilização social da América Latina

Carlos Gabetta


Todo o mundo se pergunta se haverá “transição” em Cuba e se acontecerá antes ou depois da morte de Fidel Castro. Os adversários da Revolução Cubana estão certos de que haverá. Acontecerá segundo as premissas capitalistas e, ao terminar, terá reconstruído o sistema, com todas as suas características clássicas.

Há também os que, como nós, entendem que o capitalismo já deu tudo de bom que poderia e agora só pode oferecer desigualdade, conflitos, destruição e opressão. Para esses, o problema continua sendo propor uma alternativa geral. Afinal, depois da experiência soviética, temos que rever tudo que entendemos por socialismo.

Durante anos, temos insistido em denunciar as agressões exteriores de todo o tipo a que a revolução cubana é submetida. Só a má-fé pode ignorar o papel que ataque e o bloqueio norte-americanos exercem sobre a evolução e o caráter do regime político, os problemas da economia e as recorrentes dificuldades de abastecimento da população.

Mas o final da União Soviética e do resto dos países até agora chamados socialistas, ou a evolução dos que sobreviveram (Vietnã, China), obrigam-nos a observar problemas que nada têm a ver com “o cerco e a agressão imperialista”. São dificuldades inerentes ao tipo de socialismo que se aplicou em diversos países do mundo desde a revolução soviética: regime de partido único, assimilação do Estado pelo Partido, censura e repressão à dissidência e economia centralizada.

Promessas e misérias do "socialismo real"

Como resultado, surgiram ao menos três deformações:

1. Em uma sociedade que se diz sem classes, surge a progressiva formação de uma classe dirigente e/ou “de negócios” introduzida no poder, privilegiada e paulatinamente minada pela corrupção.

2. A onipresença do Partido e seus principais líderes sobre o conjunto da sociedade, a suposta infalibilidade de suas análises e decisões, a redução da teoria e análise marxistas a formulações dogmáticas, a repressão de toda a dissidência, o controle total da imprensa e da educação acabam por eliminar todo o verdadeiro debate de idéias na sociedade. Desaparece a crítica e, com ela, a dialética entre prática e consciência social. Se “é a prática que determina a consciência” [1], essa, produto de tal tipo de socialismo, fica longe do ideal. Estabelece-se, ao contrário do desejado, uma prática da desconfiança e são ocultadas as verdadeiras opiniões, o que acaba por determinar uma consciência cínica e, no fim das contas, reacionária.

3. No plano econômico, os diversos problemas podem se resumir em um aspecto: a produtividade. O socialismo não conseguiu substituir o estímulo do progresso individual, próprio do capitalismo, por outro, de caráter social ou ideológico, capaz de igualar ou superar seus resultados. A economia socialista foi muito menos produtiva que a capitalista em qualidade, quantidade e em qualquer de seus níveis: primário, secundário e terciário. Mesmo que o “socialismo real” tenha tido êxitos iniciais e procurado maiores níveis de igualdade, não pôde sustentar essas vantagens muito tempo – precisamente por não ser capaz de produzir com eficácia. Assim recaiu-se em uma situação de pobreza, agravada pelo aumento das expectativas sociais.

Estes três fenômenos articulam-se uns com os outros, o que multiplica a gravidade dos problemas. Cuba padece claramente dessas três conseqüências do modelo: é um regime de partido único, não existe pluralismo de opinião e a economia está totalmente planificada pelo Partido e pelo Estado.

Consciência crescente da pesada herança soviética

Existe atualmente, entre os dirigentes e intelectuais cubanos, uma forte corrente de opinião que tem muito claro o peso político e econômico “herdado”, por força das circunstâncias, do sistema soviético — assim como a ajuda recebida durante anos da URSS os poupou da fase de acumulação originária de capital. Fontes ocidentais calculam que entre créditos, doações, mecanismos de preços subvencionados e de outro tipo, Cuba recebeu dos países socialistas, em seus trinta primeiros anos de revolução, 80 bilhões de dólares de ajuda — sem incluir o apoio militar. Mesmo reduzindo essa cifra pela metade ou menos, trata-se de uma soma extraordinariamente importante para um país como Cuba. Ao menos, suficiente para seu crescimento. Porém, ao fim da URSS, Cuba descobriu dolorosamente que não havia se desenvolvido completamente [2].

Em honra à revolução cubana e aos seus dirigentes, deve-se insistir que todo esse dinheiro não parou nas mãos de uma burguesia corrupta e espoliadora, como ocorreu sistematicamente nas “democracias” latino-americanas. Em Cuba, foi utilizado para construir hospitais e escolas e para melhorar o nível de vida da grande maioria da população. Também para um generoso esforço internacionalista – não só em dinheiro mas também em todo tipo de solidariedade, até o sacrifício de vidas – dirigido aos movimentos progressistas e revolucionários da América Latina e do Terceiro Mundo.

A prova dessa enorme diferença moral é justamente a maneira com que a sociedade cubana e seus dirigentes saíram com a cabeça erguida da catástrofe econômica que o desaparecimento da URSS significou para eles. Uma catástrofe capitalista muito menor, em termos relativos (como a da Argentina em 2001), deixou o país sem o controle de seus recursos naturais, mais da metade da população na pobreza e um quarto na indigência.

Mas a comprovação de que os dirigentes comunistas cubanos são globalmente honestos e a evidência de que sempre têm contado com o apoio da maior parte de seu povo não elimina os problemas do modelo socialista cubano. Trata-se de questões objetivas, que nada têm a ver com a vontade subjetiva da geração de líderes que iniciou a revolução com a tomada do Quartel Moncada, em julho de 1953, e que ainda continua no poder.

A oportunidade única de uma reforma não-capitalista

Há alguns anos, um amigo cubano me disse: “A perestroika deveria ter começado aqui”. Não lhe faltava razão, já que seguramente Cuba teria menos dificuldades do que a URSS para encarar uma série de reformas estruturais, sob a condição de que os verdadeiros problemas se abordassem de frente, com profundidade e sem esquematismos.

Quem resiste com boa fé a essas mudanças (não os burocratas, fanáticos ou corruptos, que também existem), insiste que seria impossível controlar uma “abertura” em Cuba, devido à proximidade e ao enorme poder dos Estados Unidos. O argumento não é nada desprezível, mas não elimina os problemas assinalados. Também não leva em conta que a conjuntura regional — com a aparição de vários governos progressistas, com projetos de integração conseqüentes e o progressivao enfraquecimento dos Estados Unidos — configura uma ocasião única para uma abertura audaz, que combine maior democracia política com transformações econômicas de inspiração socialista. No fim das contas, o socialismo sem democracia representa uma contradição em si mesmo.

Cuba sobreviveu à brutal queda da URSS porque tomou um rumo muito “capitalista”: investimentos estrangeiros privadas; dupla economia (área dólar e área peso; depois, área CUC); abertura ao capital e à iniciativa privada na área de serviços e outras etc. Foi dessa maneira, com enormes sacrifícios por parte de uma população fiel à revolução e fortes concessões ao ideal socialista, que o essencial do processo foi salvo.

Um problema que diz respeito a toda a humanidade

Mas duas questões continuam de pé. A primeira, histório-política, diz respeito ao destino das revoluções socialistas que sobreviveram à URSS. Dentro de muito pouco tempo, terão desaparecido por completo as gerações que as formaram. No caso de Cuba, será um processo que avançará em direção a uma forma de socialismo ainda a definir? Ou Fidel e seus companheiros haverão sido, no fim das contas, o que Robespierre e os jacobinos foram para a Revolução Francesa: a primeira fase de uma revolução — mas não socialista, e sim emancipadora e, no fim, burguesa e “moderna”?

O segundo, e de enorme interesse para os que entendem que somente avançando até o socialismo a humanidade começará a resolver seus graves problemas, é o tema da produtividade socialista. É e velha disputa teórica que, em Cuba, se deu entre o vice presidente Carlos Rafael e o Che. Os estímulos ao trabalho e à produção devem ser materiais, morais ou uma combinação de ambos? O ocorrido na URSS dá a resposta do que não funciona, mas segue em pauta a necessidade de uma alternativa: como envolver a sociedade na produção socialista sem apelar a estímulos – propriedade privada, competição individual – próprios do capitalismo? Ao fim de vários anos de crescimento sustentável, o problema segue vigente em Cuba, já que o aumento do salário médio supera o da produtividade. Continuar se desenvolvendo dependerá, portanto, de um sensível acréscimo da disciplina do trabalho e da diminuição dos custos de produção [3], que é justamente onde o “socialismo real” falhou.

O tema da produção-produtividade-igualdade não diz respeito apenas a Cuba, mas a todas as sociedades. O paradoxo é que esse é o país que tem mais urgência de que se resolva o problema, e que está em melhores condições de consegui-lo, ajudando os demais a trilhar o caminho. Não seria estranho, e em todo caso é de se esperar, que o povo cubano e seus dirigentes enfrentem o desafio com o mesmo valor, calma e criatividade que assombrou e entusiasmou o mundo inteiro, 48 anos atrás.

Tradução (do espanhol): Gabriela Leite Martins
gabileite89@hotmail.com