segunda-feira, 16 de julho de 2007

Fidel compara Cuba e EUA, desafia Bush e acusa hipocrisia


O presidente de Cuba, Fidel Castro, zombou dos esforços do governo Bush para diminuir os problemas sociais na América Latina, destacando que seu pequeno país pode superar os Estados Unidos na ajuda em saúde e educação. Em editorial publicado neste domingo (15) pelo jornal Juventud Rebelde, Fidel também declarou que o governo americano tem capacidade para evitar qualquer atentado em seu território — a menos que seja de seu interesse político deixá-lo acontecer.


Fidel: 27 artigos desde 29 de março

“Bush vai descobrir que o sistema econômico e político do império não pode competir na área de serviços vitais como educação e saúde com Cuba, atacada e bloqueada por quase 50 anos”, escreveu o líder cubano. "Todo mundo sabe que a especialidade dos Estados Unidos na área de educação é roubar cérebros", sustentou Fidel, citando um relatório da Organização Mundial do Trabalho.

Esse documento revelou que 47% dos estudantes estrangeiros que conquistam o título de Ph.D. nos Estados Unidos permanecem no país. A administração Bush recebeu 150 delegações da América Latina e 90 organizações dos Estados Unidos esta semana para discutir o trabalho social do país na região e promover esforços corporativos.

A Conferência da Casa Branca sobre as Américas, convocada por George W. Bush em março, contou com a presença de Bush, sua esposa, Laura, e cinco membros de seu gabinete como parte de um esforço para conter o uso dos programas de educação e saúde de Cuba e Venezuela para a América do Sul.

“Por episódios”

Fidel ridicularizou o giro de quatro meses pela região do navio-hospital Comfort dos Estados Unidos. A embarcação, com mais de 800 pessoas a bordo — entre pessoal médico e tripulação —, cumpre até setembro uma rota de assistência humanitária por países das Américas Central e do Sul e Caribe

"Você não pode efetuar programas médicos por episódios", escreveu Fidel, comparando a próxima parada do navio no Haiti com o trabalho de centenas de médicos cubanos em quase uma década no local, além do treinamento de haitianos em Cuba.

"Em Cuba, onde a saúde não é mercadoria, é possível fazer coisas que Bush sequer imagina”, registra o editorial. “Os países do Terceiro Mundo não dispõem de recursos para criar centros de pesquisa científica, mas Cuba conseguiu criá-los, apesar de seus próprios profissionais muitas vezes serem exortados e incentivados a desertar.".

Foi nesse sentido que Fidel lembrou os milhares de bolsistas da América Latina e do Caribe que se formam médicos em Cuba gratuitamente. Entre eles, há até jovens norte-americanos.

A “reflexão” de Fidel, sob o título "Bush, a saúde e a educação", foi sua 27ª desde 29 de março. O líder de 80 anos tem escrito textos de opinião enquanto se recupera de uma série de cirurgias no intestino. O irmão de Fidel, Raul Castro, de 76 anos, governa temporariamente o país.

Ataques tolerados

Em resposta ao secretário de Segurança Interna americano, Michael Chertoff, Fidel ainda comentou: “Qualquer ataque contra sua população ele pode evitar, exceto se tiver necessidade do estardalhaço para prosseguir e justificar a brutal guerra que decretou contra a cultura, a religião, a economia e a independência de outros povos”.

Na terça-feira, em entrevista divulgada pelo Chicago Tribune, Chertoff declarou que tinha "a intuição" de que os Estados Unidos estão enfrentando neste verão um alto risco de atentados terroristas. Para Fidel, no entanto, Washington "vê e escuta tudo, com ou sem autorização legal, e pode obter a informação de segurança que precisa sem seqüestrar, torturar ou assassinar em prisões secretas".

Evo anuncia nacionalização das ferrovias bolivianas


O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste domingo (15) que começará a nacionalizar as ferrovias do país, atualmente sob o controle de investidores chilenos e americanos. O anúncio foi feito na localidade de Guaqui, às margens do lago Titicaca.


O chefe de Estado foi ao local de trem desde a cidade pré-colombiana de Tiahuanaco. Durante seu discurso para inaugurar o circuito turístico entre as duas localidades, Evo questionou a privatização parcial da Empresa Nacional de Ferrovias (Enfe) realizada em 1996, segundo a Agência Boliviana de Informação.

"O povo que nos falava de capitalização que nos diga agora onde estão os frutos desse processo. Nunca houve capitalização, mas descapitalização do povo boliviano e de nossas empresas”, disse Evo. “Por isso, agora vamos iniciar a nacionalização da Enfe."

A estatal foi privatizada parcialmente — processo que na Bolívia se conhece como capitalização. Os investidores do Chile ficaram com o controle da rede ferroviária andina, enquanto os dos Estados Unidos com as rotas orientais.

A Empresa Ferroviária Andina tem como principal sócia a companhia Inversores Bolivian Railways SA, que possui um pacote acionário de 50%, composto por capitais chilenos. A sócia da Empresa Ferroviária Oriental é a firma Trens Continentais, filial da americana Genesee Wyoming, que também tem participação de 50%.

Em ambos os casos, outros 49% pertencem teoricamente à população boliviana, que delegou sua administração a duas empresas que gerenciam previdência privada — uma do grupo Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) e outra do suíço Grupo Zurique Financial Service.

Fonte: Vermelho

Meditação


O homem, para se evadir dos seus conflitos, tem inventado muitas formas de "meditação". Estas têm por base o desejo, a vontade e a ânsia de conseguir algo, o que implica conflito e uma luta para chegar. Este esforço consciente, deliberado, realiza-se sempre dentro dos limites de uma mente condicionada, e nesta não existe liberdade. Todo o esforço para meditar é contrário à meditação.
A meditação vem com o cessar do pensamento. E só então se revela uma dimensão diferente, que está além do tempo.
J. Krishnamurti

domingo, 15 de julho de 2007

Bush corrige a pontaria (3): o Iraque





Luiz Eça


Estimular os conflitos entre xiitas e sunitas, apoiando os grupos sunitas, mesmo sendo terroristas. É a nova estratégia americana no Oriente Médio, a redirection, revelada pelo repórter investigativo Seymour Hersh, da New Yorker. Irã, Síria e xiitas seriam os principais inimigos dos Estados Unidos e os alvos de suas baterias.

No Iraque, a aplicação da redirection parece complicada. Afinal, nesse país, são os sunitas que atacam os americanos, enquanto a maioria dos xiitas, aboletada no poder, admite a ocupação. Mas Bush sabe que esses amigos de hoje serão os inimigos de amanhã. Logo que, após a saída das tropas americanas, os políticos xiitas assumirem de fato o país, eles provavelmente passariam para o lado do também xiita Irã, com quem, além da afinidade religiosa, mantêm firmes laços de amizade. Isso para os interesses americanos seria o desastre, pois inviabilizaria totalmente os grandes objetivos da invasão: o controle do petróleo e a criação de um novo Iraque, democrático, pacífico e... submetido à hegemonia ianque. 500 bilhões de dólares (o custo atual da aventura iraquiana) teriam sido jogados fora.

A resposta do governo Bush a esse desafio é sempre que houver interesses comuns, fornecer armas aos sunitas. Isso já está acontecendo. Em algumas regiões, a insurgência sunita rompeu com a Al Qaeda e a está combatendo, ao lado dos americanos.

A briga com a Al Qaeda foi causada pelos ataques dos comandados de Bin Laden contra a população civil, que atingiram até mesmo guerrilheiros e clérigos de facções sunitas. “Não queremos matar sunitas nem xiitas inocentes e o que a Al Qaeda está fazendo é contrariar o Islã” foi a justificação de Abu Marwan, líder do Exército Mujahedin, sunita.

Com esse lance, os americanos não só isolam a Al Qaeda, dividindo e enfraquecendo a insurgência, mas também turbinam o poder de fogo sunita - o que ameaça o governo xiita.

Sua dependência dos americanos irá fatalmente aumentar, forçando-o, por uma questão de sobrevivência, a um comprometimento ainda maior do que o existente. O resultado é que, para os xiitas que governam o país, a perspectiva de retirada em curto prazo do exército dos Estados Unidos é assustadora.

E essa retirada, o pull out, parece próxima. A opinião pública americana apóia maciçamente: mais de 70% da população, segundo pesquisa do USA Today. A questão já começou a ser discutida no Senado. Bush antecipou seu veto. No entanto, como cinco senadores republicanos pularam fora e se juntaram aos senadores democratas, o pull out tem quase o número de votos necessário para a rejeição do veto presidencial.

Sentindo o peso da barra, Bush lançou mão de sua tradicional manobra: o uso político do medo.

O ministro das relações exteriores do Iraque e o embaixador dos Estados Unidos advertiram o povo americano que a partida das tropas causaria o aumento da violência, a morte de milhares de pessoas e um conflito regional.

A Casa Branca divulgou notícias alarmantes de que a Al Qaeda estaria para desfechar um terrível atentado nos Estados Unidos. Funcionários da inteligência informaram à rede ABC que uma célula da Al Qaeda estaria a caminho.

E Bush apelou aos senadores para que adiem sua decisão até setembro, quando o comandante das forças americanas no Iraque apresentará os resultados da nova ofensiva contra os insurgentes. Os senadores teriam, então, um quadro exato da situação para decidir de forma melhor.

Ele espera que, até lá, a lei do petróleo seja aprovada pelo parlamento iraquiano. Afinal, foi para isso que os americanos conquistaram o país, sacrificando, até agora, 3.700 soldados. Essa lei assegura aos Estados Unidos as fontes de energia barata e abundante de que necessita e às petrolíferas lucros estratosféricos. O Iraque, com suas reservas de 112 bilhões de barris – a segunda maior do mundo -, oferece isso.

Pela nova lei, os campos petrolíferos seriam explorados pelas multinacionais, através dos contratos PSA (Production Sharing Agreements), dividindo os lucros com o estado. O PSA é tão desvantajoso que nenhum país petrolífero do Oriente Médio o aceita. No caso iraquiano, será particularmente ruim, pois deixaria o país amarrado aos contratos por até 35 anos.

As coisas não estão correndo bem para Bush. Apresentada ao governo iraquiano em fins do ano passado, a lei foi rapidamente aprovada. No Parlamento surgiram reações contrárias de sunitas, xiitas e até dos aliados curdos. O governo amenizou algumas cláusulas. Mas a oposição continua, inclusive dos sindicatos petrolíferos. Faleh Umara, seu presidente, explica: “a lei permite às companhias internacionais, especialmente americanas, explorarem os campos de petróleo sem nenhum controle. E elas ficam com cerca de 50% da produção, o que é um roubo do petróleo iraquiano”.

Seis vencedores do Nobel da Paz, Betty Williams, Mairead Maguire, Rigoberta Menchu, Jody Williams, Shirin Ebadi e Wangari Maathai juntaram-se aos protestos: “a lei do petróleo iraquiano irá beneficiar as petrolíferas estrangeiras às custas do povo do Iraque, negar ao povo segurança econômica, criar maior instabilidade e colocar o país mais longe da paz”.

Indiferente ao clamor da opinião pública, o governo americano vem pressionando os legisladores iraquianos. Fixou o fim de junho como prazo final para a aprovação da lei. Nada feito. Adiou, então, para setembro, para quando ele conta postergar o início da discussão do pull out.
Com a lei aprovada, Bush teria moral para conseguir da oposição mais tempo para os contratos de exploração das zonas petrolíferas serem firmados.
É provável que seja atendido, pois os congressistas já manifestaram ansiedade pela aprovação dessa lei. Isto posto, Bush poderá propor seu “plano B”, no qual o pull out aconteceria logo. No entanto, parte do exército, talvez 10 a 15 mil homens, permaneceria nas bases em vez de ocupar o país. Não mais exercendo funções policiais, mas apenas como assessores do governo iraquiano, para garantir a democracia e a integridade territorial. Claro, sua missão principal seria garantir os contratos petrolíferos, o fluxo de petróleo para os Estados Unidos e impedir eventuais iniciativas atrevidas do governo em favor do Irã ou dos guerrilheiros muçulmanos.
Pode dar certo. Desde que os movimentos sunitas e xiitas, os parlamentares e o governo iraquianos, mais os senadores e deputados americanos, ajam do jeito que o governo Bush prevê.

Façam suas apostas.


Luiz Eça é jornalista.

sábado, 14 de julho de 2007

6 Discos de Boot


Pacote de Gerenciadores de Disco de Boot para 6 tipos de Windows:

Windows 95a
Windows 98
Windows 98se
Dos 6.22

Windows Me

Windows Xp

  • Tam.: 4.9MB

Iluminado seja o Rio de Janeiro



Ao fundo, a tropa de choque protege a entrada principal da Prefeitura do Rio de Janeiro. Em primeiro plano, o solzinho sinistro representa um lado do Pan que as Organizações Globo, a Prefeitura e os governos estadual e federal querem esconder. Bati essa foto hoje à tarde, durante o protesto que passo a narrar abaixo.


O prefeito se enganou nas contas

No início da década de 1990, César Maia disse que se vestiria de baiana e rodopiaria pela comunidade caso não conseguisse despejar as famílias que vivem na Vila Autódromo, em Jacarepaguá. De lá pra cá foram ao menos três tentativas frustradas. A Prefeitura mobilizou desde tratores a advogados, passando pela grana das empreiteiras, mas a Vila Autódromo segue firme, de pé. Nem com o pretexto do Jogos Pan-Americanos os homens do prefeito lograram êxito. Quando visitei este pequeno conjunto habitacional de aproximadamente 500 famílias, ouvi dos mais velhos a justa cobrança: "Estamos esperando a baiana Maia desfilar".


Tropas de choque

Nesta quinta-feira (12), o prefeito do Rio de Janeiro foi perguntado a respeito da manifestação organizada para hoje, que tinha o objetivo de criticar a violência contra os trabalhadores e os gastos bilionários com o Pan. E assim respondeu César Maia: "É um besteirol que não juntará mais de 300 pessoas. São os mesmos de sempre, que têm até firma reconhecida de ´passeateiros´. A mobilização demonstrará se eles têm apoio ou se são os militantes profissionais de sempre".


Camponeses relembram os companheiros assassinados

Pois é. O besteirol juntou cerca de mil pessoas em frente à Prefeitura, ali no prédio da Av. Presidente Vargas, conhecido como Piranhão. A concentração começou às 11h e até as 14h foi juntando gente. Vinham de todos os lados, eram de todo tipo: sem-terra, sem-teto, sindicalistas, professores, estudantes, servidores públicos em geral e até palhaços. Esses protagonizaram um show à parte. Auto-intitulado "Exército de palhaços", o grupo apitava, cantava, pulava... Um palhaço perguntava, diante da polícia: "Hoje tem caveirão?". Os outros, em coro: "Teeeeem". Hoje tem violência policial? "Teeeeem". Hoje tem invasão no Complexo do Alemão? "Teeeeem". E hoje tem almoço? "Nããããão". E no auge da apresentação, atiraram uma esquadrilha de aviõezinhos de papel em direção à tropa de choque, para em seguida caírem (literalmente) em gargalhadas deles mesmos.


Um pouco de hip-hop com o coletivo LUTARMADA

Enquanto isso, parlamentares, sindicalistas e representantes de movimentos sociais dividiam o palco com músicos. Em uma das apresentações, Gas-PA e Mimiu, do coletivo LUTARMADA, cantaram os versos que sintetizaram o sentimento dos manifestantes: só mesmo uma revolução para colocar o Brasil nos eixos.

Era isso. Até ali o ato servira para mostrar que parte expressiva da sociedade não tinha motivos para comemorar os Jogos Pan-Americanos. Gente que sabe das falcatruas e das agressões da Prefeitura e dos governos estadual e federal contra os trabalhadores (caveirão, salário mínimo de R$ 380,00, desemprego e sub-emprego, entre outras formas de opressão). Gente que sabe como funciona a atual política econômica, que favorece banqueiros e especuladores em detrimento dos verdadeiros responsáveis pela produção das riquezas. Gente que conhece o papel das corporações de mídia, essencial para manter o povo desinformado e alienado de sua própria condição.


Tropa de choque

Ali perto, no Maracanã, a organização dos Jogos cuidava dos últimos preparativos. A TV Globo, sócia do evento, escalou Fátima Bernardes e Galvão Bueno para ancorar a festança. Tanto era o entusiasmo que o narrador chegou a cogitar que a interpretação do hino nacional por Elza Soares teria sido a melhor de todos os tempos. E na hora de elogiar a belíssima atleta argentina, que portava a bandeira de seu país, o sapientíssimo Galvão se embaralhou todo para pronunciar "bela" em espanhol. Deve ser a emoção causada pelo magnânimo evento, cujos organizadores se esmeram ao infinito no cuidado com as aparências. Até o cabelinho do Arnaldo Antunes estava comportado.


E os manifestantes? Sim, os manifestantes. Pouco depois das 14h, alguém anunciou no microfone que a passeata teria início. Esse alguém, que atende pelo nome de Cyro Garcia, informou que "após uma reunião rápida a direção decidiu ir em direção à Candelária". Causou indignação. Muitos queriam ir para o Maracanã. Vaias. "Nós avaliamos que não temos correlação de forças para ir para o Maracanã", informou Cyro. Em resposta, palavras de ordem: "Se esse ato é contra o Pan, a gente tem que ir pro Maracanã". Num piscar de olhos, pancadaria. Eu devia estar a dois metros do centro da confusão. O Samuca, fotógrafo sindical, acabou levando uma pernada e caiu. E o movimento, que tinha começado tão bem, elogiado por todos por sua unidade, acabou dividido. O carro de som foi para a Cinelândia e um grupo ficou para decidir se tomava o caminho do Maracanã - o que, agora, seria extremamente arriscado pelo reduzido número de pessoas.


Vista da passarela

Houve quem classificasse como golpe a decisão de não ir para o Maracanã. De fato, o itinerário não foi decidido coletivamente. E conforme íamos caminhando pela Av. Presidente Vargas, dava para ver que estava tudo armado. A polícia fechava uma pista para os manifestantes, agora acusados de pelegos, passarem.


O Exército de Palhaços marcou presença

A decisão de tomar o caminho oposto ao Maracanã não tira o mérito do ato; seu sentido político está preservado. Mas é muito difícil compreender por que um protesto contra as violências implementadas com o pretexto do Pan não tomou o rumo da festa de inauguração. Não com o objetivo de enfrentar a polícia, mas para mostrar aos atletas, aos turistas e à imprensa estrangeira que nem todos os cidadãos cariocas concordam com a maneira como o Pan foi organizado. Eu, se fosse o prefeito, o governador ou o presidente, ficaria muito contente com o afastamento dos manifestantes.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dicas do XP

Computador reiniciando sozinho com Windows XP

É padrão do Windows dar um reboot no seu computador quando encontra uma falha de sistema. Você pode impedir isso desabilitando o autoreboot. Edite o registro e localize
HKEY_LOCAL_MACHINE\SYSTEM\CurrentControl\SetControl\CrashControl.
Selecione AutoReboot na lista da direita. Dê dois cliques nele e troque o valor para 0 (zero) para
desabilitar ou 1 para habilitar. Reinicie o computador. Também é possível solucionar o problema sem editar o registro.
Abra o Painel de Controle, escolha Sistema, selecione Avançado e clique em Configurações no último tópico (inicialização e recuperação). Desmarque a opção Reiniciar automaticamente. Deixe marcada a opção Gravar um evento no log do sistema. Para ver porque o sistema teve alguma falha, digite "eventvwr" no prompt de comando ou no menu Iniciar>Executar.

Aracruz quer quintuplicar produção de celulose do RS

Direção da empresa anuncia investimentos de US$ 2 bilhões, envolvendo ampliação da área de eucalipto e construção de nova planta de celulose, de três portos hidroviários e um marítimo. Governadora diz que apoiará expansão.

PORTO ALEGRE - A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), reuniu-se, quarta-feira (11), com a direção nacional da Aracruz, que anunciou a expansão de seus negócios no Estado. A empresa pretende ampliar em até cinco vezes a produção de celulose no RS. Para tanto, promete investir cerca de US$ 2 bilhões na ampliação das áreas de plantio de eucalipto, de produção de celulose e na construção de três portos hidroviários (em Guaíba, Rio Pardo e Cachoeira do Sul) e um marítimo (em São José do Norte). Esses investimentos gerariam cerca de 12,5 mil empregos diretos.

A empresa está comemorando o aumento de seus lucros. No segundo trimestre de 2007, teve um lucro líquido de R$ 318,5 milhões, valor 38% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O volume de vendas também aumentou, alcançando um nível recorde de 832 mil toneladas, valor 23% acima do verificado no primeiro trimestre do ano. No RS, a empresa conta com a flexibilização da legislação ambiental, promovida pelo governo Yeda Crusius, para acelerar a implementação de seus projetos.

Durante o encontro realizado no Palácio Piratini, a empresa anunciou a criação de uma nova fábrica, no município de Guaíba, para a produção de celulose branqueada de eucalipto. Com essa nova unidade, a capacidade de produção da Aracruz passará das atuais 450 mil toneladas para 1,8 milhão de toneladas/ano. Segundo o diretor de Operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, haverá geração de 12,5 mil empregos temporários, 70% dos quais de trabalhadores que residem na Região Metropolitana de Porto Alegre.

A nova planta de produção de celulose deve ser construída ao lado da que já existe em Guaíba, com previsão de funcionamento para março de 2010. A Aracruz pretende fazer um uso intensivo da hidrovia do rio Jacuí para transportar a celulose produzida em suas unidades. A empresa também anunciou a ampliação da área de plantio de eucalipto. Até 2010, a área de plantio passará dos 110 mil hectares atuais para 250 mil hectares. Deste total, diz a empresa, 90% serão área de preservação ambiental com reservas florestais nativas.

A governadora Yeda Crusius comemorou o anúncio dizendo que “o empreendimento transforma todo o Rio Grande do Sul a partir da sua região Sul”, e garantiu que o governo do Estado dará “todos os passos necessários”. O maior entrave, disse Yeda Crusius, era o conjunto de licenças ambientais para o planejamento de máquinas, preparação de hidrovias e construção de portos. “O governo vai se preparar para fornecer à Aracruz mão-de-obra qualificada. Ao invés de se criar, como no passado, cidades da noite para o dia, com todos os problemas que isso representa, a mão-de-obra será buscada e continuará a viver na Região Metropolitana de Porto Alegre”, acrescentou a governadora gaúcha.

O diretor-presidente da Aracruz Celulose, Carlos Aguiar, destacou, por sua vez, que “o investimento teve uma importante aceitação social no Estado”. Houve muito debate sobre questões sociais, ambientais e econômicas. O investimento trará o que todos queremos: o desenvolvimento. O investidor, quando pensa em ganhar dinheiro, sabe que precisa de gente para comprar produtos”.

Há divergências quanto à qualidade do debate sobre a expansão dos negócios da silvicultura no RS. Uma reportagem da agência de notícias Chasque, de Porto Alegre, denunciou irregularidades nas audiências públicas que debateram o zoneamento ambiental da silvicultura. Depois das audiências realizadas em Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Alegrete, surgiram denúncias sobre o caráter viciado destes encontros. Segundo a reportagem, a maioria dos pronunciamentos era feita por defensores das indústrias papeleiras, enquanto manifestações críticas eram restringidas. Empresas do setor, com o apoio de sindicatos ligados à Força Sindical, teriam patrocinado transporte e alimentação para trabalhadores de outras regiões, que lotaram as audiências, muitas vezes sem saber os objetivos das reuniões, diz a matéria da Chasque.

Os Estados Unidos perderam a razão,
a moral e a própria guerra no Iraque


José Reinaldo Carvalho*



O último fim de semana foi um dos mais sangrentos desde que as tropas agressoras estadunidenses invadiram o Iraque, em março de 2003. Mais de 250 vítimas fatais com as refregas entre os invasores e forças da resistência.

O trimestre que passou (abril a junho) foi o mais trágico para o exército de ocupação que contabilizou mais 330 mortos, elevando a 3.606 o número de soldados estadunidenses que perderam suas vidas no solo banhado pelo Tigre e o Eufrates. Do lado iraquiano, dezenas de milhares foram assassinados, um genocídio, pelos bombardeios e as incursões do exército da superpotência imperialista.

Cada vez mais a guerra de ocupação norte-americana no país árabe deixa a descoberto duas inarredáveis evidências. A primeira é a de que em ação bélica de inaudita envergadura, desencadeada em nome de interesses estratégicos de natureza econômica e geopolítica, os Estados Unidos revelam-se como um império assassino, que pretende impor a tirania mundial.

Caracteriza-se assim como o principal inimigo da humanidade, uma ameaça real às aspirações de liberdade, independência, progresso e justiça dos povos e nações de todo o mundo. A segunda evidência é a de que, apesar da monstruosa máquina de morte posta em movimento, apesar da inexcedível arrogância, do atropelo da legalidade internacional e da instrumentalização dos organismos multilaterais e de governos títeres, o imperialismo norte-americano está sofrendo uma estrondosa derrota. A ocupação do Iraque entrou definitivamente em crise.

A tal ponto que o secretário da Defesa, Robert Gates cancelou de última hora uma visita que faria a partir desta segunda-feira a quatro países latino-americanos – El Salvador, Colômbia, Peru e Chile – alegando a necessidade de se dedicar durante esta semana às discussões sobre questões envolvendo a ocupação do Iraque.

É que precisamente nesta semana o Senado dos Estados Unidos inicia o debate sobre o orçamento do Pentágono para 2008. A proposta de Bush é que se destine 141, 7 bilhões de dólares para continuar financiando as guerras de ocupação no Iraque e no Afeganistão (esta última com a cumplicidade da OTAN e de governos da União Européia).
Encontra-se em gestação uma crise política, pois além da oposição do Partido Democrata, começam a se manifestar importantes dissidências mesmo entre os elefantes republicanos.

Alguns foram a público para se opor aos planos de Bush. A mais importante voz dissidente até agora foi a do senador Richard Lugar, que não só discorda da aprovação da vultosa verba, como defende a retirada das tropas até meados do ano que vem. Outros dois senadores republicanos fizeram declarações no mesmo sentido.

Mas o fato mais importante com que se inicia a semana foi sem sobra de dúvidas o editorial deste domingo intitulado “O Caminho de Volta”, do insuspeito “New York Times”, que com inusuais radicalismo e imoderação, com estilo cortante e severo, defendeu: “É hora de os Estados Unidos deixarem o Iraque, sem mais prazos do que o Pentágono precisa para organizar a retirada”. O diário nova-iorquino opina, sem meias palavras, que o projeto de Bush no Iraque é uma “causa perdida”.

Alheio às evidências, Bush continua a considerar que a retirada é um “caminho errado e perigoso”. E, aferradas às posições de quintas colunas do exército de ocupação, as forças políticas que compõem o governo fantoche iraquiano reagiram prevendo o “caos e a guerra civil”, se os 157 mil soldados norte-americanos voltarem para casa. Mas o caos e a guerra civil foram instalados no Iraque desde o momento em que os EUA invadiram o país em março de 2003.

Há muitas expectativas sobre o que ocorrerá nos próximos dias. Bush já anunciou que vetará, aliás como já fez anteriormente, qualquer decisão do Congresso que corte o financiamento da ocupação e aponte no sentido da retirada. Aposta num plano que, se levado a efeito, vai fragmentar o Iraque em três “bantustões” xiita, sunita e curdo, sob comando unificado das forças de ocupação e supervisão de uma força multinacional (sic!).

A admissão da derrota por setores dominantes importantes da sociedade estadunidense, a consciência de que a causa da ocupação está perdida, é um vigoroso sinal dos tempos. A política unilateral, exclusivista, antidemocrática e militarista de Bush levou os Estados Unidos a gravíssimo impasse, que por sua vez é resultante dos impasses estruturais do modelo econômico e do modo de vida parasitários desse país imperialista, espoliador e neocolonialista. O impasse de Bush consiste em que saindo ou ficando no Iraque, os Estados Unidos já perderam a razão, a moral e a própria guerra.

Para as forças revolucionárias e progressistas do mundo, para os amantes da paz, os que se batem pela independência nacional e o progresso social, a derrota estadunidense no Iraque é um fator de alento. São cada vez mais numerosas as pessoas que compreendem que o imperialismo não é invencível, havendo pois espaço político e terreno fértil para organizar em todo o mundo a luta antiimperialista.

*José Reinaldo Carvalho é Secretário de Relações Internacionais do PCdoB, diretor do Cebrapaz e membro do Brussel´s Tribunal contra os crimes de guerra no Iraque.
Líbano – as dores do parto


José Reinaldo Carvalho




Há precisamente um ano, teve início a segunda guerra israelense contra o Líbano. Pretextando punir o Hezbolá pelo “seqüestro” de dois dos seus soldados, e agir preventivamente em face de uma suposta intervenção da Síria e do Irã, Israel iniciou uma verdadeira razia no território libanês que só terminaria quatro semanas depois, em 11 de agosto.

População civil massacrada, mais de 1.500 mortos, 1 milhão de desalojados, destruição da infra-estrutura viária entre a capital Beirute e as vilas do sul do país e prejuízos financeiros da ordem de 2 bilhões de dólares – é este o saldo da agressão israelense.

O massacre de Canaã, onde segundo a tradição cristã, Jesus operou o seu primeiro milagre – o da transformação da água em vinho – ficará para sempre na história como uma severa ata de acusação aos sionistas, que se comportaram como autênticos sucessores dos fascistas.

Aquela ação de desmedida violência dá mostras do grau de banditismo a que chegaram os sionistas israelenses para consumar seus apetites expansionistas na região, em nome dos seus próprios interesses e os do imperialismo estadunidense. Israel cometeu naquela guerra crimes de lesa-humanidade. Um dia, inapelavelmente, ainda que tardio, seus fautores terão de pagar, como ato de justiça e de defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos.

A guerra contra o Líbano em julho-agosto do ano passado se inscreveu nos marcos das guerras preventivas da era Bush. Ela fez parte de uma estratégia conscientemente elaborada pelos estados maiores imperialista e sionista.

Israel é peça-chave na execução do plano de “reestruturação” do Oriente Médio elaborado pela Administração Bush, uma cabeça de ponte para as ações estadunidenses na região contra os países e as forças políticas que se opõem a esses planos – a Síria, o Irã e as forças da resistência árabe e palestina.

A guerra de julho e agosto de 2006 era parte de um conjunto de ações que abrangem a negação da verdadeira autonomia palestina - que só existirá com a criação de um Estado soberano sobre um território íntegro e contínuo - , o desmantelamento no Líbano, com a instalação aí de um enclave militar e a confrontação com a Síria e o Irã, que Estados Unidos e Israel consideram parte do “eixo do mal”.

A guerra de julho-agosto de 2006 pôs a nu a natureza militarista da Administração Bush e seu desprezo para com a diplomacia e o direito internacional. Enquanto as bombas assassinas de Israel destruíam a periferia sul de Beirute e as vilas do sul do Líbano, onde se concentram as populações xiitas seguidoras do Hezbolá, e a opinião pública mundial clamava pelo fim dos bombardeios, a secretária de Estado da Administração Bush dizia não ver qualquer interesse na diplomacia se for para restabelecer o status-quo anterior entre Israel e Líbano.

Ela comparou a tragédia que se abateu sobre o País do Cedro às “dores do parto”, do qual nascerá “o novo Oriente Médio”.Ao fim de um mês de combate desigual, as guerrilhas populares e a Resistência nacional conseguiram infligir uma contundente derrota aos agressores.

Pela primeira vez a Resistência árabe vencia uma confrontação militar com Israel, o que dá alguma razão à srta. Condoleeza, porquanto efetivamente começa a nascer dos escombros do Líbano um novo Oriente Médio, o do desenvolvimento da Resistência nacional e da luta antiimperialista dos povos árabes.