segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O perfil de um agricultor agroecológico

Os ensinamentos de Amauri contra latifúndios, agrotóxicos e o lançamento de seu terceiro livro


Os olhos azuis miram a vegetação. Ora tímidos, ora vagos se tornam serenos ao início calmo da fala. O personagem é Amauri Adolfo da Silva, poeta, homeopata, produtor rural, ou como faz questão: um agricultor agroecológico. Os vislumbres de Amauri viraram livro, o último: O Trem – Um sonho de luz e ternura que conta a saga de uma locomotiva que só trilha uma direção: o Norte. Caminho sem volta, metáfora do panorama do campo brasileiro nos últimos trinta anos, fruto da modernização agrícola. “O crescimento da ciência sem consciência", diz.

Sob a luz mansa de uma sexta-feira, fábula e realidade se fundem no clima ameno propiciado pela hospitalidade de Amauri. Os sete hectares de terra, em Espera Feliz, Zona da Mata Mineira, apontam a inspiração: o sol nasce no decote das montanhas, o cheiro do café moído no moinho girado pelas mãos hábeis e da broa de farinha de biju inebriam os sentidos e compõem o quadro com a flora variada: “Ipê tabaco, Cedro, Uvalha, Capoeira branca, Ingá, Cabiúna, Jacarandá, Angico” - e flores, muitas flores

Redemoinho foi o primeiro livro de Amauri, teve edição independente e traz poemas. Pedaços de Poesia, que espera ser editado, é o que o nome promete. Já O TREM, Amauri pensa lançá-lo em uma das estações da desativada Estrada de Ferro Leopoldina-Cataguazes, a mais antiga ferrovia do Estado de Minas Gerais.

Cachinho de Luz e Olhos de Ternura são as duas personagens principais da obra. Luz e ternura são características que retirou das filhas, mas não significa que sejam elas. Na ficção, as meninas descobrem uma locomotiva que faz o caminho contrário. Partem rumo ao Sul, em busca de um baú de saberes, e encontram contadores de histórias, artesãos, benzedeiras, folia de reis, festa do padroeiro e muitas mulheres chamadas de Maria, como ainda é comum no interior mineiro.

O corpo franzino e o rosto miúdo já têm 41 anos. Reclama do pouco tempo e do excesso de compromissos que o afastam da propriedade. É militante engajado em lutas do campesinato da região há 25 anos. Participou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), envolveu-se com a Teologia da Libertação, da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) local e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STRs) no município, além da intensa luta contra os agrotóxicos.

Volta e meia dispensa o chinelo e as botas para caminhar descalço pela propriedade. Acompanhado da esposa Vera, conversa com animais e plantas. Maneja a propriedade com técnicas peculiares: homeopatia, florais e reick, maneira de trabalho que chama de agroecologia. “É uma forma de respeito a todos os tipos de vida. Gosto de dizer que trabalho em mutirão com todos os seres que existem na propriedade, em sistema de solidariedade. Esse é um caminho de vida, contra um outro de morte, que é esse do latifúndio. Os valores são outros, não dá para você pensar só no dinheiro”.

O papo se prolonga e, aos poucos, a história surge e com ela a de vários outros agricultores da região. Amauri lembra que a monocultura e o latifúndio cresceram ali à época de seu pai, década 70, quando trouxeram a substituição do modo de produção tradicional pelo o que ele chama de “pacote tecnológico” - uso de fertilizantes químicos, máquinas e melhoramentos genéticos - que, mesmo contrariado, foi obrigado a adotar, pois o crédito rural estava vinculado ao uso: “Falavam para a gente que aquilo era remédio. Trabalhávamos sem nenhuma proteção”. Em conseqüência, aos 12 anos sofreu com uma intoxicação.

Há quatro anos não faz adubação química, orgânica ou mesmo pulverização na lavoura e diz conseguir produção de café semelhante à dos vizinhos, produtores convencionais. “As pessoas sempre me perguntam: quanto você está produzindo? Acho que a pergunta deveria ser mudada para: quanto custa produzir? Quanto, por exemplo, gasto com saúde? Tem gente que passa vida inteira tentando ganhar dinheiro e esquece da saúde. E quando consegue juntar uma boa quantia de dinheiro, é obrigado a gastar tudo com hospital”, ensina

Desenvolvimento local
A manhã passa rápido após o café. Amaury tem um encontro cujo tema é desenvolvimento local. Numa pequena casa próxima a entrada da cidade está a escolinha sindical. Os presentes: representantes de entidades locais – Pastoral da Juventude, Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Mineira, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais - e alguns agricultores.

As cadeiras formam um círculo e a discussão tem início. Sentado, segurando uma pequena corrente presa a um cristal que balança, Amauri mais escuta do que fala. Quando intervem, não levanta a voz. Quem está distante precisa esticar o pescoço: “Não tem como haver desenvolvimento se não houver envolvimento das pessoas...”.

Na primeira quinzena de agosto, Amauri recebeu em seu sítio, Espaço Saber Cuidar, cerca de 20 estudantes, de nove estados, que participavam do 28º Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Biológicas (ENEB). Na ocasião, falou sobre agroecologia. A experiência não é única e o contato, cada vez mais freqüente com a academia traz a região gente desejosa de conhecer o saber local dos agricultores. Amauri também palestrou para mais de 500 estudantes no principal auditório da Universidade Federal de Viçosa (UFV), durante o 48º Congresso Nacional dos Estudantes da Agronomia (CONEA), realizado em agosto de 2005.

Caminhando pelas trilhas e atento aos pequenos detalhes, no final da tarde coloca música para as plantas. Planeja montar um sistema de som que chegue a sua área de cultivo. “Música clássica” é o repertório para as plantas. Qualquer música? “Beethoven não. Dele elas não gostam”.

O que os vizinhos pensam? “Muitos deles acham que sou louco, mas digo: loucura não é usar veneno, não é maltratar os animais, a mulher, deixar os filhos o dia todo em frente à TV assistindo cenas de violência? Muitas vezes, de tanto ver, nos acostumamos com o absurdo e o tomamos como normal”, finaliza, antes de seguir para uma cidade vizinha onde falará sobre homeopatia para outros agricultores.

Leornado Dupin é jornalista.

A nova tentação da eugenia

As afirmações racistas dos cientistas James Watson e Charles Murray deveriam disparar um sinal de alerta. Em sociedades hierarquizadas, é cômodo enxergar na suposta "fraqueza" do oprimido a causa da desigualdade. No Brasil, isso sempre foi o primeiro passo para ampliar a discriminação e exclusão

Alexandre Machado Rosa - Diplo-Br

O geneticista norte-americano James Watson, considerado pai da biologia molecular e quem desvendou a dupla hélice do DNA, afirmou recentemente, sem bases científicas, o mito racista de que os povos da África são menos inteligentes em comparação aos do hemisfério Norte. Sua declaração foi recebida com duras críticas pela maioria da intelectualidade internacional, o que o obrigou a escrever um artigo de retratação. Entretanto, suas desculpas tiveram caráter apenas formal, pois no mesmo artigo ele afirma: “Eu sempre defendi que nós devemos basear nossa visão do mundo no nosso conhecimento, nos fatos, e não naquilo que gostaríamos que fosse”.

Dias depois, Charles Murray, cientista político norte-americano e autor do livro The Bell Curve (A Curva do Sino, Free Press, 1994), saiu na defesa das idéias de Watson. No seu livro, afirma que testes de QI (quoficiente de inteligência) apontavam que há diferenças entre raças, com brancos saindo-se em média melhor do que negros. Além de ressaltar a precariedade do testes de QI, que tentam quantificar a subjetividade da inteligência, não podemos considerar as teses de Watson e Murray como novas. Esta insistente defesa de diferenças entre a raça humana, tem reaparecido com certa rotina, tanto no debate científico quando na política

Durante a campanha eleitoral deste ano na Suíça, a UDC (União Democrática do Centro, partido da direita nacionalista), utilizou em campanha um cartaz que representa uma ovelha negra sendo expulsa por ovelhas brancas. Transmitiu deliberadamente uma mensagem racista, num país que sempre reivindicou a defesa dos direitos humanos.

No Brasil, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, reavivou velhas feridas históricas, ao declarar que é favorável ao aborto como forma de controle da violência e que as mulheres grávidas das favelas são “fabricas de marginais”. Por lançar declarações polêmicas e se referir às teses do livro Freakonomics, que segue a velha fórmula da antropologia criminal de Cesare Lombroso (1835-1909), Cabral pisou em terreno perigoso e colocou em risco seu histórico democrático. De quebra, fez coro com as declarações e ações racistas pelo mundo.

Da crença nas habilidades "raciais" à tentativa de tornar o Brasil europeu

A tentativa de explicar e classificar as diferenças entre culturas e povos foi uma tendência marcante do cientificismo e do positivismo no século 19. Primo de Charles Darwin e descobridor das impressões digitais humanas, o antropologista Francis Galton (1822 – 1911) cunhou o termo ideologia eugênica, em seu livro intitulado Inquires into human faculty, de 1883. Lecionou na universidade de Londres, realizou muitos estudos em conjunto com seu primo sobre antropologia, QI humano, doenças físicas e mentais possivelmente herdadas.

Como descreve de forma brilhante Nancy Leys Stepan, em The Hour of Eugenics, a ação dos eugenistas na América Latina parte da aplicação e difusão dos conceitos de Galton afirmava que as habilidades naturais dos homens são derivadas por herança. O raciocínio eugênico argumenta que para obter "boas" raças de cachorro ou cavalos basta realizar uma seleção permanente de espécimes que possuem, por exemplo, um peculiar poder para correr. As características serão mantidas por gerações. Portanto, se mulheres de boa raça se casarem com homens de boa raça, poderemos obter boas raças em gerações seqüenciais. (Stepan, 1991)

No Brasil a eugenia teve grande importância no pensamento hegemônico que fundou as bases do Estado moderno no final do século 19 e durante a primeira metade do século 20. Em certa medida, o movimento higienista e sanitarista, que teve Osvaldo Cruz (1872-1917) como um de seus principais defensores, foi incorporado oficialmente ao Estado em 1903. Nomeado pelo presidente Rodrigues Alves para a direção do serviço de saúde pública do Rio de Janeiro, seu pensamento e ordens deram suporte para o surgimento, em 1917, do pensamento eugênico no Brasil, por meio do médico Renato Kehl.

O higienismo de Osvaldo Cruz foi ideologicamente incorporado pela eugenia de Kehl, incorpando e consolidando as teses racistas na superestrutura do Estado brasileiro, reforçando a brutal exclusão econômica promovida contra a população negra, mestiça e indígena em favor de um clareamento do fenótipo brasileiro e a conseqüente aproximação do ideal republicano europeu.

Como se a favela, "criadouro de pobres e de vícios" fosse a causa de nossos males sociais

A visão criminalizante usada por Sérgio Cabral para defender a legalização do aborto como forma de prevenir a criminalidade e a violência, promove uma confusão dentro do debate sobre o próprio aborto, que deve ser tratado no campo da saúde pública e como problema da sociedade brasileira.

Outro personagem brasileiro que acaba fazendo eco numa proporção menor, é o médico Drauzio Varella. No dia 14.04.2007, publicou, na Folha de S.Paulo um artigo intitulado Tal qual avestruzes, no qual resgata uma resolução da World Scientific Academies, de 1993, que afirma: “A humanidade se aproxima de uma crise. Durante o tempo de duração da vida de nossos filhos, nosso objetivo deve ser o de atingir crescimento populacional igual a zero”.

Em um dos artigos, intitulado Os filhos deste solo, ele aponta uma visão determinista, condena a pobreza à não reprodução e evoca conceitos elaborados por Malthus, como a teoria da taxa de reposição - quando afirma que Para manter constante a população de um país, cada casal deveria ter dois filhos. Um para substituir a mãe quando ela morrer, e outro para substituir o pai. É a chamada "taxa de reposição".

O paradigma malthusiano [1] apresentou um bode expiatório - o crescimento ilimitado da população - para explicar a fome, as guerras e os vícios. Varella segue a mesma receita. Usa os gráficos de crescimento populacional brasileiro que apontam uma taxa média de filhos por família de 6,3 em 1950, contra 2,3 em 2000 (IBGE, 2000). Ele questiona a média e os dados dizendo: “No Brasil, há 40 anos, cada família tinha, em média, seis filhos. Hoje, as estatísticas mostram que estamos muito próximos do equilíbrio populacional, com pouco mais de dois filhos por mulher. Mas as estatísticas refletem a média, e as médias podem ser traiçoeiras...”.

Em seu livro Cidade Febril, Sidney Chalhoub resume a visão da elite no auge do higienismo no Brasil "(...)os pobres passaram a representar perigo de contágio no sentido literal mesmo. Os intelectuais médicos grassavam nesta época como miasmas na putrefação, ou como economistas em tempo de inflação: analisavam a “realidade”, faziam seus diagnósticos, prescreviam a cura, e estavam sempre inabalavelmente convencidos de que os hábitos de moradia dos pobres eram nocivos à sociedade, e isto porque as habitações coletivas seriam focos de irradiação de epidemias, além de, naturalmente, terrenos férteis para a propagação de vícios de todos os tipos(...)".

Incorporados à administração estatal, os preconceito perduram até os dias de hoje

Quando se trata de formular políticas públicas de saúde, a favela é onde, supostamente, há um descontrole demográfico, apesar de as estatísticas oficiais negarem. “A Favela Jardim Edith, em São Paulo, é cheia de crianças. Construídas quase na rua, as casas de madeira e papelão ocupam toda a calçada de uma das avenidas mais movimentadas da cidade.” [2]

Inspirados pelos ideais da medicina social, como aponta Michel Foucalt, e o papel da intelecualidade na formação da superestrura do Estado, como sugere Gramsci, os médicos foram incorporados à administração estatal e auxiliaram na legitimação científica e moral das ações. Como intelectuais e detentores dos conhecimentos das ciências naturais, não poderiam ser contestados em plena era da razão e da ciência. O que se seguiu foram ações que modificaram profundamente, além da paisagem urbana, também as relações do Estado com a população da nova sociedade em formação.

No Brasil, as desigualdades sociais e o racismo possuem um ponto de partida semelhante. Isso possibilita uma investigação a partir da construção dos pressupostos eugenistas e higienistas que colocaram os negros e seus descententes em uma escala de inferioridade social. Para conduzir tal processo, o papel do pensamento biologizado difundido pelos intelectuais, principalmente os médicos, é sentido até os dias atuais.



[1] Thomas Malthus trabalhou sob as “leis” da inevitabilidade biológica de uma superpopulação humana e afirma que a economia do século 19 não daria conta de prover os meios necessários para alimentar todos.

[2] Ver em http://drauziovarella.ig.com.br

A voz distante

Nos poemas aqui traduzidos, inéditos no Brasil, Yves Bonnefoy fala de um eterno renascer, contra os desígnios da morte e do esquecimento.

Pablo Simpson

Gostaria de iniciar esta contribuição com a tradução de dois poemas de Yves Bonnefoy. De seu último livro de poemas, publicado em 2001, Les planches courbes (As pranchas curvas). São os dois que iniciam a parte intitulada “A voz distante” (La voix lointaine), publicados previamente em francês e em italiano, com uma litografia original e ilustrações de Farhad Ostovani. Inéditos no Brasil, não fazem parte da edição de sua obra poética, traduzida em 1998, por Mário Laranjeira.

Antes, uma observação: Yves Bonnefoy publicou, em 2000, um ensaio sobre o que chamou de “tentação do esquecimento” em dois poemas sem título de As flores do mal, de Baudelaire. Poemas que Baudelaire dedicou à sua mãe numa carta que lhe enviou: “Você não notou que havia nas Flores do mal dois poemas que lhe diziam respeito, ou pelo menos alusivos aos detalhes íntimos de nossa vida antiga?”. Baudelaire, nesse momento, evocaria o pai e a criada Mariette. Em As pranchas curvas, não só a imagem paterna surge pela primeira vez na poesia de Yves Bonnefoy, como é possível notar a presença dessa “servante”. Surge qual fosse uma criança nos 11 poemas de “A voz distante”, cantando, dançando. O poeta vai chamá-la mesmo de Parca, retomando Hölderlin e Valéry (An die Parzen; La Jeune parque). Parca, divindade que decide o destino dos homens, presidindo-lhes o nascimento. Para dizer de um eterno renascer, também na poesia, contra os desígnios da morte e do esquecimento.

Yves Bonnefoy nasceu em 1923, em Tours. Publicou Du mouvement et de l’immobilité de douve (1953), L’arrière-pays (1972, narrativa), dentre outros livros de poemas e narrativas. É tradutor de Shakespeare, Yeats, Leopardi, e autor de estudos consagrados a Rimbaud, Mallarmé e Giacometti. Recentemente, foi publicado, na França, um livro que dedicou a Paul Celan, Ce qui alarma Paul Celan (Galilée, 2007). Suas narrativas, assim como sua obra crítica, permanecem inéditas no Brasil.

La voix lointaine

I

Je l’écoutais puis j’ai craint de ne plus
L’entendre, qui me parle ou qui se parle.
Voix lointaine, un enfant qui joue sur la route,
Mais la nuit est tombée, quelqu’un appelle

Là où la lampe brille, où la porte grince
En s’ouvrant davantage; et ce rayon
Recolore le sable où dansait une ombre,
Rentre, chuchote-t-on, rentre, il est tard.

(Rentre, a-t-on chuchoté, et je n’ai su
Qui appelait ainsi, du fond des âges,
Quelle marâtre, sans mémoire ni visage,
Quel mal souffert avant même de naître.)

II

Ou bien je l’entendais dans une autre salle.
je ne savais rien d’elle sinon l’enfance.
Des années ont passé, c’est presque une vie
Qu’aura duré ce chant, mon bien unique.

Elle chantait, si c’est chanter, mais non,
C’était plutôt entre voix et langage
Une façon de laisser la parole
Errer, comme à l’avant incertain de soi,

Et parfois ce n’étaient pas même des mots,
Rien que le son dont des mots veulent naître,
Le son d’autant d’ombre que de lumière,
Ni déjà la musique ni plus le bruit.

A voz distante

I

Escutava-a, depois temi não mais
Ouvi-la, que me fala ou que se fala.
Voz longe, uma criança que na estrada
Brinca. E a noite cai, alguém me chama.

Lá onde brilha a lâmpada, rangendo
A porta ao mais abrir-se; e esse raio
Recolorindo a areia onde dançava
A sombra, entra, cochicha-se, é tarde.

(Entra, se cochichou, e eu não soube
Quem chamava assim, das eras fundas,
Que madrasta, sem memória ou rosto,
Que mal sofrido, mesmo antes de nascer.)

II

Ou então a escutava noutra sala.
Eu conhecia dela só a infância.
E os anos se passaram, uma vida
Quase durou seu canto, meu bem único.

Ela cantava, se é cantar, mas não,
Era bem mais entre voz e linguagem
Um jeito de deixar com que a palavra
Errasse incerta adiante de si mesma,

Mas, às vezes, não eram nem palavras,
Nada, apenas o som de que elas querem
Nascer, tanto de sombra que de luz,
Nem já a música, nem mais o ruído.

Venezuelanos vetam reforma; Chávez reconhece resultado


Os venezuelanos rejeitaram o histórico projeto de reforma constitucional proposto pelo presidente Hugo Chávez. O resultado do referendo foi reconhecido na madrugada desta segunda-feira (3) pelo chefe de Estado da Venezuela. ''Não é nenhuma derrota. É outro 'por enquanto''', manifestou Chávez, no Palácio presidencial de Miraflores, minutos depois da divulgação dos resultados oficiais.



''Parabenizo os meus adversários por esta vitória'', disse o presidente venezuelano, que propôs as mudanças à Carta Magna de 1999 para ''dar mais poder ao povo'', enquanto a oposição temia que o país caminhasse rumo ao socialismo. ''Por enquanto, não conseguimos'', manifestou Chávez, antes de acrescentar que cumpre seu compromisso de respeitar as instituições.

Segundo o primeiro boletim oficial divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mais da metade dos venezuelanos votaram contra a reforma constitucional. O CNE assinalou que 50,7% dos eleitores ficaram contra o primeiro bloco de artigos submetidos à consulta, enquanto 49,29% optaram pelo ''sim''.

Além disso, 51,05% rejeitaram o segundo bloco de artigos, enquanto 48,94% o aprovaram. A abstenção no referendo foi de 44,9%. Os resultados foram divulgados após a apuração de mais de 90% dos votos, em uma longa noite na qual foi crescendo a tensão e as críticas da oposição pela falta de anúncios sobre a votação.

Aproximadamente 16 milhões de venezuelanos foram convocados neste domingo às urnas para decidir se aprovavam ou rejeitavam o projeto do presidente venezuelano. A jornada eleitoral transcorreu com normalidade e em paz, com exceção de alguns incidentes isolados.

Os centros eleitorais foram fechados oficialmente às 16 horas locais (18 horas de Brasília), mas alguns permaneceram abertos porque os eleitores ainda aguardavam para votar. O primeiro boletim do CNE foi divulgado aproximadamente oito horas depois.

Leia também: o que propunha a reforma de Chávez

domingo, 2 de dezembro de 2007

Lavoura Arcaica,
de Luiz Fernando Carvalho



Título Original: Lavoura Arcaica
Gênero: Drama
Origem/Ano: BRA/2001
Direção: Luiz Fernando Carvalho
Roteiro: Luiz Fernando Carvalho e Raduan Nassar

Formato: rmvb
Áudio: Português
Duração: 163 min
Tamanho: 565 MB
Partes: 6
Servidor: 4shared

Créditos:RapaduraAzucarada - Zé Qualquer

Elenco:

Selton Mello... André
Raul Cortez...Pai
Juliana Carneiro da Cunha...Mãe
Simone Spoladore... Ana
Leonardo Medeiros...Pedro
Caio Blat...Lula

Premiações:

- Ganhou 2 prêmios no Grande Prêmio BR de Cinema, nas categorias de Melhor Atriz (Juliana Carneiro da Cunha) e Melhor Fotografia. Foi ainda indicado nas seguintes categorias:: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Raul Cortez e Selton Mello), Melhor Ator Coadjuvante (Leonardo Medeiros), Melhor Atriz Coadjuvante (Simone Spoladore), Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Edição de Som.
- Ganhou o prêmio de Melhor Contribuição Artística, no Festival de Montreal.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Brasília, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Selton Mello), Melhor Atriz Coadjuvante (Juliana Carneiro da Cunha) e Melhor Ator Coadjuvante (Leonardo Medeiros).
- Ganhou o Prêmio do Público, na Mostra de Cinema de São Paulo.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Cartagena, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.
- Ganhou 4 prêmios no Festival de Havana, nas seguintes categorias: Prêmio Especial do Júri, Melhor Ator (Selton Mello), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.

Sinopse:
André é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna e o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, traz ele de volta ao lar a pedido da mãe. André aceita retornar, mas irá irromper os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã Ana.

Crítica:

http://www.contracampo.com.br/planogeral/aboaarte.htm




Links:

Arrowhttp://tinyurl.com/2uqzqj (parte 1)
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Arrowhttp://tinyurl.com/2qrvdm (parte 3)
Arrowhttp://tinyurl.com/3a6omo (parte 4)
Arrowhttp://tinyurl.com/32uxuo (parte 5)
Arrowhttp://tinyurl.com/38lmle (parte 6)
John Lee Hooker - This Is Hip Vol.7


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Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 — Niterói, 15 de março de 1998) foi um cantor brasileiro.

Começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família de 19 irmãos. Se destacou pelo pioneirismo em trazer para a MPB o estilo soul de cantar. Com a voz grave e carregada, tornou-se um dos grandes nomes da música brasileira, conquistando grande vendagem e consagrando sucessos, lembrados até hoje, e que influenciaram o sobrinho, o cantor Ed Motta.

Créditos: SomBarato



01 - A Festa Do Santo Reis
02 - Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)
03 - Salve Nossa Senhora
04 - Um Dia Eu Chego Lá
05 - Não Vou Ficar
06 - Broken Heart
07 - Você
08 - Preciso Aprender A Ser Só
09 - I Don't Know What To Do With Myself
10 - É Por Você Que Vivo
11 - Meu País
12 - I Don't Care

Painéis fotográficos montados nas areias de Copacabana revelam as  causas e conseqüências do desmatamento da Amazônia para o clima global

Painéis fotográficos montados nas areias de Copacabana revelam as causas e conseqüências do desmatamento da Amazônia para o clima global

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São Paulo, Brasil — Projeto em discussão na Câmara prevê alterações que podem promover a substituição de florestas por cana, dendê e eucalipto.

O deputado Homero Pereira (PR-MT), presidente licenciado da Federação de Agricultura do Mato Grosso (Famato-MT), divulgou na quarta-feira (dia 28) sua proposta de alterações no Código Florestal brasileiro. Pereira é o relator do PL 6424/2005, que atualmente está tramitando na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O projeto, que já havia sido aprovado pelo Senado e se encontrava em discussão na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, tinha como objetivo inicial permitir a substituição de extensas áreas de florestas na Amazônia Legal por espécies exóticas, como cana, dendê e eucalipto.

A proposta do deputado Homero permite que os proprietários que destruíram sua Reserva Legal fiquem desobrigados de recuperar o dano ambiental causado dentro da região em que ele ocorreu, permitindo que a chamada “compensação” possa ser feita em qualquer região do país. Para o Greenpeace, compensar uma área desmatada em São Paulo na Amazônia é consolidar um programa que pode ser chamado de “Floresta Zero”, criando áreas inteiras livres de floresta.

“O deputado Homero Pereira, como bom defensor dos interesses ruralistas, conseguiu piorar o que já estava muito ruim”, disse Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace. “Ele não só manteve alterações profundamente negativas para as florestas brasileiras, como adicionou novidades que certamente o colocarão como principal candidato ao prêmio motosserra de ouro 2007”.

Pereira propõe ainda uma anistia a todas as multas de proprietários rurais que não tenham cumprido com as exigências do Código Florestal, como manter a averbação da Reserva Legal no registro de imóveis, em troca do cadastro das propriedades.

“Seria o mesmo que propor ao dono das Casas Bahia, Samuel Klein, que ele perdoasse os carnês em atraso em troca do cadastro de seus clientes”, disse Leitão. “O Greenpeace vai patrocinar um encontro do deputado Homero Pereira com o sr. Klein para que o parlamentar tenha a oportunidade de sugerir que sua proposta possa ser aplicada em todo o território nacional”.

Pereira também reforça a intenção da bancada ruralista de reduzir a Reserva Legal – fundamental para a manutenção da biodiversidade – de 80% para 50% na Amazônia, além de permitir a soma das áreas de preservação permanente (APP) e da Reserva Legal. Em alguns casos, isso significa, na prática, uma redução da Reserva Legal de até menos de 50%.

“A bancada ruralista é capaz de tudo: até mesmo de inventar uma conta de somar cuja resultado é negativo”, acrescentou Leitão. Para o Greenpeace, as mudanças propostas pelo deputado Homero Pereira denunciam que o setor adora posar de bom moço para fugir das cobranças dos consumidores brasileiros e europeus por boas práticas produtivas, mas mantém, na prática, os mesmos vícios predatórios.

Confira aqui os defeitos, ponto a ponto, da proposta de alteração do Código Florestal, de acordo com a avaliação de entidades ambientalistas como ISA, Greenpeace, CTA e Rede Cerrado.

Mercenários no Irak...

Não se pode escrever a historia da Guerra do Irak, sem falar das companhias militares privadas. Uma das grandes diferenças desta guerra para as demais anteriores.

O número de contratos de segurança atualmente no Irak está na conta de aproximadamente 20mil, com um salário de 1mil dolares diários e não se encontram subjugados à legislação Irakiana. isso significa que podem operar no país debaixo da impunidade.


Documentário em espanhol e o original encontra-se em KanalAlternativo


www.Tu.tv
'Lançamento' coroa processo em que prevaleceu o interesse dos radiodifusores
Daniela Alarcon - Observatório do Direito à Comunicação


"Uma nova era está chegando: TV digital”, anunciam as emissoras em campanha conjunta na televisão. Hoje, se sabe apenas o que acontecerá nos primeiros cinco minutos da tal “era”: um pool de emissoras exibirá uma peça publicitária em alta definição; o presidente Lula discursará, também em alta definição. A festa será fechada aos 600 convidados das redes nacionais emissoras privadas de TV e acontecerá no próximo domingo, em uma sala de concertos na cidade de São Paulo

Mas, para a esmagadora maioria da população, que não possui conversores ou aparelhos de televisão adaptados ao novo sistema, será uma propaganda como outra qualquer. No segundo imediatamente posterior à estréia oficial do sistema brasileiro de televisão digital, no próximo dia 2 de dezembro, abre-se um imenso vazio.

Percurso anti-democrático

Há um consenso generalizado entre os setores que lutam pela democratização das comunicações no Brasil acerca da trajetória excludente do processo de implantação da TV digital: de um conselho consultivo – que deveria representar os interesses da sociedade – às reuniões a portas fechadas entre o governo e representantes das emissoras e da indústria eletrônica, todo poder foi dado aos radiodifusores. A nomeação de Hélio Costa para o cargo de ministro das Comunicações, em julho de 2005, foi ponto culminante do processo de desvirtuamento – e abriu portas para o aprofundamento das distorções.

“Hélio Costa assume explicitamente os interesses da radiodifusão comercial, esvazia o conselho consultivo e dá outra orientação ao processo de consulta e de debate”, analisa Gabriel Priolli, à época presidente da ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária) e colunista do Observatório da Imprensa. “E outros setores do governo, ainda que tenham manifestando divergências em relação ao encaminhamento tomado pelo Ministério das Comunicações, na prática, endossaram essa política”, completa.

Rumo ao latifúndio improdutivo

Na contramão das acalentadas expectativas de democratização da televisão, com a inclusão de novos programadores de conteúdo – criação de emissoras comunitárias, públicas ou de baixa potência, ou ainda o estabelecimento de novos empresários de mídia –, a implantação da TV digital manterá o uso do espectro de frequências praticamente inalterado.

Como hoje já é notório, a digitalização torna possível alocar mais de uma emissora no mesmo canal de 6 MHz. Para tanto, seria necessário criar um “operador de rede”, responsável pela transmissão de mais de uma programação. Tal figura hoje já existe na Europa. Devido à pressão dos radiodifusores, porém, o governo abandonou esse dispositivo. “O ideal era ter fracionado os canais. Mas as emissoras lutaram politicamente para manter tudo como está”, diz Gustavo Gindre, jornalista e membro do Intervozes.

Na falta de novos players, as atuais emissoras terão a seu inteiro dispor o recurso chamado de multiprogramação, onde uma mesma emissora pode transmitir várias programações simultâneas. A TV Gazeta de São Paulo, por exemplo, já anunciou que transmitirá uma programação alternativa: conteúdo criado pelos estudantes da Faculdade Cásper Líbero e propaganda da BestShopTV, um dos tantos supermercados eletrônicos que invadiram a televisão brasileira nos últimos anos.

“Hoje já vivemos em um latifúndio. Com a televisão digital, passaremos a um latifúndio improdutivo”, avalia Gindre. Na sua avaliação, as emissoras brasileiras, salvo exceções, não são capazes sequer de ocupar uma grade de programação e, portanto, acabarão vendendo horários, como muitas hoje já fazem. Assim, o potencial da multiprogramação deve se perder em meio à avalanche publicitária.

Interatividade e mobilidade

Em vez de garantir a exploração das múltiplas funcionalidades da nova tecnologia – como multiprogramação, interatividade, portabilidade e mobilidade – o governo brasileiro contentou-se com a alta definição.

“Trata-se de uma opção bastante discutível”, Priolli avalia. “Os telespectadores de alta renda já têm televisão digital, pois consomem TV por assinatura. E as classes médias e baixas não podem arcar com os custos dos televisores com alta definição.” O aparelho mais barato do mercado, da Philips, custa R$ 7.999. Já o preço dos conversores gira em torno de R$ 1.000, sendo preciso ainda adquirir um televisor capaz de receber a alta definição [ver matéria sobre preço dos conversores].

Apesar do custo elevado, esses aparelhos não estão prontos para oferecer interatividade – se o consumidor quiser ter acesso a esses recursos, deverá adquirir, no futuro, um novo conversor.

Além disso, aqueles que acompanham o processo de perto observam desinteresse por parte das emissoras de investir nessa área. “Dificilmente a gente assistirá a interatividade plena, pois os radiodifusores estão evitando e jogando para o futuro. Negam, assim, o que a TV digital teria de mais revolucionário, o que transcenderia o que a gente conhece como TV e levaria serviços interativos pra quem não tem acesso à internet”, diz Gindre.

Também é incerta a efetivação da mobilidade. Depois de repelir a atuação das teles, as emissoras terão, elas próprias, de transmitir para os aparelhos móveis – o que, evidentemente, implica em custos adicionais. Em função disso, apenas as emissoras maiores devem investir nesse modelo. “A Globo aposta que vai ter receita publicitária extra, porque a recepção móvel vai valorizar alguns horários, como o horário do rush. Com o aumento de receita, poderá investir no móvel”, diz Gindre.

Outro fator a ser considerado é o custo dos aparelhos móveis. A maior parte dos países adota terminais que combinam chips GSM (celular) e DVB (modelo europeu de TV digital). Apenas o Brasil empregará aparelhos com chips GSM e ISDB (modelo japonês de TV) – já que o Japão possui um sistema de telefonia móvel distinto do GSM.

Segundo uma fonte da TV Globo, a emissora apostará na importação de aparelhos de TV de bolso da China, para vender por preços baixos. As demais emissoras ainda não se manifestaram a respeito.

Política industrial

Uma das causas que determinaram os altos custos da TV digital para a sociedade brasileira é o fato de – além de o governo ter optado por um modelo com baixa escala, que não atrai investimentos estrangeiros – a política de desenvolvimento de tecnologias nacionais ter sido praticamente descontinuada.

Em julho do ano passado, os ministros envolvidos diretamente com o projeto de TV digital anunciaram, em artigo publicado na Folha de S.Paulo: “o acordo assinado entre o Brasil e o Japão prevê parcerias entre centros de pesquisa e empresas dos dois países, como também a incorporação de tecnologias aqui desenvolvidas no sistema japonês”. Nada restou da promessa, além de um “memorando de entendimento”.

Hoje, o Brasil desenvolve a primeira fábrica de chips da América Latina, o Centro Independente de Excelência em Tecnologia Eletrônica (Ceitec), no Rio Grande do Sul. “Apesar disso, os chips para a televisão digital serão importados! Utilizar a TV digital para criar escala para os nossos chips era estratégico”, diz Gindre.

Na falta de uma política industrial coerente, o cenário que se descortina é de submissão às estratégias das multinacionais. “O Brasil é só mais uma peça nesse processo e fica assistindo sem poder interferir”, afirma o membro do Intervozes. “O máximo que a gente pode fazer é dar isenção fiscal para que as tecnologias importadas sejam montadas aqui”.

Depois do baile

Para além da constatação de que o dia 2 será um engodo, há apreensão quanto ao cenário que se conformará depois de varrido o salão de baile. Especialistas ouvidos pelo Observatório concordam que a seqüência de opções equivocadas tomadas pelo governo brasileiro implicará em baixa adesão a esse simulacro de TV digital – cujos recursos mais importantes foram postos para escanteio.

Avaliações otimistas enfatizam uma certa inexorabilidade da tecnologia, que deve se impor. “As emissoras estão tentando deter a lei da gravidade, mas elas não vão poder controlar tudo o tempo todo, o processo vai avançar”, afirma Priolli.

Ele destaca, porém, que o Estado tem de assumir seu papel na criação de políticas públicas. “O processo pode retomar uma rota mais virtuosa. Mas isso é uma opção política. O governo Lula optou por uma linha mais restritiva. Que volte a encaminhar a televisão digital sob uma perspectiva mais democratizante”. Afinal, a esperança é a última que morre.


*
Colaborou Bruno Mandelli

Reforma constitucional traria mudanças profundas à Venezuela

Proposta de reforma, que criaria Estado 'socialista' e 'humanista', reduz jornada de trabalho a 6 horas, proíbe latifúndios e monopólios, cria formas de propriedade além da privada e tenta ampliar poder popular com os conselhos comunais.

CARACAS - A reforma constitucional proposta pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, cujo referendo está marcado para este domingo (2), expressa um projeto político e econômico que, se aprovado, trará mudanças profundas na Venezuela, com novas formas de poder e propriedade, e com uma estrutura que não é típica de modelos socialistas nem de democracias convencionais.

A iniciativa de Chávez, aprovada pela Assembléia Nacional Parlamentar, propõe modificar 69 artigos da constituição separadamente, em dois blocos (A e B), sobre os quais cada um dos 16 milhões de eleitores venezuelanos poderá se pronunciar a favor ou contra.

Ainda que o projeto não proponha a socialização dos bens de produção, que seria a característica básica de um modelo socialista "puro", postula-se na reforma chavista um novo poder constitucional, o poder popular, através de "conselhos comunais" e organizações de base que terão atribuições de gestão e verbas para usar.

A propriedade privada continuará garantida, mas surge a propriedade social ou comunitária, em vários formatos. Em sua "filosofia" geral, a reforma tenta levar o país a um modelo definido, em alguns parágrafos do documento, como "socialista", e em outros, como "humanista".

A reeleição continuada do presidente é um dos pontos mais exaltados e polêmicos, segundo os críticos de Hugo Chávez.

Os pontos relativos à economia, se concretizados com a aprovação da reforma, podem iniciar um processo de grande transferência de recursos e bens no país (salvo os pessoais). Além das novas formas de propriedade (social e comunitária), a gestão de empresas por trabalhadores também teria suporte constitucional.

As mudanças econômicas são o principal alvo dos empresários venezuelanos, além de seu questionamento geral do governo chavista.

Quanto ao poder popular, a reforma propõe instituir as "comunas", "células sociais de território", que poderão ser formadas por trabalhadores, estudantes, artesãos, mulheres, jovens, idosos, e cujos poderes poderão ser autônomos, inclusive acima dos governadores e prefeitos atuais.

As comunas de poder popular poderão erguer obras, criar empresas, explorar recursos, passando por cima de divisões políticas entre Estados e municípios. Já a aprovação de suas composições e financiamentos seria reservada ao presidente da Nação.

A propriedade privada continua como agora, mas submetida à possibilidade de expropriação, em função de algum "interesse superior", em cujo caso estarão previstas as indenizações a serem fixadas pela lei e pela Justiça.

A arquitetura econômica do modelo proposto por Chávez se completa com a proibição de monopólios e latifúndios, até agora somente desaconselhados pela Constituição sancionada em 1999.

Já a política monetária fica reservada à presidência, acabando com a autonomia do Banco Central.

Outras mudanças substanciais, ainda que não tão mencionadas nas informações conhecidas sobre o projeto, são a redução da jornada de trabalho (para seis horas) e a extensão do seguro social a trabalhadores informais (que, segundo o governo, somam 5 milhões na Venezuela).

Universitários, na maioria de classes médias e altas, estiveram bastante ativos na oposição à reforma. Eles questionam o conjunto do projeto e não concordam com a proposta de que os trabalhadores não formados estejam em pé de igualdade com a comunidade universitária (possuidora de nível superior de ensino).

Além disso, segundo o projeto, as universidades continuarão sendo autônomas, mas deverão respeitar o preceito constitucional de "democracia participativa", o que poderia abrir a possibilidade de processos de mudança.

Já as ações reservadas ao presidente para possíveis estados de exceção e suspensão de direitos (para tais situações hipotéticas) estão entre os aspectos mais criticados da reforma.

A suspensão de direitos envolve o da informação, o que motivou insistentes queixas dos meios de comunicação privados. E, além disso, a declaração do estado de exceção, que poderia ser por motivos sociais ou econômicos, situações de catástrofe ou conflito com outros países, não fica submetida à aprovação do Superior Tribunal de Justiça, como está assegurado atualmente.


Telesur e Tv Brasil: qual a diferença?



Elaine Tavares - jornalista

Uma televisão com a cara da gente. Esta é a proposta da Telesur, criada por Hugo Chávez na Venezuela, num dia 24 de julho, dia em que se celebra o aniversário de Simón Bolívar. O projeto que começou a caminhar em 2005 tem como propósito ligar toda a América Latina através de um único canal que apresenta contribuições de todos os países. É, portanto, uma emissora multi-estatal, tocada por múltiplos governos. Os primeiros países a toparem a idéia, além da Venezuela, foram Cuba, Uruguai e Argentina. Desde então, o canal transmite 24 horas por dia, trabalhando com informação e formação. A televisão tem correspondentes em todos os países da América Latina, Estados Unidos, Europa e África, sempre atuando na lógica da comunicação popular. Um de seus mais importantes princípios é o respeito às diferenças culturais e, por isso, na Telesur não há restrições a vestimentas e sotaques. Tudo o que não se quer é a pasteurização, típica da CNN em espanhol, rede estadunidense que transmite para toda a América Latina.

Por isso, na Telesur, os correspondentes falam do jeito da sua gente e, fundamentalmente, mostram as notícias que nunca sairiam nos canais comerciais. Lutas de trabalhadores, movimentos sociais, protestos, ações afirmativas, documentários sobre a história da vida e das lutas dos empobrecidos, filmes que não passam nos circuitos dominados pelas mega-empresas estrangeiras, documentários sobre as culturas locais, sobre artistas populares, enfim, a vida mesma, e não o seu pastiche.

Além disso, um dos pilares da produção da Telesur são os trabalhos independentes e comunitários, ou seja, a televisão sendo feita pelas gentes comuns, pelos comunicadores populares, pelos movimentos em luta. Esse é um diferencial importantíssimo. Segundo o presidente Hugo Chávez, autor da idéia, é fundamental que as pessoas se sintam responsáveis pela produção do que sai na TV. Não é à toa que boa parte dos jornalistas venezuelanos fazem ferrenha oposição ao presidente, porque, segundo eles, isso acaba tornando o trabalho profissional do jornalista algo descartável. Polêmico, Chávez enfrenta o debate e mostra claramente o papel que esta parte do jornalismo vem cumprindo na sociedade venezuelana. Desde sempre, o jornalismo que se expressa nas grandes redes comerciais nada mais é do que porta-voz do poder econômico. A vida do povo venezuelano não aparece na televisão, daí a necessidade deste mesmo povo tomar nas mãos a tarefa de contar sua história. Isso não significa que a Telesur não tenha jornalistas, muito pelo contrário. A rede diferencia muito bem o que é o setor de jornalismo e os programas que trabalham na linha documental, onde então aparecem os trabalhos feitos de forma independente e comunitária. Por isso, todo o protesto dos jornalistas cortesãos do poder econômico e das multinacionais é meio vazio de sentido.

Mas, é justamente essa diversidade de olhares e a proposta de libertação da palavra que tornam a Telesur uma rede maldita. Nos Estados Unidos, já estão a todo o vapor dentro do Senado, as propostas de terrorismo cósmico. Ou seja, existe até um projeto de lei, do congressista representante do estado da Flórida, Connie Mack, que exige dos Estados Unidos uma ação de interferência no sinal de satélite da Telesur, para evitar, assim, que a rede transmita idéias anti-americanas. Isso sem falar nas propostas de criar canais exclusivos de transmissão desde os Estados Unidos para a Venezuela, fomentando o ódio a Chávez. O trágico de tudo isso é que a gente ouve todos os dias nas redes de televisão brasileiras, todo o tipo de absurdo contra Chávez e seu governo, mas sobre essas arbitrariedades estadunidenses não há quem diga qualquer palavra. Os Estados Unidos podem usar seu braço midiático armado, a CNN, para difundir o terror, o preconceito e o ódio. Para eles tudo está liberado. Mas, Hugo Chávez precisa ser detido. Ele é o louco. Assim, enquanto os congressistas estadunidenses tramam contra a América Latina (porque a Telesur hoje já se expandiu por mais países como a Bolívia, o Equador e a Nicarágua), as redes comerciais e todas as mídias se empenham em incutir o ódio a tudo que venha da Venezuela, menos o petróleo, é claro.

E o Brasil?

O governo de Luis Inácio desde o começo da proposta chavista se comprometeu a dar apoio logístico, mas a intenção era de também criar um canal estatal internacional. O presidente brasileiro parece não suportar ter perdido a dianteira de uma idéia tão inovadora quanto a que teve o seu colega venezuelano. E tanto fez que, no ano de 2006, conseguiu colocar no ar, também por 24 horas, a TV Brasil, que é uma cópia mal-acabada do projeto da Telesur, visto que tem o propósito de chegar também nos demais países latino-americanos. A diferença que Luis Inácio pretendeu imprimir no seu canal foi a de não ser uma emissora estatal e sim pública, o que teoricamente a colocaria nas mãos da sociedade e não do governo. Assim, para os que acusam Chávez de ser um ditador, fica também muito cômodo fazer comparações com a TV brasileira e dizer que lá, na Venezuela, a informação é manipulada e controlada pelo presidente, enquanto que aqui, não.

Neste ponto é bom retomar a velha parábola dos dois filhos que Jesus conta nos evangelhos. O pai manda o filho trabalhar na vinha. Um diz: sim, pai. E não vai. O outro diz: não vou, seu velho chato. E vai. No caso das televisões em questão acontece a mesma coisa. A Telesur é uma rede multi-estatal, portanto, controlada pelos governos. Deveria assim, ser controlada pelos governos. Mas, pelo menos na Venezuela o controle quem tem – cada dia mais - é o povo organizado. É dele que saem as produções e tudo o que se faz sai na TV. Já no Brasil, a TV pública acaba de anunciar o seu Conselho Curador. Foi todo ele escolhido arbitrariamente pelo presidente Luis Inácio, assim como a diretora da TV também o foi. E vale lembrar que a pessoa escolhida para comandar o canal “público” é uma ex-alta-funcionária da Globo.

O Conselho Curador definido pelo presidente tem 15 membros que, segundo ele, bem representam a sociedade brasileira. São eles: Ângela Gutierrez, empresária e colecionadora de arte, Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo (DEM, antigo PFL)), Delfim Netto, ex-deputado federal, Ima Vieira, diretora do Museu Paraense Emílio Goledi, Isaac Pinhanta, professor indígena, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, empresário e consultor da Rede Globo, José Martins, engenheiro mecânico, José Paulo Cavalcanti, advogado e jornalista, Lúcia Willadino Braga, diretora da Rede Sarah de Hospitais, Luiz Edson Fachin, professor de Direito da Universidade Federal do Paraná, Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, Maria da Penha Maia, biofarmacêutica cearense, MV Bill, rapper e militante do movimento negro, Rosa Magalhães, carnavalesca, e Wanderley Guilherme dos Santos, professor de teoria política da UFRJ. Além deles os ministros os ministros da Educação, Fernando Haddad, da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, e da Cultura, Gilberto Gil, também estarão entre os integrantes do Conselho Curador.

Segundo a assessoria do presidente, o eclético conselho está baseado na diversidade regional e na pluralidade. Uma boa olhada nos nomes e já se pode perceber quais as forças que vão exercer a hegemonia desta propagada “pluralidade”. Boni, ex da Globo e dono de TV, Delfim, o ministro da ditadura, Lembo, do velho PFL, enfim, raposas cuidando o galinheiro. Como o ministro das comunicações também é cria da Globo, qual será a linha que a TV Brasil seguirá? Alguém arrisca um palpite?

E a sociedade espera

No meio desse turbilhão, enquanto também se discute de maneira subterrânea a TV digital, a sociedade e os movimentos organizados parecem adormecidos. São tantos os prejuízos causados às gentes que não há pernas para travar todas as lutas. Assim, acabam-se fazendo as batalhas mais imediatas como as que dizem respeito à sobrevivência. Lutas contra a reforma da Previdência, defesa da universidade pública, por moradia, reforma agrária, enfim, os eternos problemas estruturais que seguem aprofundando o abismo entre os ricos e empobrecidos. Do ponto de vista corporativo, a categoria dos jornalistas vem discutindo a questão da TV pública e não é de hoje que tem exigindo do governo a realização de uma Conferência Nacional de Comunicação para discutir a comunicação no seu todo. Mas, até agora, o governo se mantém surdo e nada da conferência.


No caso da TV Brasil as polêmicas são grandes. Na verdade, apesar de o canal já estar no ar, o Congresso Nacional ainda não aprovou a sua criação e o governo o mantém sob medida provisória (na Venezuela isso seria considerado autoritário e anti-democrático). Havia uma expectativa com relação ao Conselho Curador, pois este será o órgão deliberativo de todo o processo da TV Brasil, e acreditava-se que esse conselho pudesse ser definido de maneira mais aberta, acolhendo entidades e movimentos sociais. Agora, com a escolha partindo diretamente do presidente, fica uma certa perplexidade. Quem afinal pode garantir que este grupo, saído da manga de Luis Inácio, de fato representa a pluralidade?

Uma das representantes do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Vera Canabrava, diz que a nomeação do conselho poderia ter contemplado uma representação mais coletiva da sociedade, mas, em linhas gerais, a idéia da TV Brasil é bastante bem vinda. Segundo ela, não é hora de jogar pedra no governo e sim lutar pela Conferência Nacional de Comunicação, que pode dar diretrizes mais democráticas para o setor.

Já Bia Barbosa, do grupo Luta Fenaj, oposição à atual direção da Federação dos Jornalistas, questiona de forma muito dura o processo como a TV Brasil vai sendo construída. “Vários debates feitos pelos jornalistas e pela sociedade já indicavam a necessidade deste conselho ser escolhido pelas entidades do movimento social. Não o foi. Além disso, a composição mostra empresários, quadros conhecidos da direita tradicional, gente ligada a Globo etc..., e há uma completa ausência de representantes dos movimentos sociais organizados”. Ela deixa claro que o grupo não é, em hipótese alguma, contrário a idéia da TV Brasil. Muito pelo contrário, apóia e quer ver crescer a proposta de uma TV verdadeiramente pública. Mas, insiste que o modelo de gestão da TV Brasil está longe de ser o ideal. “A medida provisória que criou a televisão é muito clara: quem indica direção e conselho é o presidente. Fala que a próxima gestão será submetida a uma consulta pública, mas não estabelece como”.

Tanto o FNDC quando o Luta Fenaj estão na luta pela realização da Conferência Nacional de Comunicação, mas é óbvio que não dá para jogar para este fórum, que ninguém sabe quando vai acontecer, as discussões acerca da TV Brasil, como bem lembra Bia Barbosa. É preciso que não só os jornalistas e comunicadores, envolvidos visceralmente no caso, mas também os sindicatos e os demais movimentos sociais sejam capazes de fazer uma reflexão crítica acerca do que significa esta emissora de televisão e sobre como ela deve ser gerida, visto que é pública e não estatal.

Os desafios

A proposta de uma TV pública é, em si, um avanço, mas sem o controle da população sobre ela, muito pouco pode significar. Não basta apenas a luta contra a baixaria ou por uma regulamentação de horários nos quais determinados conteúdos não podem ser veiculados. A população brasileira, assim como a da América Latina, não por sua vontade, mas por conta de séculos de exploração e domínio das elites predadoras, é praticamente oral. Absorve as informações muito mais pelo ouvido (rádio e TV) do que pela leitura. Então, não compreender a importância deste debate acerca das emissões televisivas pode significar uma derrota para a cultura e para a política nacional.

Neste sentido, é fundamental que os sindicatos e movimentos populares mantenham sua atenção neste processo e protagonizem ações concretas de tomada de controle. Uma TV pública é mantida pelo dinheiro de todos os contribuintes e quem deve ter o controle, de fato, é o povo, não o governo. O desafio está em se definir mecanismos reais para o exercício deste controle. Não pode ser o presidente que de sua cabeça tire os nomes daqueles que vão compor o conselho que dará a direção ao trabalho. Esse conselho deve ser expressão das forças vivas que atuam na sociedade.

E para que não venham os adversários de sempre atirando pedra, e acusando de sectarismo aos críticos do presidente, poder-se-ia até admitir que o primeiro conselho fosse escolhido assim, por Luis Inácio, mas pelo menos deveria ser provisório, até que as entidades e movimentos que são protagonistas da vida política pudessem discutir e deliberar sobre isso. Aí sim seria possível dizer que existe uma TV pública no Brasil. Caso contrário é estatal, sob o controle das forças que controlam o governo.

Na Venezuela, a Telesur, que é um projeto multi-estatal não escamoteia. Está a serviço dos governos, mas estes exercem um “poder obendencial”, ou seja, mandam obedecendo aos desejos das gentes. E caminham num processo cada vez mais participativo. Cometem equívocos aqui e ali, mas estão encarnados no povo. E o povo, por sua vez, se faz protagônico. Aí reside, talvez, a diferença.





sábado, 1 de dezembro de 2007

2D en Venezuela: Lo que está en juego
(original, em espanhol)

Andrés Izarra

El próximo domingo 2 de diciembre en Venezuela estará sucediendo quizás el evento político más importante del proceso revolucionario bolivariano: el referéndum aprobatorio de la Reforma Constitucional Bolivariana, que decidirá el rumbo estratégico de su Revolución.

Si usted, amigo lector, es consumidor de noticias a través de los grandes medios comerciales de comunicación seguramente habrá recibido información negativa sobre esta reforma propuesta por el presidente Hugo Chávez. La prensa dominante mayoritariamente olvida toda noción de balance y equilibrio en lo que respecta a su cobertura sobre Venezuela.

Quisiera precisar aquí algunas de las ventajas que esa propuesta de reforma constitucional traerá para los venezolanos y que, estamos seguros, el pueblo venezolano aprobará mayoritariamente este domingo:

1) Con la Reforma, haremos posibles nuevos beneficios en materia de seguridad social: 5 millones de trabajadores independientes (hasta ahora desprotegidos) tendrán la posibilidad de acceder a la seguridad social; taxistas, transportistas, motorizados, barberos, peluqueras, pescadores, agricultores, amas de casa y empleados domésticos, entre otros, podrán tener jubilación, pensión, vacaciones pagas, y permiso pre y post-natal.

I. Que los trabajadores independientes puedan tener la garantía de un salario mínimo seguro y un Bono Vacacional de 22 días. El Gobierno Bolivariano invertirá anualmente en ellos más de 2 mil millones de Bs.F (mil millones de dólares).

II. Que casi 1 millón 700 mil mujeres en edad fecunda, que laboran dentro de la economía informal, puedan tener una maternidad segura. El Gobierno Bolivariano invertiría anualmente más de 4 mil millones de Bs.F. (2 mil millones de dólares), para que ellas puedan tener su reposo pre y post-natal.

III. Que más de medio millón de trabajadores mayores de 75 años que laboran dentro de la economía informal cuenten con una pensión de vejez. El Gobierno Bolivariano invertirá anualmente más de 600 millones de Bs.F. (300 millones de dólares)para que ellos y ellas puedan tener una vida digna al final de sus días.

IV. Todos estos beneficios serán posibles con la creación del Fondo de Estabilidad Social, que permitirá a todos los trabajadores por cuenta propia ejercer sus derechos laborales fundamentales.

V. Que la reducción de la jornada laboral a 6 horas permitirá a 200 mil trabajadores informales acceder a nuevos empleos. Por ejemplo:

  • 100.000 nuevos empleos en el área docente.
  • 29.000 empleos en el comercio menor.
  • 19.560 empleos en el sector energético.
  • 17.000 empleos en la construcción.
  • 15.000 empleos en servicios a las empresas.
  • 12.500 empleos en la producción agropecuaria.
  • 11.000 empleos en el transporte terrestre.
  • 8.000 empleos en la producción de alimentos.

VI. Que los trabajadores, al contar con una jornada laboral de seis horas, puedan disfrutar más de su familia, del amor y del tiempo libre; superarse cultural y espiritualmente, y participar como entes activos de las transformaciones en su comunidad.

VII. Que los integrantes de las Misiones Sociales puedan participar directamente en proyectos socio-productivos insertados en los Planes de la Nación y acceder a cursos de capacitación especializada dentro y fuera del país. Logro garantizado al otorgar rango constitucional a las Misiones y con la creación de la Ley Especial de Financiamiento de las Misiones en el marco del sistema presupuestario nacional.

VIII. Que la vivienda de cada ciudadano no pueda ser amenazada con medidas de carácter judicial, con lo que se refuerza la inviolabilidad de la propiedad privada, sobre todo la fundamental, como es la vivienda.

IX. Que todos los jóvenes a partir de los 16 años tengan el derecho a integrarse a la vida política activa del país, con voz y voto.

X. Que se democratice más la Educación Superior, al establecer que las elecciones para autoridades universitarias cuenten con el voto paritario de estudiantes, profesores y trabajadores.

2) NOS JUGAMOS LA POSIBILIDAD DE TRANSFERIR MÁS PODER AL PUEBLO PARA POTENCIAR LA DEMOCRACIA DIRECTA A TRAVÉS DE LOS CONSEJOS COMUNALES:

I. Que se conformen 100 mil Consejos Comunales y 10 mil Comunas.

II. Que se cree el Fondo Nacional del Poder Popular para dedicar, como mínimo, 5 por ciento del ingreso ordinario estimado en la Ley de Presupuesto Anual (para el 2008 alrededor de 2 mil millones de dólares). Dineros que serán otorgados directamente al pueblo para su ejecución en el marco del principio de la revolución bolivariana que reza que la única manera de vencer la pobreza es entregándole más poder al pueblo. Esto representará alrededor de 2 mil millones de dólares.

III. Que se les realice la transferencia de actividades productivas para crear unidades de construcción, rehabilitación y mantenimiento a 12 mi 626 escuelas.

IV. Que se les realice la transferencia a las comunidades de la administración y control de recursos por más de 200 millones de Bs.F (100 millones de dólares). Para el mantenimiento de la infraestructura de atención en salud.

V. Que se les realice la transferencia de funciones relacionadas con la construcción de viviendas del Programa de Sustitución de Ranchos por viviendas dignas.

VI. Que se les realice la transferencia de la administración y operación de 154 estaciones de servicio de PDVSA (cada estación genera ganancia aproximada de Bs. 150 millones que servirán para financiar sus proyectos).

VII. Los Consejos Comunales también podrán encargarse del transporte de combustible de las plantas a las estaciones de servicio, con un parque de mil 200 gandolas que generarán 3 mil 600 empleos.

VIII. El reciclaje de envases plásticos y lubricantes, creará 7 mil puestos de trabajo que podrían estar en manos de los Consejos Comunales.

IX. Con el proyecto de Gas Doméstico se prevé que, al encargarse de la atención comercial, estos consejos dispondrán de 4 mil empleos permanentes. En total, el sector energético dispondrá de más de 325 millones de dólares anuales para el Poder Popular.

X. Que se transfieran a las comunidades, a través de diferentes programas, más de 450 millones de dólares para realizar acciones de preservación del medio ambiente.

XI. Que se les transfieran más de 140 millones de dólares en programas de limpieza y mantenimiento de vialidad y edificaciones públicas.

XII. Que los Centros de Comunicaciones Comunales de Cantv puedan ser cogestionados por las comunidades, como empresas de propiedad social, con una reducción de 46 por ciento en su costo y un aporte para la inversión de 30 por ciento por parte de Cantv.

3) IMPULSAMOS LA POSIBILIDAD DE IMPLEMENTAR NOVEDOSOS Y JUSTOS CONCEPTOS ECONÓMICOS:

I. Que la construcción del nuevo modelo económico socialista incluya a todos los sectores sociales, reconociendo y garantizando cinco tipos de propiedad: pública, social, colectiva, privada y mixta. El capitalismo ofrece sólo dos tipos de propiedad. El socialismo las multiplica y democratiza.

II. Que se activen 2 mil fábricas socialistas en un lapso de 18 años.

III. Que se instalen las primeras 200 fábricas socialistas (diciembre 2007 - julio 2009), que generarán 87 mil 318 empleos, un ahorro en divisas por reducción de importaciones de 9 mil millones de dólares y disminución de precios en los sectores de alimentos, vestido y calzado, vivienda, transporte, salud, máquinas y herramientas, productos químicos y equipos eléctricos.

Pero lo mas importante es que la Reforma Constitucional significará más poder para el pueblo, más democracia y profundización en los avances políticos, sociales y económicos que Venezuela ha logrado en estos 8 años del pueblo en el poder, a través del Gobierno Revolucionario.

Andrés Izarra es presidente de TeleSUR

Alphaville, de Jean-Luc Godard



Formato: rmvb
Áudio: Francês
Legendas: Português
Duração: 99 min
Tamanho: 324 MB
Partes: 4
Servidor: 4shared


Título Original: Alphaville
Gênero: Drama/Ficção Científica
Origem/Ano: FRA-ITA/1965
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard

Elenco:

Eddie Constantine...Lemmy Caution
Anna Karina...Natacha Von Braun
Akim Tamiroff...Henry Dickson

Sinopse:
O agente secreto Lemmy Caution parte em missão para a cidade futurista de Alphaville (onde os sentimentos foram abolidos) com o objetivo de persuadir o professor von Braun a voltar aos "planetas exteriores". Natacha, filha do professor, lhe serve de guia. Lemmy reencontra Henri Dickson, antigo agente secreto, que lhe envia uma mensagem para "destruir Alpha 60 e salvar aqueles que choram". Lemmy presencia uma execução pública. Depois, é submetido a um interrogatório conduzido por Alpha 60, o computador que governa a cidade, e é condenado à morte. Natacha, aos prantos, lhe murmura as palavras proibidas".




Críticas:

http://www.geocities.com/contracampo/alphaville.html
http://www.geocities.com/contracampo/alphavilleeasemanticageral.html

Links:

Arrowhttp://www.4shared.com/file/29005588/7150f038/Godart_-_Alphavillepart1.html?dirPwdVerified=856c44ac
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O dia 'D' para a Venezuela



James Petras


No dia 26 de novembro, o governo venezuelano publicou e fez circular uma nota confidencial enviada pela embaixada estadunidense à CIA na qual ficam meridianamente claras as operações clandestinas que está realizando o EUA para intrometer-se no referendo do próximo domingo, dia 02 de dezembro de 2007.


A nota, enviada pelo funcionário da embaixada Michael Middleton Steere, foi dirigida a Michael Hayden, o diretor da CIA. Leva o seguinte título: 'Avançando até a última fase da Operação Tenaza'. A nota atualizava informações sobre as atividades de uma unidade da CIA, designada pela sigla HUMIN (Inteligência Humana) que está envolvida em ações clandestinas para desestabilizar o próximo referendo e coordenar a derrubada civil e militar do governo democraticamente eleito de Chávez. As pesquisas da embaixada da CIA reconhecem que 57% dos eleitores aprovarão as emendas constitucionais propostas por Chávez, mas também indicam uma abstenção de 60%.


Os agentes da embaixada sublinham a sua capacidade de recrutar antigos partidários de Chávez entre os social-democratas (PODEMOS) e os seguidores do ex-ministro de Defesa Baduel e afirmam ter conseguido reduzir a intenção de voto para o 'Sim' em 6% em relação às previsões iniciais. Entretanto, admitem que chegaram ao 'teto' e reconhecem a sua incapacidade de derrotar as emendas por via eleitoral.


Ato contínuo recomenda o início da Operação Tenaza que consiste em uma estratégia com duas pontas de lança destinadas a impedir o referendo: por um lado, a não aceitação do resultado e, ao mesmo tempo, a campanha pelo voto do 'Não'. O período que antecede o referendo inclui a publicação de pesquisas falsas, ataques a funcionários eleitorais e propaganda nos meios privados acusando o governo de fraude.


As principais e mais perigosas ameaças para a democracia sugerida pela nota da embaixada americana destacam o seu êxito ao mobilizar os estudante da universidade privada (apoiadas por administradores de alto nível) para atacar edifícios chaves do governo, entre eles, o Palácio Presidencial, a Corte Suprema e o Conselho Eleitoral Nacional. A embaixada elogia de forma particular o grupo ex-maoísta 'Bandeira Vermelha' por suas violentas ações de rua. Ironicamente, pequenas seitas trotskistas e seus sindicalistas uniram-se aos ex-maoístas para se oporem às emendas constitucionais. Apesar de rechaçar a 'retórica marxista' desses grupos, a embaixada percebe que tal oposição complementa a sua estratégia geral.


O objetivo final da Operação Tenaza é estabelecer uma base territorial ou institucional em questão de três ou quatro dias (não fica claro se antes ou depois do referendo) com o "apoio massivo" da minoria eleitoral derrotada através de um levantamento de oficiais do exército que se opõe à reforma constitucional, principalmente a Guarda Nacional. O funcionário da embaixada reconhece que os conspiradores militares tropeçaram em sérios problemas já que alguns agentes de inteligência foram descobertos, se desfizeram de depósitos e armas e vários conspiradores estão submetidos a estreita vigilância.


Além da profunda implicação estadunidense, a principal organização da elite empresarial venezuelana (Fedecámaras) e todas as televisões, rádios e jornais privados mais importantes orquestram uma feroz campanha de medo e intimidação. Produtores de alimentos e distribuidores têm provocado uma escassez artificial de produtos alimentícios básicos e uma fuga de capitais de grande escala para semear o caos, com a esperança de colher um voto negativo no referendo.


O presidente Chávez contra-ataca


Em um discurso pronunciado diante de empresários nacionalistas e chavistas favoráveis às emendas (Empresários pela Venezuela - EMPREVEN), Chávez advertiu ao presidente da Fedecámaras que se continuar ameaçando o governo com um golpe de Estado, nacionalizará todas as suas empresas filiais. Com a exceção dos trotskistas e outras seitas, a maioria dos trabalhadores organizados, camponeses, pequenos proprietários, conselhos de bairros pobres, trabalhadores do mercado informal e estudantes de escolas públicas têm se mobilizado e se manifestado a favor das emendas constitucionais.


Esse apoio da maioria popular se deve a algumas emendas chaves: um artigo acelera a expropriação de terras e facilita a sua redistribuição entre os sem terra e os pequenos produtores. Chávez já assentou mais de 150 mil trabalhadores sem terra em 800 mil hectares do território venezuelano. Outra emenda prevê cobertura universal da previdência social ao todo o setor não qualificado (vendedores ambulantes, trabalho doméstico, empregados por conta própria) que constituem 40% da força de trabalho. A semana de trabalho se reduzirá de 40h para 36h por semana sem redução de salário.


A admissão gratuita e universal a uma educação superior oferecerá maiores oportunidades de educação de classes baixas. As emendas permitirão que o governo possa driblar a atual obstrução burocrática de empresas estatais estratégicas, criando assim mais empregos e menos gastos. Mas, mais importante é a emenda que dará mais poder e recursos aos conselhos de bairros para legislar e investir em suas comunidades.


Os eleitores que apóiam as emendas constitucionais irão votar a favor de seus interesses socioeconômicos e de classe. O tema da possibilidade da reeleição indefinida do presidente não está entre suas principais prioridades, por mais que a direita tenha se centrado nele para chamar Chávez de 'ditador' e ao referendo de 'golpe de estado'.


A oposição

Com um sólido respaldo financeiro da embaixada estadunidense (8 milhões de dólares apenas em propaganda, segundo a nota da embaixada) e da elite empresarial e o 'apoio gratuito' dos meios direitistas, a oposição tem organizado a maioria dos estudantes da classe média alta e das universidades privadas, secundados pela hierarquia da Igreja Católica, amplos setores de bairros ricos de classe média, setores inteiros de classes médias dedicadas ao comércio, o sistema financeiro e, segundo parece, setores do exército, principalmente da Guarda Nacional.


Enquanto a direita controla os meios privados mais importantes, a televisão e rádio pública apóiam as reformas constitucionais. Enquanto que alguns seguidores da direita são generais e membros da Guarda Nacional, Chávez tem o apoio dos paraquedistas e de legiões de oficiais de patentes intermediárias e a maioria dos demais generais.


O resultado do referendo do dia 02 de dezembro é um evento histórico decisivo em primeiro lugar para a Venezuela, mas também para o resto do continente americano. Um voto positivo (o 'Sim') facilitará o marco legal para a democratização do sistema político, a socialização dos setores econômicos estratégicos, o acesso dos pobres ao poder e o início de uma caminhada para um sistema de autogestão das fábricas.


Um voto negativo, ou ainda um levante militar e civil apoiado pelos EUA que se leva a cabo com sucesso, anulará a experiência mais prometedora de autogestão popular, de bem estar social avançado e de socialismo democrático que hoje existe. Uma derrota, em especial se impulsionada por militares, conduzirá a um imenso banho de sangue como não temos visto desde os tempos do golpe dos generais da Indonésia em 1966 que mataram mais de meio milhão de trabalhadores e camponeses, ou do golpe de Estado da Argentina em 1976 em que mais de 30 mil argentinos foram assassinados por generais sob a concordância dos EUA.


Um voto claro pelo 'Sim' não acabará com as campanhas militares e políticas estadunidenses de desestabilização, mas enfraquecerá e desmoralizará seus colaboradores. No dia 02 de dezembro de 2007, os venezuelanos têm um conta com a história.