sábado, 1 de março de 2008

População decidirá sobre Constituição Boliviana

Adital


O presidente boliviano Evo Morales sancionou na manhã de hoje (29) as três leis enviadas pelo Congresso Nacional, que colocam nas mãos do povo o texto da Constituição Política do Estado (CPE). Dois referendos serão realizados, no dia 4 de maio, para ratificar a Constituição e definir o limite de terra de uma propriedade privada.

A primeira Lei modifica o artigo quarto da Lei No. 2728. Com essa modificação, poderão ser realizados dois referendos simultaneamente. A segunda lei é a convocação dos dois referendos e a terceira proíbe os departamentos de realizarem consultas populares.

Na primeira consulta, a população deve responder Sim ou Não para a pergunta se aprova a nova Constituição. Enquanto que a segunda consulta tem duas opções. Na opção A, se proíbe o latifúndio, a dupla titulação e determina que a propriedade privada não pode ter mais de dez mil hectares. A opção B diferencia da A no tamanho da propriedade: no máximo cinco mil hectares.

O resultado dos dois referendos tem caráter vinculante, com um prazo de no máximo 60 dias - a partir da data de publicação - para ser posto em prática. Desde hoje, a Corte Nacional Eleitoral (CNE) boliviana poderá dar início à organização dos processos de consulta.

Assim, o texto da lei determina que "o resultado do referendo dirimente será incorporado imediatamente ao texto da Nova Constituição, sempre e quando a nova Constituição tiver sido aprovada no referendo por maioria de votos respeitando a decisão do povo soberano".

Os movimentos sociais, que desde a última quarta-feira estavam em vigília em frente ao Parlamento, comemoraram a aprovação das leis por dois terços dos votos dos congressistas presentes.

Por que eu considero "Tropa de Elite" um filme fascista?

.André Lux

André Lux - TudoEmCima

O meu amigo blogueiro Miguel do Rosário tem feito uma defesa ferrenha do filme “Tropa de Elite”, o qual ele não considera fascista, em seu blog Óleo do Diabo. Não quero aqui ficar pinçando trechos do texto dele e os contrapondo, pois acho isso enfadonho e meio injusto com o autor, pois tira suas idéias de contexto.

Vou, de maneira pontual e final, dizer porque eu acho o filme fascista. Até porque não quero mais falar desse filme canhestro que nem merece tantos holofotes assim.

1) A intenção do diretor era fazer um filme fascista? Pra mim ficou claro que não. O Padilha tentou sim fazer um filme que “mostra a realidade” da violência urbana no Brasil – especificamente nas favelas cariocas, e provocar polêmica no bom sentido.

2) Ele teve sucesso nisso? Em parte. Do ponto de vista de “mostrar a realidade”, ele consegue mostrar apenas uma parte dela. E é aí que os problemas começam.

3) Onde ele acertou? Primeiro, ao mostrar a corrupção e a desordem na polícia militar, bem como a parceria de seus membros com o tráfico e com esquemas ilícitos. Segundo, ao mostrar o envolvimento de políticos nos esquemas. Ponto para Padilha e sua equipe.

4) Os erros. Agora é que são elas. De boas intenções o inferno está cheio:

- “Tropa de Elite” escorrega feio em sua pretensão de “mostrar a realidade” ao pintar o BOPE como incorruptível e super-eficiente. Não é. Existem provas contundentes disso. Uma dessas provas está no próprio filme: os oficiais do BOPE são coniventes com a corrupção da PM, então no mínimo são omissos e corruptos por tabela. Mas o roteiro não chega nem perto de tocar nesse ponto e insiste em dar voz apenas aos discursos moralistas e incoerentes dos policiais, sem nunca questioná-los.

- O BOPE é mostrado torturando e executando pessoas de maneira criminosa. Igualzinho acontece na realidade. O problema é que todas as pessoas torturadas e mortas no filme são bandidos ou amigos e familiares dos bandidos. Só que na vida real, pessoas inocentes são mortas e torturadas pelo BOPE. Onde está isso no filme? Em lugar algum. Em “Tropa de Elite”, o BOPE é tão eficiente e “bonzinho” como o Rambo que, entre uma crise existencial e outra, também só mata bandidos e vilões, nunca inocentes. E quem optou por mostrar as coisas dessa forma distorcida e absolutamente parcial? Os críticos? A platéia? Não, os realizadores do filme. Portanto, não há desculpas.

- Estudantes de classe média usam drogas e acabam ajudando a sustentar o tráfico. Correto. Essa é uma questão importante no debate do combate à violência que ninguém tem coragem de tocar. “Tropa de Elite” ensaia colocar o dedo nessa ferida, mas logo depois mete os pés pelas mãos.

Primeiro, porque não são todos os estudantes que usam drogas. Muito menos todo estudante é esquerdista ou liberal. Em qualquer sala de aula também existem jovens que rezam pela cartilha da direita, que são fascistas, ou que ao menos são favoráveis ao “prendo e arrebento”. Onde estão eles no filme? Em lugar nenhum. Na classe do Matias (o policial negro), todos adotam uma postura “esquerdista” ou liberal na cena do debate, o que é absolutamente ridículo.

Ou seja, assim como o BOPE só mata e tortura bandidos no filme, os estudantes de classe média são todos retratados como liberais hipócritas que usam drogas ilícitas ao mesmo tempo que protestam contra a brutalidade da polícia em passeatas idiotas. Chamar isso de maniqueísmo chega a ser uma ofensa ao Maquiavel... Ao optar por essa aproximação simplista, o cineasta inutiliza automaticamente sua proposta de “mostrar a realidade” do ponto de vista da classe média como parte do problema.

- Muitos dizem que o capitão Nascimento é “humanizado” no filme, pelo fato de narrar a trama e por sofrer de ataques de pânico, portanto não pode ser considerado fascista. Esse argumento é o mais fraco.

Primeiro, porque o Nascimento que narra é um e o que atua é outro. Enquanto ouvimos o personagem descrevendo as situações com ar de deboche, arrogância e onisciência (revelando inclusive fatos que não tinha como saber), o vemos agindo como um descontrolado inseguro, à beira de um ataque de nervos.

Ou seja, enquanto age como o protagonista de, na falta de um exemplo melhor, “Um Corpo Que Cai” (que tinha fobia de altura e cometia erros), ele narra o filme como se fosse o Rambo, fodão e infalível, porém injustiçado e incompreendido. No final das contas, o que prevalece é a narração, até porque é ela que se destaca mais no nível da consciência por ser dirigida diretamente ao espectador. Não há, portanto, humanização nenhuma do personagem. Pelo contrário. A narração tosca anula a suposta “humanidade” das ações e, mais grave, induz o espectador a "torcer" por ele.

- Matias, o policial que no final substitui Nascimento, é o verdadeiro protagonista do filme. É nele que está contido o arco moral do roteiro. É só perceber: Matias começa o filme de uma maneira e termina de outra, que é totalmente contrária à inicial. Seria dele também a narração do filme. É bem provável que assim ficaríamos sabendo mais sobre esse personagem e sobre a confusão mental que o levou a uma mudança tão radical de comportamento e filosofia de vida.

Mas, como o diretor resolveu mudar, na última hora, a narração para o Nascimento (certamente por questões mercadológicas), Matias virou um mero coadjuvante, sem qualquer profundidade ou nuance.

Sua transformação de idealista em torturador acontece de maneira brusca e forçada, apenas porque teve um amigo morto pelos bandidos. Explicação rasa e pobre, idêntica a de qualquer Rambo da vida: “Quero viver em paz, mas vou voltar para a guerra para vingar o meu amigo, que foi maltratado pelos vilões”.

Ao optar por todas essas simplificações extremas e por uma estética de filme de ação palpitante (especialmente na terceira parte), “Tropa de Elite” vai contra sua proposta inicial e, infelizmente, se iguala a qualquer filme do tipo “vingança e retaliação”, como “Gladiador” ou os já citados “Rambos”, onde os feitos questionáveis dos personagens acabam sendo justificados em nome de um “bem maior” – no caso, vingar a morte covarde do amigo policial.

E perceber isso não tem nada a ver com ser de esquerda ou de direita. Até porque não é todo direitista que é fascista ou violento, da mesma forma que nem todo esquerdista é comunista ou pacifista. Existem nuances nesse meio e é isso que torna o debate rico e profundo. E é justamente essa falta de nuances e de profundidade que transforma “Tropa de Elite” em produto fascista – no sentido de endossar, mesmo que sem querer, o uso da brutatlidade e do desrespeito às leis como única forma de combater o tráfico de drogas e suas conseqüências.

Enfim, um filme cheio de boas intenções que se perdem na falta de consciência, sensibilidade ou talento de seus realizadores.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Don Quixote - (Don Kikhot)

Don Kikhot é a aclamada versão da obra-prima de Miguel de Cervantes, "Don Quixote de la Mancha". Don Quixote é um romântico e excêntrico sonhador, um cavaleiro cortês que adora a dama do seu coração, Dulcinéia de Toboso. Em sua jornada como cavaleiro errante, ele luta contra moinhos, defende os oprimidos, tendo ao seu lado o seu fiel companheiro Sancho Pança. Trilhando vários caminhos da Espanha medieval, os dois heróis - o alto e magricela Don Quixote e o baixo e gorducho Sancho -, mesmo diante de muitos perigos, não se afastam de seus princípios, acreditando sempre no poder da bondade e da lealdade.

Legendas exclusivas smile.gif

créditos:makingoff - willams
Gênero:
Aventura / Drama
Diretor: Grigori Kozintsev
Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento: 1957
País de Origem: União Soviética
Idioma do Áudio: Russo
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0050326/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: DivX
Vídeo Bitrate: 1200 Kbps
Áudio Codec: Mp3
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 720 x 480
Formato de Tela: Widescreen (16x9)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 974 Mb
Legendas: Em anexo

Nikolai Cherkasov ... Don Quixote de la Mancha / Alonso Quixano
Yuri Tolubeyev ... Sancho Panza
Serafima Birman ... The Housekeeper
Lyudmila Kasyanova ... Aldonsa
Svetlana Grigoryeva ... The Niece
Vladimir Maksimov ... The Priest
Viktor Kolpakov ... The Barber
Tamilla Agamirova ... Lady Altisidora
Georgi Vitsin ... Sanson Carrasco
Bruno Frejndlikh ... The Duke
Lidiya Vertinskaya ... The Duchess
Galina Volchek ... Maritornes
Olga Vikland ... Peasant girl

- Don Kikhot é considerado por muitos críticos como uma das melhores adaptações do clássico de Cervantes, sendo esta opinião bastante devedora da atuação memorável de Nikolai Cherkasov, um dos atores preferidos de Eisenstein, tendo inclusive estrelado dois de seus filmes mais conhecidos (Ivan, o Terrível e Alexander Nevsky). Para quem desejar conhecer mais a respeito deste importante ator russo, tem este site (em inglês) aqui.

- Don Kikhot tem como realizador o diretor russo Grigori Kozintsev, também diretor de verdadeiras preciosidades como Gamlet e Korol Lir. Embora considerado um realizador de relevo para o povo russo, sua obra é pouco conhecida fora do cenário soviético. Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre este o diretor e sua filmografia, tem este site (em espanhol) aqui.

- Para a realização do filme, Kozintsev contou com o assessoramento estético do escultor espanhol Alberto Sánchez, que estava então exilado na URSS.

- Embora filmado em 1957, em virtude das tensões do período da Guerra Fria, o filme permaneceu sob censura durante 4 anos, só vindo a estrear no Estados Unidos em 1961.

- Para quem quiser saber mais sobre o universo que circunda esta maravilhosa obra-prima de Cervantes, recomendo o post do nosso amigo eeeuuu, enriquecido com um farto material na parte de "Curiosidades".
- O ator Nikolai Cherkasov foi indicado à Palma de Ouro, no Festival de Cannes (1957).

Don Quixote

Don Kikhot é uma adaptação fiel do clássico de Cervantes, perpassado por uma sutil leitura marxista, e com um uso de recursos bastante impressionante para a época, como efeitos especiais, sistema Sovcolor, som estereofônico, etc. Tendo como realizador o aclamado diretor russo Grigori Kozintsev (Gamlet, Korol Lir), o longa teve como locações a Criméia (antiga URSS), local escolhido por Kozintsev para reproduzir a Espanha medieval. Somando-se a estes elementos, temos ainda as ótimas atuações de Nikolai Cherkasov (Don Quixote) e Yuri Tolubeyev (Sancho Pança), num conjunto que faz deste filme um clássico belo e raro, que merece ser redescoberto. Vale a pena conferir. wink.gif


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Notícias de Gaza-Auschwitz

Blog do Bourdoukan

Na quarta feira o Hamas se dispôs dialogar com Israel pela milésima vez.

Israel respondeu com uma chuva de mísseis que assassinaram quatro crianças e um bebê.

Na quarta feira o Haaretz publicou uma pesquisa na qual 62% dos israelenses manifestavam-se favoráveis a uma solução com o Hamas.

Israel enviou helicópteros e tanques para assassinar, até o momento, 30 palestinos.
Entre os mortos, as quatro crianças e o bebê.

As crianças, com idades entre 7 e 12 anos, foram assassinadas quando jogavam bola em um terreno baldio.

O porta-voz da Agência da ONU de Ajuda aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Christopher Gunness, "condenou fortemente" a ação que levou à morte do bebê.

Gaza-Auschwitz continua cercada, água e luz continuam cortadas, alimentos e remédios não conseguem atravessar as barreiras israelenses.

Isto significa que centenas de palestinos morrerão de fome, sede e por falta de medicamentos. Não se conhece ainda o número de feridos.

Mas para essa humanidade apática isto não tem a minima importância, já que logo todos estarão mortos.

Entre o crime ambiental e a necessidade social

Assim como no Pará, madeireiros de Mato Grosso ameaçam com “revolta popular” se o governo deflagrar a Operação Arco de Fogo de combate ao desmatamento da Amazônia. No meio do conflito, estão milhares de trabalhadores pobres que vivem da destruição da floresta.

RIO DE JANEIRO - Os jornais de maior circulação do país divulgaram com destaque nesta sexta-feira (29) a ameaça feita ao governo federal pelos donos de empresas madeireiras que atuam em Mato Grosso. Estes advertem que, se for mesmo deflagrada no estado a Operação Arco de Fogo de combate ao desmatamento da Amazônia, certamente haverá reação violenta da população em municípios que têm a degradação da floresta como principal pilar de sua economia, casos de Sinop, Marcelândia e Alta Floresta, entre outros.

Há poucos dias, no Pará, uma “revolta popular” insuflada pelos empresários no município de Tailândia impediu que policiais e agentes do Ibama retirassem da cidade 15 mil metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente que haviam sido apreendidos nos pátios de algumas de suas mais de 150 madeireiras, serrarias e carvoarias.

Em ambos os casos, a reação de alguns empresários que enriquecem devorando a Amazônia se apóia num importante e inquestionável fato social: a destruição da floresta é hoje o principal meio de subsistência para milhares de trabalhadores pobres nos municípios espalhados ao longo do chamado arco do desmatamento. Essa foi a realidade que colocou milhares de pessoas na rua em Tailândia e pode colocar novamente em Sinop ou Marcelândia.

Senhores da economia na região, os madeireiros não hesitam em manipular suas armas políticas para impedir a ação da força-tarefa coordenada pela Polícia Federal. Em Tailândia, após uma campanha massiva de comunicação para alertar a população sobre os malefícios da operação preparada pelo governo, os empresários, em ação orquestrada, demitiram duas mil pessoas que trabalhavam diretamente no setor madeireiro. Isso aconteceu exatamente na véspera do recolhimento da madeira que havia sido apreendida pelo Ibama. Até agora, segundo informação fornecida pelo prefeito, cerca de seis mil trabalhadores já foram demitidos em Tailândia, que tem cerca de 67 mil habitantes.

A coisa não deve ser muito diferente em Mato Grosso, onde os primeiros agentes da PF têm chegada programada para domingo (2). Em entrevista ao jornal O Globo, o dono da madeireira Madevale, que atua em Sinop, anunciou que, por conta da ação do governo, já demitiu 40 de seus 50 empregados: “O governo está impondo regras muito duras para a extração da madeira. Onde serão colocados os empregados que vão perder seus empregos?”, indaga, no mesmo tom de ameaça de seus pares paraenses.

Se quiser mesmo seriedade e eficiência nessa nova etapa do combate ao desmatamento da Amazônia, não resta dúvida de que o governo tem de ser firme e contundente na resposta aos madeireiros que decidirem partir para o confronto e para a manipulação dos trabalhadores. Também é evidente, entretanto, que os governos (aí incluo os estaduais) têm a obrigação de oferecer alguma alternativa econômica aos milhares de trabalhadores pobres que direta ou indiretamente tiram do desmatamento seu sustento e sobrevivência.

Caminhos para isso não faltam, mas é preciso que os governos tirem do papel alguns de seus diversos projetos que têm o objetivo de “dar maior valor econômico à floresta em pé do que à floresta derrubada”. Como medida emergencial, o anúncio feito pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) de que o governo pretende criar um mecanismo de auxílio-financeiro para os trabalhadores pobres da Amazônia que subsistem graças a sua participação em atividades ilegais parece ser uma boa opção.

Em médio e longo prazos, no entanto, é preciso dar a essa massa de trabalhadores rurais amazônicos a real possibilidade de tirar de forma digna seu sustento econômico da participação em projetos de desenvolvimento florestal sustentável ou de preservação da biodiversidade. Uma opção que certamente trará melhor retorno econômico do que simplesmente engrossar as fileiras de pessoas de baixíssima renda que servem aos “empresários” do desmatamento ou do tráfico de animais silvestres, entre outros criminosos ambientais.

Uma capa de VEJA que nunca vamos ver...



CHÁVEZ CRITICA EXTREMA-ESQUERDA VENEZUELANA; PESQUISA DIZ QUE TAXA DE APROVAÇÃO DELE É DE 67%

Blog do Azenha

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sugeriu que a extrema-esquerda que o apóia pode ter sido infiltrada para provocar atos que resultem em dano político para o governo. Ele fez referência explícita à ativista Lina Ron, que liderou a ocupação do Palácio Episcopal de Caracas. A hierarquia da Igreja Católica se opõe fortemente a Chávez.

Falando no programa La Hojilla, da emissora estatal VTV, Chávez afirmou: "Não entendo a camarada Lina Ron, não consigo entendê-la, é uma coisa totalmente absurda, tomaram o Palácio Episcopal; seria bom fazer uma investigação sobre o dano que a ultraesquerda causou a Salvador Allende, que não se dava conta da infiltração da CIA e provocava."

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Da sede da ocupação, Lina Ron pediu ao governo que tome ações contra o canal de oposição Globovisión - que em parceira com outras emissoras privadas ajudou a promover o golpe que afastou Hugo Chávez do poder durante cerca de 72 horas, em abril de 2002.

Chávez também repudiou o uso de violência política. Um grupo que se identifica como Frente Guerrilheira Venceremos explodiu quatro bombas desde o início deste ano em Caracas. O grupo diz que apóia o governo. Num dos atentados, diante da Fedecámaras, a FIESP da Venezuela, morreu o homem que aparentemente "plantava" a bomba. O vigia do prédio estava dormindo. Panfletos encontrados junto ao corpo acusavam a Fedecámaras de causar desabastecimento na Venezuela.

A grande mídia venezuelana continua sua campanha diária contra o governo. Mais recentemente, apoiou a petroleira Exxon Valdez, que tem uma disputa comercial com o governo Chávez. Hoje dá ampla cobertura ao depoimento de militares americanos no Congresso, em Washington. Um deles disse que a Venezuela "tem quatro vezes mais armas do que o necessário." Ninguém perguntou se os Estados Unidos tem mais armas do que o necessário.

O diretor de inteligência nacional, J. Michael McDonnell, e o diretor da Agência de Inteligência para a Defesa, Michael D. Maples, depuseram ontem no Comitê das Forças Armadas do Senado. McDonnell afirmou textualmente, sobre as compras de armas do governo Chávez: "Provavelmente três ou quatro vezes mais do que necessita." O grifo é meu. Eles chutam qualquer coisa e a imprensa publica.

Então o senador Mel Martinez, republicano da Flórida que representa interesses da extrema-direita americana, perguntou se o objetivo de Chávez seria "desestabilizar governos vizinhos, entre eles o da Colômbia, e ajudar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)".

McDonnell respondeu: "Poderia ser". O grifo é meu. Poderia ser ou poderia não ser. Ele não apresentou provas. Especulou - e a mídia distribuiu a notícia mundo afora.

O apagão da segurança pública e o apagão alimentar são apontados como os principais problemas do país. São problemas reais, resultam em parte da incompetência do governo Chávez mas são amplificados pela mídia venezuelana.

Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Venezuelano de Dados (IVAD) a taxa de aprovação de Chávez no governo é de 67,3%. O maior programa social, conhecido como Las Missiones, tem aprovação de 73,1% e é rechaçado por 15%.

Conselho de um velho apaixonado

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante,
e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa,
se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino : O amor!
Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso,
um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento,
chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...
Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O amor!

Carlos Drummond de Andrade

Nara Leão - Nara Pede Passagem (1966)




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Tropeços do cavalo



Escrito por Frei Betto

Fala-se muito em neoliberalismo para definir o novo caráter do capitalismo. O que significa isso? A essência do capitalismo é a progressiva acumulação do capital em mãos privadas. Os bens já não têm valor de uso, têm valor de troca. Não são para se viver, são para se vender. No capitalismo, o dinheiro – essa abstração que representa valor – está acima dos direitos e das necessidades das pessoas.

Como observa Houtart, após a Segunda Guerra Mundial três fatores puxaram as rédeas do cavalo de corrida chamado capitalismo: o fortalecimento do movimento operário e o medo da expansão do comunismo, que fizeram com que os Estados burgueses regulassem os direitos trabalhistas; a implantação do socialismo no Leste europeu; o projeto de desenvolvimento nacional em países pobres como o Brasil (conferência de Bandung, Indonésia, 1955).

Esses três fatores eram a pedra no casco do sistema capitalista que, por força deles, se viu obrigado a reduzir seu nível de acumulação e sua liberdade de apropriar-se de tudo que possa gerar riqueza.

O cavalo reagiu. Deu um coice na regulação do trabalho, lesando os direitos dos operários (sob os eufemismos de flexibilização, terceirização etc.), desmobilizando o movimento sindical e aumentando consideravelmente o índice de trabalhadores informais e o desemprego, agravados pela crescente informatização da economia.

O segundo coice foi no socialismo, com a derrubada do Muro de Berlim e o esfacelamento da União Soviética, acrescido da cooptação da China. O terceiro, a globocolonização, a internacionalização da economia e a imposição ao planeta de um único modelo de sociedade, o anglo-saxônico, que predomina na zona rica do planeta.

Eis o neoliberalismo: livre de rédeas e freios, o cavalo corria desabalado na pista da acumulação.

Ocorre que a vida é feita de imprevistos. O sistema carrega em si suas próprias contradições. Como apontou Marx, ele é o seu próprio coveiro. E, agora, o cavalo vê-se obrigado a desacelerar sua corrida por força da crise ecológica (o aquecimento global), da crise de superprodução (há mais oferta que demanda de produtos) e da atual crise financeira que exaure os bancos dos EUA, faz mais de um milhão de pessoas verem evaporar seu sonho de casa própria e provoca, em um mês, o desemprego de mais de 35 mil bancários estadunidenses.

Os governos dos países capitalistas vivem se queixando de que o déficit público é alto e eles não têm dinheiro para o essencial: alimentação, saúde, educação etc. Porém, na hora em que o cavalo tropeça, o dinheiro imediatamente aparece para socorrê-lo. Bush liberou US$ 145 bilhões para tentar evitar a recessão americana e os Bancos Centrais do mundo rico tratam de disponibilizar seus balões de oxigênio financeiro aos bancos asfixiados pela crise ou em agonia diante de um mercado inadimplente.

Ora, não viviam clamando que o mercado é o melhor regulador da economia? Não viviam apregoando "menos Estado e mais mercado"? Por que agora todos correm aos braços acolhedores do Estado de bem-estar financeiro? E de onde veio toda essa fortuna, antes negada aos direitos sociais, ao socorro da África, ao cumprimento das Metas do Milênio?

A recente reunião de Davos, clube que aglutina os donos do dinheiro, foi como um conclave de cardeais que, súbito, descobrem que Deus não existe. Eis abalada a fé no mercado. Se ele trouxe tantas bênçãos aos eleitos da fortuna, agora ameaça com maldições.

O curioso é que a origem do problema não é mundial. É local, nos EUA. Como toda a economia mundial atrelou-se à hegemonia unipolar de Wall Street, se este espirra, o mundo se gripa. Resta esperar para conferir se a gripe é passageira, curável com um analgésico ou levará o doente à cama, acometido por febres e infecções.

O que ninguém duvida, entretanto, é que, mais uma vez, a conta de tantos tropeços do cavalo será paga pelos pobres. Assim funciona o sistema que promete liberdade, prosperidade e paz para todos, mas não cumpre. Há que se buscar um outro mundo possível.

Frei Betto é escritor, autor de "A mosca azul – reflexão sobre o poder" (Rocco), entre outros livros.