quinta-feira, 10 de abril de 2008

LADRÕES DE BICICLETA (Ladri di Biciclette, ITA, 1948)



Formato: RMVB
Áudio: Italiano
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:26
Tamanho: 479 MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare


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Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Cesare Zavattini, baseado em estória de Oreste Biancoli, Suso Cecchi d'Amico, Vittorio De Sica, Adolfo Franci, Gerardo Guerrieri e Cesare Zavattini e em romance de Luigi Bartolini
Produção: Giuseppe Amato e Vittorio De Sica
Música: Alessandro Cicognini
Fotografia: Carlo Montuori
Desenho de Produção: Antonio Traverso
Edição: Eraldo da Roma
Créditos: F.A.R.R.A - dylan dog

Elenco:
Lamberto Maggiorani (Antonio Ricci)
Enzo Staiola (Bruno)
Lianella Carell (Maria)
Gino Saltamerenda (Baiocco)
Vittorio Antonucci (Ladrão)

Sinopse: A história se passa logo após a Segunda Grande Guerra, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego, de colador cartazes na rua, lhe pedia como obrigação uma bicicleta. Ricci e sua mulher Maria (Lianella Carell) conseguem um dinheiro para uma, possibilitando que ele realize o seu trabalho. Há também o menino Bruno (Enzo Staiola), filho do casal. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhes foi roubada, quando Ricci trabalhava apenas em seu primeiro dia.

TRAILER (em inglês)



Ladrões de Bicicleta é um dos filmes integrantes do Neo-Realismo, movimento originário na Itália no meio dos anos 40 que contava histórias de conseqüências da guerra, ou então resistências durante a mesma; movimento que possui alguns dos melhores filmes da história do cinema. Além do filme em questão, Roma, Cidade Aberta (de Roberto Rossellini, com roteiro do gênio Frederico Fellini), Obsessão e A Terra Treme (ambos de Luchino Visconti) são outros clássicos inesquecíveis presentes no movimento. Quem dirige Ladrões de Bicicleta é Vittorio de Sica, o mesmo por trás das lentes de Milagre em Milão e O Teto, o poeta do Neo-Realismo, o sentimental do triângulo básico neo-realista. Era o homem das emoções, o que ia direto aos corações italianos.

Vale citar que, por causa do medo da imagem que a Itália tinha com o que os filmes mostram, os neo-realistas sofriam diversas repressões, o que levou todos os diretores a abandonar esse estilo de filmar pouco depois. Diversas pessoas são mostradas desesperadas, atrás de emprego, fazendo qualquer coisa. Mostra-se também o mercado negro, representado pelo mercado de bicicletas, e o desespero humano, até onde uma pessoa pode chegar. Aliás, é nisso que o filme se baseia, na degradação humana pela necessidade, em busca do que hoje para muitos pode ser banal. O desespero de forma crua e imprevisível, tudo com o toque sentimental inconfundível De Sica à obra.




A história de Ladrões de Bicicleta se passa logo após a segunda grande guerra, com a Itália destruída e o povo passando necessidade. Ricci (interpretado pelo amador Lamberto Maggiorani) consegue um emprego após muita espera. Só que esse emprego (de colar cartazes na rua) lhe pedia como obrigação uma bicicleta, já que ele deveria se locomover muito e andando não seria uma boa opção, por causa do tempo que seria desperdiçado. Sem dinheiro, Ricci e sua mulher Maria (interpretada por Lianella Carell) conseguem dinheiro para uma bicicleta, possibilitando Ricci de realizar o seu trabalho. Na história há também o menino Bruno, interpretado por Enzo Staiola, filho do casal de aparentemente 10 anos, no máximo. Fascinado por bicicletas, o menino cai de cabeça com o pai na busca pela bicicleta que lhe foi roubada, enquanto Ricci trabalhava em seu primeiro dia. Esse roubo é o empurrão para o desenrolar do filme, a busca incansável de Ricci, seu filho e amigos para recuperar o objeto não só de trabalho, mas de esperança de uma vida melhor da família.

A cena em que Ricci consegue sua bicicleta e sai para o primeiro dia de trabalho é antológica. Só de lembrar da música eu me arrepio, a felicidade era completamente expressada na cena, a esperança de um futuro melhor, tudo. E a fotografia tem um papel importantíssimo na obra, além da música. Com o decorrer do filme, ambos vão ficando cada vez mais pessimistas, escuros, fúnebres. O clímax se desfaz com mais uma cena antológica, inesquecível, não há como não sentir pena do personagem.



Outro ponto que queria ressaltar é a utilização de atores amadores na obra. Por causa da falta de verbas (e até mesmo do desemprego que rondava a época), muitos filmes neo-realistas eram rodados com 100% do elenco de atores amadores, como aqui em Ladrões de Bicicleta. Alguns casos à parte, como Roma, Cidade Aberta, faziam uma mistura de amadores com profissionais. De Sica sabia sempre como ninguém guiar seus atores, e este filme é um perfeito exemplo disso. Não há como, em nenhum momento do filme, você afirmar que aquelas pessoas em frente à câmera não são convincentes. Quando era necessário, recursos mais pesados eram usados, como na cena em que Bruno tinha que chorar após apanhar o pai. Enzo não conseguia chorar, então o que fizeram? Colocaram cigarros da produção em seu bolso e começaram a acusá-lo de roubo. Ofendido, o menino começou a chorar de verdade. Cena que De Sica captou com perfeição e adaptou de maneira mais magistral ainda à trama. Ah, outra curiosidade interessante (porém, nada feliz) é que muitas das cenas desse tipo de filme eram rodadas em céu aberto. Isso porque os estúdios italianos estavam todos ocupados com pessoas desabrigadas da guerra.



Ladrões de Bicicleta com certeza é um filme que irá não só lhe entreter, mas também emocionar. Não há como ficar indiferente a esta magnífica obra de De Sica, sentimentalista. Uma triste realidade, mas que é colocada de uma forma toda especial, reflexiva. Quem se considera um cinéfilo de plantão, filme obrigatório para se assistir e ter em sua videoteca caseira.
Rodrigo Cunha - www.cineplayers.com



Análise crítica - www.telacritica.org/LadroesDeBicicleta.htm

Premiações:

- Oscar especial de melhor filme em língua estrangeira, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Roteiro.

- Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

- BAFTA de Melhor Filme.

- Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu.

- Prêmio Especial do Júri, no Festival de Locarno.


quarta-feira, 9 de abril de 2008

GRANDE CHAVEZ...

VENEZUELA RENACIONALIZARÁ SIDERÚRGICA SIDOR--FONTES

CARACAS (Reuters) - O governo venezuelano renacionalizará a maior siderúrgica do país, a Ternium Sidor, na segunda grande aquisição de ativos de companhias estrangeiras em uma semana.
Depois de anunciar a estatização da indústria cimenteira do país, fontes do sindicato e do governo disseram nesta quarta-feira que a Sidor voltará ao controle de Caracas.
O secretário-geral do sindicato da Sidor, Nerio Fuentes, afirmou que o vice-presidente da Venezuela informou à companhia e aos funcionários sobre a decisão tomada em reunião realizada no final da terça-feira.
"Estamos aqui comemorando em assembléia a decisão de que a Sidor retornará às mãos do Estado", disse Fuentes à Reuters em entrevista por telefone. Um ministro do governo que pediu para não ser identificado confirmou a decisão de nacionalização.
No fim de semana, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou que seu governo assumiria a responsabilidade na negociação com a companhia em uma disputa trabalhista que envolve pagamento dos funcionários e que gerou uma série de greves regulares nos últimos meses.
Chávez fez uma série de ameaças de tomar o controle da produtora de aço no ano passado, em um momento em que ele estava aumentando o controle do governo sobre a economia, num impulso de nacionalização.
Ele renovou sua campanha na semana passada, quando ordenou a nacionalização da maior empresa de cimento do país, totalmente controlada por estrangeiros.
Em ambos os casos, Chávez reclamou que as empresas não estavam priorizando de maneira suficiente o abastecimento do mercado venezuelano.
Representantes da Techint, a empresa argentina que controla a Sidor, não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto. A companhia detém 60 por cento do capital da siderúrgica e o governo venezuelano possui outros 20 por cento. O restante está nas mãos de trabalhadores e ex-funcionários da empresa.
A brasileira Usiminas detém participação na Ternium. Representantes da empresa não comentaram imediatamente a decisão.
A Ternium Sidor, privatizada em 1997, é a principal siderúrgica da região andina e Caribe. As usinas principais estão próximas da cidade de Puerto Ordaz, no sudeste da Venezuela.
(Por Brian Ellsworth e Ana Isabel Martínez)

EXPANSÃO DA SOJA DEVASTA MEIO AMBIENTE NA ARGENTINA

argentina_map.jpg

ESTE MAPA MOSTRA A REGIÃO DE MAIOR CONCENTRAÇÃO DE PLANTIO DE SOJA DO MUNDO, A MAIOR PARTE TRANSGÊNICA: ARGENTINA, BRASIL E PARAGUAI; NELE APARECEM AS PROVÍNCIAS "SOJEIRAS" DA ARGENTINA, CITADAS ABAIXO: SANTIAGO DEL ESTERO, CHACO, CORRIENTES, ENTRE RIOS E SANTA FÉ.

do site Proteger.org.ar, da Argentina

A expansão da fronteira agrícola na Argentina, promovida fundamentalmente por grandes monocultivos de soja, produziu uma das maiores transformações econômicas, sociais, demográficas e ambientais da história do país. A superfície semeada com soja em 2007, com uma nova colheita recorde, alcançou a 16 milhões de hectares. Simultaneamente, a taxa de desmate de bosques nativos chegou, segundo dados oficiais, a superar várias vezes a média mundial - com enorme impacto na biodiversidade e em comunidades indígenas e tradicionais. Em quatro anos, o desmate cresceu quase 42%. O corte e as queimadas arrasaram mais de 1 milhão de hectares, a maioria agora com soja. Em 2007 se perdeu em média 821 hectares de bosques por dia, 34 hectares por hora.

No nordeste da Argentina - uma das áreas onde a soja constitui a principal atividade agrícola, a situação social revela, coincidentemente, os níveis de pobreza e indigência mais altos do país, segundo informações oficiais. As cinco cidades argentinas mais pobres estão na área sojeira: La Banda-Santiago del Estero, Concordia [província de Entre Rio], Corrientes, Resistencia e Santa Fé. Na região sojeira, a agricultura familiar e os pequenos produtores praticamente desapareceram, enquanto continua a migração rural até os assentamentos carentes das grandes cidades, onde cresce o desemprego, a violência urbana, a perda de identidade e a tensão social - que a sociedade e o Estado, a um altíssimo custo, devem suportar e atender.

Hoje, mais de 300 vilas rurais se extinguem; as casas em ruínas dos camponeses se levantam como testemunho mudo em meio aos imensos desertos verdes. Quando se viaja de Santa Fé a Buenos Aires, passando por Rosário, é habitual ter de fechar as janelas para não inalar diretamente o ar irrespirável e contaminado pelas fumigações [de herbicidas]. Quando se vai de Entre Rios a Córboda ou se usa a rota até Salta a paisagem é a mesma: o interminável verde da soja; já não se vê árvores, nem pássaros, nem gente. A soja atravessa as cercas, ocupa o acostamento e chega até o asfalto. As pessoas trabalhando em fazendas, circulando pelas vias rurais ou as crianças saindo das escolas já não estão lá. Nada indica que um dia voltem. Não se sabe para quê voltariam. Nem o que encontrariam.

Créditos: Blog do Azenha

Soledad Bravo - Caribe (1983)




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De Jéssia para Isabella





Roberto Malvezzi

Oi, Isabella. Fiquei sabendo de sua morte. Fiquei imaginando como alguém pode pegar uma criança como você, maltratar, asfixiar e depois ainda atirar pela janela do apartamento. Nunca consegui entender essa crueldade humana. Acho até que nem humanos são. Por isso, acho até normal que tanta gente se interesse pela sua morte, embora grande parte goste mesmo de sensacionalismo ou apenas de ganhar audiência em seus programas.

Queria lhe dizer que eu também já morri. Um dia, no assentamento que eu morava, tive que buscar água no canal de irrigação para o pessoal lá de casa. Era sempre assim. A gente não tinha água no assentamento e eu tinha que roubar uns 20 litros por dia para nossa família beber. Teve uns tempos que fui sem terra. No assentamento, eu e minha família éramos sem água. Então, um dia, quando eu estava roubando um balde de água no canal de quinze metros de altura, caí e morri.

Gente como eu, os sem terrinha, não tem muito espaço na mídia. Quem sente nossa falta são apenas nossos pais e nossos amigos. É só no coração deles que deixamos algum vazio. De resto, viramos estatísticas. Sabe, a gente entra numa lista, mas ninguém conhece o rosto que está por detrás daquele número. São muitos que morrem aí por essas beiras de estrada, debaixo da lona preta, seja por um motivo ou por outro. Quando acontecem chacinas, as crianças também são mortas, assim como jovens e adultos. Mas a gente só busca ter um pedaço de terra, ter uma casa, poder estudar, ter os bens que todo mundo tem, como uma TV, uma geladeira e até mesmo um celular. Queremos também um Brasil justo e decente. Nem vamos falar dos adolescentes e crianças que morrem por arma de fogo, no tráfico, ou aqueles que morreram ainda na infância de dengue, fome, sede e outras misérias. O país onde nascemos ainda não é um lugar para gente. Nós duas sabemos bem.

Pois é, agora estamos as duas do lado de cá. Já não temos distância, tempo, classe social, nem preconceitos a nos separar. Vamos nos encontrar e sair brincando por aí. O infinito é nosso limite.

Roberto Malvezzi é coordenador da CPT.

Perspectivas da economia chinesa





Wladimir Pomar

Os pessimistas e críticos das reformas chinesas, à direita e à esquerda, não acreditam que as economias da China e de outras nações asiáticas possam ter o mercado interno como foco central e "descolar-se" das crises dos países centrais. Para eles, isso não passaria de um mito.

Em parte, têm razão. No atual estágio da globalização, nenhum país tem condições de se "descolar" do resto do mundo. Porém, é fraco seu argumento de que, se a inflação nos países centrais recrudescer, não haverá como sustentar os preços das commodities, levando muitos emergentes ao desastre. No caso da China, o "desastre" seria o crescimento de seu PIB cair de 11% para 8% ao ano.

Tal "desastre" será um alívio para a China. Desde 1999, ela busca reduzir seu ritmo de crescimento, justamente para 8% a 6% ao ano, de modo a reduzir a pressão sobre seus recursos e sobre sua infra-estrutura, e evitar tensões inflacionárias e sociais. Com um crescimento desses, a China poderá continuar contribuindo para o crescimento global.

Em 2007, essa contribuição foi de 17% do crescimento global, quase o mesmo que os Estados Unidos. Se mantiver um ritmo de crescimento de 8%, a China pode tornar-se a maior economia exportadora do mundo em 2009 ou 2010. Portanto, o que aqueles críticos precisariam explicar são os motivos pelos quais a China, e diversos países emergentes, estão reagindo à atual crise de forma muito diferente do que ocorria no passado, quando um simples espirro especulativo nos países centrais os levava à desordem econômica e financeira.

Com descolamento ou sem descolamento em relação aos países centrais, a tendência mais forte parece ser a de manutenção do crescimento da China e dos países em desenvolvimento, mesmo que num ritmo levemente menor. E o crescimento industrial da China deverá manter seu efeito de onda sobre os demais países emergentes, contribuindo diretamente para o excepcionalmente forte crescimento deles nos anos mais recentes.

Os planos chineses, para 2008 até 2010, mantêm os investimentos em ativos fixos, principalmente em economia energética e recuperação ambiental, como as locomotivas do crescimento. Além de já haver extinguido os impostos agrícolas, a China deve elevar todos os salários e tornar universais os serviços públicos nas zonas rurais e urbanas, reduzindo o atual desequilíbrio de rendas e as tensões sociais. O que fortalecerá o consumo da população que, em 2006 e 2007, foi relativamente fraco em comparação a outros componentes do PIB.

Em tais condições, ao invés de levar a China ao desastre, a queda do ritmo do crescimento de seu PIB, para 8%, pode servir para equilibrar seus diversos setores econômicos e ampliar seu mercado interno. Estamos diante de novos parâmetros, mesmo que não agradem a muitos.

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Não Te Vás Nunca!


Por Russ Howel.

A Revista Veja, edição 2.049 de 27 de fevereiro de 2008, colocou como reportagem de capa o título ‘JÁ VAI TARDE’ em relação a renúncia do Comandante Fidel Castro, e não obstante, irresignados com os argumentos da extrema direita incoerente, apresentamos e analisamos as 10 (dez) principais inverdades publicadas naquele periódico, a saber:

1º) “...visto o sofrimento que infligiu ao povo durante 49 anos como senhor absoluto de Cuba...”

Então se questiona, quais sofrimentos? Haja vista que Cuba enfrenta um bloqueio econômico imposto pelos Estadunidenses há mais de 40 (quarenta) anos, inviabilizando a comercialização com quaisquer países que mantenham relações comerciais com os Estados Unidos. Talvez o sofrimento imposto por Fidel seja a educação, onde os índices de analfabetismo chegam a quase 0%, isto para quem escreve de um país, no caso a nossa realidade, onde o número de analfabetos supera os 20% de toda a população, realmente talvez o autor da reportagem entenda ser um sofrimento para um povo ter que estudar em níveis de excelência e ter que trabalhar para mantê-los, sobretudo pelo fato de que os recursos externos são reduzidos ante o referido embargo imposto.

2º) “...foi pego exportando terroristas para insuflar a subversão em outros países...”

O autor se deixa conduzir pelo modismo Norte-Americano de utilização da palavra terrorista posta em prática pelo “César” George W. Bush, atual residente da Casa Branca. Destaque-se, no entanto, que o denominado terrorista por ele, é preferível chamar de membros da esquerda revolucionária que lutam por Justiça Social e contra governantes corruptos, como ocorreu em alguns países da América Latina e África, onde todos bebiam da fonte do internacionalismo revolucionário Cubano, recebendo a solidariedade do exército liderado pelo Comandante Fidel. Nenhum deles objetivava a apropriação do Estado por particulares, nem tão pouco a venda ao Capital estrangeiro das riquezas nacionais, ao contrário, rechaçavam todos essas idéias manipulados e influenciados pelo Imperialismo estadunidense.

3º) “...Todo político tem de ser bom mentiroso (está fazendo essa afirmação baseado na direita brasileira). Para ser Fidel é preciso, no entanto, ser um grande farsante. Ele é um dos maiores que a história conheceu. É presidente de uma nação paupérrima, mas vive como um cônsul romano que come lagosta quase todos os dias...”

Para fazer tal afirmação, o autor deve ter convivido durante meses com Fidel Castro, de forma familiar, tendo em vista que tal informação é publicada com exclusividade na imprensa mundial, ou seja, evidente o discurso inflamado sem argumentos sólidos que se baseiam em meras elucubrações, nada que se prove, mas tão somente um ponto de vista baseado tão somente nele mesmo.

4º) “...vive cercado de um aparato de segurança que parece um bunker ambulante...”

Lógico, não é apenas por ser Fidel, mas assim deve ocorrer com todo Chefe de Estado, e sobretudo ele que já sofreu mais de 600 (seiscentos) atentados pela Central de Inteligência Americana (CIA), muitos deles confirmados recentemente.

5º) “...o que será de Cuba depois que Fidel for se encontrar com Marx no céu dos comunistas?”

Tal questionamento não é digno de comentários, mas apenas de destaque por ter atingido, de forma desrespeitosa, elementos religiosos tais como a vida após a morte e a existência de Reino Celestial. Destaca-se tal frase apenas para demonstrar a rudeza e o desespero de tentar ofender, além da total ausência de argumentos.

6º) “...Fidel derrubou um sargento ignorante e corrupto, detestado pelos Cubanos e desprezado pelo mundo...”

O Sargento a que Fidel faz referência, no caso Fulgencio Batista, não era tão desprezado pelo mundo, na verdade mantinha boas relações com os Estados Unidos que o apoiavam.

7º) “...não fez isso apenas com seu grupo de guerrilheiros barbudos em Sierra Maestra...”

O autor demonstra total desconhecimento da História da América Latina contemporânea e da Revolução Cubana em específico, haja vista que Fidel, juntamente com Raul Castro, Ernesto Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Célia Sánchez, e tantos outros, comandaram um pequeno exército de rebeldes que teve adesões posteriormente, desestabilizando e derrubando o governo de Fulgencio Batista, sem apoio externo, apenas de alguns Cubanos que residiam no exterior, de maneira que negar a atuação de Fidel e seus companheiros como sendo determinante para o êxito da Revolução Cubana, é querer negar a própria história.

8º) “...dois anos depois, aproveitou-se das rivalidades da Guerra Fria para instalar o comunismo e se tornar cliente da União Soviética...”

A parceria econômica com a ex-URSS que durou décadas originada também do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, impossibilitando assim a comercialização com quase todo o ocidente, principalmente as nações da América Latina que se viram enclausuradas pelas ditaduras financiadas pelo capital Norte Americano.

9º) “...o governo de Fidel Castro é agente do maior fracasso material da história das ditaduras latino-americanas.”

O que nos chama a atenção são os insultos, eis que o melhor nível educacional primário da América Latina encontra na referida Ilha Caribenha, além dos médicos, que em virtude da formação acadêmica bem como da sua atuação, são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), como de excelência, de maneira que o fracasso material alegado não condiz com a realidade. Ademais, a igualdade social e igualdade de oportunidade foram alcançadas com êxito pelo sistema Socialista Cubano.

10º) “...na verdade, os indicadores sociais Cubanos pré-Fidel eram excelentes nos quesitos educação e saúde...”

Também outra afirmação sem o menor fundamento, eis que na Cuba Pré-Fidel, o índice de analfabetismo girava em torno de 23%, reduzido a quase 0% atualmente. Na saúde, por sua vez, “...a média de óbitos era de catorze pacientes por dia. Em 1947, num só dia morreram oitenta pacientes, de desnutrição e disenteria...” (A Ilha: um repórter brasileiro no país de Fidel Castro/ Fernando de Morais.- São Paulo; Companhia das Letras, 2001, p. 95), diferente, portanto, da atual situação, de maneira que não se compreende o termo excelentes quanto aos indicadores sociais quando na verdade é exatamente o oposto.

Art Pepper & Sonny Redd - Two Altos (1957)

http://i30.tinypic.com/28rplie.jpg


http://i29.tinypic.com/34sgzfl.jpg

UPLOADER: redbhiku

Personagens:
1 & 6
Art Pepper (alto saxophone)
Jack Montrose (tenor saxophone)
Claude Williamson (piano)
Monty Budwig (bass)
Larry Bunker (drums)
2 & 4:
Sonny Redd (alto saxophone)
Pepper Adams (baritone saxophone)
Wynton Kelly (piano)
Doug Watkins (bass)
Elvin Jones (drums)
3:
Art Pepper (alto saxophone)
Russ Freeman (piano)
Bob Whitlock (bass)
Bobby White (drums)
5:
Art Pepper (alto sax)
Hampton Hawes (piano)
Joe Mondragon (bass)
Larry Bunker (drums)

gravado em: 04 de março de 1952; 29 de março de 1953; 25 de agosto de 1954; 12 de novembro de 1957.

Faixas:
1. Deep Purple (3:58)
2. Watkins Production (9:36)
3. Everything Happens To Me (3:08)
4. Redd's Head (9:13)
5. These Foolish Things (2:41)
6. What's New (3:25)

A arte de desconstruir um governo e de construir uma ilusão

ZH não produziu uma só manchete claramente questionadora de alguma política do Governo Yeda ao longo de três meses. Zero de crítica. Para o jornal, a administração Yeda ronda a perfeição, pouco importando que no mundo real arraste-se com um desempenho constrangedor. Já o Governo Lula padece nas manchetes de ZH, embora no mundo real obtenha a aprovação da grande maioria da população e a imagem do presidente seja ótima de acordo com todas as pesquisas de opinião.

Ayrton Centeno



Expostas nas bancas e nas sinaleiras, apregoadas pela publicidade em cartazes, rádio e TV, percebidas mesmo pelos mais desatentos, as manchetes de capa são o hall, o espaço mais visitado dos jornais. Mesmo quando apenas vislumbrado, captado num relance, pode-se dizer que seu enunciado se aloja, de algum modo, na mente de leitores e de não-leitores. Por conta desta alta visibilidade, sem a pretensão de ciência que não posso ter, resolvi anotar e catalogar as manchetes de Zero Hora do último trimestre.

Sabe-se que, no jornal, a criação de manchetes de capa observa, num processo de defesa e ataque, alguns padrões de conteúdo. A barragem de fogo político e ideológico destina-se, quase sempre, ao Governo Lula. Sob o ataque das letras graúdas também costumam estar a base parlamentar do governo federal, os movimentos sociais, as propostas de superação da desigualdade, o Estado brasileiro, o próprio Brasil como um país fragilizado, indigno de confiança, os aliados do Governo Lula na América Latina, notadamente Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro, Rafael Correa. Aqui, tenta-se desconstruir o Brasil, Lula, seu governo, seus aliados, suas relações internacionais e seus projetos.

O afago benevolente vai para o Governo Yeda Crusius, o agronegócio, as papeleiras, o mercado e o Rio Grande. Aqui, ao inverso, a idéia é de construir o Grande Rio Grande mítico e empreendedor, cavalgando as propostas com o timbre do Piratini ou os planos de indústrias de se instalarem no Estado, muitas vezes montado apenas em intenções. Aqui, constrói-se uma quimera.

Alguém poderá dizer que não seria necessário dar-se a este trabalho já que a realidade nos informa disto suficientemente. Não deixará de ter certa razão. Mas custa apenas alguns minutos diários e uma dose de omeprazol para proteger as paredes do estômago. Além do mais, é bom escarafunchar estes escaninhos, saciar a curiosidade e perceber como se traduz em números e percentuais esta engrenagem de demolição e edificação de pessoas, partidos e poderes.

Provavelmente embalado pelo ócio de final de ano, comecei a registrar as capas sirostskianas no apagar das luzes de 2007, separando as manchetes em categorias. De pronto, descartei as vinculadas às investidas institucionais da RBS. No período, muitas capas de ZH foram dedicadas a si própria, ou seja, à agenda que implementou com sua campanha de trânsito. Neste movimento, os acidentes, as medidas das autoridades, as cifras de feridos e mortos são apropriados pela campanha e noticiados sob o logo e o slogan correspondentes. Coloquei de lado também àquelas que chamei de neutras. Somadas, as manchetes institucionais, auto-referenciadas, e as neutras são maioria absoluta no trimestre. São neutras - pelo menos dentro do proposto embora, de fato, nunca sejam neutras - geralmente as manchetes relacionadas às festas (Carnaval, Navegantes, Natal, Ano Novo), tragédias, meteorologia, ciência, polícia, esporte, etc.


Feita esta depuração e ajustando o foco apenas nas manchetes políticas, ou seja, aquelas que usam um determinado viés para gritar algo associado às disputas de poder na sociedade e que flagram como o veículo se posiciona diante destas mesmas disputas não obstante invoque o véu da imparcialidade, constata-se que 30,2% delas exploraram fatos negativos para o Governo Lula/PT/Aliados/Brasil, ao passo que somente 7,5% trataram de fatos positivos.

E, de inhapa, 7,5% das manchetes ainda abordaram negativamente fatos relacionados aos aliados latino-americanos do Governo Lula. Esta é a mão que apedreja. Em contrapartida, a mão que afaga acariciou o Governo Yeda/Aliados/Rio Grande com 40% das manchetes positivas e somente 12,5% das negativas.

Como as principais forças que comandam os dois governos são antagônicas, pode-se dizer que ZH prestou um serviço ao governo estadual e aos seus aliados, seja ao enfocar seus temas favoravelmente, seja ao enfocar desfavoravelmente seus adversários, ao publicar praticamente 80% de suas manchetes políticas. Desfavoreceu o Governo Yeda e seus aliados em 20% de suas manchetes.

O mais extravagante de tudo é que, excluídas as manchetes referentes às atribulações do pessoal do aprisco da governadora na CPI do Detran, ZH não produziu uma só manchete claramente questionadora de alguma política do Governo Yeda ao longo de três meses. Zero de crítica. De modo que, na avaliação do jornal, a administração Yeda ronda a perfeição, pouco importando que no mundo real arraste-se com um desempenho constrangedor. De outra parte, o Governo Lula padece nas manchetes de ZH embora no mundo real obtenha a aprovação da grande maioria da população e a imagem do presidente seja ótima de acordo com todas as pesquisas de opinião.

Este desligamento da realidade exterior a que Zero Hora se entrega – de resto, ao lado do PIG – desnuda um desejo de viver na fantasia autoproduzida. Um desejo legítimo, embora bizarro, se suas consequências se restringissem à pessoa física do dono do diário. O que parece anti-jornalístico e anti-democrático é usar um jornal - que pratica o marketing da pluralidade e da “vida por todos os lados” - para favorecer a visão de um lado só. Para, no limite, apresentar aos outros ficção como se fossem fatos. E fatos como se fossem ficção.

Créditos: