quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fabinho Costa - Performance (2007)


"Performance" é o primeiro trabalho solo e independente desse competente trompetista recifense, que com muita sofisticação e simplicidade, vem conquistando espaço no cenário de música instrumental do Brasil e do mundo.
Fabinho Costa já tocou e gravou com grandes músicos brasileiros e internacionais, tais como Sivuca, João Donato, Paulo Moura, Di Stéffano, Kenny Brown, Andrew Scott Potter entre outros, é já participou de inúmeros festivais, com destaque para o Montreux Jazz Festival de 2007 na Suíça.
Com esse delicioso álbum, que vai do jazz-funk ao blues, sem perder a brasilidade, ele se coloca de vez entre os melhores trompetistas do país. Dono de um talento nato, e com um toque muito refinado, cheio de suingue, esse jovem e promissor trompetista não poderia ter uma estreia melhor, e com uma banda de primeira, com direito a participações especiais do grande baixista Arthur Maia e do Maestro Edson Rodrigues no Sax Alto.
Fabinho abre o disco com um trompete nervoso e técnico, depois cai num jazz-funk gostoso, e tudo isso apenas na primeira faixa do disco, "Funk Davis", numa clara homenagem ao grande Miles Davis. Destaque também para a lírica "Vida Maria", e para as sensacionais "Spião", com o baixão de Arthur Maia arrepiando, e "Mister Tony" com o sax de Edson Rodrigues.

Confira: http://rapidshare.com/files/221309280/Performance.rar
Site Oficial: http://www.fabinhocosta.com.br/

Os neoescravocratas





Osvaldo Russo - Correio da Cidadania

Segundo artigo disponibilizado no site da União da Indústria de Cana-de-açúcar (ÚNICA), "o maior grau de informalidade no mercado de trabalho temporário agrícola torna mais fácil que os fiscais do trabalho encontrem situações que, muitas vezes, são completamente exageradas em seu significado e rapidamente enquadradas como ‘trabalho escravo’ ou ‘condições análogas ao trabalho escravo’", e que "o agricultor brasileiro tem estado muito sujeito à acusação de prática de ‘trabalho escravo’, o que se tornou mais frequente a partir de 2003, quando se intensificaram as fiscalizações trabalhistas na agricultura, especialmente nas Regiões Norte e Centro-Oeste".

Em pleno século 21, é espantoso achar normal o trabalho escravo ou análogo e que, no seu combate, o governo exorbita de suas funções, o Ministério Público excede de suas prerrogativas e o Judiciário promove uma justiça de classe com sinal trocado no tempo, como se todos combinassem uma perseguição institucional conjunta aos "coitadinhos" dos fazendeiros que fazem o "favor" de "empregar" trabalhadores rurais "desocupados".

As denúncias sobre casos de trabalho escravo contemporâneo atingem um recorde histórico no Brasil, de acordo com o relatório "Conflitos no Campo Brasil 2008", elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que registra 280 ocorrências no ano passado. Ao todo, os casos relatados pela CPT envolveram sete mil trabalhadores, 86 deles crianças e adolescentes, tendo havido 5,2 mil libertações.

O estado do Pará continua apresentando o maior número de denúncias (106). Em segundo lugar está o Mato Grosso (33), seguido de perto pelo Maranhão (27). A maioria dos casos denunciados está vinculada à pecuária (134). Em segundo lugar aparece o ramo de carvão (47). Houve ainda sete casos compilados que uniram trabalho escravo e desmatamento - seis deles foram fiscalizados, com 83 trabalhadores libertados. Em 2008, a Amazônia Legal teve 68% dos registros de trabalho escravo, 48% dos trabalhadores envolvidos e 32% das pessoas resgatadas.

O recorde observado nas denúncias foi acompanhado da intensificação da ação fiscalizadora do governo Lula, que declarou a erradicação e a repressão ao trabalho escravo contemporâneo como prioridades do Estado brasileiro, estabelecendo estratégias de atuação operacional integrada em relação às ações preventivas e repressivas dos órgãos do Executivo, do Judiciário, do Ministério Público e da sociedade civil. O Plano também prevê a aprovação da PEC que altera o art. 243 da Constituição Federal, dispondo sobre a expropriação de terras – sem indenização - onde forem encontrados trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão e que, em muitas situações, tentam fugir da fazenda e são impedidos pelo fazendeiro.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, de 1995 a 2002, a Fiscalização do Trabalho do ministério realizou 177 operações em 816 fazendas, lavrando-se 6.085 autos de infração. Já no período de 2003 a 2008, foram realizadas 607 operações, envolvendo 1.369 fazendas fiscalizadas, onde foram lavrados 16.981 autos de infração, o que significa um incremento anual de 272,1% em relação ao período anterior.

O artigo citado, na contramão disso, tenta explicar ideologicamente o injustificável, chegando a afirmar que "o principal objetivo desse trabalhador em eventual fuga da fazenda e posterior retorno trazendo a fiscalização trabalhista não seria apenas evitar o pagamento da dívida contraída com o empreiteiro, mas, talvez muito mais importante, receber a ‘multa’ de vários milhares de reais, comumente imposta pelo fiscal ao agricultor e em favor do trabalhador, sob a acusação de prática de ‘trabalho escravo’ por parte do fazendeiro. Além disso, os trabalhadores ‘libertados’ passam a receber seguro desemprego, sendo possível que, depois, passem a receber também Bolsa Família".

Após mais de século da assinatura da Lei Áurea, o Brasil ainda convive com as marcas deixadas pelo regime colonial-escravista e por disparates escritos por seus neoideólogos. Conforme apresentação do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, de 2003, assinada pelos então ministros Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e Jacques Wagner (Trabalho e Emprego), "a escravidão contemporânea manifesta-se na clandestinidade e é marcada pelo autoritarismo, corrupção, segregação social, racismo, clientelismo e desrespeito aos direitos humanos".

Osvaldo Russo é estatístico e coordenador do Núcleo Agrário Nacional do PT.


Filme de historia...

A Caminho de Kandahar

Nafas (Niloufar Pazira) é uma jovem afegã que fugiu de seu país em meio à guerra civil dos Talibãs e hoje trabalha como jornalista no Canadá. Até que sua irmã mais nova, que ficou no Afeganistão, lhe envia uma carta avisando que irá se suicidar antes da chegada do próximo eclipse solar. Nafas resolve então retornar ao Afeganistão a fim de tentar salvar sua irmã.

Este é o enredo resumido de A Caminho de Kandaha ("Safar É Gandehar"), filme iraniano de 2001. Mas a história de Nafas representa muito mais. o filme de Mohsen Makhmalbaf (de Moment of Innocence, The Silence e Testing Democracy) dá uma idéia do que ocorre no momento no Afeganistão. A guerra atual, dos Estados Unidos contra o terrorismo do Taleban, provocou ainda mais danos num país já destruído.A Caminho de Kandahar mostra um momento anterior, mas a devastação já é total no Afeganistão. Não há comida, escolas, saúde, liberdade.

O filme termina em aberto. O espectador não fica sabendo se Nafas conseguiu ou não entrar em Kandahar ou se evitou o suicídio da irmã. Mas fica sabendo muito mais sobre as mentes perturbadas dos talibãs e da fúria insana que domina todos aqueles que participam de uma guerra.

Ganhou o Prêmio do Júri, no Festival de Cannes.

Crítica:


Celso Sabadin

Não parece um filme feito no planeta Terra. A Caminho de Kandahar remonta à alguma cena perdida de Guerra nas Estrelas, como se fosse ambientado num daqueles mundos desérticos imaginados por George Lucas. A paisagem é extremamente árida e os seres, cobertos dos pés à cabeça, sequer parecem humanos.

Porém, A Caminho de Kandahar é, sim, tristemente humano. Conta a história de Nafas (Niloufar Pazira), uma jornalista afegã que mora no Canadá, que se vê obrigada a tentar retornar à sua terra. Motivo: sua irmã está disposta a cometer suicídio durante o último eclipse do século 20. Nafas tem poucos dias para cruzar a fronteira Irã/Afeganistão e chegar até Kandahar, onde mora a aflita irmã. A jornada é de terror. O país está devastado pela miséria e uma simples boneca de pano pode trazer a morte escondida sob a forma de minas explosivas.

Este verdadeiro road-movie fundamentalista recebe a direção sempre crua, minimalista e eficiente do iraniano Mohsen Makhmalbaf, o mesmo de Gabbeh e O Silêncio. E o próprio tema do filme não poderia ser mais árido. Numa linguagem que mistura documentário com ficção, Makhmalbaf expõe a ignorância pseudamente religiosa de todo um povo, a opressão das mulheres que não podem ser vistas pelos homens nem durante uma consulta médica, a educação radical das crianças, enfim, todo um país mergulhado no mais profundo obscurantismo. Uma cena, porém, é especialmente marcante: um grupo de mutilados corre em direção a um helicóptero que joga pequenos volumes atados a pára-quedas. O espectador demora alguns segundo para perceber o conteúdo da encomenda. São dezenas de próteses de pernas que a Cruz Vermelha despeja para as vítimas das minas. Uma cena real e impressionante.

Baseado em caso verídico, A Caminho de Kandahar certamente não seria um filme tão comentado não fosse pela notoriedade que o Afeganistão ganhou após os atentados de 11 de setembro. Estreando em momento propício, ele é uma denúncia que chama a atenção de todos os que se interessem por este momento tão delicado que o mundo inteiro vive.

Quem quiser o torrent desse filme solicite por email que envio...

Créditos: CafeHistoria

Marx sempre uma leitura necessária...


O Marxismo

A filosofia marxista foi construída no século XIX por homens como Karl Marx e, no século seguinte, revista por intelectuais como Antônio Gramsci e Louis Althusser. Mais do que uma simples filosofia, o marxismo é um conjunto de idéias econômicas, políticas e culturais que propõem uma visão integradora e teleológica do mundo.

Na historiografia, o marxismo notabiliza-se por sua vasta produção. Nomes como Perry Andreson, Eric Hobsbawm ou Edward P. Thompson são apenas alguns exemplos dos mais importantes e famosos historiadores marxistas.

Para quem se interessa pelo marxismo, o Café história tem duas grandes dicas de site. O primeiro é o Arquivo Marxista na Internet, que traz um dicionário, uma biblioteca e temáticas específicas sobre o tema, em mais de 15 línguas. O segundo é o site do LEMA - Laboratório de Estudos Marxistas, vinculados criado no final de 2004 pela necessidade de conjugar esforços até então difusos entre alunos e professores que vinham trabalhando na tradição marxista dentro e fora do Instituto de Economia da UFRJ. O objetivo de todos era fundar um espaço de estudos e diálogo crítico em torno dos grandes temas da economia política, em particular, e das ciências sociais, em geral.

Conheça um pouco mais desses trabalhos e amplie seus conhecimentos sobre o marxismo no mundo e no Brasil. Clique nos links abaixo.

LEiAM
Arquivo Marxista

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Do blog do Bourdoukan...

Beduínos da Cisjordânia: "Resistiremos"!

Zeina Awad
, Al-Jazeera

Os beduínos de Umm Al Khayr, pequena aldeia a sudeste de Hebron, são provavelmente a comunidade mais vulnerável de todos os grupos de refugiados palestinos na Cisjordânia. Agora, estão tendo de lutar para conseguir continuar na terra onde vivem há muitas gerações.
Estão em luta judicial contra o exército de Israel, para demonstrar que a terra onde vivem é propriedade legal. Tentam, assim, impedir que passe por ali uma estrada chamada "estrada de patrulha de segurança", já planejada.

Dia 26 de abril, com a colaboração de ativistas israelenses contra a ocupação, os beduínos conseguiram bloquear o avanço da estrada e impedir que invada profundamente suas áreas de moradia. Detiveram os tratores e máquinas de demolição, que já chegam bem perto de suas casas.

Foi uma pequena vitória, mas todos sabem que é vitória apenas temporária.
"Querem construir uma estrada de patrulhamento e segurança, mas querem construí-la à nossa custa", disse a Al-Jazeera Eid al-Hathaleen, de 23 anos, cuja família vive na área que está agora sendo ocupada à força.

"Estão roubando nossa terra, e usam a segurança como pretexto. Não fomos nem avisados: de repente, apareceram as máquinas e começaram a cavar."

As 21 famílias que vivem em Umm Al Khayr fixaram-se lá quando os avós dos que lá vivem hoje tornaram-se refugiados, imediatamente depois da criação do Estado de Israel. Algumas das famílias – como a de Eid – compraram a terra quando a Cisjordânia estava sob governo da Jordânia, antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Pastagens e rebanhos

As porções de terra que foram ocupadas por Israel naquela área correspondiam às principais áreas de pastagens da comunidade, que dependia delas para a sobrevivência de seus rebanhos – que bebiam do poço ali existente – e eram essenciais à sobrevivência da comunidade.

As autoridades israelenses da ocupação proíbem os beduínos de ampliar as casas. Muitas famílias construíram banheiros externos, o que, para os israelenses, seria ilegal.

As famílias começaram a ter porções de terra confiscada em 1970, quando começaram a ser construídas colônias exclusivas para judeus a poucos metros das casas dos beduínos.
A região hoje está quase totalmente ocupada por uma colônia ilegal, Karmel, exclusiva para judeus. São os colonos mais violentos de toda a Cisjordânia, conhecidos por seus frequentes ataques à comunidade beduína, ataques que já são rotina na região: espancamentos, apedrejamento de casas e pessoas e roubo de rebanhos.

Propriedade contestada

Em 2004, as autoridades da ocupação começaram a construir também do lado palestino do muro que cerca Karmel, para expandir a colônia. Agora, Israel começou a construir uma chamada "estrada de patrulhamento" exatamente nessa área de terra dos beduínos.
Israel contesta judicialmente a propriedade da terra. Gayath Nasser, advogado que representa a família de Eid, solicitou à Corte Superior de Justiça israelense que ordene a imediata interrupção dos trabalhos de construção da estrada, até que a questão seja judicialmente decidida.

Mas Nasser diz que a corte está adiando a decisão e, até agora, não há qualquer resposta à ação impetrada pelos beduínos; assim, os trabalhos de construção prosseguem. Para o advogado, nenhuma sentença posterior, mesmo que favorável aos beduínos, conseguirá desfazer o dano já consumado à terra e à propriedade naquela região.

Al Jazeera procurou contato com as autoridades israelenses encarregadas da Cisjordânia, para ouvir o outro lado.

Fomos informados que só o exército estava autorizado a falar sobre o assunto. E o exército recusou-se a dar qualquer tipo de entrevista. Recebemos mensagem por e-mail, na qual se diz que a estrada é indispensável por razões de segurança e que o trabalho está legalmente autorizado.

Nas cortes de justiça

A questão, portanto, está posta em termos dos interesses dos beduínos contra os interesses do exército israelense. Nasser mostrou-nos os títulos de propriedade de al-Hathaleen e o mapa em que se detalham todos os lotes legais – documentos que, espera ele, comprovará que a área onde a estrada está sendo construída é propriedade legal da comunidade beduína. Ainda assim, tem poucas esperanças de que os beduínos consigam impedir a construção da estrada.

"É a justiça de Israel. Teríamos de poder discutir essas questões numa corte internacional", diz ele.

"A autoridade que avalia as ações de Israel na Cisjordânia não pode ser a autoridade do exército israelense de ocupação. A questão teria de ser julgada ou por cortes de justiça na Cisjordânia ou por uma corte internacional de justiça."

Além disso, a terra que está sendo invadida está dentro da "Área C", que constitui quase 60% da Cisjordânia e está toda incluída na área sobre a qual Israel tem controle como poder ocupante.

Eid prevê que a estrada dita "de segurança" estará pronta em poucas semanas. Quando estiver pronta, será fortemente protegida e exclusiva para judeus, mais uma estrada do apartheid. Apesar das dificuldades, os beduínos não desistirão da resistência e da ação judicial.

"Essa é a única terra que é propriedade dos beduínos", diz Eid. "Estamos aqui e ficaremos aqui, mesmo que tenhamos de enfrentar novas demolições e mais violência."

As similaridades entre Sionismo e Nazismo

Barone - blog escrevinhamentos

Um câncer vem se alastrando e corroendo os alicerces do debate sobre as políticas israelenses no Oriente Médio, em especial sobre sua postura em relação aos palestinos. Este câncer tem como objetivo destruir a fundamentação de qualquer argumento que contenha em seu bojo uma crítica a esta postura, classificando estes argumentos, sejam eles quais forem, como anti-semitas. Nos estágios mais avançados desta doença, a mais simples menção crítica a Israel é classificada como um ataque direto ao judaísmo, como uma atitude calcada na reafirmação do nazismo, como uma apologia ao anti-semitismo.

Este mal se alastrou de tal forma que até mesmo gente mais antenada com a questão refreia a língua na tentativa de ser “politicamente correto” e se adequar ao que convencionou-se como postura adequada na tratativa de assuntos que espetem Israel em suas feridas mais purulentas.

Dois temas são particularmente evitados: críticas ao sionismo e comparações entre este pensamento e o nazismo. Durante a última ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza, alguns levantaram a lebre, apontando as similaridades entre sionistas e nazistas. Prontamente seus argumentos foram condenados publicamente, não por falta de base, mas com a intenção correlacioná-los ao rol das idéias anti-semitas.

Este receio é a mola mestra das políticas israelenses de domínio sobre os palestinos. É a partir dela que os sionistas tomam a dianteira neste conflito, condenando os palestinos a uma existência a margem da civilização e entregando-os de bandeja para o fundamentalismo islâmico. Esta estratégia do quanto pior melhor, na qual Israel alimenta o ódio e a divisão entre os palestinos para justificar a ocupação ilegal da Cisjordânia, de parte de Jerusalém e do cerco à Faixa de Gaza, é a estratégia sionista para alcançar o objetivo final: a manutenção de todo o território onde hoje se encontra Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza sob o domínio do povo judeu e somente dele. O sionismo não prevê dois povos naquela região e isso já foi claramente explicitado por diversos políticos israelenses, entre eles o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro das relações exteriores, Avigdor Lieberman.

No entanto, não se pode condenar judeus ou israelenses por isso. Nem todos são adeptos declarados do sionismo. Muitos querem apenas (e tem todo o direito) de viver em segurança em sua pátria. Portanto, é preciso diferenciar claramente judaísmo e sionismo.

Penso que o judaísmo, como qualquer outra religião, deve ser respeitado e seus seguidores devem ter garantido o direito de professar sua fé. O sionismo, por outro lado, não é uma religião, mas um pensamento que se utiliza de um pilar religioso para alcançar objetivos políticos. Ora, sendo uma linha política, o sionismo é passível de controvérsias no campo ideológico. Haverá quem o defenda e quem o combata. E isso, de forma alguma, sigifica defender ou combater o judaísmo. É preciso separar as questões. Judaísmo é uma religião e seus praticante devem ser protegidos de quaisquer ações repressoras, racistas ou difamadoras. Sionismo é linha política, e como tal é passível de contestação.

Não podemos, então, aceitar a auto-censura que o lobby sionista tenta impor ao mundo, em especial quando elege assuntos proibidos, temas tabus.

SIONISMO E NAZISMO

Portanto, tracemos um paralelo entre o sionismo e o nazismo. Isso é possível? Vejamos. Quanto a seus objetivos, o sionismo preconiza a preservação e prosperidade do povo judeu, afastando a possibilidade de seu extermínio ou assimilação. Os nazistas, por sua vez, lutavam pela preservação e prosperidade da raça ariana, afastando a possibilidade de miscigenação com outras raças.

Para o sionismo, o Estado não é um fim, mas um meio para alcançar os seus objetivos. "Após nos tornarmos uma força poderosa, como resultado da criação do estado, nós aboliremos a partilha e nos expandiremos para toda a Palestina. (...) O estado será apenas um estágio na realização do sionismo e sua tarefa é preparar a base para nossa expansão por toda a Palestina", Ben Gurion, citado por Noam Chomsky, The Fateful Triangle: The United States, Israel and the Palestinians, Pluto Press, London, 1999.

Estado e Democracia

Da mesma forma, para os nazistas o Estado não era um fim, mas um meio para alcançar os seus objetivos. "Em geral, não se deve esquecer que a finalidade suprema da razão de ser dos homens não reside na manutenção de um Estado ou de um governo; sua missão é conservar a raça. E se esta mesma se achar em perigo de ser oprimida ou até eliminada, a questão da legalidade passa a plano secundário", Adolf Hitler, Minha Luta, cap. III.

Outro paralelo pode ser traçado sobre o conceito de democracia. A mídia sionista tem apresentado o Estado de Israel como a única democracia do Oriente Médio. Seria verdade se for considerado como democracia um sistema que privilegia grupos de cidadãos em relação a outros, como, por exemplo, a antiga democracia ateniense restrita aos eupátridas, a democracia branca sul-africana da época do apartheid e a estadunidense antes dos anos 60. A "democracia" sionista exige de antemão que os cidadãos não judeus reconheçam o Estado de Israel como sendo um estado judeu, ou seja, que reconheçam a si mesmos como cidadãos de segunda categoria. Isso implica em aceitar a "lei do retorno" a qual concede a qualquer judeu do mundo (que é assim reconhecido segundo as normas do judaísmo ortodoxo), independentemente de onde tenha nascido, o direito à cidadania israelense.

Em outras palavras, todos os milhões de judeus do mundo (que somam muito mais que a população judia do próprio Estado de Israel) podem tornar-se eleitores em caso de necessidade. É assim intolerável para o Sionismo a existência de uma maioria não-judia no Estado de Israel, exceto se dominada e submetida como eram os negros pelos brancos cristãos e judeus durante a vigência do apartheid sul-africano. O projeto original de Theodor Herzl era o de um estado administrado como uma empresa com um comando centralizado e restrito a judeus. Herzl, em sua obra O Estado Judeu, explicitamente rejeitou o sistema democrático para o Estado de Israel.

Ao contrário dos sionistas, que estabeleceram uma democracia de casta, os nazistas foram assumidamente antidemocratas ou, no dizer de Adolf Hitler, defendiam a "genuína democracia germânica de livre eleição do Führer, que se obriga a assumir toda a responsabilidade por seus atos". O sistema nazista baseava-se no militar, em que o líder tem todo o poder de decisão e comando em relação a seus subordinados e assume os méritos dos alvos alcançados e todas as responsabilidades pelos fracassos. Para o Nazismo só deve governar quem for capaz de arriscar sua própria vida para garantir sua posição de comando. A democracia para o Nazismo é a "ditadura do número", em que os mais simpáticos e não os mais capazes comandam. Para os nazistas, a democracia é um sistema em que os mais espertos e não os mais capazes, corajosos e honestos são os favorecidos.

Portanto, da mesma forma que o Sionismo, o Nazismo vê o Estado como um meio e não como um fim - no que os dois se distinguem do Fascismo, em que a instituição do Estado é posto como o alvo e o único capaz de administrar os conflitos internos. No Nazismo o alvo do Estado é a preservação da raça ariana, considerada ameaçada de destruição pela miscigenação com as demais raças, classificadas como inferiores pelos nazistas; no Sionismo o alvo é a preservação do povo judeu, ameaçado de destruição pelos gentios (os não judeus), seja pelo extermínio físico, seja pela assimilação.

Militarismo e Expansionismo

Outra similaridade entre nazismo e sionismo está no militarismo de sua sociedade. Para manter sua dominação, os sionistas necessitam de um poderoso sistema de dominação militar sobre a maioria palestina muçulmana, cristã e laica, somada a armas de propaganda. O Estado de Israel é o único país do Oriente Médio a ter armamentos nucleares e recebe anualmente dos EUA, além de apoio e proteção militar, bilhões de dólares.

Da mesma forma, uma das bases do Nazismo foi a crença de que o direito nasce da força e que a própria força já prova a quem pertence o direito de dominar: quem se deixa escravizar merece ser escravizado, defendiam. Os nazistas construíram para isso uma enorme máquina de guerra e o próprio Estado estruturou-se como uma organização militar.

Nazistas e sionistas compartilham a mesma estratégia expansionista. O ideal dos sionistas é refazer os limites que, segundo o Judaísmo, a Torá estabelece para o povo judeu viver. Esses limites hoje implicariam em tomar territórios que vão do Egito ao Iraque. Guerras expansionistas já foram empreendidas com este fim. Os nazistas, por sua vez, eram essencialmente expansionistas e defendiam que a segurança do Estado é tanto maior quanto for seu território. Como no Nazismo não há lugar para escrúpulos no que se refere a acumular poder.

Racismo: Semitismo e Arianismo

O Sionismo, como o Nazismo, defende que os judeus são uma raça. Embora os sionistas costumem declarar que o Sionismo seja um movimento não-religioso, o Judaísmo aceitar pessoas de todas as raças e terem os hebreus e os judeus durante sua história se miscigenado com muitas raças, isso pode estar ligado às crenças cabalísticas (a mística desenvolvida no Judaísmo da diáspora) de que os judeus possuem uma alma adicional, ao contrário dos gentios que só possuiriam uma alma animal e a outras tradições racistas - que não são aceitas por todos os judeus.

Jabotinsky, um líder de extrema-direita, defendia a superioridade racial do semita em relação aos demais povos do Oriente Médio. A luta contra o "anti-semitismo" é também, para alguns sionistas, uma luta de preservação racial. Em 1975, a Resolução 3379 Assembléia Geral das Nações Unidas classificou o Sionismo como racismo, entre outros motivos pelo forte apoio sionista ao apartheid sul-africano. Esta resolução, porém, foi revogada em 1991, por pressão dos EUA onde os sionistas têm forte presença meio à maior população judia do mundo e junto a várias igrejas cristãs que acreditam no direito judeu à Palestina.

Os nazistas acreditavam na superioridade racial ariana em relação às demais raças. Defendiam que entre os povos germânicos a raça ariana foi mais preservada da miscigenação com as "raças inferiores" do que em outras populações arianas da Europa e do mundo. Afirmavam que a superioridade da raça ariana manifesta-se nas várias civilizações que teriam criado no mundo antigo e no progresso científico e intelectual que as civilizações arianas conseguiram no mundo moderno.

O fato de os povos germânicos terem permanecido num estado próprio das sociedades pré-históricas até entrarem em contato com povos como os romanos e os semitas árabes e seu pouco progresso científico se comparado a povos ameríndios como os incas, maias e astecas, é justificado apelando-se para argumentos como as condições geográficas onde esses povos teriam vivido. O Nazismo propõe-se exatamente a impedir que a miscigenação do ariano continue a se dar, e vê nos judeus agentes interessados em promover essa "degradação" da única raça que, segundo acreditam, poderia impedi-los de dominar o mundo.

Limpeza étnica

Uma das bases do Sionismo é a crença de que judeus e gentios não podem viver em paz. Isso justifica para eles a expulsão sumária de não judeus. Golda Meir assim se expressou sobre isso: "Nós devemos perguntar a nós mesmos: 'Que tipo de Israel nós desejamos?' Eu digo: um Israel judeu, sem interrogações ou dúvidas. Um Israel judeu, sem o medo diário [de saber] se a minoria constitui agora cinco por cento ou não", citado em Davar, 6 de junho de 1969.

A propaganda sionista dissimula esse desprezo e xenofobia disfarçando-o como "valorização da diversidade" e estimulando outras sociedades a dividirem-se e isolarem-se em etnias.

Para o Nazismo todas as demais raças ameaçam a raça ariana, em especial pela miscigenação. O Estado deve garantir a homogeneidade da população: "(...) A organização de uma comunidade de seres moral e fisicamente homogêneos, com o objetivo de melhorar as condições de conservação de sua raça e assim cumprir a missão com que esta foi assinalada pela Providência. Esta e não outra coisa significam a finalidade e a razão de ser de um Estado", Hitler, MInha Luta, Cap. IV.

E então...?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Do Le Monde Brasil....

Entre a água e a comida

Criar gado e cultivar trigo em pleno deserto. Na Arábia Saudita, essa é a realidade há mais de uma década. Porém, a alta produtividade nesses dois setores, resultante de investimentos pesados em tecnologia, pode ter um preço alto demais: o esgotamento das fontes aquíferas do país

Alain Gresh

Ao longo da estrada desértica que vai de Riyad a Kharj se alinham, uma ao lado da outra, fábricas de tâmaras que não nos deixam esquecer que a Arábia Saudita é o maior produtor mundial do fruto.

Na entrada da cidade, um grande cartaz anuncia a base aérea Príncipe Sultão, famosa por ter abrigado, até 2003, tropas americanas. Alguns quilômetros à frente, uma bifurcação conduz a uma porta bem protegida, sobre a qual uma inscrição proclama: “Al Safi, a maior fazenda integrada de criação de gado leiteiro do mundo”. O carro é desinfetado antes de ser autorizado a prosseguir. No hall de recepção está exposta uma cópia da página do Livro Guinness dos Recordes de 1998 dedicada à empresa por seus 3.500 hectares e 24 mil vacas – hoje contam-se 37 mil cabeças. Importado originalmente do Canadá, o gado malhado Holstein foi inseminado artificialmente. Os vitelos machos são abatidos para o mercado de carne e as fêmeas se tornam leiteiras.

A adaptação ao clima não foi simples. Refrigeradores mantêm a temperatura nos estábulos a menos de 27°C e painéis móveis protegem os animais de um sol escaldante. A ordenha é automatizada e controlada por computador. Na mesma área vê-se a usina de laticínios, também automatizada e dirigida pela sociedade francesa Danone, sócia do projeto desde janeiro de 2001. A fazenda produz 220 milhões de litros de leite por ano e supre cerca de um terço do que é consumido no país.

A companhia Al Safi nasceu do cérebro de um visionário, morto há dois anos, o príncipe Abdallah Al Fayçal, irmão mais velho do atual ministro das Relações Exteriores. Ele, que antes tinha pensado em rebocar ice- bergs do polo Norte para garantir o consumo de água no país, ofereceu ao reinado autos-suficiência em leite. “Nós atingimos altos desempenhos em produtividade: 33 litros por cabeça e por dia, acima das médias internacionais”, explica Karim Manssour, o jovem diretor geral de al Safi-Danone. “Contamos com 30 mil pontos de venda, 25 depósitos na Arábia, cinco no Golfo, um braço na Jordânia, outro no Iêmen e temos projetos para o Líbano e a Síria. São 2.500 pessoas trabalhando [fora as outras mil que trabalham na fazenda da qual a Danone não é parceira]. Um quarto delas é indiana. Ter apenas empregados sauditas é um desafio: é difícil encontrar trabalhadores locais para fazer serviços manuais, mas fazemos um esforço de buscá-los nas regiões pobres, no sul e no leste principalmente.”

De uma cabana de madeira surge um penacho de fumaça. É a água bombeada do solo, que sai a 70°C. Originalmente, bastava descer a 200 metros de profundidade para encontrá-la. Agora é preciso buscá-la a 2 mil metros. Mas isso não tem relação com o gado, diz Manssour: “Antes, o capim era cultivado aqui, mas nós deslocamos as plantações a 200 quilômetros para não esgotar o lençol freático. Temos também uma política de reciclagem da água”. A criação, garante ele, só consome de 3% a 4% da água do país, enquanto a agricultura absorve mais de 80%.

Poucos sabem disso, mas, nos anos 1980, a Arábia Saudita se transformou em um importante produtor de trigo. As autoridades garantiram aos agricultores um preço de compra mais alto do que o do mercado mundial, e a autossuficiência foi conquistada desde 1984. As áreas plantadas passaram de 67 mil hectares em 1980 para 907 mil em 1992, e a produtividade melhorou: 2,12 toneladas por hectare em 1980, 4,7 em 1988, depois 5,19 em 2005 – contra 6,98 na França, 4,22 na China ou 5,03 na Áustria. Foram criadas companhias privadas que geram lucros substanciais. Em 1993, a produção atingiu seu pico, com 5,3 milhões de toneladas, e as exportações ultrapassaram 2 milhões de toneladas. Na época, a organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura (FAO) louvou esse desempenho.

Trigo em pleno deserto? Mesmo que a Arábia Saudita esteja longe de se limitar a terras áridas e tenha, ao norte e principalmente ao sul, regiões verdejantes, dezenas de milhares de hectares dedicados ao trigo se impuseram sobre a areia. Para compreender como isso foi possível, é preciso remontar aos anos 1970, particularmente ao boom do petróleo do pós-1973.

O terceiro mundo sonhava então com uma “nova ordem internacional” e o Ocidente ameaçava utilizar sua “arma alimentar”, ou seja, cortar as exportações de trigo e leite para alguns Estados “hostis”. Ao mesmo tempo, vários governos afirmavam a vontade de garantir sua autonomia, entre eles, a Arábia Saudita. O dinheiro do petróleo parecia abrir todas as portas...

“Nós nos tornamos o principal exportador de água da região”, explica, irônico, um engenheiro agrícola que não deseja revelar seu nome. “Produzimos trigo ou outras variedades precoces que vendemos aos vizinhos, esgotando nossas fontes de água.” Há anos, ele tenta atrair a atenção das autoridades.

Um debate quente opôs os defensores da segurança alimentar aos que querem preservar as fontes aquíferas do país. Finalmente, no caso do trigo, foi o segundo grupo que ganhou. Riyad decidiu diminuir progressivamente as subvenções à produção local, para suprimi-las totalmente até 2016. Este ano, pela primeira vez em 25 anos, o rei- nado comprará 300 mil toneladas de trigo no mercado mundial.

Investimentos no exterior

Vice-ministro da agricultura, Abdoullah Al-Obeid não é dado a conversa fiada. Esse antigo membro da delegação encarregada de negociar a adesão, efetiva desde 2005, de seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC) reconhece de bom grado:“No Ministério, pensamos que era preciso manter a produção de trigo. atingimos altos níveis de produtividade, principalmente no norte, e nessa região existe menos problemas de água. Gostaríamos de manter ali a produção”.

Turki Fayçal Al-Rasheed dirige uma importante sociedade agrícola, a Golden Grass Inc. Ele assistiu como observador às eleições legislativas no Kuwait e trabalha pela instauração de um sistema parlamentar na Arábia Saudita. Mas, nesse caso, compartilha as reservas de Al-Obeid: “Todos os países têm problemas de água, até os Estados Unidos. Entretanto, devemos continuar a cultivar. Isso permite dar assistência às zonas rurais pobres e nos ajuda também a dominar as tecnologias agrícolas de ponta para economia de água. Teria sido melhor associar as subvenções à utilização de mão-de-obra saudita”.

A autossuficiência continua a preocupar os responsáveis sauditas. “A crise alimentar de 2008”, explica Al-Obeid, “foi um sinal de alarme. A Arábia Saudita é um importador regular de produtos agrícolas, principalmente de arroz, milho e soja. Isso leva o reinado a investir no exterior. Tanto que enviamos delegações oficiais, compostas também de responsáveis do setor privado, para Turquia, Ucrânia, Egito, Sudão, Tailândia, Filipinas, Vietnã, Etiópia e Uzbequistão.” Ele se defende de qualquer viés colonialista e lamenta as fantasias da imprensa internacional: “Queremos investir na agricultura no exterior, mas não desejamos que toda a produção seja monopolizada pelo reinado, pelo contrário. Temos a intenção de aumentar as áreas cultivadas e vamos garantir que uma parte da produção permaneça no país que vai nos acolher”.

O medo de investimentos intensivos dos países do Golfo na agricultura do sul rendeu assunto de capa em muitos jornais. “Corrida às terras aráveis”, dizia o título do Le Monde de 13 de dezembro de 2008. O periódico publicou um mapa da organização não governamental Grain, afirmando, por exemplo, que a Arábia Saudita teria comprado 1.610.117 hectares pelo mundo. “Os Estados que monopolizam as terras agrícolas na África”, denunciava, por seu lado, o site Afrik.com em 12 de dezembro. “Passaram a mão nas terras agrícolas do sul”, explicava um professor de história do ensino médio num blog destinado a seus alunos [1].

Geralmente, quando uma ideia se torna lugar-comum na mídia, pode-se estar certo de que ela é, no mínimo, exagerada. Para medi-la, basta perguntar aos empresários sauditas envolvidos com a agricultura.

“Evoca-se muito os investimentos no Sudão”, reconhece Al-Rasheed, que dedicou vários artigos na imprensa local ao assunto. “Esse país dispõe de vários atributos: uma enorme área cultivável da qual somente 20% é utilizada; água em abundância, chuva e o rio Nilo. De fato, um clima favorável.” Já nos anos 1970, o Sudão era apresentado como “o celeiro do mundo árabe”. E, no entanto, segue Al-Rasheed, “os obstáculos são inúmeros: além da pobreza da agricultura sudanesa, com seu caráter artesanal e atraso técnico, não existe um regime claro de propriedade. Além disso, as terras visadas se situam em regiões petrolíferas – e, portanto, correm o risco de ser expropriadas de uma hora para outra. Quando tudo for acertado, e isso é antes de tudo responsabilidade das autoridades de Kartum, poderemos investir. Não é nada imediato.” O outro eldorado frequentemente evocado, o Egito, suscita as mesmas reservas. Quanto à Ásia, ela parece bem longe...

Os investimentos privados estrangeiros

No setor da agricultura têm uma história longa. Há vários séculos os países ocidentais estão presentes em suas antigas colônias, e as independências não alteraram essa situação.

O aumento do preço dos produtos agrícolas em 2008, apesar de breve, sem dúvida atiçou a cobiça. Mas a ideia está longe de ser realizada, e é um pouco abusivo denunciar a dominação colonial dos países do Golfo sobre as terras agrícolas do mundo. Ainda mais por se tratar de investidores privados que, se cultivam arroz ou trigo, é para vender no mercado mundial com o maior lucro possível. Pode-se duvidar de que eles reservarão a produção a seu país de origem.

A ONG Grain listou os projetos de investimentos agrícolas de diferentes países em 2008. Para a Arábia Saudita e os países do Golfo, trata-se quase sempre de intenções, visitas, declarações, mais que de contratos assinados. até o acordo dado como certo entre o grupo saudita Bin Laden e a Indonésia (US$ 4,3 bilhões para desenvolver 500 mil hectares de arroz basmati, particularmente apreciado pelos consumidores sauditas) não parece ser nada mais que um projeto. E a crise financeira, somada ao recuo – mesmo que provisório – dos preços dos insumos agrícolas, também vai limitar muitos apetites.

Com uma população que cresce rapidamente, lençóis freáticos poluídos ou esgotados, os projetos para racionalizar o consumo e a construção de novas usinas de dessalinização não são suficientes para garantir o abastecimento de água do país [2]. Como ninguém mais evoca o projeto de trazer icebergs do polo Norte, a Arábia Saudita deverá encontrar meios inéditos de garantir sua segurança alimentar.

*Alain Gresh é jornalista e integra a redação de Le Monde Diplomatique (França).



[1] http://tribouilloterminales.over-blog.com

[2] “Le secteur de l’eau en Arabie Aoudite” [O setor da água na Arábia Saudita], embaixada da França na Arábia Saudita, missão econômica, 22 de novembro de 2008. os dados datam de 2006.

Rock do Bom......

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cd1 - RED
01 - JimiHendrix - Hey Joe.mp3
02 - The Doors - Love Me Two Times.mp3
03 - Aerosmith - Janie's Got A Gun.mp3
04 - Van Halen - Jump.mp3
05 - Nirvana - Smells like teen spirit.mp3
06 - Whitesnake- Love Stranger.wma
07 - Pink Floyd - Another Break in The Wall Part I .mp3
08 - Alice In Chains - Man In The Box .mp3
09 - Metallica - Enter Sendman.mp3
10 - Bob Dylan - knockin on Heavens Door.mp3
11 - R.E.M - Losing My Religion.mp3
12 - ACDC - Back in Black .mp3
13 - Red Hot Chilli Pepers - Give It Away.mp3
14 - Pearl Jam - Black.mp3
15 - Slade - C'mon feel the noise.mp3
16 - Guns N' Roses - November Rain.mp3
17 - Ronnie James Dio - Rainbow In The Dark.mp3
18 - Sound Garden - Outshined.mp3
19 - Joan Jett -I Love Rock n Roll.mp3
20 - Kiss - Lick It Up.mp3
21 - Led zepelin - Rock and roll.mp3

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Assembleia dos Professores Estaduais do RS...


Educadores reafirmam defesa intransigente dos planos de carreira e do piso nacional


Reunidos em assembleia geral no dia 30 de abril, no Gigantinho, em Porto Alegre, os trabalhadores em educação da rede estadual deliberaram que vão utilizar todas as suas ferramentas de luta, inclusive a greve, para impedir a mudança, na Assembleia Legislativa, do Plano de Carreira do Magistério e do Plano de Carreira dos Funcionários de Escola. A categoria continuará lutando pela implantação do Piso Salarial Profissional Nacional como básico dos planos de carreira dos educadores.

Os trabalhadores em educação também aprovaram a continuidade dos atos regionalizados organizados pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. Os educadores também exigem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa, para investigar as denúncias de corrupção no governo do estado. Ainda no mês de maio, os servidores realizarão um ato público estadual de protesto pelo Fora Yeda.

A assembleia geral ainda aprovou as seguintes propostas: campanha de apoio junto à sociedade em defesa dos planos de carreira da categoria, através de abaixo-assinado; organização de atividades do Fórum Popular da Educação Pública Gaúcha em nível regional; continuidade da “pressão” aos deputados em defesa dos planos de carreira; manifestação da categoria de que não reconhece a legitimidade da Agenda 2020 – fórum de empresários – pra discutir a carreira dos educadores e a educação pública no RS; realizar pesquisa com o conjunto da categoria sobre as condições de trabalho das escolas públicas; e a chamada extra.

Reivindicações – A assembleia geral aprovou a pauta de reivindicações da categoria. Entre outras reivindicações, a categoria reivindica:

1. reajuste salarial emergencial de 23,60%, correspondente à inflação de 2007, 2008 e a projeção para 2009 para professores e funcionários de escola;

2. implantação do Piso Salarial Profissional Nacional como básico do Plano de Carreira do Magistério, bem como a aplicação dos 2/3 relativos à Lei do Piso Salarial a partir de 1/1/2009, sobre o vencimento básico;

2. Inclusão do Piso Salarial no básico do Plano de Carreira dos Funcionários de Escola;

4. Manutenção dos planos de carreira dos professores e funcionários de escola, que são conquistas inegociáveis;

5. Ipe e Previdência Pública, com gestão paritária e garantia de todos os direitos e benefícios;

6. gestão democrática com autonomia das escolas e dos seus projetos político-pedagógicos;

7. implantação imediata do 1/3 de horas atividade, conforme a Lei do Piso Salarial;

8. manutenção do acordo de liberação dos dirigentes sindicais do CPERS

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato

domingo, 3 de maio de 2009

Carta do MST em homenagem a Augusto Boal



O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou a seguinte carta escrita em homenagem a Augusto Boal, falecido neste sábado, 2 de maio, aos 78 anos:

Companheiro Boal,

A ti sempre estimaremos por nos ter ensinado que só aprende quem ensina. Tua luta, tua consciência política, tua solidariedade com a classe trabalhadora é mais que exemplo para nós, companheiro, é uma obra didática, como tantas que escreveu. Aprendemos contigo que os bons combatentes se forjam na luta.

Quando ingressou no coletivo do Teatro de Arena, soube dar expressão combativa ao anseio daqueles que queriam dar a ver o Brasil popular, o povo brasileiro. Sem temor, nacionalizou obras universais, formou dramaturgos e atores, e escreveu algumas das peças mais críticas de nosso teatro, como Revolução na América do Sul (1961). Colaborou com a criação e expansão pelo Brasil dos Centros Populares de Cultura (CPC), e as ações do Movimento de Cultura Popular (MCP), em Pernambuco.

Mostrou para a classe trabalhadora que o teatro pode ser uma arma revolucionária a serviço da emancipação humana. Aprendeu, no contato direto com os combatentes das Ligas Camponesas, que só o teatro não faz revolução. Quantas vezes contou nos teus livros e em nossos encontros de teu aprendizado com Virgílio, o líder camponês que te fez observar que na luta de classes todos tem que correr o mesmo risco.

Generoso, expôs sempre por meio dos relatos de suas histórias, seu método de aprendizado: aprender com os obstáculos, criar na dificuldade, sem jamais parar a luta.

Na ditadura, foi preso, torturado e exilado. No contra-ataque, desenvolveu o Teatro do Oprimido, com diversas táticas de combate e educação por meio do teatro, que hoje fazemos uso em nossas escolas do campo, em nossos acampamentos e assentamentos, e no trabalho de formação política que desenvolvemos com as comunidades de periferia urbana.

Poucas pessoas no Brasil atravessaram décadas a fio sem mudar de posição política, sem abrandar o discurso, sem fazer concessões, sem jogar na lata de lixo da história a experiência revolucionária que se forjou no teatro brasileiro até seu esmagamento pela burguesia nacional e os militares, com o golpe militar de 1964.

Aprendemos contigo que podemos nos divertir e aprender ao mesmo tempo, que podemos fazer política enquanto fazemos teatro, e fazer teatro enquanto fazemos política. Poucos artistas souberam evitar o poder sedutor dos monopólios da mídia, mesmo quando passaram por dificuldades financeiras. Você, companheiro, não se vergou, não se vendeu, não se calou.

Aprendemos contigo que um revolucionário deve lutar contra todas, absolutamente todas as formas de opressão. Contemporâneo de Che Guevara, soube como ninguém multiplicar o legado de que é preciso se indignar contra todo tipo de injustiça. Poucos atacaram com tanta radicalidade as criminosas leis de incentivo fiscal para o financiamento da cultura brasileira. Você, companheiro, não se deixou seduzir pelos privilégios dos artistas renomados. Nos ensinou a mirar nos alvos certeiros.

Incansável, meio século depois de teus primeiros combates, propôs ao MST a formação de multiplicadores teatrais em nosso meio. Em 2001 criamos contigo, e com os demais companheiros e companheiras do Centro do Teatro do Oprimido, a Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré. Você que na década de 1960 aprendeu com Virgílio que não basta o teatro dizer ao povo o que fazer, soube transferir os meios de produção da linguagem teatral para que nós, camponeses, façamos nosso próprio teatro, e por meio dele discutir nossos problemas e formular estratégias coletivas para a transformação social.

Nós, trabalhadoras e trabalhadores rurais sem terra de todo o Brasil, como parte dos seres humanos oprimidos pelo sistema que você e nós tanto combatemos, lhes rendemos homenagem, e reforçamos o compromisso de seguir combatendo em todas as trincheiras. No que depender de nós, tua vida e tua luta não será esquecida e transformada em mercadoria. O teatro mundial perde um mestre, o Brasil perde um lutador, e o MST um companheiro. Nos solidarizamos com a família nesse momento difícil, e com todos e todas praticantes de Teatro do Oprimido no mundo.

Dos companheiros e companheiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

02 de maio de 2009.