sábado, 16 de maio de 2009

O vaticano não mudou em nada....

O Papa é bem-vindo, mas…

Khalid Amayreh (de Jerusalém Leste)

A hospitalidade é traço característico da alma árabe-muçulmana. O Papa Bento 16 foi recebido com o respeito que merece como líder de centenas de milhões de católicos romanos, muitos dos quais lutam ao lado dos muçulmanos e rejeitam as políticas e práticas criminosas da entidade sionista.

O recente ataque genocida contra os palestinos reduzidos à miséria e cercados em Gaza foi apenas mais um exemplo da ação criminosa dos israelenses, crimes comparáveis às práticas mais violentas de todas quantas a história conheceu.

Entende-se que o Vaticano não se possa manifestar com clareza, por várias razões. O Vaticano é entidade político-religiosa, da qual se espera que manifeste as vozes de uma gama muito ampla de diferentes povos, cada um deles com seu regime e sua orientação política, muitas vezes discordantes uns dos outros.

Mesmo assim, deve-se esperar que, como líder espiritual dos católicos, o Papa denuncie, com equilíbrio, mas com firmeza, atos e comportamentos que Cristo teria denunciado. O sofrimento dos Palestinos e a reação que desperte em cada homem, em cada mulher do mundo inteiro, é como o teste crucial para a constituição moral de todos Estados, inclusive, é claro, do Vaticano.

Infelizmente, a atitude do Vaticano, no que tenha a ver com a Palestina, não foi consistente com os ideais cristãos – que ensinam solidariedade e amor aos mais fracos e oprimidos.

A visita do Papa aos territórios ocupados da Palestina é visita que não se pode comparar a nenhuma outra. Essa é a terra na qual, há 61 anos, a Europa implantou Israel, a ferro e fogo, como Estado ocupante em território habitado. Assim a Europa autorizou os filhos do holocausto a praticarem outro holocausto, a assassinar, a roubar, a expulsar os palestinos da própria terra. Assim se criou a diáspora palestina, por todos os cantos do planeta.

Os palestinos não esperamos que o mais alto sacerdote da igreja católica do mundo desfaça a Declaração de Balfour, ou faça o milagre de fazer a história voltar atrás. Mas, sim, esperamos que o Papa aja e fale de modo que respeite os ideais e princípios que proclama e que devem reger também sua vida, seja pública seja privada.

Hoje, não há homem ou mulher em todo o mundo que não tenha olhos para ver, ouvidos para ouvir e cérebro para entender e avaliar que Israel comete todos os tipos de crimes contra os palestinos – sejam muçulmanos sejam cristãos.

De fato, Israel comete crimes também contra o povo judeu, ao converter tantos judeus em assassinos viciosos, ladrões de terra, destruidores de casas e mentirosos compulsivos.

Em Gaza, Israel, em ação coordenada com muitos, em todo o mundo, impõe, já pelo terceiro ano consecutivo, um cerco-bloqueio de características nazistas, contra povo pobre e atormentado, cuja única 'culpa' é o desejo de resistir à violência e lutar pelo direito de viver em sua terra, povo que é obrigado a lutar para salvar a própria humanidade todos os dias, e que todos os dias é condenado novamente à morte, seja por falta de remédios ou de água ou de comida, seja sob as balas dos fuzis de Israel.
Há poucos meses, o mundo viu, chocado, as imagens de morte e terror e a destruição inimaginável em tempos civilizados do povo pobre de Gaza, atacado pela infernal máquina de guerra israelense.

Israel matou e matou e matou até que os brutais assassinos sionistas satisfizeram, por algum tempo, a sede satânica de sangue de inocentes. Feito o que vieram para fazer, os assassinos declararam que não tinham intenção de fazer... o que, se não quisessem fazer, não teriam feito.

Os assassinos diretos, os executores e carrascos são soldados e oficiais de Israel, infelizes envenenados pela doutrina sionista mortífera que ensina que não-judeus seriam não-humanos, vidas não santificadas, menos que algum animal sagrado.

Mas há co-assassinos, conspiradores aos milhares, muitos dos quais se dizem muçulmanos ou cristãos, e que também se afogam em sangue inocente e traem o dever moral humano de condoer-se dos mais desgraçados, dos mais esquecidos, dos que vivem a dor infinita de habitar os campos de concentração chamado Faixa de Gaza.

Pouco erra quem diga que todo o mundo é cúmplice nos crimes que se cometem contra Gaza. Essa vergonha monumental será longamente lembrada como um dos momentos em que a humanidade fracassou de modo mais gigantesco. Não são crimes 'contra muçulmanos'. Na Cisjordânia, Israel comete os crimes mais repugnantes tanto contra muçulmanos quanto, igualmente, contra cristãos.

Em Jerusalém, sucessivos governos israelenses reduziram uma cidade santa de cristãos e de muçulmanos, a ghetto de miséria e desgraça. Isso, enquanto Israel prepara-se para destruir toda a região em torno de Jerusalém, cidade ocupada, para tentar obrigar o maior número possível de não-judeus a emigrar para não morrer de fome.

Belém, onde nasceu Jesus, já foi convertida em campo de concentração de prisioneiros palestinos, graças ao muro do apartheid, muro nazista, estrutura mais feia que o mais feio monumento à incapacidade humana para praticar a bondade.

O massacre de Belém, pelos israelenses, o estrangulamento econômico e psicológico dos filhos de Belém, já obrigou muitos cristãos a emigrar para a Austrália, para a Europa, para a América do Norte.

Tudo isso é muito triste. Difícil imaginar o que pensam os cristãos de todo o mundo quando se olhem ao espelho e vejam que sua atitude em relação a Israel – o discurso da paz a qualquer preço, por exemplo – é instrumento que pressiona também os cristãos da Palestina a deixar sua casa, sua terra, para fugir da selvageria de Israel.

De lamentar muito, portanto, que enquanto o Papa visita Jerusalém e reza nos locais sagrados para os cristãos, como na Igreja do Santo Sepulcro, os palestinos cristãos que vivem ali, a apenas poucas centenas de metros, sejam proibidos de rezar onde seu Papa reza.

E o mesmo se pode dizer sobre os milhões de muçulmanos palestinos que não podem ir a Jerusalém, porque Israel impede que a cidade abra-se para católicos e muçulmanos, e quer fazer de Jerusalém monopólio dos judeus.

Não há, portanto, em Israel, a liberdade religiosa sobre a qual a entidade sionista mente sempre.

Por isso os palestinos – cristão e muçulmanos – esperavam que o Papa dissesse ao governo de Israel que o Vaticano como Estado, e o Papa como líder moral dos católicos, não mais tolerarão o sofrimento que a entidade sionista impõe a todos os palestinos não-judeus.

O Vaticano não é poder militar e não faz milagres. Não pode, portanto, curar todas as feridas do mundo. Mas o Vaticano pode usar sua influência contra o mal e o pecado e a favor do respeito à dignidade humana de todos os homens, mulheres, crianças do mundo; também, é claro, a favor do respeito à dignidade humana dos homens, mulheres e crianças que habitam a Palestina ocupada.

Para fazer isso, o Vaticano terá de não se deixar enganar pelas mentiras dos israelenses, que sempre mentem quando falam em paz.

Nenhum Estado que construa colônias em território ocupado é Estado que trabalha pela paz.

Estado que construa colônias em território ocupado, que viole abertamente a legislação internacional – que viole inclusive suas próprias leis! – não é interlocutor confiável para construir a paz. Israel é Estado criminoso. Tem de ser tratado – também pelo Vaticano – como o mundo civilizado aprendeu a tratar Estados criminosos

Liberman vem aí... em que ele se difere de Ahmadinejad?

O ministro das relações exteriores de Israel, Avigdor Liberman, visitará o Brasil em julho. O anúncio foi feito ontem pelo chanceler Celso Amorim. Liberman é o líder do partido ultra-direitista Yisrael Beitenu (Israel é nosso lar), que prega abertamente a segregação dos árabes, entre outras barbaridades, e que tem no sionismo a sua base ideológica ao defender o caráter judaico de Israel como um país governado por judeus para judeus e não um país no qual a diversidade – base de qualquer democracia – seja cultivada.

Como o Paquistão e a Arábia Saudita, Israel é um Estado cujo mundo mental é, em larga medida, limitado pela religião, pela raça e pela origem étnica. Israel é produto do nacionalismo estreito do século 19, um nacionalismo fechado e excludente, baseado na origem étnica e racial, em sangue e terra. Israel é um ‘Estado judeu’ e só é judeu quem nasça judeu ou converta-se conforme a lei judaica (Halakha)”, disse recentemente o jornalista israelense Uri Avnery, no artigo "On The Wrong Side" (aqui, em português). Para ele “o partido de Liberman, que em qualquer país normal seria identificado como partido fascista, cresce” na preferência dos israelenses, pois "Liberman fala como Mussolini, oferece a imagem de um Mussolini israelense, odeia árabes, é capaz de todas as brutalidades.”, explica o jornalista.

Avnery não esta sozinho nesta análise. Logo depois das eleições de fevereiro, Shulamit Aloni, 80 anos, veterana da guerra de 1948 (que levou à criação de Israel), fundadora do partido social democrata Meretz e ministra da Educação no governo de Itzhak Rabin disse disse à jornalista basileira Guila Flint, correspondente da BBC em Tel Aviv, que a força adquirida por Liberman e seu partido é um pesadelo. "O resultado das eleições me deixaram com raiva, medo e vergonha, ao ver que um fascista e racista como Liberman tem as chaves para a composição do novo governo. Em 1948, eu lutei para construir um país democrático, com igualdade de direitos para todos os cidadãos. É como um pesadelo para mim ver que um discurso fascista como o de Mussolini passa a ter tanta legitimidade no nosso mapa político".

Também entrevistado por Guila, o sociólogo Lev Grinberg, da Universidade Ben Gurion, afirmou que "Liberman baseou toda a sua campanha em sentimentos de medo e ódio aos árabes, e foi favorecido pelo clima de guerra que se criou em Israel durante a recente ofensiva à Faixa de Gaza. Como um fascista clássico, ele se aproveitou dos medos da população e incentivou o ódio".

Liberman representa uma tendência preocupante da opinião pública israelense, que tem adotado uma postura permissiva e até mesmo simpática aos discursos belicistas e racistas. Recentemente apontei este fato no artigo “É lícito aos israelenses apoiarem o racismo e a intolerância?”, no qual citei um relatório (de março de 2008) da ONG israelense Mossawa, que já destacava este fenômeno.

Além de acusar líderes políticos israelenses de criarem um clima de "legitimação ao racismo" contra os cidadãos árabes - que representam 20% da população do país – o relatório mostrava que 75% dos cidadãos judeus israelenses não estavam dispostos a morar no mesmo prédio com um vizinho árabe e que 61% deles não receberiam a visita de árabes em sua casa. O estudo indicava também que 55% dos entrevistados defendiam a separação entre judeus e árabes nos espaços de lazer e 69% dos estudantes secundários achavam que os árabes "não são inteligentes".

No documento são citados ministros e parlamentares que "baseiam sua força em posições de ódio e incitam ao racismo". O político mais citado é Avigdor Liberman.

E o que defende o ministro das Relações Exteriores de Israel?

Em suas próprias palavras: "Os árabes israelenses são um problema ainda maior do que os palestinos e a separação entre os dois povos deverá incluir também os árabes de Israel... por mim eles podem pegar a baklawa (doce árabe típico) deles e ir para o inferno".

Para Liberman, Israel deve "trocar" as aldeias árabes israelenses pelos assentamentos nos territórios ocupados, ou seja, as aldeias árabes passariam a fazer parte de um estado palestino e os assentamentos seriam anexados a Israel.

Importante dizer que os árabes israelenses a que se refere o ministro são cidadãos israelenses, da mesma forma que eram cidadãos alemães muitos dos judeus expulsos de suas casas por Hitler e enviados para o exílio forçado e para os campos da morte.

O jornalista Paulo Moreira Leite, no artigo “Ministro israelense tem ideias que lembram nazismo”, faz uma brilhante relação entre o que está ocorrendo em Israel e um passado tenebroso. “Em 1935, dois anos depois da ascensão de Hitler ao poder, foram aprovadas as primeiras leis de Nuremberg. Elas não criaram campos de concentração nem câmaras de gás, mas dividiam a população alemã em duas categorias. A dos cidadãos de ‘puro sangue alemão’, que tinham todos os seus direitos assegurados. Os outros, que não tinha a mesma origem, eram considerados ‘súditos do Estado’.”.

Quem é melhor, Liberman ou Ahmadinejad?

Diante de um currículo como este, seria interessante questionar aos que levantaram cartazes e publicaram artigos contra a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, se não seria de bom tom fazer o mesmo agora, em relação à visita de Liberman.

A pergunta é apenas uma provocação, pois estes que condenaram a vinda de Ahmadinejad, costumam usar dois pesos e duas medidas e certamente encontrarão caminhos tortuosos para demonizar o iraniano e absolver o israelense. Mas, por mais que se tente, é tarefa hercúlea apontar diferenças éticas entre os dois.

Ahmadinejad preside um país onde os direitos humanos não são respeitados, onde minorias religiosas, homosexuais e mulheres são discriminadas. Lierberman integra um governo que não respeita os direitos humanos dos palestinos, que lhes nega o direito a um Estado e que prega a ampliação de assentamentos ilegais.

No entanto, fechar as portas ao debate é vantagem apenas para os que precisam maquiar a história para atingerem seus objetivos. O isolamento nunca foi uma boa estratégia para quem busca os fatos. Portanto, que venham os dois. E que nossos jornalistas sejam hábeis com as perguntas, que lhes dirijam questionamentos sobre assuntos que lhes são ingratos, e não se transformem em assessores de imprensa de seus entrevistados, como ocorreu com André Petry na edição da revista da Veja desta semana, em sua entrevista com Elie Wiesel.

Um dos males do Agro-negócio...

The Meatrix - A origem da carne

Os filminhos são velhos, mas o problema ainda é o mesmo. As animações "The Meatrix" (uma mistura de carne - meat, em inglês - com o nome do filme Matrix) mostram a verdade por trás dos produtos industrializados de origem animal que compramos no supermercado.

Consegui encontrar versões em português. Vale a pena perder cinco minutos, tomar a pílula vermelha e conhecer o mundo de Meatrix. Mas cuidado: você nunca mais verá as coisas como antes.

The Meatrix (dublado em português)

The Meatrix 2 (legendas em português)

The Meatrix 2 e meio (legendas em espanhol)

Fonte: Atitude Verde

Ontem foi o dia da catástrofe

Povo Palestino lembra a diáspora, quando sua gente foi expulsa da própria terra para a criação do estado de Israel.(15/05)

Veja a entrevista com Kader Ottmann - Comitê Catarinese de Solidariedade ao Povo Palestino.



sexta-feira, 15 de maio de 2009

E ainda falam mal de Chavez....

Hugo Chávez lança 'Plano Revolucionário de Leitura'

Revista Forum

O governo da Venezuela lançou o Plano Revolucionário de Leitura (PRL), no qual distribuirá milhares de livros com o objetivo de "construir o socialismo bolivariano do século XXI".
Para a iniciativa foram selecionadas 100 obras consideradas instrutivas, entre elas "As veias abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano, livro com o qual o presidente Hugo Chávez presenteou o norte-americano Barack Obama durante a Cúpula das Américas, realizada no mês passado em Trinidad e Tobago.
"Vamos pedir uma autorização a Galeano para publicar na Venezuela uma edição de massa do livro", afirmou Chávez, acrescentando que o material historiográfico atualmente disponível não informa de maneira satisfatória, por exemplo, sobre a resistência indígena à colonização europeia.
Outra obra selecionada foi "O desafio e o fardo do tempo histórico", do húngaro István Meszaros, que segundo Chávez demonstra "como o capitalismo decapita a existência humana".
Também fazem parte do acervo clássicos como o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels, e livros escritos por membros do governo, como "O socialismo venezuelano", do ministro das Finanças, Ali Rodríguez.
Hugo Chávez afirma que o PRL foi criado para gerar "um ato coletivo orientado a fomentar o socialismo". "Ler, ler e ler, slogan de todos os dias. Leitura para a consciência", disse Chávez ao anunciar o lançamento do projeto na nova sede da Galeria de Arte Nacional e diante de um auditório de crianças. " Temos que introduzir à contrarevolução todos os dias uma dose de liberação através da leitura", afirmou o presidente.

Já estão presentes nas bibliotecas os exemplares do "O Socialismo Venezuelano e o Partido que o Impulsionará", escrito pelo ministro das Finanças, Ali Rodríguez, e o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Alberto Müller Rojas. Também entre os títulos está a obra do ex-ministro do Poder Popular para a Cultura Farruco Sesto, "Por que sou chavista?", e "Idéias Cristãs e outros Aportes Socialistas", que reúne trechos dos discursos do presidente Chávez sobre a condição socialista de Jesus Cristo.

A seleção inclui livros sobre Ernesto Che Guevara e o "Manifesto Comunista". "Houve uma declaração pública do comandante-presidente na própria ocasião do lançamento (do PRL), quando advertiu que se trata de um plano de formação, e todo plano de leitura é um projeto de formação ideológica" sustentou Edgar Páez, em uma entrevista publicada em uma revista editada pelo ministério da Cultura venezuelano.

Páez diz que uma das preocupações é que as crianças estariam "sendo formadas com livros que ainda chamam de descobrimento a invasão do império espanhol ou outros eufemismos que buscam adoçar o genocídio dos povos originários", acrescentando que, como parte do plano, o governo da Venezuela quer "começar as coisas por seus nomes".

Além dos livros mencionados para reforçar o chamado "socialismo do século XXI" bolivariano, a Venezuela promoverá a leitura de diversas obras de autores do país e estrangeiros editadas no país e distribuídas gratuitamente. Até o momento, não foram divulgados todos os títulos escolhidos por Chávez. Entre eles estão "Inventamos ou erramos", obra escrita no século XIX por Simon Rodríguez, mestre de Simon Bolívar, e alguns textos que foram objeto de culto da esquerda venezuelana dos anos 60 e 70, como "Venezuela Violenta", de Orlando Araújo, e "Teoria da Ideologia", de Ludovico Silva. Outros livros menos famosos e mais recentes estão na lista como "Ditadura mediática", de Luis Britto García; "Discursos de Chávez", de Leonardo Ruiz; "Che, comandante do Alba", de Modaira Rubio, e "O código Chávez", de Eva Golinger.

Analfabestismo
Em outubro de 2005, o governo da Venezuela declarou o país "território livre do analfabetismo", com base em resultados da Missão Robinson, programa de alfabetização implementado em 2003.
Até 2001, a média nacional de analfabetismo era de 9% entre os venezuelanos com mais de 15 anos. Entre 2003 e 2005, esta porcentagem diminuiu para 6%, segundo dados oficiais.

(Com informações de agências)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O 17º núcleo do CPERS esteve lá....

Deputados do PSB assinam pedido de CPI. Ato pelo afastamento de Yeda sai abaixo de chuva

Os deputados estaduais do PSB, Miki Breier e Heitor Schuch, assinaram hoje (14) o requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a série de denúncias contra o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Segundo o deputado Heitor Schuch, a decisão de assinar o requerimento mostra que o PSB quer o esclarecimento das denúncias envolvendo o governo Yeda Crusius. O pedido já tem 12 assinaturas (deputados do PT, PCdoB e PSB). Faltam sete para sua aprovação.

Na manhã desta quinta-feira, debaixo de muita chuva, professores, estudantes, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais participaram do ato em favor do impeachment da governadora Yeda Crusius. Os manifestantes saíram do Parque da Harmonia e seguiram até o Palácio Piratini. No caminho, realizaram um protesto em frente ao prédio do Ministério Público Estadual, acusado de omissão pelos manifestantes na apuração de denúncias envolvendo o governo do Estado. Essa omissão, segundo os organizadores do protesto, iniciou em 2008, quando o MP determinou a retirada de outdoors veiculados pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais que apontavam Yeda como a principal responsável pelo desmonte dos serviços públicos no Estado e pela corrupção. O MP também foi criticado por ter arquivado o processo que investigava a compra da casa da governadora, logo após o fim do segundo turno da campanha de 2006.


Ao final do ato, estudantes entraram no prédio da Assembléia Legislativa e estenderam uma grande faixa pedindo o impeachment de Yeda. Os manifestantes também defenderam a abertura de uma CPI para investigar as denúncias de corrupção envolvendo o governo estadual.

Fotos: Hugo Scotte

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Midia Livre....

A Grande Mídia agoniza. Viva a Mídia Livre!

por Enlace

A grande mídia agoniza em praça pública. Os chamados jornalões como o Jornal do Brasil, O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão, além das revistas semanais como Veja, IstoÉ e Época jamais terão novamente o poder e a influência que tiveram ou pensavam ter num passado recente.

E as grandes redes de TV como Globo e Bandeirantes devem seguir o mesmo caminho, apesar de sua derrocada ser mais lenta devido aos custos de produção, à capilaridade regional por meio das afiliadas e à penetração que têm nos rincões mais escondidos do Brasil. Para essas, contudo, também é só uma questão de tempo. No lugar dos meios de comunicação tradicionais, surge uma nova, ampla e heterogênea gama de veículos, alguns impressos mas a maioria digital. É a mídia alternativa, ou livre. E nesse embate tem sido fundamental a interatividade proporcionada pelos Blogs e sites de entidades, sindicatos, jornalistas, estudantes, profissionais liberais e até donas de casa. As pessoas comuns finalmente têm um megafone virtual para sua voz e estão juntas construindo o conhecimento e um entendimento melhor sobre o mundo real em que vivem.


O ponto de virada foram as últimas eleições presidenciais em 2006 e o processo se agudiza quanto mais nos aproximamos do pleito de 2010. A Grande Mídia foi aliada de primeira hora e apoiadora destacada do golpe civil-militar de 1964, sendo por isso um dos setores mais beneficiados pela ditadura. Um dos exemplos flagrantes é acordo inconstitucional com a estadunidense Time-Life que deu a Roberto Marinho US$ 6 milhões que lhe permitiram construir a Globo em 1965 e torná-la a mais influente rede de TV do país nos anos seguintes. Outros acordos, no entanto, foram menos claros, como os retratados pela pesquisadora Beatriz Kushnir no livro "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988" em que são apresentados casos como o do funcionário da Abril enviado por Victor Civita para treinar os censores em Brasília, e dos bastidores da Folha da Tarde, Jornal do mesmo grupo da Folha de S. Paulo que cedia as vans de entrega para transportar presos políticos para sessões de tortura. Com as benesses da ditadura, a Folha se tornou o diário de maior circulação no país. Certamente um agrado para quem em editorial de 1971 chama o governo militar de “sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular”, e mais, que “está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social”.


Nos anos 1980, com o apoio ao movimento pelas Diretas Já e o discurso de jornalismo “profissional, imparcial e isento”, como se isso fosse possível, a Folha atingiu o seu ápice em tiragem e credibilidade. Na virada da década a Globo mostrou todo o seu poder “elegendo” Fernando Collor de Melo com o debate editado no Jornal Nacional, e ajudando a derrubá-lo inflando os “caras-pintadas”. Mas a decadência viria na sequência. O início do fim foi a conspiração da mídia na criação do “escândalo do mensalão", até hoje não provado, com o objetivo declarado pela oposição de “sangrar até a morte” o Governo Lula. Contudo, apesar das manchetes, dossiês e aloprados, não conseguiram eleger seu candidato. E na esteira dos poucos veículos e blogs que então remavam contra a maré, como a revista Carta Capital e os diários de Internet de jornalistas do porte de Luís Nassif (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/) e Paulo Henrique Amorim (http://www2.paulohenriqueamorim.com.br/) , descobrimos que era possível comprar matérias de capa em revistas do porte e da antiga credibilidade de IstoÉ.


A Veja, então, abriu uma cova sob seus pés, enveredando totalmente para a ficção, os assassinatos de reputação e a falta de qualquer escrúpulo ou critério jornalístico, sempre em benefício de acordos comerciais e da oposição cega ao governo. Para não nos alongarmos em exemplos, basta citar os 22 capítulos da série “O Caso de Veja” (http://luis.nassif.googlepages.com/ ), que no auge chegou a ter link em cerca de 800 blogs. O problema é que o resto da Grande Mídia embarcou com tudo na onda achando que poderiam vender mais jornal com oposição a qualquer custo e manchetes cada vez mais sensacionalistas e não com o investimento em jornalismo sério. O resultado tem sido exatamente o inverso. Segundo os números do Instituto Verificador de Circulação – IVC, em fevereiro desse ano as vendas dos dez maiores jornais diários do país caíram 6,45% em relação à fevereiro de 2008. E a queda só não foi maior por causa de jornais mais populares, como o mineiro Super Notícia (R$ 0,25 e segundo no ranking nacional) cuja circulação caiu “apenas” 3,3%. A tiragem da Folha, com quase 300 mil exemplares por dia, por exemplo, caiu 6,6% no período. O Globo foi além, com queda de 9,3%, mas ainda abaixo do Estadão (-15,3%). Os números globais do IVC, no entanto, mostram que a circulação de jornais no Brasil cresceu 5% em 2008, puxada exclusivamente por veículos fora do ranking dos dez maiores.


Todos os grandes jornais tiveram perdas pesadas de circulação durante toda a última década apesar do aumento da população e da alfabetização. A Folha caiu de uma média diária em 2000 de 429.476 exemplares (chegou a tirar 1,25 milhão de exemplares com vendas de fascículos de um atlas aos domingos em 1995) para 298.352 em março desse ano. O Estadão foi de 391.023 para 217.414; o Diário de S. Paulo de 151.831 para 61.088; e o Jornal da Tarde de 58.504 para 50.433. Nos outros estados acontece o mesmo: O Dia tirava 264.752 em 2001 e hoje não chega a 100 mil exemplares; O Globo caiu de 334.098 em 2000 para 260.869. O Extra caiu menos, de 264.715 para 258.324; assim como o Correio Braziliense (de 61.109 para 52.831). Já o Correio do Povo foi de 217.897 exemplares diários em 2000 para 155.774 em março último.


“Os jornais vêm perdendo tiragem desde o meio da década de 1990, mas até 2006 os colunistas garantiam uma certa pluralidade na mídia que eu chamo de ‘formadora de opinião’, que é fundamentalmente manipuladora, só que isso acabou”, disse Nassif na mesa redonda “A mídia em debate”, promovida pela Agência Carta Maior no último dia 24 de abril (http://www.cartamaior.com.br/templates/tvMostrar.cfm?evento_tv_id=52). “O exemplo mais claro é que os ‘formadores de opinião’ apostaram todas as suas fichas no Gilmar Mendes como grande figura da oposição e o transformaram em uma unanimidade: o sujeito mais odiado do Brasil”. De fato, apesar da Globo ter tentado manipular os telespectadores contra o Ministro Joaquim Barbosa, o vídeo da discussão entre os dois, amplamente divulgado pelo YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=sIUdUsPM2WA), mostra para quem quiser ver, as grosserias de Gilmar Mendes com o colega. Apesar disso, no final de semana seguinte apenas a Carta Capital trouxe o assunto na capa. A Veja, que havia dado uma capa elogiosa a Barbosa quando esse denunciou os supostos participantes do mensalão como “quadrilha”, deu uma notinha interna com o preconceituoso título “O dia de índio de Joaquim Barbosa”, (tudo a ver com uma editora que tem 30% de suas ações nas mãos do o grupo de mídia sul-africano Naspers, que apoiou o Apartheid). Merval Pereira, do O Globo, seguiu a linha de que Barbosa teria “um histórico de desentendimentos com vários outros ministros”, e aproveitou para dar a informação de que Mendes tem uma foto de FHC em sua mesa de trabalho. Já Josias de Souza, em seu Blog na Folha Online, afirma que Mendes tenta “colocar panos quentes”, mas que Barbosa “é o recordista de processos pendentes de julgamento no STF” e que “Na ponta do lápis, já se indispôs com seis colegas”. Mas basta abrir os mais de 700 comentários ao texto original de Josias de Souza sobre o bate-boca para ver de que lado está a população. Isso se ainda estiverem lá, porque a UOL deletou o link para uma enquete sobre qual juiz tinha razão na discussão assim que viu os resultados esmagadores. Vão às ruas, jornalistas! Ou pelo menos leiam direito o recado da Internet.


Com a pluralidade e a articulação entre os blogs, portais e sites de análises que surgiram principalmente depois das eleições de 2006, o povo já não engole tão fácil qualquer manipulação. E exige, nas ruas e na Internet, a retratação e o reposicionamento dos veículos. Quando a Folha usou a desculpa de mais um editorial contra o presidente da Venezuela Hugo Chavez para introduzir no Brasil o vocábulo “ditabranda” e depois chamou dois conceituados professores universitários de cínicos e mentirosos por não aceitarem essa nomenclatura, o Movimento dos Sem Mídia (http://edu.guim.blog.uol.com.br/) convocou uma protesto em frente ao jornal. A notícia correu de blog em blog, sem qualquer divulgação mais organizada. Em uma manhã de sábado com cara de chuva, mais de 500 pessoas compareceram ao local, obrigando a direção da Folha a voltar atrás e afirmar em nota assinada pela redação que foi “um erro” utilizar a expressão. Mas infelizmente o jornal não se emendou.


No último dia cinco de abril, a Falha novamente tenta manipular seus leitores com uma grosseira “revisão histórica”. Em matéria de capa com o objetivo claro de torpedear a futura candidatura presidencial da Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, o jornal deturpou uma entrevista dada pelo antigo dirigente militar da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares – VAR Palmares, para afirmar em manchete que “Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim”. Pior, o jornal publicou também na primeira página o que seria uma “ficha policial” da ministra que teria sido fornecida pelos arquivos do DOPS com os crimes a ela atribuídos. Imediatamente o entrevistado Antonio Roberto Espinosa desafiou a Falha a publicar (ainda que apenas na versão online) a íntegra da entrevista gravada para provar que ele jamais disse que Dilma saberia do tal plano de sequestro, que no final não ocorreu. A negação da própria ministra também ficou escondida no meio do texto interno e suas dúvidas sobre a autenticidade da ficha passaram ao largo. Foram necessários mais 20 dias e muita mobilização na Internet para o que jornal publicasse, novamente sem destaque em uma página interna, que houve “um erro técnico” ao dizer que a ficha pertenceria ao DOPS, já que “a imagem” na verdade teria sido enviada “por uma fonte” e que sua “autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada - bem como não pode ser descartada”.


A tal ficha é uma fraude tosca produzida provavelmente por antigos torturadores e que circula na Internet em sites de direita há mais de um ano. De acordo com Espinosa, o “provável autor, é o hoje coronel reformado (na época major) Lício Augusto Ribeiro Maciel, o Dr. Asdrúbal, torturador e assassino de dezenas de pessoas em Xambioá. A seguir foi reproduzida por dois dos mais conhecidos blogs da direita mais reacionária, também alimentado por quadros subalternos do regime militar, o ‘Ternuma’, do notório coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o ‘A verdade sufocada – As histórias que a esquerda não quer contar’, também mantido por sargentos e oficiais de baixo escalão dos porões”. Não por coincidência, a desculpa da Folha de que não poderia provar a fraude é a mesma usada pela Veja há alguns anos para publicar um dossiê forjado por Daniel Dantas para acusar vários membros do Governo Lula de possuírem contas ilegais em paraísos fiscais. Com isso, e assegurando o anonimato da fonte da “imagem”, o jornal tenta se eximir de futuros processos judiciais. O próprio ombudsman do jornal, Carlos Eduardo Lins da Silva, em seu artigo “Até ver se a ficha cai” de 03/05/2009 (um mês após a publicação da ficha forjada), lamenta que a Redação “encerrou a apuração desse episódio seriíssimo e não acha necessário rever procedimentos de checagem de informações”, que apesar do “Manual” do jornal prever a identificação de fontes que passem “informações erradas” isso não foi e nem será feito no caso, além de nenhum funcionário ser punido. Ele, no entanto, tem “poder” apenas para “sugerir” mudanças.


Mas se os jornais, revistas e TVs estão perdendo leitores e credibilidade com suas fraudes e manipulações, a quem interessa a publicação desse tipo de matéria? Obviamente à oposição! E a alguns interesses comerciais dentro das “empresas jornalísticas”. Nesse ponto, novamente a Internet e sua vasta rede de colaboradores comuns, gente do povo, tem muito a contribuir. “O blog é um show dos leitores na construção do conhecimento”, diz Nassif. “Quando publiquei o relatório interno do STF sobre o suposto grampo telefônico, em poucos minutos quatro técnicos e engenheiros enviaram mensagens informando que o rastreamento era equivocado, tendo sido feito de dentro para fora e não de fora para dentro do prédio e a única possibilidade seria de alguma equipe externa de TV. Algum tempo depois, outro leitor foi buscar as imagens do STF no Google Earth e demonstrou que para haver um grampo externo, a recepção teria que ter sido feita necessariamente do estacionamento do STF, do Congresso ou do Palácio do Planalto e que à 1:00 da manhã certamente haveria um registro de quem estaria nesses locais. Assim, a Policia Federal não pode fechar esse caso porque teria que afirmar categoricamente que o Presidente do Supremo mentiu deliberadamente com o objetivo de plantar uma notícia falsa na imprensa”.


Também na Internet, por meio dessa rede de blogs, é possível rastrear uma série de pagamentos sem licitação realizados diretamente pelo Governo de São Paulo aos representantes da Grande Mídia. Por meio da Secretaria de Educação, o candidato do PSDB, José Serra, transferiu à Editora Abril, da Veja, os endereços residenciais de todos os professores da rede pública para que recebessem a revista Nova Escola. São 220 mil assinaturas no valor de R$ 3,7 milhões. Se forem incluídos os exemplares do Guia do Estudante, também da Abril, o custo total aos cofres públicos estaria perto de R$ 10 milhões somente no segundo semestre de 2008. Esse ano, segundo o contrato 15/014/09/04 publicado no Diário Oficial em 15 de abril, são mais R$ 12.963.060,72 para 25.702 assinaturas da Revista Recreio, também da Abril, por 608 dias. Mas os jornalões não podiam ficar de fora, por isso estão sendo adquiridas esse mês mais 5.449 assinaturas da Folha de S. Paulo e 5.449 assinaturas do Estadão para distribuição em todas as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo, tudo, claro, sem licitação. Os processos administrativos não trazem o período de assinatura e nem o valor dos contratos. Mas se for pelo valor integral (como ocorreu nos outros casos citados) da assinatura anual de cada jornal todos os dias da semana, estamos falando em algo em torno de R$ 7 milhões. Por outro lado, o Movimento dos Sem Mídia estima que a Folha tenha perdido dois mil assinantes somente durante o episódio da “ditabranda”. Nada mais justo do que o governo de São Paulo recompensar um jornal aliado, certo?

Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá,

Ideias em Revista


Publicado originariamente na Ideias em Revista – SisejufeRJ – abril/maio 2009

Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá são jornalistas, fotógrafos e documentaristas independentes.

http://mediaquatro.sites.uol.com.br

Convite do Blog Democracia e Luta...

FORA YEDA e o Banco Mundial!

Ninguém mexe no meu plano de carreira!


ATO PÚBLICO ESTADUAL 14/05 – quinta-feira

Concentração às 10h, em frente ao CPERS



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"Bom mesmo é ir a luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
pois o triunfo pertence a quem se atreve...
A vida é muito para ser insignificante."

Charles Chaplin

Começou....

O primeiro massacre do governo Obama






Emir Sader *Adital -

Pode-se ter maior ou menor simpatia pelo novo presidente norte-americano, acreditar-se um pouco mais ou um pouco menos nas suas palavras, valorizar mais ou menos a mudança de tom do governo dos EUA ao tratar suas diferenças com outros governos. Mas há um limite para julgar o caráter de um presidente e de um governo. Esse limite chegou agora, com o massacre de pelo menos 150 civis no Afeganistão.

Já tinha havido mortes, na semana anterior, de algumas centenas de supostos militantes pelo Exército do Paquistão, cuja credibilidade é nenhuma e permite supor que se tratava, na sua grande maioria de população civil, exibida como talibãs, para tentar recuperar minimamente a imagem do exército daquele país. O governo norte-americano pode fingir que acreditava nessa versão.

Mas agora as versões vêm das próprias autoridades do Afeganistão, país ocupado por tropas ocidentais, comandadas pelos EUA. Pelo menos 150 pessoas - na sua grande maioria mulheres e crianças, sintoma claro de que se trata de população civil - foram vitimas de bombardeios de tropas ocidentais. Nada a esconder, nem a duvidar.

Que atitude tomará o novo presidente dos EUA? Considerará essas mortes "efeitos colaterais não desejados"? Ou como "riscos de todo conflito bélico"? Ou como "civis que acobertavam a terroristas"? Ou "abrirá uma rigorosa investigação para apurar responsabilidades"? Ou pedirá "desculpas aos afegãos por esse erro imperdoável"? Ou "mandará auxilio às vitimas involuntárias da guerra"?

Nada servirá como pretexto para Obama. Os massacres são e serão componente inevitável da continuidade da guerra de ocupação do Afeganistão. Vitorioso dentro do Partido Democrata com uma plataforma em geral progressista, Obama passou a enfrentar o opositor republicano, que o acusava de "brando" e despreparado para assumir o que considerava os interesses dos EUA no mundo - sinônimo das "guerras infinitas" desatadas pelo governo Bush contra toda legalidade internacional. Para tentar se livrar dessa acusação, mantendo sua promessa de saída das tropas do Iraque, Obama montou a equação, segundo a qual os EUA deveriam tirar suas tropas do Iraque e transferi-las para o Afeganistão.

Estranho raciocínio. Que diferença pode ser feita entre os dois epicentros das "guerras infinitas", salvo que no caso afegão, ainda sob o impacto dos atentados que sofreram, os EUA conseguiram o aval do Conselho de Segurança da ONU para a invasão. Mas trata-se de algo diferente, nos dois casos, de invasão e submissão de dois povos a tropas de países estrangeiros? Trata-se de governantes escolhidos livremente pelos povos dos dois países ou de autoridades de ocupação impostas, em ambos casos, pela força das armas? Se faltasse algum elemento de semelhança, este primeiro massacre do governo Obama veio para confirmar a absoluta similaridade dos dois casos.

O caráter de uma pessoa ou de um governo está dado sobretudo pelo seus atos. Conhecemos tantos casos de pessoas materialmente comprometidas com a tortura, que seguiram sendo bons pais de família. Pode-se considerá-los pessoas de bom caráter? As eventuais virtudes privadas podem perdoar os vícios públicos?

Para os que se deixam levar pelo sorriso cativante de Obama e pela elegância de Michelle, este primeiro massacre deve servir de teste do seu caráter, privado e publico. O governo Obama não será o mesmo depois de não poder deixar de encarar a brutalidade do que as tropas do seu país, sob seu comando, está fazendo, no Afeganistão e no Iraque. Nenhum governo é o mesmo, se passa a conviver como massacres como esse, pelo qual é diretamente responsável. Os parentes afegãos mortos, - mulheres, crianças, idosos, seus familiares, o povo afegão, - aguardam e merecem uma palavra de Obama, cujas mortes não remetem a quando era criança, mas ao seu governo e à sua decisão de intensificar, em lugar, de terminar, com a brutal ocupação do Afeganistão.


* Filósofo, cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde coordena o Laboratório de Políticas Públicas

terça-feira, 12 de maio de 2009

A midia de esgoto se revela....

O "Rio Grande" merece isso!

O editorial de hoje do jornal Zero Hora merece ser guardado. É um registro importante para alguém que deseje fazer um dia uma história do comportamento editorial da mídia gaúcha. Raras vezes, a posição editorial do grupo RBS mostrou-se tão desnudada. É uma constrangedora exibição de cinismo, ignorância, delírio, mentira, hipocrisia e irresponsabilidade. Intitulado “O Rio Grande não merece isso!”, o editorial coloca no mesmo saco acusados de roubo, desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, peculato, desvio, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, entre outros crimes, e os denunciantes. Vamos a ele (o texto em itálico refere-se ao editorial):

"Os gaúchos vivem um momento triste da história política deste Estado. Como se não bastassem os inevitáveis problemas decorrentes da crise econômica mundial e das armadilhas do clima, lideranças políticas, autoridades e instituições vêm protagonizando um deplorável jogo de acusações, suspeitas e mentiras que só confunde e decepciona a população. Os cidadãos rio-grandenses já não sabem em quem acreditar, tal é o emaranhado de denúncias sem provas, explicações pouco convincentes, gravações misteriosas e desarrazoadas manobras partidárias voltadas unicamente para a conquista do poder. Será tão difícil assim para o Rio Grande e sua gente retomar o caminho da verdade e da dignidade?"

A primeira frase é verdadeira. Uma das únicas em todo o texto. Na segunda frase, já aparecem a ignorância e a irresponsabilidade. Entre as mazelas do Rio Grande figuram as “armadilhas do clima”. Como assim, “armadilhas”? Para a RBS, o clima é um agente ardiloso que está colocando armadilhas a frente do pobre povo gaúcho? Os fenômenos climáticos atípicos que vem se repetindo com regularidade crescente no Estado (como secas, furacões, enchentes, entre outros) são apresentados como sendo algo completamente dissociado da ação humana. O desmatamento desenfreado, a desertificação, a morte de rios, riachos, lagos e açudes, a destruição de áreas fundamentais para o equilíbrio ambiental – tudo isso é reduzido à categoria de “armadilhas” do clima.

O mesmo parágrafo opera uma lamentável diluição de responsabilidades entre acusadores e acusados. “Os cidadãos riograndenses já não sabem em quem acreditar”, diz o texto. Que tal acreditar nas instituições responsáveis por apurar denúncias de roubo de dinheiro público? Que tal, por exemplo, divulgar ampla e didaticamente para a população o resultado das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Operação Rodin, que denunciou, com fartas provas, a existência de uma quadrilha instalada no aparelho do Estado, operando inclusive com um braço midiático. Nunca é demais lembrar que, logo após o início da Operação Rodin, uma das pautas dos veículos da RBS foi sobre o uso de algemas em “homens de bem”.

"As mais recentes denúncias contra o atual governo do Estado, de uso indevido de recursos de campanha, lançam uma nova carga de suspeições no ventilador da moralidade pública. De um lado, está uma governadora acuada por incessantes ataques de oposicionistas, servidores descontentes com a administração e inimigos políticos velados. De outro, está uma oposição ansiosa para transformar qualquer gota d’água em tsunami, sustentada tanto pelo fogo amigo de quem gravita em torno do poder com interesses subalternos quanto pela munição clandestina de quem deseja conquistá-lo. No meio deste fogo cruzado, estão os cidadãos, os contribuintes, os eleitores deste Estado, cada vez mais desiludidos com a classe política e confusos em relação a seus representantes".

Para a RBS, a governadora está “acuada por ataques de oposicionistas, uma oposição ansiosa e inimigos políticos velados”. A governadora não estaria acuada por investigações de instituições republicanas como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Contas e a Assembléia Legislativa, apenas para citar algumas??? E “no meio do povo cruzado” estaria os “cidadãos, contribuintes e eleitores cada vez mais desiludidos com a classe política”. Para a RBS, os cidadãos, contribuintes e eleitores do Rio Grande do Sul não têm qualquer responsabilidade sobre suas escolhas políticas. São eternas vítimas da “classe política” que, supostamente, não é escolhida por eles.

"Ninguém é convincente neste episódio lamentável: nem os denunciantes, que levantam suspeitas sobre tudo e todos, e não conseguem provar nada; nem o governo, que parece mais preocupado em desqualificar seus acusadores do que em se abrir à transparência exigida pelos cidadãos. E o pior é que as instituições independentes, que poderiam abreviar a angústia da população, mostram-se no mínimo insensíveis. Como justificar, por exemplo, que o Ministério Público Federal, ao qual se atribui a guarda de provas decisivas para o equacionamento do impasse, não venha a público para, pelo menos, esclarecer se elas existem?"

Mais uma vez a operação de diluição entre acusadores e acusados. Esse parágrafo beira a cumplicidade com os acusados de formar quadrilhas para saquear o estado. E as “instituições independentes” são insensíveis por não dizerem o que a RBS quer na hora que ela quer.

"Cogita-se, agora, da formação de uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado para investigar as novas denúncias contra o governo. Com todo respeito a esse instrumento de ação parlamentar, é difícil imaginar que a pretendida comissão não venha a se transformar apenas num palanque eleitoral da disputa política para o pleito do próximo ano. Numa situação normal, se fosse para realmente apurar a verdade, a investigação seria bem-vinda. Mas no atual momento e considerando-se a mesquinhez das posições políticas vigentes, tende a ser uma perda de tempo e um novo fator de descrença da sociedade nos seus representantes, independentemente da sigla partidária que defendem".

Aqui, o instrumento da CPI é apontado como “palanque eleitoral da disputa política”. Memória é bom e não faz mal a ninguém. No dia 27 de abril de 2001, o mesmo jornal Zero Hora publicou um editorial elogiando a CPI da Segurança Pública que estaria “cumprindo o seu papel”: “bastou uma inspeção feita de surpresa no Instituto Geral de Perícias (IGP), na capital, para que representantes da comissão de inquérito pudessem constatar in loco as graves deficiências materiais e de pessoal desta instituição cujo trabalho é essencial para o combate à criminalidade”, afirmou o editorial.

Na mesma linha, no dia 22 de março de 2001, a então editora de Política de ZH, Rosane de Oliveira, escrevia: “O sucateamento da frota da Brigada Militar e da Polícia Civil não é uma abstração criada pelos opositores do governo (Olívio) para justificar a criação de uma CPI (...). O governo do Estado está diante de um problema que exige ação imediata” . Nestes e em outros textos de opinião publicados na época não há referências ao “palanque da oposição”

"O que não pode é persistir esta situação de irresponsabilidade coletiva, que só faz mal ao Estado. O Rio Grande, por sua tradição política e pela índole de sua gente, não merece tanto constrangimento. Ainda que um parlamentar da terra tenha dito recentemente que está se lixando para a opinião pública, somos nós – os cidadãos comprometidos com o progresso e a justiça – que podemos mudar este estado de coisas, transformando a indignação em protesto, em manifestações públicas, em voto consciente, em repúdio inequívoco às mentiras e falsidades. O Rio Grande exige mais grandeza política de seus representantes políticos".

A irresponsabilidade que faz mal ao Estado é a da RBS e seus agentes político e midiáticos que não respondem por suas escolhas políticas e editoriais. Há décadas, a RBS defende e integra um esquema de poder político e econômico que anda de mãos dadas com a privatização do Estado, a destruição ambiental e a criminalização dos setores da sociedade que lutam contra isso. Quando os privatizadores do bem público são pegos com a boca na botija questiona-se o uso de algemas e dilui-se acusadores e acusados. Apresentando-se como porta-voz da “índole do povo gaúcho”, a RBS oculta seus interesses políticos e empresariais, sonega informações, transforma o clima em um inimigo ardiloso, pisoteia a memória e a consciência histórica do Estado.

Uma última observação: o Rio Grande merece isso sim. Shakespeare colocou na boca de Hamlet: “se todos recebessem o que merecessem, ninguém escaparia do chicote”. O Rio Grande do Sul e a população do Estado, apontada miticamente como a “mais politizada” do país, têm o dever de responder por suas escolhas e omissões.