sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Nova Classe Média existe??

Desigualdade abissal e a falsa classe média
  Paulo Passarinho - Correio da Cidadania   
 
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura; mentira, repetida inúmeras vezes, se transforma em verdade; ou, hegemonia também se constrói através do discurso, especialmente pela sua própria repetição, foram algumas das sentenças que me vieram à cabeça quando li um recente artigo de Caetano Veloso. No texto, o artista, declarando-se eleitor de Marina Silva, escreveu que entre Serra e Dilma ficaria com a candidata lulista, "porque ela defende a independência do Banco Central".
 
Uma amiga me explicou que é natural que seja assim, pois, se assim não for, o Banco Central fica subordinado aos políticos, sempre muito corruptos ou irresponsáveis. Ponderei que a solução da "independência" significa colocar o Banco Central sob comando dos bancos privados, principais beneficiários do modelo e da política econômica. Além de serem os principais financiadores dos tais políticos que não prestam...
 
Acho que deixei a minha amiga com uma pulga atrás da orelha, mas atentei para a força que determinadas "verdades", exaustivamente repetidas pela mídia dominante, exerce sobre todos nós.
 
E me ocorreu um outro fenômeno, ora em curso: acho que ninguém mais atenta, se importa ou acredita que continuamos submetidos a um modelo econômico totalmente controlado pelo sistema financeiro, e nocivo ao povo e à nação brasileira.
 
A razão desse fenômeno se relaciona a algumas versões construídas durante esses quase oito anos de governo Lula.
 
Desenvolvimentismo e distribuição de renda passaram a ser as maiores características de um "novo modelo" que teria se implantado no país. Marcio Pochmann, atual presidente do IPEA, em artigo publicado no ‘O Globo’, chegou a escrever que "nos últimos anos o Brasil passou a acusar importantes sinais de transição para o modelo social-desenvolvimentista".
 
Desenvolvimentismo deve ser traduzido por taxas de crescimento da economia, que nos teria retirado da estagnação econômica, marca deixada por nossa história econômica, de 1980 para cá.
 
O exame, contudo, das taxas de crescimento do país entre os anos de 2003 e 2009 não nos permite aceitar tanto otimismo. Nesse período, de acordo com dados oficiais e estudos do professor Reinaldo Gonçalves, o país cresceu a uma média de 3,5%. Esse resultado, primeiramente, nos coloca ainda muito distantes da média histórica de crescimento do PIB brasileiro. Entre 1890 e 2009, a taxa média de crescimento real foi de 4,5%. Entre 1932 e 1980, essa taxa chega a 6,8%.
 
Não restam dúvidas de que houve mudanças no ritmo do crescimento econômico do país em relação ao governo anterior, de FHC, quando essa taxa média foi de apenas 2,3%. Mas o próprio Reinaldo Gonçalves nos pondera que, de 2003 a 2008, tivemos uma conjuntura internacional extremamente favorável. Nesse período, a renda mundial cresceu à taxa média real anual de 4,2% e o comércio mundial a uma taxa anual de 7,2%. Mesmo incluindo o ano de crise de 2009, essas taxas ficam respectivamente em 3,6% e 4,3%.
 
O resultado que alcançamos, assim, em termos da participação do Brasil na economia mundial, poderá surpreender a muitos: em 2002, tínhamos uma participação de 2,81% no PIB mundial, e agora, em 2009, representamos 2,79% da produção mundial.
 
Em termos mais diretos, esses dados nos mostram que, em comparação com os outros países, nós crescemos menos do que a maioria desses, não nos aproveitando a contento de uma conjuntura internacional extremamente favorável.
 
Mas e a distribuição de renda?
 
Esse é um outro assunto que merece maior atenção do que as manchetes de jornais nos sugerem.
 
Primeiramente, de acordo com os dados da PNAD, existe uma melhor distribuição de renda entre aqueles que vivem de rendimentos do trabalho – salários, diárias, renda de autônomos. A PNAD capta com mais precisão esse tipo de rendimento, não cobrindo de forma adequada rendimentos típicos dos capitalistas, especialmente juros e lucros. Entretanto, esse é um processo que vem sendo observado desde 1995 e se associa a vários fatores: forte redução dos índices inflacionários; reajustes reais do salário-mínimo; programas de transferência de renda e a extensão de direitos da seguridade social.
 
A evolução do salário mínimo real, a partir de 1995, nos dá uma clara idéia desse processo. De acordo com o Dieese, e tendo o salário mínimo de julho de 1940 como referência para um índice igual a 100, em 1995 tivemos o mais baixo valor da história, com o índice de 24,53. Em 2003, esse índice já havia se recuperado, chegando a 30,70 (elevação de 25,15%, em relação a 1995), e em 2008 alcançou a 42,75 (elevação de 39,25%, em relação a 2003). Desse modo, entre 1995 e 2008, o crescimento real do valor do salário-mínimo foi de 74,28%, continuando a sua trajetória de elevação real até hoje, em 2010.
 
Mas, além desse importante dado sobre o salário-mínimo, tivemos o crescimento do emprego formal. O governo tem se utilizado dos dados do Caged – Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho – para a divulgação de dados recordes de geração de empregos no país. Contudo, o que não se divulga com tanto estardalhaço é que os saldos positivos na geração de novos postos de trabalho no país ocorrem exclusivamente até a faixa salarial correspondente a dois salários-mínimos. A partir da faixa salarial entre dois e três, o saldo de vagas é negativo. Não há, portanto, saldo positivo na geração de empregos nas faixas salariais acima de dois salários.
 
Esse fenômeno pode nos ajudar a entender os dados de um estudo do IPEA que apontou que, entre 2002 e 2008, trabalhadores brasileiros mais qualificados (na verdade, com mais de 9 anos de estudo) tiveram, na média, queda nos seus rendimentos. Esse estudo aponta que, nas ocupações que exigem um nível de escolaridade acima de onze anos, por exemplo, houve uma redução no salário médio de mais de 12% neste período considerado.
 
Dessa forma, muito antes de festejarmos a criação de uma nova classe média ou a ascensão de milhões a uma nova classe social, o que devemos admitir é que temos reduzido de fato o número de miseráveis.
 
E, principalmente, em função da extensão de mecanismos de crédito aos mais pobres – com prazos de pagamento extremamente elásticos, além de taxas de juros que garantem altíssimas rentabilidades aos financiadores -, houve um aumento do consumo de bens duráveis para uma imensa parcela da população.
 
Neste contexto, mecanismos como o crédito consignado ou a ampliação da oferta dos serviços de cartão de crédito estimularam esse tipo de consumo, através principalmente do aumento do nível de endividamento das famílias.
 
Confundir esse processo em curso com o fortalecimento da classe média me parece uma grosseira simplificação. O propalado crescimento da chamada "classe C" – para estudos veiculados pela FGV-RJ, e com ampla repercussão na imprensa (para muitos, golpista), brasileiros com uma renda familiar de R$ 1.200,00 já estariam classificados nessa categoria! – deveria ser analisado com mais critério e cuidado.
 
E, antes de chegarmos a conclusões rápidas ou superficiais sobre um processo de real melhoria da distribuição de rendas – incluindo os capitalistas, é claro – no Brasil, é importante assinalar que mantemos uma das estruturas tributárias das mais regressivas do mundo. E, ao mesmo tempo, a política fiscal praticada pelo governo – onde no ano passado, por exemplo, mais de 35% do Orçamento Geral da União se destinaram ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública – privilegia, de forma escancarada, aos mais ricos.
 
Por tudo isso, prefiro ficar com as palavras de Jessé Souza, coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora e autor do livro ‘A Ralé Brasileira’. Em recente entrevista, ele afirmou: "Esses índices mostram apenas que a pobreza absoluta diminuiu. Mas a desigualdade é um conceito relacional".
 
O Brasil é uma das sociedades complexas mais desiguais do planeta. Entre 30% e 40% de sua população tem inserção precária no mercado e na esfera pública. Somos uma sociedade altamente conservadora, que aceita conviver com parcela significativa da população vivendo como "subgente". Essa classe social, que chamamos provocativamente de "ralé", é a mão de obra barata para as classes média e alta que podem - contando com o exército de empregadas, motoboys, porteiros, carregadores, babás e prostitutas - se dedicar às ocupações rentáveis e com alto retorno em prestígio.
 
É isso que chamo de "desigualdade abissal" como nosso problema central. Desigualdade abissal que, sem uma profunda alteração do modelo econômico em curso, com uma total alteração da política econômica dos banqueiros, não será alterada.
 
Paulo Passarinho é economista e membro do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

La valse a Margaux - Richard Galliano

Assassinatos em Gaza, por Eduardo Galeano...

Transcrevo abaixo o texto de uma dos mais sensíveis escritores latinoamericanos, o uruguaio Eduardo Galeano, intitulado Operação Chumbo Impune: do sitio Tijolaco, de Brizola Neto
 
Para se justificar, o terrorismo do Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Sequer tem o direito de escolher seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são punidos. Gaza está sendo punida. Converteu-se em uma ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou de forma justa as eleições no ano de 2006. Algo semelhante ocorreu em 1932, quando o Partido Comunista ganhou as eleições em El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e desde então viveram submetidos às ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência, os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com pouca pontaria sobre as terras que eram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à beira da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficiente guerra de extermínio vem negando, há anos, o direito à existência da Palestina.

Pouca Palestina resta. Passo a passo, Israel a está exterminando do mapa.

Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão consertando a fronteira. As balas consagram os restos mortais, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que esta invadisse à Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que este invadisse o mundo. Em cada uma das suas guerras defensivas, Israel engoliu outro pedaço da Palestina e, os almoços seguem. A comilança se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico gerado pelos palestinos na espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, e que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que zomba do direito internacional, e é também o único país que legalizou a tortura dos prisioneiros.

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não poderia bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico poderia devastar a Irlanda para liquidar ao IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou esse sinal verde provêm da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional dos seus servos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são crianças. E somam-se os milhares de mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humando, que a indústria militar está testando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. A cada cem palestinos mortos, há um israelense.

Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos chamam a acreditar que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos chamam a crer que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que devastou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada comunidade internacional, existe?

É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os EUA se auto denominam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial aparece mais uma vez. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações bombásticas, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam suas mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama uma que outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século atrás essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, anti semitas.

Eles estão pagando, com sangue, uma conta alheia

Informe da CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação.

Comissão aprova projeto que torna obrigatória exibição de filmes nacionais nas escolas


A exibição de filmes e audiovisuais de produção nacional deve ser obrigatória nas escolas de ensino básico por, no mínimo, duas horas mensais. É o que prevê projeto de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), nesta terça-feira (26). A matéria foi aprovada pela comissão em decisão terminativa e ainda depende de exame da Câmara dos Deputados, antes de ser sancionada a lei.
A exibição de filmes brasileiros deve ser componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, estabelece a proposta (PLS 185/08). Na justificação do projeto, Cristovam Buarque argumentou que a ausência de arte na escola reduz a formação dos alunos e impede que sejam usuários de bens e serviços culturais na vida adulta. Para o autor, os jovens ficam privados de um dos objetivos fundamentais da educação, que, em sua avaliação, é "o deslumbramento com as coisas belas".
Ao explicar a escolha pela exibição de filmes, entre diferentes alternativas de manifestações artísticas, Cristovam afirmou que "o cinema é a arte que mais facilidade apresenta para ser levada aos alunos nas escolas". Além disso, disse que o país precisa ampliar a indústria cinematográfica, que hoje depende de financiamento público devido à baixa freqüência às salas de cinema.
O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) disse estar preocupado com os impactos financeiros da proposta e chegou a pedir adiamento da votação da proposta, do que desistiu. Ele observou que a obrigatoriedade poderia onerar o Poder Público, uma vez que o governo terá de adquirir os filmes que, muitas vezes, já são financiados com recursos públicos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - a chamada Lei Rouanet (Lei 8.313/91). Para resolver a questão, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) sugeriu a apresentação de projeto de lei para prever a doação, por parte da produtora, de filmes produzidos com incentivo da Lei Rouanet às escolas da educação básica.
Na opinião da relatora da matéria na CE, senador Rosalba Ciarlini (DEM-RN), a medida contribuirá para tornar a escola mais atrativa. Ela ressaltou que, apesar de as exibições terem de priorizar os filmes nacionais de caráter educativo, os estrangeiros também educativos poderão ser exibidos. (Agência Senado)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Vade retro capitalismo....

Declaração de ódio ao capitalismo [poema panfletário]

 

Por Tânia Marques

Por todas as crianças desnutridas
Por todas as infâncias desperdiçadas
Por todos os que se afogam no álcool
Por todas as famílias infelizes e
desestruturadas economicamente
Por todo o trabalho infantil que há no mundo
Por toda a pobreza reinante
neste país de fachada chamado Brasil
Por todas as aberrações consumistas
Por toda a burguesia podre e fétida
Por todas as explorações e discriminações
Por toda a ganância desumana e cruel
Por toda a fome que há no mundo
Por toda a corrupção e corporativismo imbecil
Por todos os veículos que poluem o ar
Por toda a matança irracional e predatória de animais
Por toda a agressão ao planeta Terra
Por todas as pessoas que comem na lata lixo
Por toda a estupidez que aleija o homem
em troca de um pseudopoder opulento
Por toda a tirania que há no mundo
Por todas as guerras e disputas de territórios
Por todos os que se beneficiam do ‘jeitinho’ brasileiro
Por todos os que querem levar vantagem em tudo
Por toda a falta de amor que há no mundo
Por todos os que morreram em assaltos ou de bala perdida
deixando famílias, filhos e pais órfãos
Por todos os que lucram
Com o corpo e com a alma do ser humano
Por toda a estética fascista
Por todos os que escravizam seu irmão
Por toda a droga que há no mundo
Por todos os analfabetos políticos,
funcionais ou de letramento
Por todos os moradores de rua
Por toda a manipulação que há no mundo
Por toda a ausência de ética
Eu declaro o meu ódio irrevogável
ao capitalismo
que
mata
domestica
engana
policia
marginaliza
e torna a vida 
uma grande mercadoria barata!



Tânia Marques
Fonte da imagem:
http://economiaparapoetas.wordpress.com/2009/02/15/a-simbologia-do-dolar/

O império e as drogas: artigo de Fidel ajuda a desmascarar Serra



Novo artigo do líder da revolução cubana, Fidel Castro, contribui para descontruir o discurso absurdo do pré-candidato à presidência do Brasil, José Serra (PSDB), que tenta culpar o governo do boliviano Evo Morales pelo tráfico de drogas para o Brasil. No texto, Fidel fala sobre a história do problema das drogas e sua relação com a dominação colonial, que remonta ao narcotráfico de ópio do século 19, com o domínio inglês na Ásia.

A contextualização talvez ajude Serra a entender de onde vem o problema das drogas - bem anterior ao ano de 2006, que foi quando o líder indígena, Evo Morales, assumiu o comando da Bolívia - e de quem cobrar uma solução. Fidel inclusive ressalta os esforços das américas Central e do Sul para coibir o cultivo da folha de coca destinada à produção de cocaína. Leia abaixo a íntegra do artigo:


O império e a droga
Por Fidel Castro

Quando eu fui preso no México pela Polícia Federal de Segurança, que por puro azar suspeitou de alguns movimentos nossos, apesar de nosso o máximo cuidado para evitar o golpe da mão assassina de (Fulgêncio) Batista – como fez Machado (Gerardo, ditador cubano nos anos 20), no México, quando, em 10 de janeiro de 1929, os seus agentes assassinaram Julio Antonio Mella, na capital daquele país - eles pensavam que nós éramos de um grupo de contrabandistas que operava ilegalmente na fronteira desse país pobre, em seus intercâmbios comerciais com a poderosa potência vizinha, rica e industrializada.

Praticamente não existia no México o problema da droga, que surgiu mais tarde de forma assusradora, com sua enorme carga de danos, não só nesse país mas também no resto do continente.

Os países da América Central e América do Sul investiram energias incalculáveis na luta contra a invasão do cultivo de folha de coca destinada à produção de cocaína, uma substância obtida através de componentes químicos muito agressivos e que é tão prejudicial à saúde e à mente humana.

Os governos revolucionários, como os da República Bolivariana da Venezuela e da Bolívia fazem um esforço especial para frear o seu avanço, como o fez oportunamente Cuba.

Evo Morales já há muito tempo proclamou o direito de seu povo de consumir chá de coca, uma excelente infusão da milenar cultura tradicional dos índios Aymara e Quechua. Proibí-la seria como dizer a um inglês que não consuma chá, um hábito saudável importado pelo Reino Unido da Ásia, conquistada e colonizado pelos ingleses durante centenas de anos.

“Coca não é cocaína” foi o slogan de Evo.

É curioso que o ópio - uma substância que é extraída da papoula, bem como a morfina-, fruto da conquista e do colonização estrangeira em países como Afeganistão, e que é extremamente prejudicial quando diretamente consumido, foi utilizado pelos colonizadores ingleses como moeda de troca que outro país de cultura milenar como a China deveria aceitar à força como forma de pagamento pelos sofisticados produtos que a Europa recebia da China e até então pagava com moedas de prata.
Frequentemente é citado como um exemplo daquela injustiça nas primeiras décadas do século XIX que “um trabalhador chinês que se tornava viciado gastava dois terços do seu salário em ópio e deixava sua família na miséria.”

Em 1839, o ópio já estava disponível para os trabalhadores e camponeses chineses. A Rainha Victoria, do Reino Unido, impôs nesse mesmo ano a Primeira Guerra do Ópio.

Comerciantes ingleses norte-americanos, com forte apoio da coroa inglesa, viram a possibilidade de grandes negócios e lucros. Por esse tempo, muitas das grandes fortunas americanas foram baseadas naquele narcotráfico.

Temos de pedir à grande potência, apoiada por quase mil bases militares e sete frotas comandadas por porta-aviões nucleares e por milhares de aviões de combate – com os quais tiraniza o mundo - que nos explique como é que vai resolver o problema das drogas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Para quem gosta dos beatles...

The Beatles songs (A-Z)

The Beatles
The Beatles songs on Youtube:
A Day in the Life
A Hard Day’s Night
A Taste of Honey
Across The Universe
Act Naturally
All I’ve got to Do
All My Loving
All Together Now
All You Need Is Love
And I Love Her
And Your Bird Can Sing
Anna (Go To Him)
Another Girl
Any Time At All
Ask Me Why
Baby It’s You
Baby You’re A Rich Man
Baby’s in Black
Back In The USSR
Bad Boy
Because
Being for the Benefit of Mr. Kite!
Birthday
Blackbird
Blue Jay Way
Boys
Can’t Buy Me Love
Carry That Weight
Chains
Come Together
Cry Baby Cry
Day Tripper
Dear Prudence
Devil In Her Heart
Dig A Pony
Dig It
Dizzy Miss Lizzie
Do You Want to Know a Secret
Doctor Robert
Don’t Bother Me
Don’t Let Me Down
Don’t Pass Me By
Drive My Car
Eight Days a Week
Eleanor Rigby
Every Little Thing
Everybody’s Got Something to Hide Except For Me and My Monkey
Everybody’s Trying to be My Baby
Fixing a Hole
Flying
For No One
For You Blue
Free As A Bird
From Me To You
Get Back
Getting Better
Girl
Glass Onion
Golden Slumbers
Good Day Sunshine
Good Morning, Good Morning
Good Night
Got To Get You Into My Life
Happiness is a Warm Gun
Hello, Goodbye
Help
Helter Skelter
Her Majesty
Here Comes The Sun
Here, There And Everywhere
Hey Bulldog
Hey Jude
Hold Me Tight
Honey Don’t
Honey Pie
I Am the Walrus
I Call Your Name
I Don’t Want to Spoil the Party
I Feel Fine
I Me Mine
I Need You
I Saw Her Standing There
I Should Have Known Better
I Wanna Be Your Man
I Want To Hold Your Hand
I Want To Tell You
I Want You
I Will
I’ll Be Back
I’ll Cry Instead
I’ll Follow the Sun
I’ll Get You
I’m a Loser
I’m Down
I’m Happy Just to Dance with You
I’m Looking Through You
I’m Only Sleeping
I’m so tired
I’ve Got A Feeling
I’ve Just Seen a Face
If I Fell
If I Needed Someone
In My Life
It Won’t Be Long
It’s All Too Much
It’s Only Love
Julia
Kansas City/Hey, Hey, Hey
Komm Gib Mir Deine Hand
Lady Madonna
Let it Be
Little Child
Long Tall Sally
Long, Long, Long
Love Me Do
Love You To
Lovely Rita
Lucy in the Sky with Diamonds
Maggie Mae
Magical Mystery Tour
Martha My Dear
Matchbox
Maxwell’s Silver Hammer
Mean Mr. Mustard
Michelle
Misery
Money (That’s What I Want)
Mother Nature’s Son
Mr. Moonlight
No Reply
Norwegian Wood
Not a Second Time
Nowhere Man
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Octopus’s Garden
Oh! Darling
Old Brown Shoe
One After 909
Only A Northern Song
P.S. I Love You
Paperback Writer
Penny Lane
Piggies
Please Mister Postman
Please Please Me
Polythene Pam
Rain
Real Love
Revolution 1
Revolution 9
Rock and Roll Music
Rocky Raccoon
Roll Over Beethoven
Run For Your Life
Savoy Truffle
Sexy Sadie
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)
She Came In Through The Bathroom Window
She Loves You
She Said, She Said
She’s A Woman
She’s Leaving Home
Sie Liebt Dich
Slow Down
Something
Strawberry Fields Forever
Sun King
Taxman
Tell Me What You See
Tell Me Why
Thank You Girl
The Ballad of John And Yoko
The Continuing Story of Bungalow Bill
The End
The Fool On The Hill
The Inner Light
The Long And Winding Road
The Night Before
The Word
There’s A Place
Things We Said Today
Think For Yourself
This Boy
Ticket to Ride
Till There was You
Tomorrow Never Knows
Twist and Shout
Two of Us
Wait
We Can Work It Out
What Goes On
What You’re Doing
When I Get Home
When I’m Sixty-Four
While My Guitar Gently Weeps
Why don’t we do it in the road
Wild Honey Pie
With a Little Help From My Friends
Within You Without You
Words of Love
Yellow Submarine
Yer Blues
Yes It Is
Yesterday
You Can’t Do That
You Know My Name
You Like Me Too Much
You Never Give Me Your Money
You Really Got a Hold on Me
You Won’t See Me
You’re Going to Lose That Girl
You’ve Got to Hide Your Love Away
Your Mother Should Know

Bloqueio à Faixa de Gaza...(o holocausto palestino)

Entenda como funciona o bloqueio à Faixa de Gaza


Caminhão da ONU entra em Gaza pelo posto de Kerem Shalon: controle

A Faixa de Gaza vive sob bloqueio imposto por Israel desde que o grupo extremista islâmico Hamas assumiu o controle da região, em junho de 2007.
Israel quer enfraquecer o Hamas, pôr fim a seus ataques com foguetes contra cidades israelenses e resgatar o soldado Gilad Shalit. Mas muitas agências de ajuda humanitária dizem que a política serve apenas para punir civis.
A Anistia Internacional chamou o bloqueio de "punição coletiva" que resulta em uma "crise humanitária"; funcionários da ONU descreveram a situação como "preocupante" e como "sítio medieval", mas Israel diz que não há desabastecimento em Gaza, justificando que permite, sim, a entrada de ajuda no território.
O que entra e sai de Gaza, e que impacto isso tem?
O que entra
Na maior parte dos três anos desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, os 1,5 milhão de pessoas da região contam com menos de um quarto do volume de importações que recebiam em dezembro de 2005. Em algumas semanas, muito menos do que isso chega à região, apesar de as importações em 2010 terem atingido entre 40% e 45% dos níveis pré-bloqueio.
Na esteira da chegada do Hamas ao poder, Israel afirmou que permitiria apenas a entrada de suprimentos humanitários na Faixa de Gaza. O país tem uma lista de itens que poderiam ser usados para fabricar armas, como canos de metal e fertilizantes.
Esses itens não podem entrar, à exceção de em "casos especiais humanitários". Não foi publicada, entretanto, qualquer lista do que pode ou não pode entrar em Gaza, e os itens variam de tempos em tempos.
A lista da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos, a UNRWA, tem itens de uso doméstico que tiveram entrada proibida várias vezes, como lâmpadas, velas, fósforos, livros, instrumentos musicais, giz de cera, roupas, sapatos, colchões, lençóis, cobertores, massa para cozinhar, chá, café, chocolate, nozes, xampu e condicionador.
Muitos outros artigos - que vão de carros e frigideiras a computadores - quase sempre têm entrada recusada.
Materiais de construção como cimento, concreto e madeira tiveram entrada quase sempre proibida até o começo de 2010, quando uma pequena quantidade de vidro, madeira e alumínio foi autorizada.
Durante os seis meses de trégua entre Israel e Hamas que começaram em junho de 2008, e no começo de 2010, o volume e a gama de bens que entram em Gaza aumentou um pouco, com a chegada de caminhões de sapatos e roupas.
Israel diz que o Hamas desviou ajuda no passado, e que poderia se apropriar de materiais de construção para seu próprio uso. Agências de ajuda respondem afirmando que têm sistemas de monitoramento rígidos em vigor.
Alimentos
AP
Palestinos recebem ajuda humanitária de agência da ONU
Agências de ajuda humanitária que operam em Gaza dizem que conseguem, em grande parte, transportar suprimentos básicos como farinha e óleo de cozinha para o território.
Mas a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), diz que 61% dos moradores de Gaza vivem em uma situação de "insegurança alimentar".
Metade dos 1,5 milhão de moradores de Gaza depende da UNRWA e de seus suprimentos de comida.
A distribuição de comida pela UNRWA foi suspensa várias vezes desde junho de 2007, como resultado do fechamento das fronteiras ou de racionamento de comida.
Israel costuma dizer que as fronteiras são fechadas por motivo de segurança, usando como exemplo ocasiões em que palestinos atacaram os postos fronteiriços ou lançaram foguetes contra Israel.
Os pacotes de ajuda da UNRWA respondem por cerca de dois terços das necessidades alimentares dos palestinos em Gaza, e precisam ser complementadas por laticínios, carne, peixe, frutas frescas e legumes.
Alguns desses itens são cultivados localmente, outros têm entrada permitida, vindos de Israel, e outros são contrabandeados por túneis na fronteira de Gaza com o Egito.
Mas com o desemprego em 40%, segundo estima a ONU, alguns moradores de Gaza não podem comprar o básico, mesmo se eles estiverem disponíveis.
A UNRWA afirma que o número de moradores de Gaza incapazes de comprar itens como sabão e água potável triplicou desde 2007.
Uma pesquisa realizada pela ONU em 2008 revelou que mais da metade dos domicílios de Gaza vendeu o que tinha e depende de crédito para comprar comida.
Três quartos dos habitantes da região compram menos comida do que no passado, e quase todos estão comendo menos frutas, legumes e verduras frescos e proteínas, para economizar.
A operação militar de Israel em dezembro e janeiro de 2009 prejudicou significativamente a transferência de alimentos e sua distribuição, além de ter causado prejuízos à agricultura que a FAO estima estar na ordem dos US$ 180 milhões.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço das crianças com menos de 5 anos e de mulheres em idade fértil em Gaza estão anêmicos.
Combustível e energia

Combustível entra em Gaza: cortes prejudicam hospitais e fábricas
Em setembro de 2007, o governo de Israel declarou a Faixa de Gaza uma "entidade hostil", em resposta a ataques contínuos com foguetes contra o sul de Israel, e disse que começaria a cortar o nível de combustível importado pela região.
Falta de gasolina e diesel causaram grandes problemas. Carroças puxadas por burros são uma visão comum em Gaza. O combustível para carros entra por túneis, através do Egito.
De acordo com informação compilada pela Ong Oxfan, não entrou qualquer quantidade de gasolina ou diesel para veículos vindo de Israel desde de novembro de 2008 - à exceção de combustível usado por carros da ONU e de outros cinco outros carregamentos por navio, em três anos.
A quantidade de gás de cozinha com entrada autorizada geralmente varia entre um terço e metade da necessidade, segundo a Oxfam.
Eletricidade
O fornecimento de eletricidade a Gaza é composto por 144 Megawatts vindos de Israel, 17 Megawatts do Egito e o restante de uma usina controlada pela União Européia em Gaza, que pode gerar até 80 Megawatts.
O combustível para a usina é geralmente levado através do posto fronteiriço de Nahal Oz. A usina fechou por completo várias vezes por falta de combustível, porque o posto estava fechado. A usina ficou sem energia durante a maior parte da operação de Israel em janeiro de 2009, deixando dois terços dos moradores de Gaza sem energia, no pico da crise.
Desde o começo de 2008, a usina recebeu combustível suficiente para operar com apenas dois terços da sua capacidade - obedecendo a uma determinação da Suprema Corte de Israel, que estabelece a entrada de uma quantidade mínima de combustível em Gaza.
Números monitorados por agências internacionais mostram que a chegada de combustível caiu para seus níveis mínimos várias vezes na primeira metade de 2008.
No fim de 2009, a responsabilidade por custear o combustível foi transferida da União Européia para a Autoridade Nacional Palestina, baseada em Ramallah, na Cisjordânia. Em abril e maio de 2010, o fornecimento de combustível oscilou, e a usina conseguiu operar entre 20% e 50% de sua capacidade.
Os cortes de energia continuam frequentes. Uma pesquisa da Oxfam de abril de 2010 mostrou que havia casas em Gaza sem energia por 35 ou 60 horas por semana.
Esgoto e água

Menina enche galão de água no prédio da UNRWA no campo de Khan Yunis
O bloqueio teve um enorme impacto na rede de esgoto e de abastecimento de água. A falta de componentes torna difícil a reforma da rede. O fornecimento de energia intermitente fez com que bombas elétricas precisassem de geradores, que, por sua vez, não tinham peças reserva.
A OMS diz que a Operação Chumbo Fundido piorou o que já era uma situação crítica. Antes da operação, segundo a organização, os moradores de Gaza tinham menos de metade da água que necessitam de acordo com padrões internacionais. Além disso, 80% da água que chegava ao território não tinha qualidade compatível com os padrões da OMS.
No auge dos combates em janeiro, metade da população de Gaza não tinha acesso a àgua encanada.
O organismo responsável pelo tratamento de esgoto em Gaza estima que ao menos 50 milhões de litros de esgoto mal ou não tratado seja despejado no mar diariamente.
Parte do esgoto de Gaza é armazenado em lagoas. Uma delas tranbordou em 2007, causando ao menos cinco mortes.
Negócios
De maneira geral, a ONU diz que o bloqueio causou "danos irreparáveis" à economia de Gaza. O desemprego aumentou de 30% em 2007 para 40% em 2008, de acordo com o Banco Mundial. A ONU afirma que se a ajuda fosse descontada, 80% dos moradores de Gaza viveriam na pobreza.
O bloqueio devastou o setor privado. Antes de 2007, cerca de 750 caminhões de móveis, produtos alimentícios, têxteis e agrícolas deixavam Gaza a cada mês, no valor de meio milhão de dólares por dia.
Sob o embargo, as únicas exportações permitidas foram as contidas em poucos camihões de morangos e flores - apesar de a situação ter melhorado levemente no começo de 2010, com a saída de 118 camihões entre dezembro de 2009 e abril de 2010.
Até a produção para necessidades locais foi praticamente paralisada, porque matérias primas raramente conseguem entrar. De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Gisha, pequenos conteineres de margarina têm entrada permitida para consumo doméstico. Baldes de manteiga, entretanto, não podem entrar - esses poderiam ser usados para manufatura industrial de alimentos.
Algumas empresas retomaram suas atividades usando produtos contrabandeados através dos túneis.
Antes do bloqueio, 3.900 empresas operavam, empregando 35 mil pessoas - em junho de 2008, apenas 90 funcionavem, empregando apenas 860, de acordo com o Centro de Comércio Palestino. A situação melhorou ligeiramente durante a trégua.
Os negócios de Gaza sofreram prejuízo estimado em US$ 140 milhões durante as operações militares de dezembro e janeiro, de acordo com o Conselho Coordenador do Setor Privado Palestino.
Agricultura
A agricultura também é um empregador importante, mas com as exportações em praticamente zero, milhares de toneladas de flores, frutas, legumes e verduras foram destruídos ou vendidos com prejuízo em mercados locais.
Outras áreas da indústria alimentícia também foram afetadas - por exemplo, o aumento dos custos de produção para pescadores aumentou o preço das sardinhas, e um avicultor teve que matar 165 mil pintos, porque não tinha combustível para as incubadoras que os manteriam vivos.
A FAO afirma que árvores, campos, gado e estufas - no valor de US$ 180 milhões - foram destruídas na Operação Chumbo Fundido. A Autoridade Nacional Palestina estima que 15% das terras para cultivo na região tenham sido destruídas.
A FAO afirma ainda que as fronteiras fechadas são um enorme obstáculo para a reconstrução, com a falta de fertilizante, gado, sementes e equipamento agrícola.
Israel diz que em 2010 permitiu a entrada em Gaza de sementes de batata, ovos para reprodução, abelhas e fertilizantes que não poderiam ser usados em bombas.

Trabalhador em prédio em construção em Gaza: setor duramente afetado
Construção
Restrições a material de construção, em particular cimento, e componentes para máquinas, tiveram enorme impacto sobre projetos que vão de tratamento de água à abertura de sepulturas. A reconstrução de prédios e infraestrutura destruida nas operações de Israel de 2009 se tornou praticamente impossível.
A ONU diz que as restrições ao cimento tornaram impossível a reconstrução de 12 mil casas palestinas danificadas ou destruídas durante as operações israelenses.
A organização diz que não pôde construir escolas para abrigar 15 mil novos alunos - necessárias porque a população aumentou desde que o bloqueio começou.
Mesmo antes da operação Chumbo Fundido, todas as fábricas de material de construção tinham fechado (13 que fabricavam azulejos, 30 de concreto, 145 de corte de mármore e 250 de tijolos), e a construção de estradas, de redes de abastecimento de água e saneamento, de instalações médicas e casas foi paralisada.
Durante a trégua, alguns caminhões de cimento começaram a entrar em Gaza, mas o volume estava muito abaixo do necessário - e o fluxo parou, assim que a trégua ruiu.
Em março de 2010, Israel aprovou a entrada de material de construção para alguns projetos da ONU que estavam paralisados, mas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que aquela era "uma gota em um balde" em comparação às necessidades.
Saúde
A OMS diz que o bloqueio levou a uma "piora das condições de saúde da população" e "à degeneração acelerada" do sistema de saúde.
Israel geralmente permite a entrada de remédios em Gaza. A OMS afirma que a falta de remédios é um problema, com 15% ou 30% dos medicamentos essenciais em falta ao longo de 2009.
O sistema de saúde também luta para obter componentes para suas máquinas e também com a falta de combustível para geradores.
Antes da operação Chumbo Derretido, Gaza tinha apenas 133 leitos hospitalares por 100 mil pessoas, comparados com 583 em Israel, e perdeu parte de sua capacidade durante os combates.
Seis hospitais sofreram danos, incluindo um prédio novo que foi totalmente destruído, e outro que perdeu dois andares inteiros. Gaza simplesmente não está equipada para tratar casos graves de saúde.
De acordo com dados israelenses, 10.554 pacientes e seus acompanhantes deixaram Gaza para obter tratamento médico em Israel desde 2009.
Mas a OMS afirma que em dezembro de 2009, foi negada ou atrasada permissão para entrada de 21% dos pacientes, e 27 morreram durante o ano, à espera de autorizações de Israel.
A fronteira de Rafah com o Egito está fechada desde junho de 2007, apesar de alguns casos médicos considerados especiais poderem cruzar o local.
Israel diz que é necessário uma inspeção cuidadosa, alegando que três pessoas com autorização médica para deixar o território planejavam, na verdade, atacar o país.
O governo israelense diz ainda que se ofereceu para facilitar a passagem de Israel para a Jordânia para palestinos que tiveram sua autorização recusada por motivos de segurança.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Genocidio em Gaza continua...

 ‘Por que vou para Gaza’
Escrito por Iara Lee   - Correio da Cidadania
 
Em alguns dias eu serei a única brasileira a embarcar num navio que integra a Gaza Freedom Flotilla. A recente decisão do governo israelense de impedir a entrada do acadêmico internacionalmente reconhecido Noam Chomsky nos Territórios Ocupados da Palestina sugere que também seremos barrados. Não obstante, partiremos com a intenção de entregar comida, água, suprimentos médicos e materiais de construção às comunidades de Gaza.
 
Normalmente eu consideraria uma missão de boa vontade como esta completamente inócua. Mas agora estamos diante de uma crise que afeta os cidadãos palestinos criada pela política internacional. É resultado da atitude de Israel de cercar Gaza em pleno desafio à lei internacional. Embora o presidente Lula tenha tomado algumas medidas para promover a paz no Oriente Médio, mais ação civil é necessária para sensibilizar as pessoas sobre o grave abuso de direitos humanos em Gaza.
 
O cerco à Faixa de Gaza pelo governo israelense tem origem em 2005, e vem sendo rigorosamente mantido desde a ofensiva militar de 2008-09, que deixou mais de 1.400 mortos e 14.000 lares destruídos. Israel argumenta que suas ações militares intensificadas ocorreram em resposta ao disparo de foguetes ordenado pelo governo do Hamas, cuja legitimidade não reconhece. Porém, segundo organizações internacionais de direitos humanos como a Human Rights Watch, a reação militar israelense tem sido extremamente desproporcional.
 
O cerco não visa militantes palestinos, mas infringe as normas internacionais ao condenar todos pelas ações de alguns. Uma reportagem publicada por Anistia Internacional, Oxfam, Save the Children e CARE relatou que "a crise humanitária (em Gaza) é resultado direto da contínua punição de homens, mulheres e crianças inocentes e é ilegal sob a lei internacional".
 
Como resultado do cerco, civis em Gaza, inclusive crianças e outros inocentes que se encontram no meio do conflito, não têm água limpa para beber, já que as autoridades não podem consertar usinas de tratamento destruídas pelos israelenses. Ataques aéreos que danaram infra-estruturas civis básicas, junto com a redução da importação, deixaram a população de Gaza sem comida e remédios de que precisam para uma sobrevivência saudável.
 
Nós que enfrentamos esta viagem estamos, é claro, preocupados com nossa segurança também. Anteriormente, alguns barcos que tentaram trazer abastecimentos a Gaza foram violentamente assediados pelas forças israelenses. No dia 30 de dezembro de 2008, o navio ‘Dignity’ carregava cirurgiões voluntários e três toneladas de suprimentos médicos quando foi atacado sem aviso prévio por um navio israelense, que o alvejou três vezes a aproximadamente 90 milhas da costa de Gaza. Passageiros e tripulantes ficaram aterrorizados, enquanto seu navio fazia água e tropas israelenses ameaçavam com novos disparos.
 
Todavia eu me envolvo porque creio que ações resolutamente não violentas, que chamam a atenção ao bloqueio, são indispensáveis para esclarecer o público sobre o que está de fato ocorrendo. Simplesmente não há justificativa para impedir que cargas de ajuda humanitária alcancem um povo em crise.
 
Com a partida dos nossos navios, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy mandou uma carta de apoio aos palestinos para o governo de Israel. "Eu me considero um amigo de Israel e simpatizante do povo judeu" escreveu, acrescentando, "mas por este meio, e também no Senado, expresso minha simpatia a este movimento completamente pacífico… Os oito navios do Free Gaza Movement (Movimento Gaza Livre) levarão comida, roupas, materiais de construção e a solidariedade de povos de várias nações, para que os palestinos possam reconstruir suas casas e criar um futuro novo, justo e unido".
 
Seguindo este exemplo, funcionários públicos e outros civis devem exigir que sejam abertos canais humanitários a Gaza, que as pessoas recebam comida e suprimentos médicos, e que Israel faça um maior esforço para proteger inocentes. Enquanto eu estou motivada a ponto de me integrar à viagem humanitária, reconheço que muitos não têm condições de fazer o mesmo. Felizmente, é possível colaborar sem ter que embarcar em um navio. Nós todos simplesmente temos de aumentar nossas vozes em protesto contra esta vergonhosa violação dos direitos humanos.
 
Iara Lee é cineasta brasileira de origem coreana e está na flotilha humanitária que levava suprimentos à Faixa de Gaza quando foi atacada pelo exército israelense em águas internacionais, o que causou a morte de onze voluntários turcos.