sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Um pouco de poesia...erótica

Língua...
(Andrea Lucia)

Adoro sua língua safada,
assanhada e afiada
a me devorar e me adorar.
Língua que envolve meus dedos,
que me usa feito brinquedo,
que lambe meus pés delicadamente,
que molha minhas pernas sabidamente,
que me explora sem medo.
Língua que é curiosa,
é suave e saliente,
é serpente e sedosa.
Língua que vai subindo alucinada
frenética e ritmada,
rumo ao meu sexo ardente,
rumo à gruta molhada.
Língua que saboreia
cada passo desse caminho
explorando cada recôndito,
degustando cada cantinho.
Língua que me percorre com carinho
com avidez, com rapidez
deixando-me em desalinho.
Língua que me penetra com paixão
que não tem limitação
que me mata de tesão
que é pura emoção!
Língua que me xinga,
língua que me lambe
que me marca e me consome.
Língua que não é minha,
língua que é sua
mas, que já faz parte de mim.
Língua que me ama sem fim.
Língua que pertence a nós dois,
que participa do sexo
antes, durante e depois.
Língua única que me leva à lua...
língua única a me reconhecer nua!!

Chávez nega que Venezuela se tornará uma ditadura



O presidente venezuelano Hugo Chávez promulgou nesta quinta-feira (1º/2) a lei que lhe concede poderes especiais para legislar por decreto durante 18 meses, e negou que com a medida esteja encaminhando o país em direção a uma ditadura, como afirmam setores da oposição e a mídia mundial.



Em entrevista coletiva no Palácio de Miraflores, sede do governo, Chávez argumentou que a Constituição Bolivariana de 1999 prevê a possibilidade de outorgar poderes especiais ao presidente e também a ativação de referendos para que a população anule as leis que considere inconvenientes.


A Assembléia Nacional (AN), de 167 membros, outorgou na segunda-feira os poderes especiais a Chávez através de uma "lei habilitante", que o faculta para decretar leis em 11 âmbitos, entre eles o energético, motor do país.


Poder popular e referendo
O presidente, durante a entrevista, rejeitou a acusação de que vai utilizar os poderes especiais para encaminhar o país em direção a uma ditadura, e ressaltou que a Constituição prevê em seu artigo 74 que o povo mediante referendo pode anular leis.


Nesse sentido, Chávez lembrou que bastam as assinaturas de 5% dos inscritos no registro eleitoral para solicitar ao Poder Eleitoral um referendo sobre algumas das leis que decretará.


Hugo Chávez afirmou, em várias ocasiões, que tanto os poderes especiais como a reforma integral à Constituição que promove são mecanismos que requer para acelerar a instauração do socialismo na Venezuela.


O líder reiterou que nacionalizará a principal empresa de telefonia venezuelana, a Companhia Anônima Nacional Telefones da Venezuela (CANTV), e a mais importante empresa elétrica, a Eletricidade de Caracas, e disse que para isso deve ainda se fixar uma "lei especial" e uma reforma à norma vigente desses setores que, presumivelmente, ditará por decreto.


A CANTV e a Eletricidade de Caracas têm como principais acionistas as norte-americanas Verizon e AES, respectivamente.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

As trapalhadas de Bush


Frei Betto



Joseph Stiglitz ganhou o Prêmio Nobel de Economia e foi economista-chefe do Banco Mundial. Linda Bilmes ensina finanças públicas em Harvard. Juntas, as duas cabeças calculam que Bush já gastou US$ 2,2 trilhões na guerra do Iraque. O orçamento real é 22 vezes maior que o oficialmente declarado. Isso é mais de duas vezes o PIB do Brasil, orçado hoje em R$ 1,9 trilhão.

Bush demitiu, em 2003, seu mais alto assessor econômico, Larry Lindsey, por ter ousado sugerir que o custo da guerra podia chegar a US$ 200 bilhões. A Casa Branca irritou-se na época e se desdobrou no Congresso para acalmar os parlamentares. Despachou Paul Wolfowitz (era o número 2 do Pentágono e é, hoje, presidente do Banco Mundial) para ir lá e jurar a deputados e senadores que o próprio Iraque financiaria tudo com o petróleo que jorra de seu solo...

A intervenção dos EUA no Iraque resulta de uma seqüência de mentiras. Primeiro, Bush alardeou que o governo de Saddam estaria envolvido no 11 de setembro. A acusação jamais foi comprovada. Depois, acusou-o de estocar armas de destruição em massa. Saddam abriu as portas do país e permitiu que peritos da CIA o revirassem de cabeça para baixo. Após um ano de investigações, nada foi encontrado. Os grandes jornais dos EUA chegaram a pedir desculpas aos leitores por terem acreditado no engodo. Enfim, Bush tentou justificar o atoleiro em que se meteu prometendo fazer do Iraque uma democracia capaz de disseminar-se pelo mundo árabe. Forjou eleições, dividiu a nação e aprofundou a mortandade.

Saddam Hussein foi enforcado sob acusação de matar 104 xiitas. Na época, o Iraque estava em guerra com o Irã e o ditador era um títere em mãos de Tio Sam. O apoio foi levado a Bagdá por Donald Rumsfeld, que até há pouco monitorava o Pentágono e a guerra no Iraque.

Bush está desesperado. Com a aprovação popular em míseros 27%, e as derrotas nas eleições da Câmara e do Senado, tenta convencer os estadunidenses de que vale a pena enviar, nos próximos 5 anos, mais 92 mil soldados para o Iraque (estão lá 150 mil das tropas de intervenção). Pesquisas apontam que 61% da população dos EUA são contra o envio de mais tropas.

Já morreram no Iraque 3 mil soldados made in USA e 700 mil iraquianos. Como cota de urgência estão seguindo mais 20.000 soldados – número insignificante numa Bagdá com 5 milhões de habitantes hostis à presença dos EUA.

Ao se referir ao custo da guerra, Bush omite os gastos com cerca de 20 mil militares feridos. Hoje, as máquinas de guerra oferecem blindagens mais resistentes. Diminuem o total de mortos, mas produzem mais feridos: daí os enormes gastos com amputações, internações, indenizações, aparelhos ortopédicos etc. Calcula-se que só os danos cerebrais consomem US$ 35 bilhões.

Com a invasão do Iraque, Bush concedeu ao terrorismo status de guerra, ampliou o poder de recrutamento de suas organizações e ofereceu-lhes objetivos e alvos concretos. No Iraque, o terror sabe onde e em quem atirar, enquanto as tropas de ocupação miram em alvos imprecisos e penalizam a população civil.

O que fará Bush? Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Nem pode retirar as tropas do Iraque, exceto admitindo a derrota, nem sabe como, por que e até quando mantê-las ali. Além da guerra coordenada pelo Pentágono, há também uma guerra civil que cindiu a unidade nacional iraquiana. Os EUA não podem apoiar os sunitas, seus inimigos históricos. Não podem apoiar os xiitas, aliados do Irã. Não podem apoiar os curdos, porque a Turquia não toleraria.

A milícia xiita, conhecida como Exército do Mahdi, liderada pelo clérigo Moqtada al-Sadr, conta com 60 mil combatentes, taticamente apoiados por 2 milhões de xiitas que habitam o leste de Bagdá. O Exército e a polícia iraquianos são constituídos predominantemente por xiitas. Como oferecer segurança aos bairros habitados por sunitas, que apóiam seus rebeldes?

Bush, considerado o homem mais bem assessorado do mundo, comprovou a lei de Murphy: “Se tudo pode dar errado, dará”. O grave é que o move a sede de vingança. Não se conforma de seu pai ter fracassado na tentativa de derrubar Saddam Hussein, em 1991, e de sua família ter sido sócia dos Bin Laden em negócios de petróleo. Como bem escreve Herman Melville em Moby Dick: “Ah, Deus! Que tormentos sofre o homem que se consome com seu desejo de vingança. Dorme de mãos cerradas e acorda com as unhas ensangüentadas cravadas nas palmas.”