quarta-feira, 25 de julho de 2007

1971 - Oito Baixos Brasileiros


GERSON FILHO

copiado de: AcervoOrigens

Dorival Caymmi


1972 - Dorival Caymmi

Tem certos discos que a gente compra pela capa. Outros a gente compra pelo artista.
Esse aqui é pelos dois motivos.
Dorival Caymmi dispensa comentários e com uma capa dessas, ilustrando Iemanjá ( Odôiyá
Mamãe!!!) não pensei duas vezes.
Com Orquestração do Maestro Gaya, o disco tem belas canções como Morena do Mar, A Preta do Acarajé e a clássica Oração de Mãe Menininha, composta por ocasião das festas do cinquentenário de mãe-de-santo da famosa e amorável Yaolorixá da Bahia, como fala Jorge Amado na contra-capa do LP de 1972.
Vale a pena ouvir, ouvir e ouvir.

Bom proveito !
copiado de:AcervoOrigens

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Adoniran Barbosa

Sentimento - Armandinho

Paulinho da Viola e Marisa Monte

Nara Leão e Abel Ferreira

Temores sobre os transgênicos estão se confirmando, diz cientista gaúcho



Geneticista Flávio Lewgoy revela que já há vários casos comprovados no mundo de graves danos à saúde humana e animal provocados pelo uso de transgênicos. "O que os críticos dos transgênicos sempre disseram está aparecendo, e em grau exponencial, mostrando que se tratam de produtos de alto risco", afirmou o cientista à EcoAgência.

Porto Alegre, RS - Um parecer científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) sobre os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), dirigido ao Conselho Estadual de Saúde, põe mais lenha na fogueira desse debate. O texto afirma, com todas as letras, que estão comprovados os riscos dos transgênicos à saúde humana e animal.


Elaborado pelo químico e especialista em genética Flávio Lewgoy, ex - professor titular do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e conselheiro da Agapan, o documento destaca que, em 1999, ele já tinha alertado a respeito do potencial nocivo dos OGMs, como resultado dos genes alienígenas inseridos em seus genomas.


“Desde então, pesquisas científicas em renomadas instituições de vários países, bem como relatos de casos, evidenciam que esse potencial se concretizou, em alto risco à saúde pública e animal, com a liberação comercial de variedades Geneticamente Modificadas de soja e milho sem avaliação adequada”, afirma Lewgoy.


A seguir, ele enumera no documento de quatro páginas, com a citação das fontes científicas, vários exemplos disso. Tais pesquisas, observa, foram publicadas em periódicos científicos internacionais, de reconhecida seriedade, após rigorosa revisão por painéis de especialistas da mesma área – o chamado “peer review”. “Os artigos expõem anomalias na bioquímica, sistema imune, anatomia, crescimento, reprodução e comportamento em animais aliementados com batatas, milho ou soja geneticamente modificados”, assinala Lewgoy.


Pesquisas com roedores


São impressionantes, por exemplo, os resultados citados de pesquisas com roedores alimentados com transgênicos.


No Rowett Institute, em Aberdeen, Escócia, roedores jovens alimentados com a batata transgência mostraram, após 110 dias, lesões pré-cancerosas no aparelho digestivo, limitado desenvolvimento do cérebro, fígado, testículos, pâncreas, intestinos dilatados e danos no sistema imune, relataram os cientistas Puztai e Ewen, autores do estudo.


Já a doutora Irina Ermákova, da Academia de Ciências da Rússia, publicou que ratas alimentadas com soja RR (tolerante ao herbicida glifosato, liberada no Brasil) tiveram excesso de filhotes malformados e com pouca sobrevida: os sobreviventes eram estéreis. Além disso, num comunicado ao 14º. Congresso Europeu de Psiquiatria, ela advertiu ainda que a mesma dieta elevou os níveis de ansiedade e agressividade dos roedores.


Com resultados bem semelhantes, cientistas das universidade de Urbino, Perguia e Pavia, na Itália, revelaram que a alimentação de camundongos com soja RR provocou alterações no pâncreas, fígado e intestino dos roedores.


Reações humanas ao algodão, milho e soja


Na Índia, em seis aldeias, os trabalhadores de plantações do algodão Bt (transgênicos) tiveram afecções de pele, olhos e aparelho respiratório. Detalhe importante: todos tinham, anteriormente, trabalhado com algodão não geneticamente modificado (convencional), sem apresentar esses problemas de saúde.


Em outro caso relatado por Lewgoy, nas Filipinas, em 2003, cerca de 100 pessoas que viviam perto de uma plantação de milho Bt Mon810 tiveram reações cutâneas, intestinais, respiratórias e outros sintomas quando o milho começou a florescer. “Testes do sangue de 39 pessoas acusaram a presença de anticorpos contra a toxina Bt, o que reforça a suposição de que o pólen seria a causa do episódio. Esses sintomas reapareceram em 2004, em ao menos quatro outras localidades onde foi plantado o mesmo cultivar de milho”.


Já na Grã-Bretanha verificou-se um grande aumento nas alergias à soja após a introdução do produto GM. “Em 1999, em curto espaço de tempo, alergias causadas pelo consumo de soja tiveram um salto na incidência de 10% para 15%”.

A soja geneticamente modificada foi introduzida justamente naquele ano no país. E os testes sangüíneos para anticorpos revelaram reações diferentes das pessoas a variedades de soja não-transgências e transgênica (que tem maior concentração de uma proteína alergênica, por “coincidência”).


Mortes de animais


Após a colheita do algodão, no distrito de Warangal, em Andhra Pradesh, Índia, 10 mil ovelhas que pastaram folhas e brotos das plantas transgênicas adoeceram e morreram em cinco a sete dias, conta o geneticista. A causa provável apontada foi a a toxina Bt (do produto transgênico), sendo que não houve mortes de ovelhas nos campos de algodão não-Bt.


Enquanto isso, em Hesse, Alemanha, doze vacas leiteiras de um rebanho, alimentadas com folhas e sabugos de milho Bt 176, duplamente transgênico, resistente ao herbicida glufosinato e secretor da toxina Bt, morreram. A Syngenta, fornecedora das sementes pagou 40 mil euros de indenização ao fazendeiro, mas as amostras coletadas para exames de laboratório sumiram, misteriosamente.


Por outro lado, em fazendas dos Estados Unidos constatou-se que, entre ração transgênica e não-transgênica, os animais preferem a última: “Em testes feitos em fazendas, vacas e porcos repetidamente rejeitaram milho GM Bt. Animais que evitaram alimentos GM (soja RR, milho Bt) incluem vacas, porcos, gansos selvagens, esquilos, veados, alces, ratos e camundongos”, destaca o parecer.


Crítica à CTNBio

Quando aprovou a liberação comercial do milho transgênico da Bayer (resistente ao herbicida glufosinato), recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) afirmou que a espécie não é potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente ou de prejuízos à saúde humana e animal. “Esta afirmação não se sustenta nos fatos”, critica o cientista gaúcho e conselheiro da Agapan.

Segundo ele, as duas únicas pesquisas publicadas a respeito foram duramente criticadas por pesquisadores independentes por serem mal elaboradas, mas mesmo assim detectaram problemas no uso do produto. Um experimento com galinhas, cita Lewgoy, mostrou que as aves alimentas com ração de milho geneticamente modificado tiveram o dobro da mortalidade, além de menor ganho de peso. A segunda experiência empregou a proteína PAT, que o milho transgênico sintetiza, e filhotes de ratos alimentados por 13 dias com baixas ou altas doses da proteína tiveram problemas de crescimento.


Além disso, completa, são muito reduzidos ou inexistentes os estudos sobre a digestão no organismo humano e animal do herbicida e seus metabólitos (empregados na planta e na espiga transgênica), bem como sua interação com os microorganismos do aparelho digestivo.


Riscos preocupantes


“Os riscos de saúde, humanos e animais, do consumo de transgênicos agrícolas, expostos e documentados neste parecer, imediatos – por exemplo, alergias – e a médio e longo prazo, afetando os sistemas nervoso, digestivo e imune, são preocupantes”, afirma o geneticista.

Na conclusão do documento, ele recomenda que seja exigido o cumprimento da lei que determina a rotulagem dos produtos transgênicos disponíveis aos consumidores. Orienta também para que o Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e dos demais estados e municipios tomem medidas judiciais para impedir o licenciamento e liberação comercial dos transgênicos que não tenham passado por rigorosas avaliações, feitas por cientistas independentes, declaradamente sem conflitos de interesse, ressalta.


“Os defensores dos transgênicos estão ficando acuados, os fatos sinalizam que alguma coisa há de errado. Estamos na véspera de grandes acontecimentos para derrubar os mitos dos transgênicos, que só existem pelas enormes quantias que as empresas do setor investem”, disse Lewgoy à EcoAgência.


Genoma é muito complexo


O geneticista destaca que o genoma é extremamente complexo, por isso é impossível aos cientistas que trabalham na produção de transgênicos controlar todos os seus efeitos.

Para ele, estes fatos todos só não têm vindo à público por omissão da imprensa e cumplicidade de boa parte dos cientistas, alguns ingênuos – acreditando que ser contra os transgênicos é ser contra a ciência – e outros silenciados ou pagos pela indústria. Mas dois cientistas brasileiros já abandonaram a CTNbio por não concordarem com os procedimentos do órgão na avaliação dos OGMs, lembra.


Por estranho que pareça, destaca, há muitos cientistas norte-americanos contestando os OGMs e que estão sofrendo represálias por isso: “O poder financeiro dessas empresas é estarrecedor, mas não estão conseguindo mais tapar o sol com a peneira, há uma série de denúncias contra os transgênicos, estamos vivendo outros tempos”, acredita o cientista.





Fonte:Ulisses A. Nenê para a EcoAgência.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Fabinho: 'Tem atleta que cheira mal'

Volante, que causou polêmica no país por ter seis dedos, confirma a má fama dos franceses


Foto: Agência
Fabinho, do Toulouse: chamado de "viado" pelos colegas franceses

O volante Fabinho estava sumido do noticiário nos últimos tempos. Isso até o jogador conquistar pelo Toulouse, da França, a vaga inédita para a Liga dos Campeões, no fim de maio.

- A situação do Toulouse era complicada, pois faz apenas dois anos que eles subiram para a primeira divisão. Ninguém acreditava na gente. Eu fui uma das únicas contratações da temporada. Vivo uma fase especial aqui, e vai ser difícil eles me deixarem ir embora agora - brinca o jogador, que tem contrato com o clube até o fim de 2009.

Na festa promovida pelo clube para comemorar a proeza da classificação, Fabinho ficou incomodado com o mau hábito de alguns franceses.

- Pô, teve jogador que não tomou banho após o jogo, acredita? Foi suado e fedido para a festa. A maioria não é muito chegada ao banho, não! - conta Fabinho, indignado. A única medida higiência do tal colega foi passar uma toalhinha para tirar a grama do corpo.

E se a fama de não passar pelo chuveiro chama a atenção do brasileiro, um detalhe da anatomia do jogador também gerou bastante polêmica por lá. Fabinho tem seis dedos em cada mão.

"Minha mulher está grávida de quatro meses e meu filho vai nascer com os seis dedos, você acredita?"

Fabinho, volante do Toulouse

- Toda vez que eu vou cumprimentar os jogadores do outro time eles viram a minha mão para ver os meus dedos. Hoje eu levo numa boa, mas teve um jogo em que eu fiz um gol e comemorei com as mãos. Aí a TV francesa ficou reprisando o lance. Foi estranho - explica Fabinho.

Seu filho nascerá com sua marca registrada.

- Minha mulher está grávida de quatro meses, e meu filho vai nascer com os seis dedos, você acredita? - conta o jogador, com bom humor.

Fabinho tentou se livrar dos dedos a mais quando ainda defendia o Corinthians, mas desistiu da cirurgia devido aos apelos de sua mãe.

- Ela diz que é marca registrada da família, um charme. Quase enfartou quando soube que eu queria tirar - relata.

Muambas brasileiras

Para ajudar na comunicação com os companheiros de clube, Fabinho faz aulas de francês duas vezes por semana.

- Eu me sinto meio índio falando. Por isso fico quieto a maioria do tempo. Mas os franceses adoram falar em português. O problema é que eles só aprendem as besteiras - explica Fabinho, que é todos os dias recebido pelos companheiros com um caloroso "oi, viado". - Pelo menos não fui eu quem ensinei - diz.

De férias no Brasil, Fabinho já tem uma exigente lista de encomendas. Confira alguns exemplos.

1 - CD da Ivete Sangalo
2 - CD do Zeca Pagodinho
3 - Pinga para fazer caipirinha

A baiana, aliás, é a preferência absoluta dos jogadores do time. Para agradar aos companheiros, Fabinho chegou a passar madrugada inteira baixando as músicas da cantora na internet.

- É normal eu entrar para fazer fisioterapia e dar de cara com os jogadores lá cantando "Poeira"... - explica.

E por falar em Brasil, o jogador sonha em encerrar a carreira no São Caetano, time que o revelou. Mas sua paixão continua sendo o Corinthians.

- Sempre fui corintiano. Passar pelo Parque São Jorge foi a realização de um sonho. Foi uma passagem linda, conquistei quatro títulos. Fiquei chateado por ter sido vendido, porque eu merecia mais, mas meu amor pelo clube será eterno - finaliza o jogador.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

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A Igreja pagando pelos pecados


Carlos Pompe*

O mundo vai dando suas voltas e, vez por outra, algumas instituições sofrem com reviravoltas. É o que está acontecendo com a Igreja Católica Apostólica Romana, condenada nos Estados Unidos devido a alguns casos de abuso sexual de menores por seus pastores. Tão soberba, dias atrás, quando divulgou um documento afirmando ser a única representante de Cristo na Terra (aliás, Balzac já alertava sobre os beatos: “Sempre ter razão é um dos sentimentos que nessas almas despóticas substitui todos os demais”), agora veste as sandálias da humildade e, como Jesus, desafia: “Atire a primeira pedra quem nunca pecou”...


Tudo tem seu preço?
A Igreja fez um acordo para pagar U$ 660 milhões como indenização por molestar crianças – na maioria das vezes, meninos – realizado por sacerdotes nos Estados Unidos. Flagrado em pecado, o Vaticano se manifestou através do porta-voz padre Federico Lombardi, que esqueceu o ensinamento cristão de não julgar para não ser julgado: “Como o problema dos abusos contra a infância e sua adequada tutela não se refere de jeito nenhum somente à Igreja, mas também a muitas outras instituições, é justo que estas também tomem as medidas necessárias”, afirmou. Seu colega Manuel Monteiro de Castro, núncio apostólico na Espanha, atacou os meios de comunicação (também lá foram flagrados padres pedófilos), acusando-os de serem cáusticos para com os escândalos sexuais protagonizados pelo clero.
Esses crimes se multiplicam pelo mundo afora. No Brasil, no ano passado, a Procuradoria do Estado de São Paulo pediu à Igreja indenização pelos crimes do padre Alfieri, que molestou 13 crianças, duas delas com apenas 5 e 6 anos. O sacerdote as colocava numa instituição de caridade que dirigia na região de Sorocaba. O padre filmou e escreveu num diário os crimes que cometeu.
É comum, quando um religioso é flagrado nesses casos, ele ser transferido pela alta cúpula de Igreja para outra região, evitando assim que seja punido pela lei e que a instituição fique exposta, podendo então continuar posando de mantenedora dos bons costumes e portadora oficial da ética e dos valores humanos mais sublimados. Quando a mera transferência do pervertido não acalma as ovelhas violadas e violentadas, a alta hierarquia apela para as indenizações. O atual caso da indenização pecuniária nos EUA envolve 113 criminosos, dos quais apenas 4 enfrentam os tribunais. Em 2004, a arquidiocese de Orange pagou 100 milhões de dólares para encerrar 90 processos; em 2005 a diocese de Oakland pagou 56 milhões de dólares para 56 vítimas; em 2006 a diocese de Convington pagou 84 milhões de dólares a 350 vítimas.
No caso das penas indenizatórias, pode-se dizer que a Igreja está pagando na mesma moeda punições que outrora prodigalizou em distribuir. Em 1517, o papa Leão X promulgou a Taxa Camarae, para vender indulgências. Determinava o segundo dos seus 35 artigos: "Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras e 15 soldos”. Talvez refletindo já na época uma preferência dos senhores que envergam batina e continuam sexualmente ativos, mandando aos diabos o voto de castidade, o artigo 2º anunciava um abatimento: “Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com crianças ou com animais e não com mulheres, pagará unicamente 131 libras e 15 soldos."
Mas, infelizmente, são pouquíssimos os depravados punidos. Quase nem sempre se realiza o ditado popular: aqui se faz, aqui se paga.



*Carlos Pompe, Jornalista e Curioso do mundo.

O renascimento da tensão russo-americana



Virgílio Arraes

O tema principal da última reunião do G8, que congrega os sete países mais ricos do globo e a Rússia, estava previamente relacionado com a questão ambiental, ao buscar-se estabelecer um percentual comum na emissão de gases provocadores do efeito estufa. Sediada na Alemanha, a proposta havia sido originada pela primeira-ministra do país, Angela Merkel, ela mesma ministra do Meio Ambiente entre 1994 e 1998.

De acordo com a proposta germânica, o G8 teria condições de cingir a dois graus Celsius a ampliação da temperatura até 2050, o que significaria diminuir o nível de liberação de gases à metade do de 1990. Contudo, os Estados Unidos não aceitam a fixação de meta alguma sem a inclusão de, ao menos, Índia e China, a segunda emissora de gases do globo.

Na visão estadunidense, um compromisso poderia ser apenas estipulado se se agregassem os quinze maiores países poluidores, o que abarca o Brasil – desde 1990, enquanto a União Européia diminui suas emissões, tendo por parâmetro o percentual dos anos 90, ainda que modestamente, os Estados Unidos aumentam-nas.

Contudo, o assunto subjacente ao encontro seria a tensão crescente entre Estados Unidos e Rússia, ocasionada pela instalação de mísseis na Europa Oriental, cujas conseqüências poderiam atingir até mesmo o programa multilateral de cooperação espacial - iniciado na segunda metade dos anos 1990 - de bastante interesse para a União Européia, por viabilizar-lhe literalmente uma outra plataforma de lançamento para seus satélites, dentre outras considerações.

Conquanto afirme, de público, que a Rússia é assaz importante para a oposição ao terrorismo, propagação de armas de destruição de massas e fundamentalismo, a política externa norte americana desenvolve duas frentes, de modo que desgaste politicamente o governo Putin: por um lado, propaga-se a visão de que o governo russo menoscaba rotineiramente os direitos individuais de seus cidadãos, restringe severamente o direito de livre informação dos meios de comunicação, coíbe implacavelmente as atividades de organização não governamentais e oprime ferreamente os seus opositores partidários.

Enfim, estar-se-ia diante de um renascimento do autoritarismo russo, de feitio externo distinto do passado, por não estar mais uniformizado com a estrela vermelha, porém de caráter estatizante, o que ocasionaria eventual afastamento do Ocidente liberal;

Por outro, na frente externa, cultiva-se a perspectiva de, em breve, talhar-se territorialmente a Sérvia, tradicional aliada russa, ao reconhecer-se o direito de independência do estado do Kosovo, atualmente sob supervisão européia; avança-se no projeto de instalar 10 bases antimísseis na Polônia e um sistema de radares antimísseis na República Tcheca, antigas áreas de influência russas durante a Guerra Fria, sob justificativa oficial de proteger a União Européia e os próprios Estados Unidos de ataques provindos de Estados renegados do Oriente Médio e adjacências, como o Irã, e, quiçá, Coréia do Norte.

Hodiernamente, três países apenas dispõem de tecnologia para o fabrico de mísseis intercontinentais: Rússia, Estados Unidos e China. Na avaliação russa, o Irã, na melhor das hipóteses, mal teria condições de lançar mísseis de médio alcance, o que, portanto, não embasaria a retórica estadunidense de justificar as instalações militares tcheco-polonesas.

Todavia, os Estados Unidos estimam que, desde 2000, o Irã tornou-se detentor de tal tecnologia, ao lançar o Sahab-3, com alcance entre mil e 500 a dois mil quilômetros. Desta maneira, o governo iraniano teria condições de, ao menos, bordejar a fronteira asiática da Rússia, além de poder atingir a maior parte do Oriente Médio.

Saliente-se que os atritos amero-russos ampliam-se há alguns anos e não se restringem a tópicos militares. Desde meados de 2003, quando o governo russo confrontou-se politicamente com alguns dos potentados locais - beneficiados no generoso processo de privatização executado pela gestão de Boris Yelstin - conhecidos como oligarcas, o governo norte-americano interpreta o posicionamento como sinalização de uma ampla nacionalização vindoura.


Diante dos últimos reveses militares norte-americanos na região médio-oriental e cercanias, onde se almeja a privatização da exploração das reservas de petróleo e gás, a fim de manter-se a regularidade do abastecimento e dos preços, a postura do governo Putin é preocupante para o Ocidente, à medida que os recursos naturais do país são analisados dentro da tradicional política do poder, o que exclui tratá-los como meros produtos primários.

Desta maneira, explica-se a política de fornecimento de gás à Ucrânia e Bielorússia, vista negativamente pelo Ocidente em um ambiente em que a variação das cotações de gás e petróleo é significativa - relembre-se que, às vésperas da II Guerra do Golfo, em março de 2003, o preço do barril de petróleo situou-se no início da faixa dos 30 dólares, enquanto, nos dias de hoje, localiza-se por volta dos 65 dólares.

Por fim, o reviver da desinteligência amero-russa revela a percepção da política externa estadunidense de distanciar o Ocidente da Rússia, ainda que de modo atabalhoado, já useiro e vezeiro na gestão Bush, a fim de contrabalançar o êxito russo, mesmo incipiente, no Oriente Médio, rumo a um entendimento com a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos – a Rússia já participa como observadora da Conferência Islâmica, em decorrência de sua população muçulmana.

Virgílio Arraes é professor de Relações Internacionais na UnB.

Copiado de:CorreioDaCidadania

Necrocombustíveis



Frei Betto


O prefixo grego bio significa vida; necro, morte. O combustível extraído de plantas traz vida? No meu tempo de escola primária, a história do Brasil se dividia em ciclos: pau-brasil, ouro, cana, café etc. A classificação não é de todo insensata. Agora estamos em pleno ciclo dos agrocombustíveis, incorretamente chamados de biocombustíveis.

Este novo ciclo provoca o aumento dos preços dos alimentos, já denunciado por Fidel Castro. Estudo da OCDE e da FAO, divulgado a 4 de julho, indica que “os biocombustíveis terão forte impacto na agricultura entre 2007 e 2016.” Os preços agrícolas ficarão acima da média dos últimos dez anos. Os grãos deverão custar de 20 a 50% mais. No Brasil, a população pagou três vezes mais pelos alimentos no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2006.

Vamos alimentar carros e desnutrir pessoas. Há 800 milhões de veículos automotores no mundo. O mesmo número de pessoas sobrevive em desnutrição crônica. O que inquieta é que nenhum dos governos entusiasmados com os agrocombustíveis questiona o modelo de transporte individual, como se os lucros da indústria automobilística fossem intocáveis.

Os preços dos alimentos já sobem em ritmo acelerado na Europa, na China, na Índia e nos EUA. A agflação – a inflação dos produtos agrícolas – deve chegar, este ano, a 4% nos EUA, comparada ao aumento de 2,5% em 2006. Lá, como o milho está quase todo destinado à produção de etanol, o preço do frango subiu 30% nos últimos doze meses. E o leite deve subir 14% este ano. Na Europa, a manteiga já está 40% mais cara. No México, houve mobilização popular contra o aumento de 60% no preço das tortillas, feitas de milho.

O etanol made in USA, produzido a partir do milho, fez dobrar o preço deste grão em um ano. Não que os ianques gostem tanto de milho (exceto pipoca). Porém, o milho é componente essencial na ração de suínos, bovinos e aves, o que eleva o custo de criação desses animais, encarecendo derivados como carne, leite, manteiga e ovos.

Como hoje quem manda é o mercado, acontece nos EUA o que se reproduz no Brasil com a cana: os produtores de soja, algodão e outros bens agrícolas abandonam seus cultivos tradicionais pelo novo “ouro” agrícola: o milho lá, a cana aqui. Isso repercute nos preços da soja, do algodão e de toda a cadeia alimentar, considerando que os EUA são responsáveis por metade da exportação mundial de grãos.

Nos EUA, já há lobbies de produtores de bovinos, suínos, caprinos e aves pressionando o Congresso para que se reduza o subsídio aos produtores de etanol. Preferem que se importe etanol do Brasil, à base de cana, de modo a se evitar ainda mais a alta do preço da ração.

A desnutrição ameaça, hoje, 52,4 milhões de latino-americanos e caribenhos, 10% da população do Continente. Com a expansão das áreas de cultivo voltadas à produção de etanol, corre-se o risco dele se transformar, de fato, em necrocombustível – predador de vidas humanas.

No Brasil, o governo já puniu, este ano, fazendas cujos canaviais dependiam de trabalho escravo. E tudo indica que a expansão dessa lavoura no Sudeste empurrará a produção de soja Amazônia adentro, provocando o desmatamento de uma região que já perdeu, em área florestal, o equivalente ao território de 14 estados de Alagoas.

A produção de cana no Brasil é historicamente conhecida pela superexploração do trabalho, destruição do meio ambiente e apropriação indevida de recursos públicos. As usinas se caracterizam pela concentração de terras para o monocultivo voltado à exportação. Utilizam em geral mão-de-obra migrante, os bóias-frias, sem direitos trabalhistas regulamentados. Os trabalhadores são (mal) remunerados pela quantidade de cana cortada, e não pelo número de horas trabalhadas. E ainda assim não têm controle sobre a pesagem do que produzem.

Alguns chegam a cortar, obrigados, 15 toneladas por dia. Tamanho esforço causa sérios problemas de saúde, como câimbras e tendinites, afetando a coluna e os pés. A maioria das contratações se dá por intermediários (trabalho terceirizado) ou “gatos”, arregimentadores de trabalho escravo ou semi-escravo. Após 1850, um escravo costumava trabalhar no corte de cana por 15 a 20 anos. Hoje, o trabalho excessivo reduziu este tempo médio para 12 anos.

O entusiasmo de Bush e Lula pelo etanol faz com que usineiros alagoanos e paulistas disputem, palmo a palmo, cada pedaço de terra do Triângulo Mineiro. Segundo o repórter Amaury Ribeiro Jr, em menos de quatro anos, 300 mil hectares de cana foram plantados em antigas áreas de pastagens e de agricultura. A instalação de uma dezena de usinas novas, próximas a Uberaba, gerou a criação de 10 mil empregos e fez a produção de álcool em Minas saltar de 630 milhões de litros em 2003 para 1,7 bilhão este ano.

A migração de mão-de-obra desqualificada rumo aos canaviais – 20 mil bóias-frias por ano - produz, além do aumento de favelas, o de assassinatos, tráfico de drogas, comércio de crianças e de adolescentes destinados à prostituição.

O governo brasileiro precisa livrar-se da sua síndrome de Colosso (a famosa tela de Goya). Antes de transformar o país num imenso canavial e sonhar com a energia atômica, deveria priorizar fontes de energia alternativa abundantes no Brasil, como hidráulica, solar e eólica. E cuidar de alimentar os sofridos famintos, antes de enriquecer os “heróicos” usineiros.

Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.

Copiado de:CorreioDaCidadania

As grandes manobras

Nos próximos meses, em antecipação da Cúpula Europa-África, a África vai estar na mira de muitos interesses. A minha suspeita é que nenhum deles seja o interesse das populações africanas injustamente empobrecidas.

A nova fase da globalização chama-se regionalização. Na Ásia, na África e na América Latina aprofundam-se os laços de cooperação entre os países com vista a melhor responder aos “desafios globais”. Todos estes movimentos ocorrem sob olhar atento das grandes potências.

Nos próximos meses, em antecipação da Cúpula Europa-África, a África vai estar na mira de muitos interesses. A minha suspeita é que nenhum deles seja o interesse das populações africanas injustamente empobrecidas. Temo que, mais uma vez, os desígnios globais se combinem com políticos e políticas locais no sentido de privarem os povos africanos do direito a um desenvolvimento justo e democraticamente sustentável.

No caso da África, a Europa tem uma dívida histórica, decorrente do colonialismo, a qual, para ser paga, obrigaria a uma política africana muito diferente da dos EUA. Para estes, os objetivos estratégicos na África são os seguintes: luta contra o terrorismo, controlo do acesso aos recursos naturais, contenção da expansão chinesa.

Muitos países do continente (por exemplo, Angola) apoiam ativamente os EUA na luta contra o terrorismo. A crescente importância do golfo da Guiné (Nigéria, Angola, São Tomé e Príncipe) para assegurar o acesso ao petróleo está bem patente na recente criação do Comando de África pelo Pentágono.

A contenção da China é mais problemática não só pela força abissal que ela representa – em 2005, a China consumiu 26% do aço e metade do cimento produzido em todo o mundo – como pelo fato de se dispor a investir em todos os países que as potências ocidentais rejeitam, do Sudão à Somália.

Se a Europa não tiver outros objetivos, em nada poderá contribuir para os problemas que se avizinham. Estes têm a ver com o agravamento da injustiça social e com a recusa das populações a sujeitarem-se ao papel de vítimas.

A condenação política de Robert Mugabe não pode deixar de ter em conta que a Inglaterra não cumpriu o compromisso assumido no tratado da independência de co-financiar a reforma agrária do Zimbabué, consciente como estavam as partes de que 1 a 2% da população (branca) ocupava 90% da terra agrícola e 4000 agricultores (brancos) consumiam 90% da água disponível para o regadio.

O fato de a situação na África do Sul e na Namíbia não ser muito diferente faz temer pela estabilidade na África Austral. As relações tensas entre Angola e a África do Sul – com boatos de tentativas cruzadas de assassinatos políticos que não serão totalmente destituídos de fundamento – não são bom prenúncio.

Angola destina-se a ser um grande ator na região. Para isso, é fundamental que se não repita em Angola o que está acontecendo na Nigéria, onde a produção petrolífera baixou para metade devido à violência política no delta do Níger provocada pela injustiça na distribuição da renda petrolífera.

Preocupa que em Angola não se vislumbre o mínimo gesto de redistribuição social (tipo bolsa-família do Brasil) quando é certo que uma migalha (digamos, o equivalente a um dia dos rendimentos do petróleo) permitiria à população dos musseques de Luanda comer uma refeição digna por dia durante um ano.


Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

domingo, 22 de julho de 2007

A cobertura criminosa da tragédia


Em 68 anos de vida, e muitas décadas de jornalismo pelo mundo afora, jamais havia testemunhado cobertura tão politizada (e vergonhosa) de uma tragédia. O caso do vôo 3054 deverá, no futuro, servir aos professores de comunicação como uma anti-receita de conduta em casos dessa natureza.

Mauro Carrara*



Até agora estou estarrecido com a edição maquiavélica do Jornal Nacional, na noite de 18 de Julho. A dor e o desespero das famílias foram transformados em uma peça de propaganda eleitoral. Apresentou-se a comoção, a "prova" sugerida e o "culpado" por tudo.


Ultimamente, sempre que há mutreta e grave manipulação dos humores nacionais, verifica-se sempre a participação de um mestre oculto: o Sr. Ali Kamel, poderoso demiurgo das sombras a serviço das Organizações Globo. Na revista Veja e no jornal O Globo, esse homem de comunicação foi adestrado para a função que hoje executa com inegável competência: instaurar a desconfiança e destruir imagens públicas.


Na quarta-feira, ainda que sobrassem indícios de que o acidente não tinha sido causado por problemas na pista de Congonhas, todos os telejornais da Globo insistiram na teoria. Depoimentos dissonantes, como o do professor Duarte, da UFRJ, foram grosseiramente limados, desemoldurados, para quem não fossem compreendidos e assimilados pelo público.


A edição do Jornal Nacional de 18/07/2007 deve ser gravada e guardada. Em termos de distorção nada fica a dever àquela que reproduziu seletivamente trechos do último debate eleitoral de 1989. Mostrou gente desesperada, e arrancou lágrimas, até deste jornalista acostumado a ver o sofrimento humano. Em seguida, rumou para Brasília, a indicar solenemente o "culpado".


Num trecho hard-core colocou na tela, como inquisidores impolutos, o rei das menininhas do Amazonas, senador Arthur Virgílio, e o sai-de-finho Raul Jungmann, que até agora não explicou a história do desvio dos R$ 33 milhões no Ministério do Desenvolvimento Agrário.


Não estranhamente, o Jornal Nacional de Ali Kamel desconsiderou duas entrevistas fundamentais à compreensão das causas do acidente: uma do presidente da TAM, Marco Bologna, e outra do superintendente de engenharia da infraero, Armando Schneider Filho. Motivo evidente: ambos descartaram a ausência do grooving como causa do acidente.


No momento da exibição do Jornal Nacional, o planeta bem informado já sabia de outros detalhes fundamentais à explicação da tragédia. O avião havia percorrido a pista numa velocidade quatro vezes maior que o padrão na aterrissagem. Meu sobrinho me disse que seria como se alguém entrasse a 100 km/h no drive-thru do Habib’s. O assunto também foi ignorado pelo JN. E por quê? Porque provocava fissuras no denso muro da tese vigente.


Logo depois da tragédia, a Rede Globo de Televisão expediu seu "parecer técnico" determinando a causa da tragédia: a ausência das ranhuras na pista. Segundo esse raciocínio, a responsabilidade seria da Infraero e, por tabela, do Governo Federal. Conclusão final da Rede Globo e de Ali Kamel, repassada insistentemente a todos os brasileiros: Lula matara 200 pessoas!


Como referência de informação, a Rede Globo contaminou o resto da cobertura, influenciando todas as concorrentes e oferecendo munição a todos os articulistas anti-governo, de Norte a Sul do Brasil. De Daniel Piza, do Estadão, a Eliane Cantanhêde, da Folha de S. Paulo, todos se puseram a incriminar o Governo Federal.


A bola de neve, ou de fogo, inflamou internautas em todo o País, e não somente estes, posto que gente na rua repetia nos pontos de ônibus e nos botecos a tese do "grooving" e do Lula assassino.


Causa mais estranheza a rapidez com que a Rede Globo montou seu discurso acusador, logo convertido em "reconstituições por computador" que indicavam uma suposta derrapagem. Foi rapidíssima no gatilho e evitou que qualquer outra hipótese ganhasse força.


Durante dois dias, pouca gente questionou essa teoria. Quem já pousou em Congonhas sabe que uma "derrapagem" não levaria o avião para o outro lado da Avenida Washington Luís.


A Rede Globo de Televisão, de Ali Kamel, construiu, portanto, aproveitando-se da tragédia, uma poderosa peça publicitária eleitoral. Manipulou, distorceu, comoveu e incitou o ódio contra o Presidente da República. Por vezes, sutilmente; por vezes, com agressividade.


Cabe ao povo brasileiro decidir, na próxima renovação de concessão, de que maneira se pode coibir a utilização do corredor público de ondas para fins eleitoreiros, ou golpistas.

* Incrível é que William Bonner, com seu pragmatismo bonachão, aparentemente não percebeu nada disso.

Poema - Ney Matogrosso

NEY MATOGROSSO - Balada do Louco

Como baixar cd"s....

Tuturial de como baixar os cds no Rapidshare:

sexta-feira, 20 de julho de 2007

E a imprensa arremeteu

O que estava em causa na cobertura da mídia após o acidente da TAM era a construção da "crônica da tragédia anunciada". Ao incluir as vítimas fatais no seu cálculo político, mais uma vez a mídia folhetinizou um drama real, banalizando a vida.

A fumaça ainda escapava dos escombros do prédio onde funcionava o terminal de cargas da TAM. Os bombeiros tentavam conter as chamas e ainda não haviam conseguido chegar ao avião. Era impossível determinar o número de pessoas mortas. Ainda assim, sem qualquer possibilidade de precisar os fatos, o jornal da família Marinho, com edição fechada poucas horas depois da tragédia, chegava quarta-feira (18) às bancas com as causas do desastre elucidadas.

"Dez meses depois do que tinha sido o maior acidente da aviação brasileira, um Airbus A-320 da TAM, com 176 pessoas a bordo-170 passageiros e seis tripulantes-, explodiu por volta das 18h50m de ontem, após derrapar na pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tentar arremeter, atravessar a movimentada Avenida Washington Luís e se chocar, do outro lado da pista, contra um prédio onde há um prédio de combustível da própria TAM". O texto não deixava qualquer margem para dúvidas.

Sem dispor de qualquer informação confiável, a matéria intitulada “Tragédia anunciada" é uma demonstração cabal de como se faz jornalismo quando a pauta sobredetermina a apuração e a edição. Mesmo não dispondo das imagens da torre de controle e de dados retirados da caixa-preta devidamente periciados, a imprensa não hesitou em inserir o acidente numa suposta crise gerencial do setor aéreo. Tratava-se de encontrar a ranhura que atingisse o governo.

O que estava em causa era a construção da "crônica da tragédia anunciada". Ao incluir as vítimas fatais no seu cálculo político, mais uma vez a mídia folhetinizou um drama real, banalizando a vida. O desrespeito aos mortos e a falta de solidariedade às família estiveram presentes em quase tudo que se leu, falou ou ouviu na imprensa nativa, horas depois do acidente.

O bordão “quase 350 mortes em dez meses", repetido à exaustão por quase todos os veículos, busca dar por comprovada uma grave crise na aviação comercial brasileira sem, no entanto, estabelecer os nexos causais que o demonstrem. Se em 2006 a direita golpista e sua mídia não consumaram a tentativa de golpe institucional, as tentativas não cessarão na guerra declarada no segundo mandato.

Passados três dias, as imagens mostraram que o Airbus da TAM pousou no ponto ideal, porém, em vez de perder velocidade, acelerou de tal forma que atravessou em três segundos determinado trecho da pista. Onde está a derrapagem do parágrafo transcrito acima?

É bem verdade que a Globo deu a informação sobre a falha no reverso da turbina direita do avião. Cumprindo a liturgia do Jornal Nacional, programa de maior intensidade dramatúrgica da emissora, William Bonner anunciou, na edição de quinta-feira (19), com a habitual locução dramática:

"O avião da TAM que se chocou contra o prédio da empresa, em Congonhas, tinha um defeito no reversor da turbina direita desde o dia 13, sexta-feira passada. O problema tinha sido detectado pelo sistema eletrônico de checagem do próprio avião, mas o avião da TAM continuou a voar, nos dias seguintes, com o reversor direito desligado" (...) "a confirmação de que o avião prefixo MBK, destruído na tragédia de terça-feira, foi o mesmo que quase se acidentou na véspera, reforça a hipótese de que o acidente tenha sido conseqüência de falha mecânica".

Respondendo ao repórter César Tralli sobre a contribuição da pista molhada para o acidente, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe da comissão que investiga o acidente, afirmou tratar-se de “chuva leve, que daria uma camada de 0,6 mm na pista. Então a probabilidade de que água na pista tenha influenciado nesse acidente é pouco provável, mas ainda assim é uma hipótese a ser considerada”.

O que temos então? A primeira notícia do Globo, dada como fato irrefutável, é uma hipótese pouco provável. Como explicar a grave derrapagem da imprensa brasileira? Falta de grooving na apuração e edição? Desligamento do transponder ético? Ou problema no reverso da turbina que instrumentaliza politicamente a dor de mais de 200 famílias que choram seus mortos?

Qual será o foco agora? O gesto feito por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais e, rapidamente, interpretado como sendo de comemoração? Com seu campo de ação no episódio ficando menor que a pista de Congonhas, para onde nossa imprensa vai arremeter.Qual o próximo choque com a verdade?

O momento pede consternação e não gestos rápidos. A manchete de ontem do Globo foi emblemática: "Infraero, Anac, Decea, Cindacta, FAB... e não se sabe o que houve”. Como não se sabe? Os editoriais estão carregados de certezas.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil, Observatório da Imprensa e La Insignia.

Paquistão: a mesquita ensangüentada

Não tem ocorrido no Paquistão uma mobilização de massas para apoiar nem os juízes pró-independência dos poderes, nem os jihadistas pró-lei islâmica. Passivas, as multidões não sentem como seus os interesses em jogo.

Outra erupção de crise no Paquistão. A primeira protagonizada pela sociedade civil, com advogados e juízes que pediam uma separação de poderes e um sistema jurídico independente. Simultaneamente, um grupo de pregadores de uma mesquita de Islamabad tomou o partido da ação violenta direta, reivindicando a realização plena da "sharia" (as leis religiosas para promover o aumento do controle social das mulheres) e a instituição de um corpo especial de polícia religiosa para vigiar sua aplicação. Uma mesquita sob controle extremista no coração de Islamabad tem sido a ponta de lança das reivindicações. Está situada não muito longe dos prédios governamentais.

Como, sem apoio governamental em um ou outro momento, teriam conseguido dispor de um terreno tão valioso e construir nele os dois blocos da mesquita e as "madrassahs " das proximidades? Impossível. O pai dos dois pregadores que dirigiram a operação trabalhava para os serviços de inteligência militar muito antes de que Musharraf aparecesse em cena. Antes ajudados e financiados pelo Estado, foram, depois, declarados ilegais: estão, portanto, escassos de verbas. Ainda no ano passado poderiam ter sido subornados, mas não houve boas ofertas. Agora é tarde demais.

"Jihadistas " armados começaram a atirar contra a polícia e os soldados. Musharraf enviou seu "negociador" favorito para estudar um trato, mas nenhuma das duas partes podia aceitar as exigências da outra. Os militantes desafiaram o regime, e o regime devolveu o golpe em 9 de julho no primeiro horário da manhã [tomando de assalto a mesquita, com considerável número de mortos - Nota da Redação, CM].

Vale a pena observar que não tem ocorrido mobilização de massas para apoiar nem os juízes, nem os "jihadistas". As multidões permanecem em silenciosa passividade: não sentem como seus os interesses em jogo. A aliança de partidos religiosos, forte nas províncias da fronteira noroeste, não defendeu o grupo que transformou a mesquita e as "madrassahs" próximas em um acampamento armado, limitando-se a pedir que as vidas de mulheres e crianças inocentes fossem respeitadas.

Tudo isso traz à tona uma velha questão: até onde vai a penetração islamista entre os militares? A extraordinária prudência mostrada pelo regime alguns meses atrás, quando era evidente que os "Jihadistas" estavam tramando a conspiração, só pode ser resultado do medo de aprofundar as divisões nas forças armadas. Os mais cínicos se perguntam: de quem foi a brilhante idéia de organizar o seqüestro "Jihadista" de cidadãos chineses, que tornou impossível para o regime continuar pospondo o problema? Desde o exato momento em que os interesses nacionais do país entraram em jogo, uma ação decidida era inadiável.

Musharraf chegou ao poder em 1999 com a promessa de um conjunto de reformas capazes de transformar o país. Fracassou em todas, fez conchavos com corruptas quadrilhas de políticos desacreditados, e acabou de se debilitar quando aceitou transformar-se no homem forte dos EUA na região. O grosso do país continuou apodrecendo e isso abriu um vazio que os "Jihadistas" se apressaram a preencher.

Enquanto todas essas coisas aconteciam no interior, os 36 partidos políticos da oposição, grandes e pequenos, reuniram-se em Londres com a finalidade de planejar uma estratégia comum para restaurar o governo civil. O conclave acabou sem acordos, símbolo da sua impotência política.

Chegaram notícias de um novo atentado contra a vida do general Musharraf. Sobreviveu.

Seu regime também está a salvo, de momento. O Paquistão, ai!, continua imerso na confusão total.

Somente a erupção de um movimento de massas desde baixo poderia alterar esse panorama, mas o povo está em guerra. Vezes demais tem sido traído pelo general e pelos políticos. Por que sacrificar vidas em vão?


* Artigo publicado originalmente em 15/07/07 na página da revista espanhola Sinpermiso nº 2 www.sinpermiso.info


Tariq Ali, escritor, é membro do Conselho Editorial da revista espanhola Sinpermiso.

Com ACM, morre o coronelismo?

Com a morte de Antonio Carlos Magalhães, que já foi chamado de tudo, de Toninho Malvadeza a Condestável da Nova República, desaparece um dos mais expressivos herdeiros do estilo coronelista de exercer o poder.

SÃO PAULO - Antonio Carlos Magalhães não era um coronel tradicional. Seu poder não vinha, originalmente, da posse da terra. Era ligado a impérios da comunicação e aos centros urbanos. Mas tinha o estilo dos velhos coronéis, talvez mais do que ninguém. Sua morte, aos 79 anos, é mais um sinal dos tempos, de que pelo menos na política institucional este estilo vem definhando, substituído por outros tipos de conluio e dominação.

O coronelismo possuía duas características fundamentais: o mandonismo (que podia ou não se aliar ao carisma) pessoal e a agregação tribal. Antonio Carlos Magalhães praticava as duas, e tinha carisma pessoal na Bahia, sem dúvida. Foi partícipe de uma tragédia política e familiar: a morte do filho Luís Eduardo Magalhães, na casa dos quarenta, que era para ser o grande sucessor "moderno" do patriarca. O deputado federal ACM Neto e o filho do velho senador, que o substituirá na tribuna, ainda não estão à altura de serem considerados de fato "sucessores" de ACM, embora sejam seus herdeiros políticos mais próximos.

O poder dos coronéis, que começou a medrar no Brasil graças à herança colonial e à formação da Guarda Nacional no Império, afirmou-se por completo com a Proclamação da República. Foi estilo político dominante até 1930, quando Vargas, centralizador em todos os seus estilos de governo, tanto o autoritário quanto o popular, fez seu alcance e poder declinar graças à ampliação (antes do Estado Novo) do poder de voto das massas urbanas (inclusive as mulheres) e sua política de industrialização.

Por isso nunca foi perdoado pelos velhos coronéis, nem por seus herdeiros "modernos", os oligarcas da imprensa brasileira, onde se reproduzia o estilo coronel de viver em política: mandonismo, tribalismo, reconhecimento de sua própria casta como a única preparada para exercer (ou poder falar para e do) poder.

O golpe de 1964 criou uma esdrúxula mas compreensível aliança política que fez remanescer, transformado, o estilo coronel de fazer política. Os golpistas, tanto os militares quanto os modernos empresários e tecnocratas dos centros urbanos do país, aliaram-se aos remanescentes do coronelismo nordestino. E num primeiro momento foram unanimemente apoiados pela imprensa de espírito oligarca. Assim, se a classe dos velhos coronéis já era quase parte da história pregressa, seu estilo sobreviveu nos centros urbanos que impulsionaram a modernização conservadora e excludente inclusive do próprio setor rural, durante o regime de 64 e a Nova República posterior.

Isso ajuda a entender a extensão do poder do senador agora falecido, que chegou a criar o "carlismo", a palavra e o agrupamento (tribo) hegemônicos na Bahia até as eleições recentes para prefeito e governador. A eleição surpreendente de Jaques Wagner, do PT baiano, ainda no primeiro turno, para o governo estadual, consolidou a impressão de que o carlismo encontrara seu Waterloo.

Entretanto, ainda está pra se ver se de fato o coronelismo está morrendo no Brasil, ou está se transformando num novo estilo tribal, desenvolvendo aquilo que os especialistas vêem como uma forma limite do coronelismo, que era o "colegiado". Hoje a política conservadora (mas também 'a esquerda, com freqüência) se faz em torno de colegiados que se agregam em torno de uma grife eleitoral. Por sua vez, a mídia oligárquica se organiza em torno de colegiados de grifes jornalísticas que desatam em quase uníssono campanhas antiesquerda e antipovo na política. Como quase tudo no Brasil, o coronelismo não morre, mas se transforma.