sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cubanos que vivem nos EUA defendem legado de Fidel e soberania da ilha

Onde já se viu um
agente de inteligência
dizer publicamente o
que pensa?
Max Lesnik,
diretor da Radio Miami


Nunca combateram, mas se definem como "revolucionários" cubanos que defendem em Miami a obra de Fidel Castro a ferro e fogo, enquanto vivem rodeados por uma massa de exilados furiosos, que fugiram da ilha e esperam o final do governo do velho líder. Max Lesnik costumava tomar café nos bares de Miami com uma pistola na cintura e sempre olhando a rua, por temor de que o matem. Ele é acusado de ser um espião cubano e um colaborador do governo da ilha. É amigo de Fidel Castro desde a adolescência, mas decidiu sair de Cuba e instalar-se em Miami há 47 anos quando a revolução cumpria dois anos no poder. Esteve desiludido com o governo cubano, mas rapidamente recompôs sua relação com Fidel, com quem se reunia periodicamente em Havana. ­ Sempre fui revolucionário. Um revolucionário que cultua a inteligência, por isso não sou comunista. Em 1961 quando o governo cubano se aproximou da União Soviética e adotou o comunismo, deixei o país ­ contou.

Da ilha aos EUA


Lesnik, de 77 anos, viajou a Cuba assim que se inteirou da renúncia de Fidel. E assim vive permanentemente, saltando da ilha a Miami. ­ Venho a Cuba para ver a situação de perto porque sou jornalista e sempre trabalhei como tal em Cuba e Miami ­ disse. Mas nos EUA, muitas organizações de exilados o consideram um traidor que defende Fidel Castro e se opõe ao embargo dos EUA. ­ Em Miami, há muitos que me odeiam e querem me incriminar dizendo que trabalho para o governo cubano ou que sou da inteligência. Mas eu expresso minhas opiniões pelo rádio. Onde já se viu um agente de inteligência que diz publicamente o que pensa? A História vai demonstrar que Fidel é um homem sábio, que deu plena independência e soberania a Cuba, acrescenta Lesnik: ­ Muitos daqueles que estão no exílio não são suficientemente cubanos, não sabem valorizar a soberania de seu país. Editor do jornal La Nación Cubana, Pedro González-Munne também diz sentir-se um revolu- cionário e ferrenho defensor das conquistas da revolução cubana, mas esclarece na calçada em frente a Radio Miami, de Lesnik: ­ Eles (da rádio) têm uma postura extrema. Não criticam o governo cubano porque lhes interessa fazer negócios com Cuba. Sou um revolucionário cubano. Isto ninguém me tira. Sei que há um legado de Fidel que ninguém pode negar. Nós, cubanos, somos o que somos nos EUA e no mundo, por Fidel e pela dignidade do povo de Cuba. O jornalista recorda que seu pai foi preso em 1971 e assim ficou por cinco anos tachado de opositor: ­ Eu trabalhava como jornalista na televisão cubana, mas um dia me deixaram sem trabalho e me forçaram ao exílio, ainda que diga que sou um imigrante por decisão. Para González, "a revolução significou algo importante" para todos os cubanos: ­ Há coisas que devem mudar, mas não se pode esquecer que Cuba é um país comunista e os fatos se medem de outra forma, não como crêem estes grupos da rua 8, na pequena havana de Miami, onde centenas de cubanos festejaram terça-feira a renúncia de Fidel e pediram uma Cuba livre.

Font:Jornal do Brasil


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