Na Suécia políticos sem mordomias | ||||
Por Anna Malm*
Os
suecos não tem grandes pretensões em relação ao luxo e a riqueza e isso
se aplica também aos políticos suecos que são uma parte integral e
ativa da população. Desde muito cedo, a mais de cem anos, a estrutura
social da Suécia se encaminhou para uma organização social dirigida para
a igualdade social entre os membros da comunidade. A igualdade social
era e ainda continua sendo um dos principais objetivos da organização
política e social da Suécia. Isso faz com que os políticos e mesmo os
ministros não esperem deferências extraordinárias ou especiais na
Suécia.
Pessoalmente
já encontrei ministros de altos postos indo para o trabalho no mesmo
ônibus, assim como também no mesmo trem ou no mesmo metrô que eu mesma.
Andar de transporte coletivo, assim como de maneira geral lavar sua
própria roupa, limpar sua própria casa e fazer suas próprias compras é o
que se espera de todos, incluindo os representantes políticos,
ministros e membros do parlamento.
Além
disso, se de uma maneira ou de outra um político ou um ministro se
aproveitasse de alguma situação, como por exemplo, para conseguir um
apartamento melhor no centro da cidade, por conta dos seus contatos
relacionados à política, de certeza que não continuaria a ser um
ministro, ou um político sueco por muito tempo. A pressão social e da
prensa jornalística seria muito grande para tanto.
Naturalmente
que muitos ministros, assim como todos os outros cidadões, podem ter
seus carros particulares e morarem em casas confortáveis, casas essas
que quase sem exceção são compradas por empréstimos bancários que na
maioria dos casos se paga durante uma vida inteira de trabalho.
Os
suecos não têm grandes pretensões em relação ao luxo e a riqueza, mas
por outro lado exigem, para si e para todos os outros, um padrão de vida
que em relação ao Brasil creio que se poderá dizer de classe média, que
se não abastada, pelo menos de bom nível social e econômico. Para tanto
os suecos trabalham conquanto exigindo serviços públicos de saúde,
educação e assistência social de alta qualidade.
As
reivindicações sindicais e trabalhistas estão entre os aspectos mais
importantes e respeitados da vida pública do país. Vendo-se, por
exemplo, a residência do ministro da segurança social e econômica da
Suécia pode-se achar que a casa até que é muito boa, mas chama-se a
atenção para o fato de que essa mesma casa muito bem poderia pertencer a
um carpinteiro, motorista de caminhão ou operário de, por exemplo, uma
fábrica de automóveis ou a uma professora de nível primário ou mesmo a
uma enfermeira ou a um condutor de ônibus para não se dizer de um
metalúrgico ou trabalhador portuário, porque como dito, o financiamento
da compra da casa sempre será feito por um banco. Sempre se terá uma
hipoteca ou uma garantia de um dos inúmeros sindicatos trabalhistas para
garantir a compra da casa própria com prestações razoáveis.
Acrescenta-se
que de uma maneira geral e em comparação, a família não tem o mesmo
significado no Brasil que na Suécia. O que no Brasil de modo geral se
espera de ajuda dos familiares em caso de desemprego, doença,
dificuldades financeiras temporárias etc., na Suécia se providencia
através de um sistema de seguro social que abrange todos os aspectos
acima mencionados.
Para
tanto há seguro de saúde, seguro de desemprego, garantias para seguro
de moradia ou de assistência social nas diversas situações da vida.
Esse sistema de seguro social abrangente é um dos resultados dos últimos
cem anos de luta trabalhista, que hoje em dia se tornou parte do dia a
dia do sueco assim como dos seus políticos, sendo que nenhum partido
político, por mais de direita que seja, ponha em discussão esses
princípios básicos.
A
Suécia era um país pobre por volta do começo de 1900, sendo então um
país agrário que aos poucos se foi industrializando. As reinvidicações
sindicais e trabalhistas que começaram a se impor por volta de 1911 com a
reinvidicação do direito do voto para as mulheres foram se consolidando
com exigências de reformas sociais no campo da saúde, habitação e
educação a partir de 1920, mas a isso voltaremos em outras reportagens.
Por
já nos contentaremos em realçar que as reinvidicações trabalhistas nos
levam a constatar que os políticos de hoje deverão lavar suas próprias
roupas em lavanderias comunais instaladas nos prédios onde moram, ou em
máquinas de lavar em casa própria, porque empregadas domésticas aqui
hoje já não existem, não senhor.
Portanto,
um dia a dia de um político sueco, seja esse político um homem ou uma
mulher, ministro ou não, será de se levantar cedo para levar os filhos à
escola ou ao jardim de infância comunal, pôr-se a caminho do trabalho,
almoçar no trabalho ou em um restaurante popular, voltar ao trabalho até
mais ou menos as cinco, correr para recolher os filhos, se precisarem
fazer compras para a casa, chegando em casa preparar o necessário, comer
alguma coisa etc e tal. Talvez à noite esse político possa ter que
partir para alguma reunião local ou coisa do gênero para bem do seu
partido ou poderá ver televisão, ler, escrever, ou fazer qualquer outra
coisa, porque amanhã será outro dia.
Descansar
e fazer os programas da sua vida pessoal isso ele ou ela o fará no fim
de semana. Férias a maioria as terá no verão o que pode durar de cinco a
dez semanas. Nas férias a maioria aproveitará para viver perto da
natureza na Suécia, talvez com umas duas semanas de viagem, na maioria
das vezes para o sul da Europa onde aproveitará do sol e mar sul -
europeu.
Não.
Os políticos no congresso sueco não têm motoristas ou assessores
particulares. Além disso, devem lavar sua própria roupa, comprar e fazer
sua própria comida se não quiserem comer em restaurantes ou pensões.
Quanto a morarem em apartamentos pequenos de 50 metros quadrados e
dormir em sofá-cama isso só o fazem- regra geral, se pernoitarem em suas
salas de trabalho no congresso.
No
parlamento, ou em outras palavras o que no Brasil se chama o congresso
nacional, que aqui é localizado em Estocolmo e constituído por 349
representantes vindos de todo o país, esses representantes dos diversos
partidos e regiões tem então suas salas de trabalho onde podem
permanecer se quiserem, dia e noite. Como muitos desses representantes
vem de outras regiões do país não tendo amigos, apartamentos ou
residência em Estocolmo onde possam morar mais regularmente muitos deles
preferem pernoitar em suas salas de trabalho no próprio parlamento,
onde de qualquer maneira, já lá sempre terão um sofá mais ou menos
confortável.
Como
todos têm um salário e honorários digno do nome nunca deverão ter
dificuldades de irem para suas casas nas diversas regiões do país
durante os fins de semana para encontraram suas respectivas famílias, o
que na verdade a maioria o faz. Em suas regiões poderão morar em casas
simples mas confortáveis ou em apartamentos que sempre terão, regra
geral, um padrão de nível confortável.
Quanto a mordomias é só esquecer, porque por aqui não as há.
*Anna Malm é correspondente de Pátria Latina em Estocolmo
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sábado, 11 de setembro de 2010
Socialismo sueco???
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Um comentário:
Ótimo texto!
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