sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O TRABALHO (CAPITALISTA) ESCRAVIZA.

Por Aedovirtual no blog  Porrada Cultural
 
Nos portões do campo de concentração de Auschwitz lia-se a frase ‘O trabalho liberta’. Ironia dos nazistas que construíram estes campos como locais de trabalho forçado e, posteriormente, de extermínio em massa de judeus. O trabalho passou por inúmeros formatos durante a história, desde o trabalho escravo e servil até o trabalho ‘livre’, ironia do sistema capitalista.

O trabalho artesanal, desde a antiguidade até a Revolução Industrial do século XVIII, era uma forma de trabalho onde realmente o trabalhador era livre. O artesão era dono de suas ferramentas de trabalho, trabalhava no ritmo que bem entendesse, trabalhava nos dias e horários que desejasse. Este sim era uma forma de trabalho livre.

O artesão não tinha a mesma visão de mundo que os capitalistas que tinham como objetivo central de suas atividades a acumulação de capitais, a acumulação de riquezas. O artesão trabalhava o necessário para viver, não tinha uma perspectiva de enriquecer. O tempo não era dinheiro, o tempo era vida.

O sistema capitalista estabeleceu a compra do trabalho em troca de salários, criou máquinas que escravizam os trabalhadores e transferiu para os capitalistas o controle sobre o ritmo e o tempo de trabalho.

O artesão sabia exatamente como sua mercadoria era produzida, ele criava o produto do começo ao fim, fazendo com que um dos seus produtos fosse diferente do outro. Se você tratasse um artesão como trabalhador ele era capaz de te dar uma porrada. O que ele fazia era arte, cada tapete do tecelão era diferente do outro. Cada cadeira produzida por um marceneiro era única.

Com as fábricas passou a vigorar a padronização, todos os produtos feitos por uma máquina são exatamente iguais. Cada trabalhador realiza apenas uma pequena parte do produto, não reconhecendo no produto final o seu trabalho. É o que chamamos de trabalho alienado. A charge abaixo é muito representativa deste processo de alienação do trabalho no capitalismo.



O mito de Sísifo nos leva a pensar se os gregos já não pressentiam o tédio, a monotonia, o porre, o saco, que é o trabalho alienado que submete milhões de pessoas mundo a fora a um processo que é capaz de enlouquecer ou, no mínimo, desumanizar qualquer um.

Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar um rochedo morro acima e, depois, o rochedo rolava pela encosta e Sísifo começava tudo de novo, indefinidamente. Veja esta animação sobre Sísifo:



Na década de 1930, Chaplin lançou o filme “Tempos Modernos”, hoje um clássico do cinema. Mas nos EUA o filme não foi bem recebido pelos conservadores que viam nele uma clara crítica ao capitalismo e, portanto, um manifesto pró-comunismo. Na década de 1950, período marcado pelo fenômeno do Macarthismo (ou ‘caça as bruxas’), os conservadores norte-americanos passaram a perseguir artistas e intelectuais que fossem considerados simpatizantes da URSS e do comunismo. Chaplin foi perseguido pelo macarthismo por ter dirigido o filme “Tempos Modernos”.

Mas o que o filme de Chaplin tinha de tão perigoso, de tão crítico? A cena abaixo é uma parte do filme e, a partir dele, você pode perceber a genialidade do diretor em sua feroz crítica ao trabalho alienado que o capitalismo nos impõe.




Leia mais sobre o trabalho alienado aqui:

http://educacao.uol.com.br/filosofia/marx-alienacao.jhtm

Sobre o mito de Sísifo leia aqui:


http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Mito_de_S%C3%ADsifo

Sobre o macarthismo leia aqui:

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/mccarthy.htm

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