Raymundo Araujo Filho no Correio da Cidadania | |
Nestes dias fiz uma pequena leitura do mapa eleitoral para a eleição de
governadores nos estados, mais ou menos consolidados a cerca de um mês
das eleições. Pouparei este trabalho para os meus possíveis leitores,
pois certas tarefas não desejo nem para os meus desafetos, quanto mais
para quem me lê.
É surpreendente a mágica que se faz na opinião pública, transformando o
que é uma acachapante derrota eleitoral em uma "vitória retumbante".
O artifício é simples, e foi amplamente assumido pelo próprio PT, que,
em troca da eleição de sua candidata à presidência da República, fez
todos os acordos regionais com ex-adversários e atuais aliados de
ocasião, visto a opção do lullo-petismo de usar o povo apenas como massa
de manobra eleitoral, excluindo-o como sujeito do debate político. Ou
seja, fez a opção pela "governabilidade palaciana" como caminho mais
fácil para manter-se não no poder, mas no cargo principal do país, ao
arrepio de todas as propostas originais que construíram, durante cerca
de 25 anos, as forças que elegeram Lulla em 2002.
Assim, repasso a todos o tal mapa eleitoral nos estados, com a devida
análise que me permito, a partir dos fatos, não dos desejos ou mentiras,
expondo e confirmando o que digo no título do artigo.
O presidente Lulla se constitui na entidade política de maior projeção
midiática, o PT é falado todos os dias em todos os jornais e mídias,
assim como as políticas governamentais, sendo nenhuma delas criticada no
seu íntimo. Ao contrário, são apoiadas desavergonhadamente até por quem
se diz oposição de direita ao Lulla, pois sabem que este obedece às
diretrizes do capital internacional, este sim o principal mandatário do
país. No entanto, o PT como partido não chega nem perto de uma inserção
institucional na política brasileira do tamanho do alarde que fazem,
pegando carona no Lulla. Aliás, paro de escrever sobre política se
alguém me mostrar uma só das macropolíticas de Lulla que seja criticada
pela direita brasileira.
Assim, temos o PT com vitória garantida em apenas três estados, mas, sem
desmerecê-los, de pouquíssima importância econômica e política para o
país. São eles: Acre, Bahia e Sergipe.
Temos Tarso Genro com chances, mas sem qualquer garantia de vitória
(acho até que perderá), com o PT disputando o segundo turno
completamente empatado com as forças de oposição (como sempre no
dividido Rio Grande do Sul). E no Mato Grosso do Sul, se houver segundo
turno e Deus absolver todas as falcatruas e acordos espúrios (até com o
DEM, inaugurando a aliança PT-DEM, anos atrás no Mato Grosso do Sul),
temos o ex-governador petista que atende pela alcunha de Zeca do PT-
que, entre outras coisas, foi o avalista da entrada no partido de
pedófilo condenado, o ex-vereador de nome Disney (sem ironias).
E só! Este é o legado do PT nas suas alianças para a eleição de Dilma,
após oito anos de governo Lulla, sem povo, a não ser como acessório de
poder.
A senadora por Santa Catarina, Ideli ‘Salvar-se’, aparece com míseros
16% dos votos contra Ângela Amin do PP, não governista (31%), e Colombo,
do DEM (27%), mesmo após ter sido subserviente ao extremo, tendo uma
exposição midiática bem maior que a sua estatura (é baixinha, a
senadora...). Até em convescote com os criadores da Bossa Nova aqui no
Rio a senadora veio. E lamentou que sua mãe "não estivesse viva para
curtir aquele momento". Ao menos, não vai ver sua filha vergonhosamente
derrotada, após tanta subserviência.
Para tentar amenizar esta derrota petista nestas eleições para governos
estaduais, o PSB (partido "quase" irmão do PT, com Skaff e tudo), com
Renato Casagrande, será eleito no primeiro turno no Espírito Santo. A
mesma coisa no Ceará, com o irmão do "enfant terrible" Ciro
Gomes, o Cid Gomes (que algum troco será obrigado a dar no PT de lá, por
tantas sacanagens das quais ele e seu irmão foram alvos por parte do
partido). E o PSB está também consolidado como vitorioso em Pernambuco.
Nestes estados, portanto, só restará ao PT ficar feliz com a vitória dos
outros.
Em nenhuma outra unidade da federação aparecem o PT e o PSB em posição
razoável na disputa. Restam o PDT e o PMDB como aliados, que
analisaremos abaixo, visto que o PC do B não dá nem pro cafezinho...
O PDT, em Alagoas, terá o Ronaldo Lessa a apoiar o Collor ou ser apoiado
por ele, para eleger a coligação pró-Lulla. O que seria inimaginável
alguns poucos anos atrás. E o Jackson Lago, PDT do Maranhão, boicotado
pelo PT em aliança com a "progressista" Roseana Sarney (quase uma Dilma,
hoje em dia), vai amargar o seu ocaso político sendo traído por quem
sempre emprestou apoio, e tendo a pequena dissidência petista por lá
feito até greve de fome para votar no... PC do B.
Resta então, para completar o júbilo petista com a vitória alheia, a eleição apenas provável do PMDB governista nos estados da Paraíba, Tocantins, Maranhão e Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, parece que Anastásio (apoiando e apoiado por Dilma, por
baixo dos panos) vai disputar até o último segundo. E convenhamos que
ganhar com Helio Costa soa mais como derrota - ao menos soava,
antigamente.
No Rio Grande do Sul, uma possível vitória do PMDB com Fogaça será
apoiada pelo PSDB. Assim como no Mato Grosso do Sul, em que a vitória do
PMDB com Puccineli, de OPOSIÇÃO à Dilma e ao PT local, é bem provável.
No Pará, D. Ana Julia Carepa patinou, talvez por iniciativas como a sua
aliança com madeireiros e o Projeto Paz no Campo (apelidado pelo MST de
Pau no Campo), e por lá o governo será entregue ao PSDB, com Simão
Jatene, com ou sem Barbalho a esta altura do campeonato (certos amigos
são verdadeiros inimigos...). Já em Roraima, o PT sequer existe, nem tem
aliados, mesmo os de mais baixa estirpe, com os quais a legenda se
acostumou a conviver, a meu ver, despudoradamente.
O resto, cerca de nove estados, vai ficar mesmo com a oposição, salvo
algum desimportante engano meu (paciência tem limites para estas
análises). Traça-se um quadro onde o PT naufraga eleitoralmente, cedendo
lugar para cerca de dez governadores "aliados", já sendo certo nove de
oposição, além de disputa acirrada em apenas sete estados.
Assim, podemos afirmar, sem medo de errar, que Lulla e o PT oPTaram pela
formatação do país em Sesmarias Políticas, retrocedendo aos tempos
coloniais para manter a unidade do país (em torno da aristocracia).
Dividiram o país nas malditas Sesmarias, das quais não nos livramos até
hoje, e estão virando moda novamente pelas mãos do Partido dos
Trabalhadores e seus coronéis aliados.
Some-se a isso a vitória eleitoral do PMDB, que, além de ter um vice que
não é nenhum inexperiente, ao contrário, é conhecida ave de rapina do
poder. Fará este partido ter o presidente da Câmara Federal e do Senado,
podendo sair muito fortalecido nos estados. Só o PT mesmo para alçar um
medíocre como Michel Temer a vice-presidente da República.
Ora! Que melhor resultado eleitoral poderiam esperar aqueles que
chegaram a se assustar com o surgimento de um partido que representou as
legítimas forças populares em luta, por tênues anos?
Certamente estão felizes e contemplados com uma Dilma que representa a
domesticação dos tecnocratas e burocratas que se apoderaram das energias
criativas que fizeram nascer o PT na década de 80, ladeada por cães de
guarda do Império, como o são Pallocci, Henrique Meirelles e Jobim.
Que resultado melhor do que este, com a completa super-estruturação do
poder, já totalmente burocratizado e seqüestrado, por não possuir povo protagonista,
seria imaginado por Stanley Gacek? Refiro-me ao gerente trabalhista da
AFL-CIO, o sindicalismo dos EUA que Lulla representou oficialmente na
reunião do diálogo interamericano em 1992, com FHC, Salinas e tantos
outros que se tornaram algozes de seus povos.
Portanto, eis o trágico resultado da experiência do lullo-petismo no
poder aqui no Brasil. Fizeram com que o Brasil, tal e qual um cachorro
doido, fique a dar voltas sobre si mesmo, buscando morder o próprio
rabo, aqui representado por Sarney e companhia bela. Fazem fachada aos
"homens do norte", que são os verdadeiros cabides em que se apóia este
grupo de arrivistas do lullo-petismo, doando-lhes o Brasil em troca da
concessão de ter a cabeça de chapa na eleição presidencial. Tudo para,
no fim das contas, apenas gerenciarem a entrega do país com fachada - só
fachada - de progressistas.
É a ex-esquerda Corporation S.A., aqui fazendo o papel de Luiz XIV e
Maria Antonieta, nesta entrega pornográfica do país aos estrangeiros e
capitalistas "nacionalistas". Dos aristocratas franceses, a guilhotina
da Revolução cortou-lhes a cabeça. Quem sabe, um dia, esses
neo-aristocratas brasileiros não serão passados pela guilhotina da
História?
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e entende muito bem de cachorros loucos.
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Apertem os cintos: o PT sumiu!
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