Uma eleição deveria ser banal: a disputa entre diferentes projetos.
Em alguns países, como a Suíça, chega a ser um tédio. José Serra e Dilma Roussef teriam de ser vistos apenas como os representantes de ideias opostas. Nem tão opostas assim de resto.
Como diria o sábio Edgar Morin, do pico dos seus 89 anos de idade, ideias antagônicas e complementares. Pode? Logicamente talvez não. A vida é mais lógica do que a lógica. Inventa sua lógica. A campanha eleitoral, porém, revela outra realidade, a diabolização do oponente. Serra não para de cair nas pesquisas. Quanto mais adota o discurso demonizador do seu vice Índio da Costa, mais despenca.
Boa parte dos partidos de centro, como o PMDB, já aderiu à candidatura de Dilma. Um naco do PP, mais à direita, também já se bandeou. A resistência total fica por conta do PSDB e do Dem. Há uma razão óbvia para isso: são os partidos da candidatura José Serra – Índio da Costa.
Até aí tudo bem. Mais do que isso, ótimo. É a democracia.
Por que então a opção de alguns por ver em Dilma um terrível perigo para o Brasil se homens e mulheres considerados mais conservadores já capitularam e não demonstram o menor medo da petista?
O Uruguai tem um presidente que foi tupamaro. Está indo muito bem.
Por que o Brasil não poderia ter uma presidente que fez parte da luta contra a ditadura militar? Será que os estrategistas de Serra não percebem que a opção por assustar os eleitores é primária e contraproducente? Dilma não come criancinhas. Nem vai estatizar as multinacionais ianques.
Há pessoas que pararam no tempo.
Imaginam, por exemplo, que qualquer crítica aos defeitos do capitalismo signifique uma defesa do comunismo. É a chamada retórica macartista. Desejo de caçar bruxas. Invenção de espantalhos.
Uma senhora me mandou um e-mail no qual me acusava de ser “meio comuna”. Minhas ideias sobre economia não vão além daquelas professadas pelo prêmio Nobel Paul Krugman, que está muito longe de ser um comunista.
Em artigo recente no jornal “New York Times”, porém, Krugman disse que Barack Obama está sendo vítima “da direita populista e das grandes corporações”. As grandes corporações não parecem, até agora, apavoradas com a possível vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. O problema é a direita populista e desesperada.
Krugman deu uma letra impressionante: “Do lado de fora, essa ira contra a regulação parece bizarra. Quer dizer, o que eles esperavam? O setor financeiro, particularmente, operou de forma descontrolada sob a desregulação, provocando, finalmente, uma crise que deixou 15 milhões de americanos desempregados e exigiu socorros financeiros de larga escala financiados pelo contribuinte para evitar consequências ainda piores. Wall Street esperava sair de tudo isso sem arcar com algumas novas restrições? Aparentemente, sim”. Querer mais regulação estatal não é coisa de comunista. Votar numa candidata de esquerda não é escolher o diabo. Melhor seria um pouco de enfado: discutir apenas projetos.
Ou resultados.
Aí é que a porca torce o rabo. Está melhor.
Em alguns países, como a Suíça, chega a ser um tédio. José Serra e Dilma Roussef teriam de ser vistos apenas como os representantes de ideias opostas. Nem tão opostas assim de resto.
Como diria o sábio Edgar Morin, do pico dos seus 89 anos de idade, ideias antagônicas e complementares. Pode? Logicamente talvez não. A vida é mais lógica do que a lógica. Inventa sua lógica. A campanha eleitoral, porém, revela outra realidade, a diabolização do oponente. Serra não para de cair nas pesquisas. Quanto mais adota o discurso demonizador do seu vice Índio da Costa, mais despenca.
Boa parte dos partidos de centro, como o PMDB, já aderiu à candidatura de Dilma. Um naco do PP, mais à direita, também já se bandeou. A resistência total fica por conta do PSDB e do Dem. Há uma razão óbvia para isso: são os partidos da candidatura José Serra – Índio da Costa.
Até aí tudo bem. Mais do que isso, ótimo. É a democracia.
Por que então a opção de alguns por ver em Dilma um terrível perigo para o Brasil se homens e mulheres considerados mais conservadores já capitularam e não demonstram o menor medo da petista?
O Uruguai tem um presidente que foi tupamaro. Está indo muito bem.
Por que o Brasil não poderia ter uma presidente que fez parte da luta contra a ditadura militar? Será que os estrategistas de Serra não percebem que a opção por assustar os eleitores é primária e contraproducente? Dilma não come criancinhas. Nem vai estatizar as multinacionais ianques.
Há pessoas que pararam no tempo.
Imaginam, por exemplo, que qualquer crítica aos defeitos do capitalismo signifique uma defesa do comunismo. É a chamada retórica macartista. Desejo de caçar bruxas. Invenção de espantalhos.
Uma senhora me mandou um e-mail no qual me acusava de ser “meio comuna”. Minhas ideias sobre economia não vão além daquelas professadas pelo prêmio Nobel Paul Krugman, que está muito longe de ser um comunista.
Em artigo recente no jornal “New York Times”, porém, Krugman disse que Barack Obama está sendo vítima “da direita populista e das grandes corporações”. As grandes corporações não parecem, até agora, apavoradas com a possível vitória de Dilma Roussef no primeiro turno. O problema é a direita populista e desesperada.
Krugman deu uma letra impressionante: “Do lado de fora, essa ira contra a regulação parece bizarra. Quer dizer, o que eles esperavam? O setor financeiro, particularmente, operou de forma descontrolada sob a desregulação, provocando, finalmente, uma crise que deixou 15 milhões de americanos desempregados e exigiu socorros financeiros de larga escala financiados pelo contribuinte para evitar consequências ainda piores. Wall Street esperava sair de tudo isso sem arcar com algumas novas restrições? Aparentemente, sim”. Querer mais regulação estatal não é coisa de comunista. Votar numa candidata de esquerda não é escolher o diabo. Melhor seria um pouco de enfado: discutir apenas projetos.
Ou resultados.
Aí é que a porca torce o rabo. Está melhor.
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