terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tarso monta governo a partir de novembro. Prioridade atual é eleger Dilma

Bruno Alencastro/Sul21
Tarso (D) viajou a Brasília para reunião com Dilma Rousseff / Foto: Bruno Alencastro/Sul21

Rachel Duarte

Um governo plural e de diálogo. Essa foi a primeira afirmação do governador eleito no Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), sobre como será o seu mandato nos próximos quatro anos. Já nesta segunda-feira, 4, Tarso reuniu-se com a coordenação geral da campanha para tratar das prioridades da coligação Unidade Popular pelo Rio Grande. A primeira tarefa será organizar uma comissão, responsável por levantar os problemas que possam encontrar ao assumir o Palácio Piratini. A definição do secretariado e o início da transição ficaram para novembro. Neste momento, a prioridade da Coligação é ajudar na eleição de Dilma Rousseff, no segundo turno.
Focar as ações no segundo turno é importante, também, para o o governador eleitor. Tarso vai trabalhar para evitar que o Rio Grande do Sul siga a tradição de ter um governo estadual contrário ao nacional, o que voltaria a acontecer com uma eventual derrota de Dilma nas urnas. O ex-ministro, assim como o senador petista Paulo Paim e alguns líderes do PT gaúcho foram convocados ainda no domingo (3) para uma reunião com a campanha da Dilma em Brasília. Tarso viajou na tarde desta segunda-feira, 4, para cumprir o compromisso.
O governador eleito do RS se colocou à disposição do PT nacional, mas alertou: não deixará de trabalhar na transição. “Nós vamos conciliar as duas atividades. Pois agora, precisamos ouvir os partidos da Frente sobre como pode ser o processo de composição do governo”, falou. Sobre os critérios que serão adotados afirmou: “vamos montar o governo com pessoas adequadas aos cargos e os partidos terão que oferecer os melhores”.
Possibilidades partidárias
Como já fora anunciado, antes mesmo da vitória de Tarso se confirmar, o PDT será chamado para compor o governo. Os rumores levantados às vésperas da votação sobre a possibilidade de o ex-governador Alceu Collares (PDT) integrar o governo, ou mesmo sua esposa Neuza Canabarro, não devem se confirmar, transformando-se em um mero boato. Collares disse ao Sul21 que não há convite e que já deu sua contribuição aos gaúchos, apesar de não ter se pronunciado sobre um possível convite à sua esposa.
Segundo o presidente do PDT, Romildo Bolzan Jr., é cedo para esta conversa, em razão da derrota recente do projeto apoiado pelo partido. Ele disse ainda que a decisão sobre o diálogo com a Coligação de Tarso será feita de forma coletiva, mas a independência do PDT será defendida por ele. “Se esse assunto chegar a mim, vou levar para as instâncias partidárias. Mas defendo que o PDT tem que ter posição de construção de estado e independência. Essa proposta tem que amadurecer”, falou.
O caminho para esta costura com o PDT deve ser trilhado pelos pedetistas que apoiaram Tarso na campanha. Entre eles, o prefeito de Taquara, Décio Hugentobler. As movimentações do tabuleiro passam pela formação da futura chapa à Prefeitura de Porto Alegre, em 2012. Mas, esta cota pode não ser ocupada pelo PDT, uma vez que a deputada federal Manuela D´Ávila (PCdoB) foi a quarta mais votada no país.
Independente do peso dos deputados federais ou estaduais da Coligação, Tarso afirmou que não irá fazer um governo fracionado, apenas por divisão de cargos. “Nós fazemos questão que a cabeça de chapa seja da Unidade, mas isso não implica que ela tenha o poder. Nós temos uma responsabilidade com a nossa Coligação, mas queremos formar um grande bloco político no estado. Então não haverá nenhuma postura absolutista”, disse.
Tarso ainda irá ouvir o PTB e o PP para saber o que os partidos pensam sobre o futuro do RS. Este diálogo também pode favorecer a indicação ao governo de quadros de partidos que não estiveram aliados com Tarso, no primeiro turno. Entre os mais próximos do governador eleito, o único que surgiu foi o do superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, cotado ao cargo de secretário de Segurança.
Ampliar a Coligação é importante para o futuro governo Tarso ter maioria na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Pode, no entanto, esbarrar em resistências dentro do núcleo do partido e até mesmo entre as diferentes correntes dos 14 deputados petistas eleitos para a Assenbleia. Somando os deputados petistas aos quatro da bancada do PR/PSB/PCdoB, a Unidade Popular pelo Rio Grande tem 18 das 55 cadeiras, que compõem o parlamento gaúcho. Com o PDT, PTB e PP, o governo teria a maioria para aprovar projetos com tranquilidade.
As siglas que Tarso salientou que não irão compor o seu governo são as opositoras diretas à sua campanha nesta eleição: PSDB, PMDB e DEM. “Mas isso não quer dizer que não vamos dialogar com a oposição, pois tem quadros bons e que querem o melhor para o Rio Grande”, salientou.
Consertação da casa
O futuro governador Tarso Genro salientou que pretende voltar a cinco das mais de 300 cidades gaúchas que visitou durante a campanha, para agradecer pela confiança do voto.
Sem aprofundar qualquer análise sobre a situação do Rio Grande do Sul, ele disse que pretende governar de acordo com o programa de governo elaborado ao longo da campanha junto com os partidos aliados, entidades, movimentos sociais e população.
A fundamentação básica do plano de governo de Tarso Genro é o aumento da capacidade de investimentos, a recuperação das funções públicas do Estado, o desenvolvimento sustentável e uma participação forte e protagonista no cenário nacional.
O governo será organizado em redes, por meio do ProRedes RS, que será um comitê ligado ao gabinete do governador. O ProRedes RS terá o objetivo de definir metas e estabelecer as prioridades de desenvolvimento. O fortalecimento e a pluralidade dos mecanismos de participação popular, como o Orçamento Participativo e os Conselhos Regionais e Municipais de Desenvolvimento são prioridade. Há previsão de criar um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, nos moldes do Conselho de Desenvolvimento Nacional. A participação virtual e as redes sociais na internet também serão estimuladas.
Na rede da Educação, o programa prevê implantação do turno integral nas escolas de ensino fundamental e um Programa Universidade Para Todos (ProUni) específico para o Estado. Também está previsto o resgate e revitalização da Universidade Estadual (Uergs) e investimentos em pesquisa e tecnologia. Na rede da segurança pública está previsto o reforço na implantação do Pronasci – Programa de Segurança Pública com Cidadania, que alia ação policial com programas sociais. Além do trabalho integrado entre as forças policiais.

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