O
22 de Maio de 2011 ficará como um importante marco na longa história de
luta e resistência do povo basco. A coligação Bildu - que o Estado
espanhol tentou ilegalizar - conquistou o melhor resultado eleitoral de
sempre para a esquerda independentista. Tornou-se na primeira força, no
País Basco, em número de eleitos, na segunda força em número de votos e
vai governar quase uma centena de câmaras municipais.
Os
números são esclarecedores. Com 99,99 por cento dos votos contados,
obteve 1137 eleitos e um total de 313.151 votos (22 por cento), bem
acima do melhor resultado que havia conquistado em 1999 com o Euskal
Herritarrok. O Partido Nacionalista Basco é a força mais votada no
conjunto dos quatro territórios com 327.011 votos (22,97 por cento) e
881 eleitos. Só depois aparece o PSOE com 16 por cento e o PP com 11,64
por cento. Outras forças independentistas como a Nafarroa Bai tiveram
2,55 por cento e a Aralar 2,26 por cento. A Esquerda Unida chegou aos
2,43 por cento.
Entre as conquistas do Bildu destacam-se Donostia (San Sebastian). A
coligação independentista não só conquistou a capital da Gipuzkoa como
arrebatou a maioria das câmaras municipais daquela província basca. O PP
foi, finalmente, corrido da gestão camarária de certas localidades onde
havia vencido graças à ilegalização da esquerda independentista. Em
Lizartza, que era um desses casos, o Bildu obteve 82,87 por cento dos
votos.
É certo que são eleições municipais, e forais no caso basco, mas
estes resultados evidenciam o carácter anti-democrático do Estado
espanhol. A decisão de ilegalizar o Sortu e a tentativa de ilegalizar o
Bildu, depois de uma década de sucessivos partidos e coligações
proibidos, demonstra que se impediu a participação democrática de
centenas de milhares de cidadãos bascos. Com ou sem apoio à luta armada
da ETA, o direito à expressão pacífica foi violado. Há gente presa e
torturada por opinar. Há jornais e rádios proibidos. Há organizações
juvenis e de defesa dos presos ilegalizadas.
Se o País Basco não vivesse um regime de excepção, o caminho natural
para o PSOE seria abandonar o governo autonómico basco e abrir caminho a
eleições antecipadas. O lehendakari Patxi López sabe que só ocupa
aquele cargo, com o apoio do PP, graças à anulação dos votos da esquerda
independentista. Mas o governo que lançou a polícia contra o seu
próprio povo não obedece a outros interesses senão os do Estado
espanhol. É, pois, pouco provável que o faça.
Em relação à esperança que se levanta no País Basco, é importante
que se reforce a luta pela concretização de um processo de paz que
conduza a uma situação democrática que permita aos bascos decidir o seu
próprio futuro. Também é importante que o Estado espanhol aceite acabar
com a repressão e dialogue com a ETA no sentido da libertação de todos
os presos. A vitória do Bildu é uma vitória de todos os trabalhadores
bascos. Uma vitória não só contra a ocupação mas também contra o
capitalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário