Hoje é um dia de tristeza que, embora esperado, dói muito em todos os
que acreditam na igualdade humana e têm nojo do racismo. Morreu Abdias
do Nascimento, um homem que foi tantas coisas que é difícil enumerar e,
em todas elas, foi um só: um brasileiro negro, que amor a arte, o
conhecimento e as pessoas.
Abdias, que nasceu em 1914, viveu intensamente seus 97 anos de lutas.
Luta como soldado, nas revoluções de 30 e no levante paulista de 32,
luta para se formar economista, em 38. A luta contra o Estado Novo e
contra o racismo o levam, em 1941, à Penitenciária de Carandiru, onde
cria o Teatro do Sentenciado, organizando um grupo de presos que
escrevem, dirigem e interpretam.
E não pára nisso. Cria o Teatro Experimental do Negro, interpreta no
teatro e no cinema – Orfeu da Conceição, que virou Orfeu do Carnaval
foi um de seus trabalhos mais conhecidos.
Obrigado a deixar o país pela ditadura, torna-se Conferencista
Visitante da Universidade de Yale University,em 69. Um ano depois funda
a cadeira de Culturas Africanas no Novo Mundo, na Universidade do
Estado de Nova York.
No fim dos anos 70, com meu avô, Leonel Brizola, funda o PDT e, nele,
o Movimento Negro. No primeiro Governo Brizola, foi deputado federal.
No segundo, foi secretário de Estado de Defesa e Promoção das
Populações Afro-Brasileiras e, com a morte de Darcy Ribeiro, assumiu
uma cadeira de Senador.
Nos últimos anos, com a saúde não deixava Abdias mover-se muito. Mas
sua luta jamais parou. Daqui a pouco, vou postar o programa Espelho,
apresentado por Lázaro Ramos, exibido por ocasião de seus 95 anos. E
posto, aí em cima, seu discurso sobre Zumbi dos Palmares, no Senado da
República do Brasil.
Do Brasil de todas as cores!
Um comentário:
Abdias, muito obrigado.
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