terça-feira, 31 de maio de 2011

Pacote do governo: discussão esquenta entre deputados. Cpers promete paralisação


Cpers promete paralisação para pressionar deputados (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

Felipe Prestes no Sul21

A entrega do pacote de projetos do governo do estado à Assembleia, na semana passada, encerrou apenas uma etapa da discussão sobre temas delicados que o conjunto de projetos aborda, como a previdência e o pagamento de RPVs. Apesar da maciça presença de deputados na entrega dos projetos pelo governador, as bancadas de oposição e de governo já organizam discussões internas e com a sociedade. Enquanto isto, entidades de servidores, como o Cpers, já se organizam para pressionar e barrar a aprovação dos projetos.
Após a aprovação do reajuste do magistério e dos funcionários de escolas, a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, revelou que está sendo preparada uma paralisação para a semana de votação do pacote, cujos projetos começarão a trancar a pauta da Assembleia a partir do dia 25 de junho – a exceção é o projeto da inspeção veicular, que foi enviado sem pedido de urgência. O sindicato deve consultar a categoria para definir as manifestações, mas é certo que elas acontecerão. Na próxima quinta-feira (2), por exemplo, já está marcado ato público realizado por diversas entidades representativas dos servidores, na Praça da Matriz, a partir das 14 horas. “Precisamos que as bancadas não votem este pacote. A categoria deve paralisar na semana da votação. Se preciso for, pararemos por duas semanas, para que os projetos não sejam votados”.
PP se reúniu com 22 entidades de servidores (Foto: Geancarla de Aguiar/PP-RS)

PP ouviu servidores

Na segunda-feira (30), o PP recebeu 22 entidades de servidores em seu diretório estadual. O líder da bancada progressista, João Fischer, afirmou que o que mais preocupa os servidores é o regime de urgência dos projetos. “Os servidores estão apavorados com a urgência. Não haverá tempo para debater da forma necessária projetos tão importantes, que dizem respeito diretamente a eles”.
Fischer afirmou que há um temor entre os servidores de que o aumento da alíquota de contribuição previdenciária – de 11 para 16,5% — não fique restrito apenas àqueles que ganham acima do teto do regime geral da previdência (de R$3.689,66) como prevê projeto do governo, porque poderia ser inconstitucional um aumento destinado a parte dos servidores. “E eles estão muito preocupados com o pagamento das RPVs”, acrescentou. O deputado diz que deve encaminhar críticas e sugestões do partido à Casa Civil até o final desta semana.

PSB aprofunda debate

Nesta quarta-feira (1º), o PSB vai se reunir para aprofundar a discussão sobre os projetos do governo. A reunião ocorrerá na sede estadual do partido, às 19h, e contará com a presença dos quadros mais importantes da sigla no governo Tarso, o governador em exercício Beto Grill, e o secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque. Foi convidado a falar, o integrante da assessoria superior do governador, João Victor Domingues.
Agência AL
Miki Breier: É preciso enfrentar o debate da previdência (Foto: Agência AL)

O deputado Miki Breier (PSB) acredita que a pressão de servidores como os magistrados – os mais atingidos pelas mudanças na previdência – pode, sim, fazer com que deputados da base aliada fraquejem entre apoiar o governo, ou bater de frente com estas classes de servidores. “Teremos pressão muito forte. Deputados podem vacilar. Será o grande teste para a base aliada”, diz.
O socialista conta que sua bancada tem pensado mais em sugestões para o projeto de inspeção veicular, que terá mais tempo de discussão, porque foi enviado sem regime de urgência. Quanto à previdência, Miki Breier acredita que a proposta do governo pode ter defeitos, mas que o Executivo acerta ao colocar a questão em votação de forma rápida. “Temos que enfrentar este debate. O governo está enfrentando. Mudanças na previdência já vêm sendo discutidas há muito tempo, não dá para dizer que não haverá tempo para discussão”.
Breier acredita que seria muito difícil votar este projeto se ele não viesse em regime de urgência, ressaltando que o ano que vem é ano eleitoral. “Estas medidas não tão simpáticas têm que ser votadas este ano. Se não fizer isto no primeiro ano de governo, o projeto não sai”, diz. O PTB é outro partido que deve discutir o tema. O deputado Cassiá Carpes afirma que os seis parlamentares da sigla devem se reunir na semana que vem.

Inconstitucionalidade

Segundo o deputado Adroaldo Loureiro (PDT), o partido também tem dúvidas quanto a constitucionalidade do aumento de contribuição previdenciária para parte dos servidores. “O nó para a nossa bancada é a questão da alíquota diferenciada. Nossos técnicos avaliar sua legalidade. O governo tem seus argumentos, mas nós ainda estamos em dúvida”.
Miriam: "Todos concordam que as mudanças precisam ser feitas" (Foto: Ramiro Furquim/Sul21)

A líder do governo, Miriam Marroni, diz que não há nenhuma decisão definitiva do STF sobre cobranças de alíquotas diferentes para servidores. Mas que, em casos analisados pelo governo, o Supremo tem ressaltado que o INSS já possui categorias diferenciadas. Outro princípio no qual o governo se baseia é o que diz que não se pode tratar desiguais (no caso os servidores de maiores e menores salários) como se fossem iguais. Além disto, Miriam ressalta que a alíquota proposta pelo governo não ferirá a capacidade contributiva dos servidores atingidos, tendo pouco impacto no bolso destes servidores. “O aumento não é nenhum absurdo”, diz.
Miriam admite que a base não está 100% fechada com tudo o que dizem os projetos, mas afirma que há “poucos ruídos”. Em especial, ressalta, há propostas divergentes para a definição dos pagamentos de RPVs. Ainda assim, diz que os deputados governistas estão fechados quanto à importância dos projetos. “Ninguém tem problema quanto ao conceito dos projetos. Todos concordam que estas mudanças precisam ser feitas”. Miriam deve intensificar as conversas com as bancadas na semana que vem.

Críticas ao Cpers

A líder de governo criticou a postura do sindicato dos profissionais da educação. Segundo Miriam Marroni, as mudanças não atingem os que menos recebem, e garantem a segurança da previdência, que corre risco de quebrar em quatro ou cinco anos. “Esperava do Cpers a defesa disto. Fico surpresa que uma dirigente sindical seja contra um projeto que impede que a previdência quebre. Acho uma irresponsabilidade”.

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