Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 10 de junho de 2007
Aos meus amigos de sempre!
Do poeta Vinicius de Morais
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
Ana Carolina
sábado, 9 de junho de 2007
O fim de uma era na esquerda brasileira
Tivemos 3 ciclos da esquerda brasileira no século 20. Um anarquista, um comunista e socialista, e um outro pós-Ditadura Militar. Os atores desse 3º ciclo fracassaram em sua idéia de mudar o Estado por dentro. Hoje, a força da esquerda está nos movimentos sociais.
Leonardo Sakamoto
Não sei se todos se deram conta, mas estamos vivendo tempos interessantes – para usar a expressão do professor Hobsbawn – no que diz respeito ao “ser” de esquerda no Brasil. Um período de mudanças em que um dos efeitos é a falta de entendimento entre grupos que, teoricamente, defendem o mesmo objetivo. A questão ambiental é um dos palcos principais dessa batalha, em que a razão tem sido morta e enterrada – principalmente pelo grupo que está no poder.
Tivemos três grandes ciclos da esquerda no país durante o século 20. Grosso modo, o primeiro deles, anarquista, foi fomentado pelos imigrantes europeus que vieram trabalhar na então nascente indústria paulista e difundiram seus ideais. O segundo, com os movimentos comunistas e socialistas, da intentona à resistência à ditadura militar dos anos de chumbo. O terceiro veio com o processo de redemocratização do país e a liberdade de organização civil e tem um forte tom partidário.
Ou seja, a esquerda durante o século 20 variou de acordo com a relação que firmava com o Estado. Do anarquismo, que não acreditava que ele fosse fundamental para o desenvolvimento da sociedade, passando pelo comunismo, que defendeu a necessidade de destruir o Estado para depois reconstruí-lo sob a direção do proletariado, até o “petismo” em que a esquerda acreditou que seria possível tomar o Estado dentro das regras do jogo da classe dominante, ou seja através da disputa político-eleitoral.
Veio o século 21 e uma das poucas certezas que tenho é que o paradigma do sistema político representantivo está em grave crise por não ter conseguido dar respostas satisfatórias à sociedade. Bem pelo contrário, apesar de ser uma importante arena de discussão, ele não foi capaz de alterar o status quo. Apenas lançou migalhas através de pequenas concessões, mantendo a estrutura da mesma maneira e a população sob controle. O Estado, assim como há 100 anos, continua servindo aos interesses de alguns privilegiados detentores dos meios de produção. E a maioria das disputas relevantes no seio do Estado são eminentemente intra-classe, no caso a elite.
Os atores desse terceiro ciclo da esquerda, que tem seu cerne no petismo, fracassaram em sua idéia original de mudar o Estado por dentro. Grande parte do PT (deixando claro que há notáveis exceções) adotou práticas que ele mesmo abominava. Bem, todos conhecem a história.
Onde está a força da esquerda hoje? Nos movimentos sociais e nos grupos de base. Ou seja, atores que dialogam com o Estado, mas que estão fora dele, atuando na transformação da sociedade pelo lado de fora. Creio que isso se deve à desilusão com a política partidária tradicional, à incapacidade dessa velha esquerda em dar alternativas para os jovens e ao fortalecimento de grupos que nunca adentraram no sistema partidário por não acreditarem em sua natureza ou por serem dele alijados.
O mais importante grupo político hoje no país, concordando ou não com seu modus operandi, é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que através da luta pela reforma agrária tenta alterar o modelo de desenvolvimento econômico. Ou seja, faz política.
E não é só a luta pela terra. A incapacidade do sistema representativo de gerar respostas satisfatórias levou também ao fortalecimento da luta da sociedade civil em outras frentes, como trabalho, comunicação, direitos humanos e meio ambiente. Ressalte-se, apenas, que sociedade civil não é a mesma coisa que organizações não-governamentais, pois, a despeito das ONGs comprometidas com mudanças estruturais, muitas delas são de ordem cosmética e apenas reforçam as condições atuais.
O interessante é que esse quarto ciclo de esquerda, dos movimentos e da sociedade civil organizada ou não, tem muito a ver com o primeiro, lá no início do século 20. Ao questionar o papel do Estado e agir por conta própria, adota nuances de anarquismo. Alguns podem falar que o que chamo de nuances de anarquismo seria, na verdade, um processo de aprofundamento do Estado mínimo em que o governo se exime de suas responsabilidades entregando ao mercado a gestão da sociedade.
Há de se ter cuidado com isso e não confundir programas como “Amigos da Escola” – que, na verdade, são mais daquelas migalhas que falei acima – de um processo sério de organização popular pela transformação da realidade social, econômica, cultural, política. Mas essa separação é fácil de ser feita, basta verificar quais são os impactos da ação de determinado grupo. Se elas não se encaixam em um panorama maior, de transformação real, e limitam-se à sua pontualidade, estamos falando de migalhas.
Por exemplo, ocupações como a da Reitoria da USP pelos estudantes, de terras improdutivas pelos sem-terra ou de prédios abandonados por sem-teto têm um objetivo muito maior do que apenas obter concessões de curto prazo. Elas não servem apenas para tapar as goteiras das salas de aula, desapropriar uma fazenda ou destinar um prédio aos sem-teto. Os problemas enfrentados pelos movimentos envolvidos nesses atos políticos não são pontuais, mas sim decorrência de um modelo de desenvolvimento que enquanto explora o trabalho, concentra a renda e favorece classes de abastados, deprecia a coisa pública (quando ela não se encaixa em seus interesses) ou a privatiza (quando ela se encaixa). Ou seja, as ocupações são uma disputa de poder feita simultaneamente em âmbito local e global que, no horizonte histórico, poderá resultar na manutenção da pilhagem econômica, social e cultural da grande maioria da sociedade ou levar à implantação de um novo modelo – mais humano e democrático.
O problema é que toda mudança leva a um enfrentamento. No caso da questão ambiental, por exemplo, há uma disputa sendo travada entre pessoas da velha e da nova esquerda via mídia. O discurso de que o desenvolvimento é a peça-chave para a conquista da soberania (o que concordo) e que, portanto deve ser obtido a todo o custo (o que discordo) tem sido usado por pessoas que foram comunistas, tornaram-se petistas e hoje fazem coro cego ao PAC do governo federal. Mantém viva a parte ruim do pensamento do genial Celso Furtado que, na prática, significa que é necessário sacrificar peões para ganhar o jogo.
Do outro lado, os movimentos sociais e ONGs sérias que atuam nesse campo defendem que o crescimento não pode ser um rolo compressor passando por cima de pessoas e do meio ambiente. Por suas ações, que impedem um laissez-faire generalizado, são taxados de entreguistas e de fazerem o jogo do capital internacional. Nas últimas semanas, presenciamos isso nas críticas levantadas contra o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que ocupou a hidrelétrica de Tucuruí, ou nos impropérios lançados às comunidades que protestaram contra as obras de transposição de parte das águas do São Francisco.
É claro que os países do centro querem que nós arquemos com o ônus da preservação do planeta. O mercado de carbono, na prática, é isso: compra-se créditos de terceiros (que vão adotar práticas ou projetos que absorvam carbono da atmosfera) para que se possa poluir. Ao mesmo tempo em que isso acontece, esses países se beneficiarão do alargamento da já grande distância de desenvolvimento entre o centro e a periferia.
Mas o atual modelo, gestado no seio do capitalismo, e em plena vigência no Brasil, tem um potencial destruidor muito grande, além de ser extremamente concentrador. Ou seja, o resultado da pilhagem dos recursos naturais e do trabalho humano, mantendo o padrão adotado até aqui, continuará nas mãos de poucos, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Não faz sentido defender algo que também está nos afundando.
Como se resolve esse enfrentamento? Na minha opinião, não se resolve. O problema entre a velha e a nova esquerda está no contexto histórico em que seus atores foram formados. Não adianta mostrar fatos novos ou uma nova luz para a interpretação da realidade, há grupos que fecham e não abrem com o padrão de desenvolvimento forjado na ditadura – paradoxalmente a mesma ditadura que os torturou. A meu ver a solução se dará através de renovação geracional, ou seja, os mais antigos se retirando com a idade para dar lugar aos mais novos. É triste que seja assim, mas tendo em vista os últimos embates, não acredito em conciliação possível.
Tudo o que foi discorrido aqui, é claro, diz respeito à esquerda internamente. Agora, como diria o professor Garrincha, falta combinar com o inimigo. Porque a história mostra que apesar de a esquerda ter capacidade de influenciar a realidade no país, ela não foi capaz de transformá-la. E a menos que algum dos novos ciclos traga respostas para romper com a estrutura atual, continuaremos vendo eles se repetirem nos fracassos. Para a alegria da direita.
Leonardo Sakamoto, jornalista e cienstista político, é membro da ONG Repórter Brasil.
Ecologia e Socialismo
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A proposta do Protocolo de Kyoto é absolutamente insuficiente para conter o aquecimento global e transforma o direito de poluir em mercadoria.
Michael Löwy *Atualmente estão se produzindo tempestades tropicais que já assolaram regiões dos Estados Unidos. Especialistas no tema acenam para a possibilidade de que esses desastres chamados naturais tenham relação com o aquecimento global do planeta e das águas oceânicas.
Os dramáticos resultados do desequilíbrio ecológico provocado pela lógica destrutiva da acumulação capitalista são agora evidentes, e os sofreremos ainda mais dentro de dois, dez, cinqüenta anos. Não é uma questão para ser resolvida dentro de um século, nem sequer para trinta anos, é para agora; portanto, requer uma urgente resposta política, ética e humana.
Como a oligarquia dominante está enfrentando estes problemas? Sua resposta é lamentável. Os setores ecologicamente mais avançados do capital internacional - a burguesia européia e outras, como os japoneses - chegaram a um acordo para encarar o problema que consideravam de maior urgência, que é o do efeito estufa: o chamado Protocolo de Kyoto.
Daqui a alguns anos, esse efeito estufa vai provocar o degelo nas zonas glaciais, com o que o nível do mar vai subir, inundando várias cidades costeiras. Este é um cenário bastante provável, e pode estar começando agora mesmo, com o exemplo mais conhecido da tragédia de Nova Orleans.
A resposta dos capitalistas mais conscientes, mais abertos à questão ecológica, se resume no Protocolo de Kyoto, que é absolutamente insuficiente. O Protocolo busca, eventualmente, estabilizar o efeito estufa para dentro de 10 ou 15 anos, com base num mecanismo absurdo chamado "mercado dos direitos de poluir". Os países mais ricos seguem poluindo o mundo, mas baseados na possibilidade de comprar dos países pobres o direito de poluir o que eles não utilizam. Transformam o direito de poluir em mercadoria. Deste modo, as nações continuam poluindo: tanto quanto podem ou estejam dispostos a pagar. Isso é o mais avançado que a elite dominante conseguiu produzir.
Esse acordo mínimo, vazio, falido, é perfeitamente incapaz de responder ao problema: os Estados Unidos, que são o país mais poluidor do mundo, se negam a assinar o Tratado de Kyoto e, enquanto isso, seguem desenvolvendo sua economia na lógica da destruição e da poluição.
Necessitamos pensar em soluções radicais para esse problema. A solução de Kyoto é absolutamente insuficiente e rechaçada pelos Estados Unidos. Se vamos pensar em termos de soluções radicais, necessitamos pensar na questão do socialismo. Por isso, existe um movimento, uma idéia, um programa, que é o ecossocialismo.
O ecossocialismo parte de algumas idéias fundamentais de Marx sobre a lógica do capital e de alguns dos descobrimentos, avanços e conquistas científicas do movimento ecológico e da ciência ecológica. Marx não havia colocado ainda a questão da ecologia em sua análise porque, na sua época, a questão era muito pouco evidente. Mas ele afirma, em O Capital, que o sistema capitalista esgota as forças do trabalhador e as forças da Terra. Traça um paralelo entre o esgotamento do trabalhador e o esgotamento do planeta. Portanto, o desenvolvimento do capitalismo acaba com a natureza.
As atuais fontes de energia do capitalismo são nocivas e perigosas; o que é perigoso para o meio-ambiente, também o é para a humanidade: quer sejam as energias fósseis, em particular o petróleo que vai acabar dentro de algumas décadas - e se sabe matematicamente que vai acabar -, quer seja a energia atômica, que é uma falsa alternativa, pois o lixo nuclear é um problema gigantesco, muito perigoso, e que ninguém consegue resolver.
Então, a transformação revolucionária das forças produtivas passa pela questão das novas fontes de energia, pelas chamadas fontes de energia renováveis. No lugar do petróleo poluidor e da energia nuclear devastadora, necessita-se buscar energias renováveis, como a energia solar. Mas ela não interessa aos capitalistas, porque é gratuita, difícil de vender e não é mercadoria.
O capitalismo não se interessa pela energia solar, não investe em seu desenvolvimento. Obviamente, do ponto de vista socialista, é absolutamente prioritária a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico da energia solar. Não é a única, mas, com certeza terá um papel central no processo de transformação radical do projeto ecossocialista.
Por isso, alguns velhos socialistas relacionam diretamente nossa utopia revolucionária, o socialismo, o comunismo, com o Sol, com a energia solar. Essa expressão de "comunismo solar" já aparece em alguns trabalhos de ecossocialistas. Haveria uma espécie de profunda afinidade entre a energia solar e o projeto comunista.
Outro tema que deve ser examinado é o balanço negativo do que foi, a partir da visão ecológica, a experiência do chamado "socialismo real" da União Soviética e outros Estados burocráticos. Do ponto de vista da transformação do aparelho produtivo, que avançou muito pouco, os resultados foram enormes catástrofes ecológicas. Essa experiência é um caminho que nós não devemos seguir.
Outro balanço negativo é o do reformismo verde. Os partidos verdes que se formaram nos anos sessenta e setenta, no começo com certa perspectiva radical, terminaram quase todos, entrando em governos de centro-esquerda e convertendo-se ao social-liberalismo. As soluções que se requerem não passam por uma reforma ecológica aqui ou acolá; isso não resolve nenhum dos problemas. O balanço desse eco-reformismo verde é, portanto, bastante decepcionante.
Necessitamos levantar esta utopia revolucionária, essa possibilidade que é o ecossocialismo, que é o comunismo solar. A probabilidade de uma transformação radical da sociedade implica a expropriação do Capital. Mas, ficar apenas na expropriação dos capitalistas não enfrentará a questão do meio-ambiente.
A perspectiva ecológica, compreendida na sua radicalidade como a própria perspectiva socialista, implica a superação do capitalismo, a possibilidade de uma sociedade mais humana, justa, igualitária, democrática e capaz de estabelecer uma relação harmoniosa dos seres humanos entre si e com o meio-ambiente, com a natureza.
Não basta estabelecer este objetivo, essa utopia revolucionária. É preciso começar a construir esse futuro desde já. É necessário participar de todas as lutas, inclusive das mais modestas; como, por exemplo, a de uma comunidade que se defende contra uma empresa poluidora; ou a defesa de uma parte da natureza que esteja ameaçada por um projeto comercial destrutivo.
É importante ir construindo a relação entre as lutas sociais e as ambientais, pois elas tendem a concordar, unidas ao redor de objetivos comuns. Por exemplo, as comunidades indígenas ou camponesas que enfrentam as multinacionais desenvolvem um combate antiimperialista, mas também social e ecológico. A luta pelo transporte coletivo moderno e gratuito é um combate para avançar na solução do problema da poluição do ar. Conquistar uma rede de transporte público gratuito significa que a circulação de automóveis vai diminuir, que a poluição será menor, que o ar se tornará mais respirável.
Necessitamos perceber como, na prática, com essa perspectiva radical, as batalhas diárias vão se combinando, convergindo, articulando.
Hoje o ecossocialismo é não só trabalho de pensadores ou revistas especializadas, está presente nos movimentos sociais; mesmo que alguns deles não se chamem ecologistas ou socialistas, está presente no espírito, na radicalidade, na dinâmica dos movimentos sociais, em particular nas nações do Terceiro Mundo como a Índia, os países africanos e os latino-americanos.
Mas alguns ideólogos da ecologia colocam falsos problemas. Por exemplo, que a degradação do meio-ambiente é culpa de nosso consumismo, que cada um de nós consome muito, que é necessário reduzir o consumo para proteger o meio-ambiente. Isso responsabiliza os indivíduos e redime o sistema. É verdade que o consumo dos indivíduos é um problema, mas o consumo do sistema capitalista, do militarismo capitalista, da lógica de acumulação do capital, é muito maior.
Então, em vez de apregoar a autolimitação individual, é necessário chamar à organização para lutar contra o sistema capitalista; essa deve ser nossa resposta.
Outra visão equivocada é aquela que declara que a culpa é do ser humano, que mediante o antropocentrismo e o humanismo se pôs no centro e desprezou os outros seres vivos. Creio que esta concepção causa falsos problemas. Porque é do interesse da humanidade, da sobrevivência dos seres humanos, dos homens e das mulheres, preservar o meio do qual dependem inevitavelmente.
Não se trata de contrapor a sobrevivência humana à de outras espécies, trata-se de entender que elas são inseparáveis e que nossa sobrevivência como seres humanos depende da salvaguarda do equilíbrio ecológico e da diversidade das espécies; portanto, desde o ecossocialismo estaríamos falando de um humanismo biocentrista.
Michael Löwy é cientista social, leciona na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Universidad de Paris. É autor de As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen (Cortez Editora, 1998) e A estrela da manhã. Surrealismo e marxismo. (Civilização Brasileira, 2002), entre outras obras.
O PSOL pede passagem | | | |
Léo Lince | |
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Entre os dias 7 e 10 de junho, na insubmissa cidadela de São Sebastião do Rio de Janeiro, o Partido Socialismo e Liberdade realiza o seu primeiro Congresso Nacional. Vindos dos quatro cantos do território nacional, mais de 800 delegados, eleitos diretamente em núcleos ou plenárias de base, vão se juntar a um outro tanto de observadores e convidados, nacionais e internacionais, para debater e redefinir os rumos da esquerda socialista no Brasil.
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sexta-feira, 8 de junho de 2007
A quem interessa um sistema público de rádio e TV?
Essa é a comunicação de massa comercial. Seu objetivo principal é o lucro. E para maximizar o lucro entopem-nos de propaganda e de programas apelativos que ampliem o alcance dessa mesma propaganda. Também usam a concessão de seus canais para defender a perpetuação do sistema, os interesses dos poderosos, em detrimento do interesse público. Ou seja, além do uso comercial, usam para fins ideológicos.
O sistema público é o contrário disso tudo. Não depende do dinheiro da propaganda para funcionar e tem como objetivo principal servir o público, informando com honestidade os fatos de interesse social. Além disso, educa, dissemina as artes, os esportes e a cultura. Debate livremente e com pluralismo os grandes temas de interesse da coletividade. Critica abusos e desmandos dos poderosos de dentro e de fora do governo. E mantém a mais estrita neutralidade nas disputas eleitorais. Bem ao contrário do que pratica o sistema comercial Globo, dominante no Brasil.
Não há um modelo único de financiamento do sistema público. A BBC inglesa, a NHK do Japão e o vasto sistema público alemão são financiados diretamente por uma taxa paga por toda pessoa que possui um aparelho de rádio ou TV. O holandês é financiado pelo governo, ou seja, indiretamente pelo cidadão. Também não há uma única receita editorial. No Canadá, o sistema público tem como uma de suas principais funções adicionais combater o sectarismo entre canadenses de fala inglesa e de fala francesa. Na Inglaterra, onde há um número maior de etnias, a BBC expressa a diversidade do país por meio do multiculturalismo.
O importante é a autonomia financeira e editorial em relação ao governo. Se não, não é sistema público, é estatal, como a nossa Radiobrás e muitos no mundo todo – que têm a função, também fundamental hoje em dia, de informar os atos e decisões do governo omitidos pela mídia. Mas não conseguem exercer as funções de crítica e de exposição de abusos do próprio governo ao qual estão subordinados. Exemplo da diferença entre os sistemas está na própria Grã-Bretanha, que tem a BBC, mãe de todos os sistemas públicos, e no entanto criou o "serviço externo da BBC", financiado pelo governo, regido por estatuto próprio e monitorado pelo Ministério do Exterior – vale-se da imagem de independência da BBC e tenta seguir seu padrão de excelência editorial, mas está a serviço dos interesses imperiais. Por isso, transmite em mais de 50 idiomas, inclusive em português.
Há dois problemas principais afetando os sistemas públicos. O primeiro é a eterna ameaça de interferência dos políticos. A BBC, apesar de dirigida por um conselho independente com mandato de dez anos recebido do Parlamento (chamado modelo "servidor público"), precisou se explicar quando criticou o envio de tropas inglesas ao Iraque. Na Holanda, a independência política é assegurada por um conselho editorial de tal forma pluralista e representativo que as eventuais pressões do governo se diluem no conjunto de pressões de outros grupos da sociedade. Ou seja, a blindagem não é institucional, é cultural. É o chamado modelo "liberal-corporativo". Numa sociedade de pouca cultura democrática, a blindagem liberal-corporativa sucumbe à pressão político-partidária. Foi o que aconteceu com a TV Cultura, de São Paulo. O segundo problema é a pressão por audiência e produtividade. Muitos sistemas públicos vêm perdendo força e têm sido obrigados a aceitar alguma publicidade para se manter.
Qual deveria ser o perfil de um sistema público brasileiro? Já temos dezenas de emissoras e canais educativos, legislativos e comunitários. Mas tudo muito fragmentado. Não adianta criar mais um fragmento. O principal problema da nossa comunicação de massa e da nossa democracia é o perigoso monopólio da fala do sistema Globo. Nosso sistema público deve ter como missão se contrapor a esse monopólio, alcançando uma audiência significativa, com informação veraz e de qualidade voltada ao interesse público, com debates dos temas relevantes à maioria, com estímulo à produção regional e independente e muita cultura e arte. Somente equipes da mais alta qualidade jornalística, artística e cultural, com liderança forte e profundamente imbuída do sentido do interesse público terão capacidade para tanto e para resistir às inevitáveis pressões dos governantes do dia.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/06/070605_assentamento_aw_ac.shtml
fonte: blog do Bourdoukan
Apesar do placar elástico, o Internacional só marcou o primeiro gol no final do primeiro tempo, com Alex. Na segunda etapa, o time da casa voltou mais disposto a reverter os 2 a 1 da primeira partida e fez logo no começo, com Pinga. Na seqüência, Alexandre Pato ampliou e, no fim, Mosquera não conseguiu evitar o gol contra e o placar final: 4 a 0.
O jogo - Precisando vencer para conquistar o título, o Internacional não demorou a mostrar ao Pachuca que estava edisposto a mudar o panorama que parecia se desenhar desde a primeira partida. Logo nos primeiros minutos, o time de Alexandre Gallo pressionou e chegou ao gol adversário ao menos três vezes nos primeiros minutos.
Já o Pachuca não conseguia se livrar da forte pressão gaúcha e continuava recuado no campo de defesa. A partir da metade do período, porém, o time mexicano foi se soltando e começou a oferecer perigo ao gol de Clemer. O Internacional, entretanto, conseguiu o que buscava ainda no final do primeiro tempo.
Aos 28 minutos, Fausto Pinto puxou Iarley pela camisa dentro da área e a penalidade máxima foi marcada pelo árbitro. Na cobrança, Alex usa a 'paradinha' para deslocar o goleiro Calero e abrir o placar no estádio do Beira-Rio, que recebeu bom público para a decisão. No final do período, o técnico do Pachuca, Henrique Meza, reclamou bastante com a arbitragem e acabou expulso do banco de reservas.
Já na etapa complementar, o Internacional voltou ainda mais forte e disposto a buscar o placar necessário para o título. O empenho do elenco surtiu efeito logo aos quatro minutos, quando Rubens Cardoso cruzou da esquerda, Pato chutou em cima da zaga. Na seqüência, Wellington Monteiro ajeitou para Pinga, que bateu no canto direito de Calero e fez 2 a 0.
Mesmo assim, o Internacional precisava de mais um gol para anular a vantagem do Pachuca na disputa. Apesar da força do time mexicano, que dominava a posse de bola, os comandados de Gallo conseguiram chegar ao terceiro gol aos 18 minutos, com Alexandre Pato. O jovem atacante, um dos destaques na partida, fez bela jogada individual e invadiu a área pelo lado esquerdo, chutando cruzado no gol do Pachuca.