sexta-feira, 13 de julho de 2007

Os Estados Unidos perderam a razão,
a moral e a própria guerra no Iraque


José Reinaldo Carvalho*



O último fim de semana foi um dos mais sangrentos desde que as tropas agressoras estadunidenses invadiram o Iraque, em março de 2003. Mais de 250 vítimas fatais com as refregas entre os invasores e forças da resistência.

O trimestre que passou (abril a junho) foi o mais trágico para o exército de ocupação que contabilizou mais 330 mortos, elevando a 3.606 o número de soldados estadunidenses que perderam suas vidas no solo banhado pelo Tigre e o Eufrates. Do lado iraquiano, dezenas de milhares foram assassinados, um genocídio, pelos bombardeios e as incursões do exército da superpotência imperialista.

Cada vez mais a guerra de ocupação norte-americana no país árabe deixa a descoberto duas inarredáveis evidências. A primeira é a de que em ação bélica de inaudita envergadura, desencadeada em nome de interesses estratégicos de natureza econômica e geopolítica, os Estados Unidos revelam-se como um império assassino, que pretende impor a tirania mundial.

Caracteriza-se assim como o principal inimigo da humanidade, uma ameaça real às aspirações de liberdade, independência, progresso e justiça dos povos e nações de todo o mundo. A segunda evidência é a de que, apesar da monstruosa máquina de morte posta em movimento, apesar da inexcedível arrogância, do atropelo da legalidade internacional e da instrumentalização dos organismos multilaterais e de governos títeres, o imperialismo norte-americano está sofrendo uma estrondosa derrota. A ocupação do Iraque entrou definitivamente em crise.

A tal ponto que o secretário da Defesa, Robert Gates cancelou de última hora uma visita que faria a partir desta segunda-feira a quatro países latino-americanos – El Salvador, Colômbia, Peru e Chile – alegando a necessidade de se dedicar durante esta semana às discussões sobre questões envolvendo a ocupação do Iraque.

É que precisamente nesta semana o Senado dos Estados Unidos inicia o debate sobre o orçamento do Pentágono para 2008. A proposta de Bush é que se destine 141, 7 bilhões de dólares para continuar financiando as guerras de ocupação no Iraque e no Afeganistão (esta última com a cumplicidade da OTAN e de governos da União Européia).
Encontra-se em gestação uma crise política, pois além da oposição do Partido Democrata, começam a se manifestar importantes dissidências mesmo entre os elefantes republicanos.

Alguns foram a público para se opor aos planos de Bush. A mais importante voz dissidente até agora foi a do senador Richard Lugar, que não só discorda da aprovação da vultosa verba, como defende a retirada das tropas até meados do ano que vem. Outros dois senadores republicanos fizeram declarações no mesmo sentido.

Mas o fato mais importante com que se inicia a semana foi sem sobra de dúvidas o editorial deste domingo intitulado “O Caminho de Volta”, do insuspeito “New York Times”, que com inusuais radicalismo e imoderação, com estilo cortante e severo, defendeu: “É hora de os Estados Unidos deixarem o Iraque, sem mais prazos do que o Pentágono precisa para organizar a retirada”. O diário nova-iorquino opina, sem meias palavras, que o projeto de Bush no Iraque é uma “causa perdida”.

Alheio às evidências, Bush continua a considerar que a retirada é um “caminho errado e perigoso”. E, aferradas às posições de quintas colunas do exército de ocupação, as forças políticas que compõem o governo fantoche iraquiano reagiram prevendo o “caos e a guerra civil”, se os 157 mil soldados norte-americanos voltarem para casa. Mas o caos e a guerra civil foram instalados no Iraque desde o momento em que os EUA invadiram o país em março de 2003.

Há muitas expectativas sobre o que ocorrerá nos próximos dias. Bush já anunciou que vetará, aliás como já fez anteriormente, qualquer decisão do Congresso que corte o financiamento da ocupação e aponte no sentido da retirada. Aposta num plano que, se levado a efeito, vai fragmentar o Iraque em três “bantustões” xiita, sunita e curdo, sob comando unificado das forças de ocupação e supervisão de uma força multinacional (sic!).

A admissão da derrota por setores dominantes importantes da sociedade estadunidense, a consciência de que a causa da ocupação está perdida, é um vigoroso sinal dos tempos. A política unilateral, exclusivista, antidemocrática e militarista de Bush levou os Estados Unidos a gravíssimo impasse, que por sua vez é resultante dos impasses estruturais do modelo econômico e do modo de vida parasitários desse país imperialista, espoliador e neocolonialista. O impasse de Bush consiste em que saindo ou ficando no Iraque, os Estados Unidos já perderam a razão, a moral e a própria guerra.

Para as forças revolucionárias e progressistas do mundo, para os amantes da paz, os que se batem pela independência nacional e o progresso social, a derrota estadunidense no Iraque é um fator de alento. São cada vez mais numerosas as pessoas que compreendem que o imperialismo não é invencível, havendo pois espaço político e terreno fértil para organizar em todo o mundo a luta antiimperialista.

*José Reinaldo Carvalho é Secretário de Relações Internacionais do PCdoB, diretor do Cebrapaz e membro do Brussel´s Tribunal contra os crimes de guerra no Iraque.
Líbano – as dores do parto


José Reinaldo Carvalho




Há precisamente um ano, teve início a segunda guerra israelense contra o Líbano. Pretextando punir o Hezbolá pelo “seqüestro” de dois dos seus soldados, e agir preventivamente em face de uma suposta intervenção da Síria e do Irã, Israel iniciou uma verdadeira razia no território libanês que só terminaria quatro semanas depois, em 11 de agosto.

População civil massacrada, mais de 1.500 mortos, 1 milhão de desalojados, destruição da infra-estrutura viária entre a capital Beirute e as vilas do sul do país e prejuízos financeiros da ordem de 2 bilhões de dólares – é este o saldo da agressão israelense.

O massacre de Canaã, onde segundo a tradição cristã, Jesus operou o seu primeiro milagre – o da transformação da água em vinho – ficará para sempre na história como uma severa ata de acusação aos sionistas, que se comportaram como autênticos sucessores dos fascistas.

Aquela ação de desmedida violência dá mostras do grau de banditismo a que chegaram os sionistas israelenses para consumar seus apetites expansionistas na região, em nome dos seus próprios interesses e os do imperialismo estadunidense. Israel cometeu naquela guerra crimes de lesa-humanidade. Um dia, inapelavelmente, ainda que tardio, seus fautores terão de pagar, como ato de justiça e de defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos.

A guerra contra o Líbano em julho-agosto do ano passado se inscreveu nos marcos das guerras preventivas da era Bush. Ela fez parte de uma estratégia conscientemente elaborada pelos estados maiores imperialista e sionista.

Israel é peça-chave na execução do plano de “reestruturação” do Oriente Médio elaborado pela Administração Bush, uma cabeça de ponte para as ações estadunidenses na região contra os países e as forças políticas que se opõem a esses planos – a Síria, o Irã e as forças da resistência árabe e palestina.

A guerra de julho e agosto de 2006 era parte de um conjunto de ações que abrangem a negação da verdadeira autonomia palestina - que só existirá com a criação de um Estado soberano sobre um território íntegro e contínuo - , o desmantelamento no Líbano, com a instalação aí de um enclave militar e a confrontação com a Síria e o Irã, que Estados Unidos e Israel consideram parte do “eixo do mal”.

A guerra de julho-agosto de 2006 pôs a nu a natureza militarista da Administração Bush e seu desprezo para com a diplomacia e o direito internacional. Enquanto as bombas assassinas de Israel destruíam a periferia sul de Beirute e as vilas do sul do Líbano, onde se concentram as populações xiitas seguidoras do Hezbolá, e a opinião pública mundial clamava pelo fim dos bombardeios, a secretária de Estado da Administração Bush dizia não ver qualquer interesse na diplomacia se for para restabelecer o status-quo anterior entre Israel e Líbano.

Ela comparou a tragédia que se abateu sobre o País do Cedro às “dores do parto”, do qual nascerá “o novo Oriente Médio”.Ao fim de um mês de combate desigual, as guerrilhas populares e a Resistência nacional conseguiram infligir uma contundente derrota aos agressores.

Pela primeira vez a Resistência árabe vencia uma confrontação militar com Israel, o que dá alguma razão à srta. Condoleeza, porquanto efetivamente começa a nascer dos escombros do Líbano um novo Oriente Médio, o do desenvolvimento da Resistência nacional e da luta antiimperialista dos povos árabes.
República Democrática do Congo
Um caso exemplar de pilhagem e submissão

Damien Millet [*]

e Eric Toussaint [**]

Alguém que queira compreender noções tão complexas como a pilhagem das riquezas de um país, a perda de soberania intolerável de um Estado e a noção de dívida odiosa, a República Democrática do Congo (RDC) é um caso exemplar. O modo como foi elaborado o orçamento de 2007 e as orientações tomadas pelo governo dirigido por Antoine Gizenga fornecem provas esmagadores daquilo que este Comité pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo e tantos outros movimentos sociais avançam há muitos anos.

O projecto de orçamento 2007 apresentado pelo governo à Assembleia Nacional foi marcado por uma orientação neoliberal estrita. Segundo o ministro congolês das Finanças, Athanase Matenda Kyelu, ele "estava conforme aos arranjos acordados com os serviços do FMI [1] ". Mantenhamos presente que o FMI é a ponta de lança da mundialização financeira, particularmente conhecida em todos os continentes junto às populações pobres devido devastações cometidas com as medidas anti-sociais que tem imposto há um quarto de século...

A Assembleia Nacional não entendeu assim! Em 14 de Junho último adoptou emendas que reviam o orçamento em alta, o que não agradava o FMI, que o fez sentir. Sempre segundo o ministro das Finanças, "o Conselho de Administração do FMI, que se reuniu segunda-feira 18 de Junho de 2007 para examinar o estado de avanço do programa de estabilização macroeconómicas acompanhado pelos serviços do FMI, exprimiu preocupações quanto à evolução do debate em curso no parlamento acerca do Projecto de Lei orçamental 2007 [...] as previsões das receitas e das despesas foram sensivelmente revista em alta, de modo que elas não correspondem mais ao quadro macroeconómico implícito na elaboração deste Orçamento 2007". Não se pode ser mais claro... O governo foi então encarregado de extinguir o incêndio intervindo neste sentido junto ao Senado. É assim que o governo se submete ao FMI e aos seus credores, exactamente como um escravo serve o seu mestre.

Dessa forma, em 23 de Junho os ministros congoleses das Finanças e do Orçamento transmitiram ao Senado a palavra do FMI. Como relatou o jornal congolês Le Potentiel, "Matenda Kyelu disse esperar do Senado correcções ao projecto de orçamento 2007, para responder nomeadamente às exigências dos parceiros externos, inclusive o Fundo Monetário Internacional [2] ". A manobra teve êxito: a 29 de Junho o Senado "corrigiu" o orçamento do Estado congolês. Mas o que contem este orçamento cuja tramitação parece ter tanta importância?

Em primeiro lugar, o montante total do orçamento é muito fraco: cerca de 2,4 mil milhões de dólares, ou seja, a mesma quantia que Estados Unidos gastam com a ocupação do Iraque em menos de duas semanas. Como então, nestas condições, reconstruir um país devastado por duas guerras que fizeram 3,5 milhões de mortos? Para comparação, a França, cuja população ronda os 60 milhões de habitante tal como a RDC, tem um orçamento de 520 mil milhões de dólares, ou seja, mais de 200 vezes do orçamento congolês, quando o subsolo da RDC é um "escândalo geológico" pois regurgita de riqueza minerais e a sua terra agrícola é muito fértil.

Outro elementos de comparação interessante: o orçamento da RDC ultrapassa por pouco o montante anual das despesas operacionais do FMI, que emprega apenas 2700 pessoas! O escândalo é patente: as riquezas congolesas não beneficiam o Estado nem as populações do país, mas a alguns próximos do poder e a empresas transnacionais a cujos interesses servem o FMI e as grandes potências.

Além disso, uma parte desmesurada – 50%! – dos recursos próprios da RDC vai para o serviço da dívida, cuja rubrica orçamental é muita claramente aumentada. Como declarou o primeiro-ministro congolês aquando da apresentação do orçamento: "Esta situação reduz assim a capacidade do governo para consagrar os seus recursos internos, desde 2007, à melhoria das condições de trabalho dos agentes e funcionários do Estado e particularmente aqueles da Polícia e do Exército e a reforçar sua capacidade financeira em benefício dos investimentos prioritários". Assim, entre realizar estes investimentos prioritários ou reembolsar credores ricos que açambarcam as riquezas nacionais, o governo, fortemente aconselhado pelo FMI, escolheu a segunda alternativa. Evidentemente, as despesas com a educação e a saúde são reduzidas de modo proporcional.

Em consequência, este projecto de orçamento impede deliberadamente a satisfação das necessidades fundamentais da população camponesa. E com isso viola vários textos fundamentais, quer seja a Declaração Universal dos Direitos Humanos ou o Preâmbulo da Constituição congolesa.

Indiferente a tais argumentos, o FMI e seus cúmplices locais construíram um orçamento cuja finalidade é "dar todas as oportunidades à RDC de garantir sua marcha vitoriosa para o ponto de culminação da iniciativa PPTE" (Países Pobres Muito Endividados) [3] . Iniciativa cuja finalidade não é senão impor à RDC medidas económicas muito impopulares, como a redução dos orçamentos sociais, a supressão das subvenções aos produtos de primeira necessidade, privatizações, a abertura das fronteiras e uma fiscalidade que agrava as desigualdades. É assim que um governo pode deliciar-se em estar à testa de um Estado muito pobre e muito endividado...

A magra anulação de dívida que disso resultará permitirá dissimular que a iniciativa PPTE é uma vasta operação de branqueamento das antigas dívidas odiosas contraída pelo ditador Mobutu, para a sua fortuna pessoal, com a cumplicidade dos diferentes credores que foram amplamente pagos em contra-partida. Esta dívida jamais beneficiou as populações e ela é por isso uma dívida odiosa que não tem de ser reembolsada. Tanto as instituições internacionais (FMI e Banco Mundial sobretudo) como os responsáveis congoleses por este endividamento, como o actual presidente do Senado e antigo primeiro-ministro de Mobutu, Léon Kengo wa Dondo, devem prestar contas ao povo congolês. Uma auditoria da dívida congolesa, conduzida pelos movimentos sociais da RDC, a fim de basear no direito o repúdio da dívida, é doravante obrigatória.
Notas:
[1] Ver o artigo "Budget 2007: FMI s'inquiète, le gouvernement pour une révision" no jornal congolês L'Avenir de 23/Junho/2007, http://www.groupelavenir.net/spip.php?article12122
[2] "Budget 2007, cap sur le point d'achèvement", Le Potentiel, 23/Junho/2007, http://fr.allafrica.com/stories/200706230194.html
[3] Ver Le Potentiel de 23 de Junho.

[*] Presidente do CADTM França (Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, autor de L'Afrique sans dette .
[**] Presidente do CADTM Bélgica, autor de Banco Mundial, el golpe de Estado permanente, El viejo Topo, Mataró, 2007.

Este artigo encontra-se em: resistir.info

Biodiversidade afetada por monocultivos e modificações genéticas

quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Recém-contratado, Magal pode trocar Inter por futebol árabe


Porto Alegre (RS) - Contratado pelo Internacional há menos de dois meses, o volante Magal já está próximo de deixar o Beira-Rio. Especula-se no Rio Grande do Sul que o jogador tem uma proposta do futebol árabe e deve aceitar pelo aspecto financeiro.

Vale lembrar que Magal se destacou no Campeonato Paulista, atuando pelo Guaratinguetá. No entanto, o Inter deve lucrar com a negociação, já que alugou os direitos federativos do jogador quando fechou sua contratação.

Enquanto não define sua situação, Magal é dúvida para a partida contra o América-RN, no sábado, pois ainda sente dores musculares.

Contusão – Sem atuar pelo Inter nos últimos jogos por contusão na panturrilha, o ala Elder Granja voltou a sentir dores no local no treinamento desta quarta-feira e deve ficar de fora do jogo em Natal. Segundo Granja, a decisão é por precaução para que a lesão não se agrave.

“Senti um desconforto, porque estou há muito tempo parado e o campo encharcado também ajudou. Acho difícil atuar no próximo jogo, mas é mais por precaução, para preservar. Já estava programado que eu não jogaria se sentisse alguma dor, para não prejudicar o trabalho”, explicou o ala.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Onda de frio na América do Sul deixa numerosas vítimas

O inusual frio polar que afeta boa parte da América do Sul causou a morte de nove pessoas na Argentina e seis no Chile, além de centenas de evacuados, caminhos bloqueados pela neve e hospitais lotados em vários países da região, informou a AFP.

Na Argentina, que, na segunda-feira, 9, viu surpreendida cair neve em Buenos Aires pela primeira vez em 89 anos, morreram nove pessoas, desde o fim de semana; entretanto, em San Luis, foram evacuadas cerca de 1.400 pessoas. O governo provincial decretou feriado administrativo a terça-feira 10 e quarta-feira 11 pelas dificuldades no transporte público.

A inusual massa de ar polar que cobre todo o território obrigou as autoridades a pedirem prudência no uso da eletricidade e do gás, em meio a uma crise energética que levou a aumentar as importações do Brasil, Paraguai e Bolívia, e limitar as exportações para o Chile.

No vizinho Chile, seis pessoas morreram em diversas localidades do sul, onde as temperaturas atingiram 18 graus negativos, enquanto na capital, Santiago, os termómetros bateram o recorde de 4,4 graus negativos, o que significa, segundo informações, um aumento das doenças respiratórias, especialmente em crian­ças e idosos, e teme-se pelo colapso das instalações devido ao grande número de pacientes.

Os serviços de emergência dos hospitais, também se esgotaram no Uruguai, onde nevou na cidade de Nova Palmira (sudoeste).

Secos & Molhados - 1973


The Beatles - 1963 - Please Please Me

The Beatles - Please Please Me