segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Até onde irá a crise financeira

Um dos maiores estudiosos das finanças internacionais investiga, em diálogo com dois livros recém-publicados, os tremores dos últimos meses. Seu diagnóstico: vêm aí grandes solavancos, que podem atingir a Ásia e mudar a economia do planeta

François Chesnais

No início de agosto, surgiu uma crise financeira no setor dos empréstimos hipotecários, nos Estados Unidos. Imediatamente, ela se propagou para outras partes do sistema financeiro mundial, com uma rapidez e uma amplitude que surpreenderam a comunidade dos investidores e dos operadores (os “mercados”), bem como os observadores. Os bancos centrais intervieram rapidamente, principalmente com o fornecimento de crédito a taxas baixíssimas para os bancos em dificuldade (a que se dá o nome de "criação de liquidez") [1] Desde o início de setembro, fases de tranqüilidade têm alternado com o anúncio de novas dificuldades dos bancos e outras instituições financeiras.

Para compreender todo o alcance do processo iniciado no mês de agosto, é preciso recorrer a uma obra assinada por Michel Aglietta e Laurent Berrebi (economista-chefe da empresa Groupama Asset Management), Désordres dans le capitalisme mondial [2]. O período de 2003-2007 constituiu-se de “anos milagrosos”, com efeitos euforizantes. Na França, tanto a UMP (União para um Movimento Popular, centro-direita) quanto o PS (Partido Socialista, de centro-esquerda), os políticos e a grande mídia louvaram o exemplo norte-americano. O mesmo se deu na maioria dos outros países. Em seu trabalho, extenso e bem documentado, os autores explicam a dinâmica perversa dessa alta conjuntura e anunciam seu fim inevitável.

O interesse do livro deve-se à escolha metodológica dos autores — criar um quadro analítico único, propriamente mundial —, bem como ao volume de fatos e análises reunidos. Na introdução, eles definem “a globalização como um sistema de interdependências multilaterais em que as potências emergentes (isto é, a China e, em menor grau, a Índia) exercem uma influência determinante sobre as economias desenvolvidas”, acrescentando que “foi a partir da virada do século 21 que o termo ‘globalização’ se tornou adequado aos fenômenos que ele supostamente deve designar”.

No terreno específico da macroeconomia, que é a especialidade deles, Aglietta e Berrebi percebem a economia mundial como uma totalidade diferenciada e hierarquizada, cujos pólos são os Estados Unidos e a China. Nesse quadro situam-se desenvolvimentos muito mais tímidos na União Européia e no Japão. Esse aparece com uma economia e uma sociedade marcadas por fatores de inegável debilidade, mas também com trunfos. Em contrapartida, “a Europa está deserdada” (título do capítulo 6). A União Européia estimula “as atitudes não-cooperativas dos governos, numa busca interminável de diminuição dos custos salariais”. Trata-se de “uma zona de livre-câmbio que engloba uma falsa união monetária”, já que “a zona do euro não tem nem federalismo orçamentário, nem cooperação orçamentária entre seus membros, nem sequer regras mínimas comuns”. Depreende-se do livro de Aglietta e Berrebi a quase certeza de que, em caso de crise financeira acentuada e de recessão mundial, é na União Européia que os impactos serão os mais graves [3].

Inverte-se a dinâmica da década passada: agora, crise começa nas finanças (EUA) e se espraia para produção (Ásia)

A referência à virada do século 21 também é importante. O ano de 2001 não é somente o dos atentados de 11 de setembro e da declaração da “guerra sem fim” por George W. Bush. É também o ano da entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio), que representa o ponto mais avançado das medidas para fazer do planeta um espaço único de valorização do capital. Enfim, 2001 é o ano que vê as autoridades monetárias norte-americanas adotarem a ampliação do crédito hipotecário, como resposta à crise da bolsa de ações de alta tecnologia (a Nasdaq) e a seus desdobramentos industriais (falência da Enron etc.). A análise parte das interconexões entre a crise asiática de 1997-98, que Aglietta e Berrebi apresentam corretamente como uma crise de superprodução. Trata das medidas de salvaguarda de fundos especulativos e de criação de liquidez tomadas pelo Federal Reserve e, em seguida, do estouro da bolha das bolsas de valores na primavera de 2001.

A seqüência mostra a que ponto essas interconexões se consolidaram e seus efeitos se agravaram. A análise nos prepara para a interconexão, análoga, porém bem mais grave, entre uma crise de superprodução, centrada no Sudeste Asiático — e, principalmente, na China — e uma crise financeira sistêmica mundial, cujo epicentro só pode se situar nos Estados Unidos. A primeira lição da crise iniciada em agosto é a de que a direção dos desdobramentos se inverteu em relação a 1997-98/2001. Dessa vez, a crise financeira internacional, nascida nos Estados Unidos, precede a crise de superprodução, cuja lenta gestação na Ásia aparece em muitos índices.

Comecemos pelos sobressaltos financeiros e tentemos compreender suas raízes profundas. A leitura conjunta dos livros de Paul Jorion — Vers la crise du capitalisme américain? — e de Aglietta e Berrebi é muito útil desse ponto de vista. O primeiro permite compreender por que era quase inevitável que o choque ocorresse no setor hipotecário norte-americano. O autor, decerto porque não vem das finanças, nem da economia, lança um olhar bem severo sobre práticas financeiras que ele não hesita em caracterizar como quase permanente e intrinsecamente fraudulentas, mesmo nos casos em que, como no da Enron (que ele analisa bem), não se abriu nenhum processo penal.

Aglietta e Berrebi, por seu turno, explicam de que modo a atual fase do capitalismo, posta sob o signo do valor acionário, só pode gerar, em intervalos próximos, crises financeiras cujo epicentro são os Estados Unidos. Também revelam como a globalização financeira se propaga rumo ao conjunto das praças mundiais. Colocar o interesse dos acionistas à frente dos objetivos das empresas e estabelecer normas de rendimento dos capitais investidos (o return on equity ou ROE) [4] tem como resultado, fora das fases muito curtas de difusão de novas tecnologias, onerar o investimento produtivo e permitir “a uma elite financeira, no topo da hierarquia profissional das grandes empresas e das profissões jurídicas e financeiras associadas, capturar a maior parte dos ganhos de produtividade”.

Crédito imobiliário: durante décadas, a rede principal que protegeu economia dos EUA das grandes crises

Para manter um nível de atividade elevado, “é necessária uma demanda dinâmica”. Ao menos por enquanto, ela não provém dos países emergentes (China, Índia, Brasil), onde a distribuição de renda e as relações entre cidade e campo freiam o crescimento do consumo interno e onde os excedentes externos asseguram o financiamento dos déficits dos Estados Unidos. A demanda “também não pode ter como origem as rendas salariais, cujo crescimento é fraco. Ela provém das rendas distribuídas aos acionistas e à elite dirigente, mas sua massa global é insuficiente para sustentar uma demanda agregada em crescimento rápido. A resposta a esse dilema encontra-se no poder de expansão do crédito. É aí que o capitalismo contemporâneo encontra a demanda que permite realizar as exigências do valor acionário. Esse mecanismo atinge seu paroxismo nos Estados Unidos. […] Empurrando para o alto os preços dos ativos patrimoniais, o crédito desconecta o consumo da renda disponível”.

Esses ativos não têm, necessariamente, a forma de títulos. Contrariamente ao que se pensa, os lucros com a bolsa são, nos Estados Unidos, a segunda fonte de enriquecimento patrimonial das famílias (20%). A primeira fonte (60%) provém dos lucros realizados na compra e na revenda das residências individuais. Portanto, não é por acaso que o Fed escolheu o imóvel residencial como base das medidas para impedir a quebra da bolsa de 2001 e relançar a economia por meio do consumo dos particulares.

Da análise minuciosa de Jorion depreende-se que o objetivo de dar ao capitalismo norte-americano uma base social ampla, favorecendo o advento de uma “sociedade de proprietários” (ownership society), vem sendo perseguido há quase um século. Desde 1913, uma lei permite deduzir do imposto os juros sobre os empréstimos para a habitação. A isenção foi estendida aos lucros com as vendas. Entre as medidas tomadas durante o New Deal, para enfrentar os efeitos da crise de 1929, aparece a criação de uma agência federal da habitação (Federal Housing Authority, FHA). Ela ainda existe e continua a ajudar na constituição do patrimônio pessoal. É o caso também das entidades semipúblicas, com nomes pitorescos, encarregadas de assegurar um mercado secundário para os empréstimos concedidos pelos bancos e instituições financeiras.

A primeira (Fannie Mae) foi estabelecida, em 1938, para compensar os impactos políticos e sociais da grande crise. Foi preciso criar uma segunda, em 1970 (Freddy Mac), para enfrentar o aumento rápido das necessidades de transformação dos empréstimos hipotecários em ativos realizáveis. O recurso à securitização [5] das hipotecas, portanto, é antigo e sua utilização vem aumentando sem parar. Ao longo dos anos, as entidades semipúblicas beneficiaram, sobretudo, as classes média e alta, permitindo-lhes realizar lucros na revenda de sua residência. O ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, avaliava-os, em 1999, em 25 mil dólares em média. Dois terços das famílias tiveram acesso, desse modo, à propriedade. Em 2003, o objetivo da “sociedade proprietária” foi novamente fortalecido, ao menos no nível da propaganda, pela criação de um fundo de auxílio à primeira residência cujo nome é um programa em si mesmo: “American Dream Downpayment Initiative” (iniciativa de aporte inicial para o sonho americano).

Empresas de crédito sem controle concedem empréstimos usurários a famílias pobres. Os bancos garantem o jogo

Jorion explica que, de fato, metade dos “proprietários” só são proprietários no nome, pois possuem apenas 10% do valor real de suas casas. Num contexto econômico em que as disparidades de riqueza são extremamente elevadas para um país industrializado (os 50% mais pobres da população possuem somente 2,8% do patrimônio, e o 1% mais rico, 32,7%), o sonho norte-americano de “todo mundo proprietário” sempre foi, diz o autor, “no melhor dos casos, um sonho, e no pior, um simples efeito de propaganda”.

A partir de 2001, num contexto de taxas de juros muito baixas e de desregulamentação financeira, tal sonho imobiliário serviu de fundamento para numerosas operações fraudulentas. Desde então, ele transformou-se em pesadelo, sobretudo para as famílias mais pobres submetidas a um regime de “empréstimos de rapina”. Entre os fatos pouco conhecidos citados por Jorion figura o voto, em 1980 (no momento da liberalização financeira orquestrada por Paul Volker, no final da presidência de Jimmy Carter), de uma lei revogando as disposições sobre a repressão das taxas de juros usurárias.

A desregulamentação acelerada das décadas de 1990 e 2000 permitiu o crescimento rápido das empresas independentes de empréstimos hipotecários, e o Fed reconhece que não pode fiscalizá-las ou controlá-las. Em 2002 (último indicador citado), tais empresas ofereciam apenas 12% dos empréstimos, mas 62% dos mutuários tinham vínculos com elas. Foram elas que apanharam na armadilha as famílias pobres, que têm pagado prestações usurárias, por se endividar a taxas elevadíssimas. Jorion analisa minuciosamente técnicas que em muitos países seriam consideradas fraudulentas. Ele anuncia a catástrofe social atualmente em curso. Os processos de arresto de moradias atingiram 180 mil só no mês de julho, ou seja, duas vez mais do que em julho de 2006. Eles ultrapassaram a linha do milhão desde o início do ano, isto é, 60% a mais do que um ano atrás. A expectativa é de que haja no total 2 milhões de arrestos em 2007.

Para que o mercado mafioso (não há termo mais conveniente) dos empréstimos “subprime” [6] se desenvolvesse, era preciso satisfazer uma última condição: que as empresas independentes de empréstimos hipotecários encontrassem empresas financeiras sólidas (ao menos na aparência), junto às quais pudessem securitizar os contratos assinados com elas. A partir de 2005, esse mercado encontrou fundos especulativos de alto risco (os hedge funds), filiais de grandes bancos de investimento ou de grandes bancos comerciais americanos e estrangeiros, prontos para comprar “lotes de ativos” contendo promissórias hipotecárias “subprime”.

O fator-China empobrece assalariados em todo o mundo. Mas cria enorme massa de recursos financeiros

É aqui que voltamos ao trabalho de Aglietta e Berrebi e à ênfase que eles dão à passagem dos mercados de ações a um regime “de inclinação deflacionista”. É o efeito não desejado e não previsto da extensão da globalização no rumo da Ásia. Ele se traduziu por uma baixa do rendimento das ações e das obrigações, enquanto volumes crescentes de fundos líquidos buscavam se valorizar. Provocou a enxurrada dos fundos especulativos e das aplicações cada vez mais arriscadas.

Com algum atraso, a plena integração da China à economia mundial — e, em grau menor, a da Índia — provoca uma tomada de consciência dos efeitos planetários que ela acarreta para os assalariados. Que efeitos? Os da competição direta entre os trabalhadores, em razão da “duplicação da oferta de trabalho global”, como o “excesso estrutural de mão-de-obra” que ela cria no seio de uma economia mundial liberalizada e desregulamentada. Isso permite que as empresas “façam incidir sobre os assalariados o essencial do ajuste às novas condições de concorrência”.

A transformação da China em “fábrica do mundo” e da Índia em país de relocação das atividades de serviços de informática e de produção de softwares teve também efeitos importantes no domínio financeiro. A transferência para os assalariados das pressões deflacionistas sofridas pelas empresas se fez acompanhar, na esfera financeira, de uma baixa das taxas de juros a longo prazo e de uma modificação do movimento de longa duração das ações.

Do lado das empresas, as aposentadorias com prestações definidas foram maciçamente convertidas em fundos de previdência privada, onde são os assalariados que suportam os riscos. Do lado dos fundos de aplicação financeira, ocorreu uma fuga na direção das operações cada vez mais arriscadas sobre ativos cada vez mais opacos. O “regime de inclinação deflacionista” empurra para as aplicações especulativas. Ele fortalece as “finanças carniceiras”, dos quais os fundos de “private equity”, freqüentemente filiais de bancos, se tornaram a expressão mais temida [7].O acúmulo de excedentes comerciais e de reservas em divisas, sobretudo em dólares, pelos países asiáticos, mas também por grandes países fornecedores de matérias-primas, que foram colocados em bônus do Tesouro, em obrigações privadas e em ações, em Nova York, tem permitido, aos Estados Unidos, exibir índices financeiros invejáveis e deixar escoar os déficits externos. Também vem permitindo que o governo Bush financie suas guerras, sem parar de baixar os impostos. Esses excedentes também vêm constituindo a base de um processo de criação de “liquidez”, isto é, de meios amplamente fictícios de financiamento de operações especulativas de alto rendimento.

Crescimento da China é dependente das vendas aos EUA. Será possível encontrar outros mercados?

Um dos meios encontrados pelos grandes bancos de investimento de Nova York, por bancos internacionais (como BNP-Paribas), mas também, para surpresa geral, pelos bancos regionais alemães, foi a criação de filiais com status de hedge funds. Os riscos incorridos foram subestimados, pois a “comunidade financeira” acreditou ter criado anteparos importantes sob a forma, principalmente, de mecanismos de parcelamento do risco. A crise de agosto mostrou a extrema vulnerabilidade e o potencial de contágio muito elevado.

Hoje, é nos Estados Unidos e, em menor grau, no Reino Unido que se situam os impactos mais fortes da crise hipotecária e seus desdobramentos bancários. Em prazos um pouco mais longos, o elo crítico se situará na Ásia, sobretudo na China. Ainda que a crise financeira tenha sido (mais ou menos) contida, a baixa dos preços imobiliários — e, portanto, dos ativos e das capacidades de endividamento dos proprietários — vai provocar uma desaceleração da demanda global. Ora, mais de 70% da economia chinesa depende de seu comércio exterior. Desde 2005, as exportações brutas representam mais de um terço de seu crescimento econômico.

Os Estados Unidos são o principal mercado da China. O grupo de distribuição Wal-Mart, que possui uma densa rede de franqueados na China, assegura quase 10% das vendas chinesas no estrangeiro — a maior parte para os Estados Unidos. Pequim buscará compensar a desaceleração da demanda norte-americana voltando-se para outros mercados, mas pode chegar um momento em que, como no caso da Coréia do Sul em 1997, os efeitos do superacúmulo transformem-se em fator imediato de crise.

É aqui que precisamos nos deter nos capítulos que Aglietta dedica à China em seu livro com Berrebi, bem como no trabalho centrado exclusivamente nesse país — (La Chine vers la superpuissance) —, escrito com Yves Landry. Aglietta considera que as chaves da estabilidade macroeconômica internacional nos próximos anos, e independentemente do futuro da economia mundial, encontram-se na China. Embora dê mostras de muita solicitude para com os dirigentes chineses [8], ele não consegue esconder sua grande preocupação. É o caso da criação de sobrecapacidades muito fortes.

Aglietta e Berrebi observam que “o governo chinês decidiu esfriar o motor do investimento e até mesmo, em alguns setores (imobiliário, siderúrgico e automobilístico), proibir quaisquer novos investimentos. No entanto, os números recentes disponíveis mostram que, apesar dessas medidas estritas, ele tem dificuldades para frear os gastos no imobiliário, nas infra-estruturas rodoviárias e nas construções de outras fábricas. Essa situação se deve, em parte, às províncias e aos industriais locais. As províncias buscam afirmar sua autonomia frente ao poder central, encorajando sem discernimento a implantação de indústrias locais, e os industriais locais tentam se aproveitar da euforia geral”.

Nos EUA e China, nós políticos dificultam a adoção de soluções que poderiam reverter a crise

Atenuando suas críticas com observações sobre a herança positiva do confucionismo, Aglietta detém-se longamente nos estragos da corrupção (ver a introdução do livro escrito com Landry). O único remédio para a superprodução, dizem os autores, seria “uma reorientação da atividade de um crescimento extrovertido para um crescimento mais autocentrado”.

Aqui se coloca, evidentemente, a questão da liberdade de organização política e o direito dos assalariados de construir verdadeiros sindicatos. Aglietta e Landry sublinham assim que, “passada a fase de recuperação quantitativa, em que basta investir para gerar crescimento, vem a fase qualitativa, em que só a melhoria da produtividade e o fortalecimento institucional fundamentam o crescimento e o transformam em desenvolvimento sustentável. Nesta segunda etapa, os fatores-chave são a educação, a valorização da iniciativa e a criatividade, que permitem a emergência de novos modos de organização e de novas estruturas. A liberdade dos debates e a presença de contrapoderes são então elementos essenciais que dão uma flexibilidade indispensável às estruturas”. Os autores sublinham que “a China ainda está longe disso”.

Um dos fios condutores do diagnóstico de Aglietta sobre a economia mundial, e sobre os remédios que seria preciso aplicar a ela, diz respeito à taxa de poupança. Ela é baixa demais em alguns países, alta demais em outros. Os Estados Unidos, onde ela se tornou negativa, e a China representam os pólos extremos dessa distorção. A reconstituição de uma taxa de poupança que deixasse de fazer dos Estados Unidos a sede, quando não o transmissor mais imediato, de crises financeiras sucessivas “requer uma consolidação orçamentária incompatível com as orientações políticas da maioria conservadora no poder. Implica sobretudo uma recuperação considerável da poupança das famílias. Isso supõe uma revisão dilacerante do consumo a crédito, combinado com o desperdício aterrorizante dos recursos não-renováveis, que constitui o modo de vida norte-americano”.

Dúvida: será necessária uma grande crise econômica global para reintroduzir a regulação da moeda e crédito

Coincidindo com as conclusões de Jorion, eles acrescentam que “isso supõe também uma mudança na concepção que os dirigentes norte-americanos têm do lugar dominante e do papel hegemônico dos Estados Unidos no mundo”. Quanto à China, além dos reflexos de entesouramento que mergulham suas raízes na história, lida-se com “uma poupança de precaução ante a degradação dos sistemas públicos de proteção social, de educação, de aposentadoria, diante do risco de perda de emprego nas empresas estatais subsistentes”, problemas, portanto, que conduzem à liberdade de organização e de reivindicação.

O concentrado dos mecanismos suscetíveis de conduzir a uma situação em que as “mudanças estruturais maiores [sejam] impostas por uma crise” encontra-se na moeda internacional (as divisas e suas taxas de câmbio). Em razão do “caráter de bem público da moeda”, sua regulação “só pode ser política”. Para Aglietta e Berrebi, “a responsabilidade de sua gestão é necessariamente intergovernamental”. Os Estados Unidos sempre se opuseram a isso por causa dos privilégios que tiram do regime de semipadrão dólar. Mas, atualmente, uma responsabilidade compartilhada seria de absoluta necessidade.

Não existe nenhum outro meio de criar “uma estrutura ordenada das taxas de câmbio, de um lado, e de regular a liquidez global em função da demanda de meios de pagamentos internacionais, do outro”. Ora, o que fizeram os bancos centrais desde meados de agosto senão criar mais liquidez ainda e travar entre si uma espécie de guerra das moedas, da qual o euro sofreu as piores conseqüências pelas razões vistas anteriormente? Será necessário que o sistema capitalista mundial passe por uma crise enorme antes de serem recriados os fundamentos de uma regulação monetária e financeira? É preciso se preparar para isso? Seja como for, Aglietta e Berrebi terão soado o alarme.



[1] Ver Frédéric Lordon, O mundo refém das finanças, em Le Monde Diplomatique Brasil setembro de 2007.

[2] Michel Aglietta e Laurent Berrebi, Désordres dans le capitalisme mondial, Paris, Odile Jacob, 2007. O livro se beneficiou dos recursos do serviço de estudos econômicos da empresa, bem diferentes dos de um laboratório universitário.

[3] Ver, no mesmo sentido, o livro bem recente de Patrick Artus, Les incendiaires: les banques centrales dépassées par la globalisation, Paris, Perrin, 2007, que examina a possibilidade de uma explosão do euro.

[4] Para uma definição desses conceitos e de sua importância, ver Frédéric Lordon, Enfin une mesure contre la démesure de la finance, le SLAM!, Le Monde Diplomatique, fevereiro de 2007.

[5] A securitização consiste em “transformar os créditos em posse dos bancos, das instituições financeiras, das companhias de seguro ou das sociedades comerciais (as contas clientes) em títulos negociáveis” (ver Bertrand Jacquillat, Les 100 mots de la finance, Paris, PUF, 2006). A etapa seguinte, que se desenvolveu principalmente a partir de 2002, consiste em “fundir” junto certo número de créditos para fazer deles uma linha de obrigações negociáveis. Os títulos assim “manufaturados” podem ser vendidos nos mercados em pequenos pacotes aos diversos investidores institucionais ou fundos especulativos que quiserem comprá-los.

[6] A palavra pode ser traduzida pela perífrase “inferior à norma de qualidade”. Designa os empréstimos com risco de falência elevado.

[7] Ver por exemplo “Public versus private equity”, The Economist, 7 de julho de 2007. Há alguns meses, o semanário da City londrina se tornou o eco da preocupação crescente de uma parte dos melhores financistas quanto aos private equity, cujos perigos agora são sistematicamente expostos.

[8] É espantoso ver Aglietta e Berrebi retomarem, por conta própria, uma das “justificativas” dadas pela direção do Partido Comunista Chinês para a repressão do movimento estudantil da praça Tiananmen em 1989, isto é, “a ajuda considerável que o movimento recebia do exterior”.

No Paraná, produção agroecológica abastece entidades carentes


Em parceria com programa do governo federal, assentamento do MST no Paraná envia mais de 30 alimentos diferentes para organizações filantrópicas da região metropolitana de Curitiba

Em parceria com programa do governo federal, assentamento do MST no Paraná envia mais de 30 alimentos diferentes para organizações filantrópicas da região metropolitana de Curitiba


Solange Engelmann


A produção agroecológica dos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está abastecendo entidades filantrópicas e carentes, que atendem populações de baixa renda. No município de Lapa (à 70 km de Curitiba), por exemplo, 32 famílias que moram no assentamento Contestado entregam alimentos para entidades de Campo Largo e Lapa, na região metropolitana de Curitiba, Paraná.

Os trabalhadores doam a cada mês cerca de 7 mil quilos de alimentos, entre verduras, legumes, frutas, pão, geléias, feijão, arroz, mandioca, batata doce, milho verde, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do governo federal.

Todas as terças-feiras, um veículo do Provopar de Campo Largo recolhe mais de 30 tipos de produtos que são distribuídos à Fundação João XXIII, Lar Sagrada Família, Associação dos Deficientes Físicos, Ação Social Santa Cecília, Associação Bibi Meiréles, Lar Escola Odila Portugal Castagnoli, de Campo Largo, e o Instituto Contestado de Agroecologia, na Lapa.

A coordenadora do Lar Escola Odila Portugal Castagnoli, Maria de Lourdes Norberto, conta que a iniciativa dos assentados está sendo fundamental para manter a entidade. “Recebemos apenas R$ 17,00 por criança, por mês, então a ajuda do assentamento é muito bem-vinda. Estamos torcendo para que o projeto continue, porque se não tivéssemos esse tipo de doação não tinha como alimentar as crianças”, afirma.

O Lar Escola recebe os produtos do assentamento Contestado há 9 meses. A entidade atende cerca de 70 crianças de baixa renda, de três meses a cinco anos de idade, oferecendo quatro refeições por dia.

Sustentabilidade

As entidades recebem alimentos produzidos de forma agroecológica, respeitando o meio ambiente, sem o uso de agrotóxicos. No assentamento, 28 famílias possuem certificação agroecológica da Rede Ecovida de Certificação Participativa. O assentamento Contestato conta com 108 famílias assentadas e foi criado em 1999.

Com a participação no PAA, os assentados estão fortalecendo o grupo agroecológico de 35 famílias, criado no assentamento, com o nome de Terra Livre, profissionalizando os agricultores na produção de verduras e legumes, e obtendo um aumento significativo na renda. “Ao mesmo tempo que estamos doando para entidades que necessitam de uma diversidade de alimentos, foi importante, porque ajudou as pessoas a acreditar no seu potencial de produção e organização”, destaca o assentado e coordenador do grupo agroecológico, Paulo Rodrigues Brizola.

Continuidade

Atualmente 70% da renda dos agricultores vem do PAA. Com o projeto, os trabalhadores obtêm uma média mensal de R$ 280, por família. O assentado Celso José Chagas comemora a parceira com a Conab. “Deu uma segurança a mais, porque tudo que nós vamos produzindo já tem uma venda garantida na cidade e é um orgulho saber que a produção vai direto para entidades e escolas”, afirma.

Além do programa do governo federal, as famílias produzem para o auto sustento e comercialização no mercado local. Segundo Brizola, estão sendo discutidas outras alternativas para a venda da produção, em feiras livres e direto ao consumidor.

O segundo ano do programa termina neste mês. Os trabalhadores já apresentaram uma proposta de renovação, que está sendo analisada pela Conab. A participação do assentamento Contestado no PAA, começou em 2005, com o envolvimento de 15 famílias. No ano seguinte, o número foi ampliado para 32 famílias e, se for aprovado, em 2008, 34 famílias participarão do programa.

Avaliação

Para avaliar os dois anos de funcionamento do projeto, os assentados que participam do programa e representantes de entidades benefíciadas se reuniram nesta quarta-feira (14), no assentamento Contestado. O objetivo é aproximar agricultores e entidades que vêm sendo beneficiadas e discutir a continuidade da parceria.

Sarkozy e Lula: tão longe, tão perto



Fernando Silva


A França voltou a ser sacudida neste mês de novembro por uma série de greves de trabalhadores do setor de transportes, do serviço público e dos estudantes.

Reforma da Previdência, ataques a universidade pública, restrições a direitos salariais e sociais, precarização do emprego na juventude. O reacionário Sarkozy, com o aval da burguesia e da pequena burguesia francesa e dos governos da comunidade européia, tenta impor a agenda do Estado neoliberal, da hegemonia de um capitalismo financeirizado ao extremo e que continua dando as cartas.

Uma agenda de medidas e reformas iguais àquelas que nos atormentam aqui, do lado de cá do Oceano Atlântico, desde os idos dos anos 90, da era FHC, e que se manteve impávida sob o governo Lula.

Ainda não deixa de ser um pouco chocante observar que um governo oriundo do movimento operário e popular, de um país dependente e tão espoliado na sua história, tenha os mesmos pilares de política econômica e de agenda de contra-reformas neoliberais de um governo de um país capitalista central, como a França, liderado por um representante de uma burguesia profundamente anti-popular, cada vez mais racista, cada vez mais divorciada e avessa a qualquer vestígio de um distante passado iluminista.

Mas cá como lá, o ano que deu início ao 2º mandato do governo Lula vai se encerrando com os mesmos traços dessa política econômica e com desdobramentos perversos para 2008.

Exceção feita, grosso modo, ao tema da CPMF que envolve a questão tributária, uma reforma cuja negociação não está resolvida na classe dominante e na sua relação com o Estado e os governos, o tom do grande capital é de apoio à política econômica global do governo federal e sua agenda de contra-reformas.

É preciso destacar que a retomada de emprego formal na economia brasileira não foge a essa lógica de uma política global neoliberal e anti-popular. Pois há uma ampla extensão da terceirização e precarização de salários e direitos, mesmo nos novos empregos de carteira assinada, que em geral já surgem sob grande patamar de arrocho salarial. As amplas terceirizações em setores de ponta da economia, como, por exemplo, telecomunicações, reduziram em até dois terços os salários dos trabalhadores (as) deste setor em relação às mesmas funções quando estes serviços eram controlados pelo Estado.

E assim como Sarkozy, o governo brasileiro não mostra qualquer disposição em recuar dessa agenda. A insensibilidade do governo Lula diante de qualquer pressão ou debate do movimento popular é estarrecedora. Vejamos alguns exemplos:

Em relação ao impasse da reforma agrária que não veio e das legítimas e desesperadas ocupações de terra, o governo e o grande capital respondem com o etanol, com o aumento da super-exploração do trabalho na indústria de cana, e, por fim, para não ficar dúvidas nesse terreno, com a promoção de um usineiro como novo ministro das Relações Institucionais.

Diante do esmagador rechaço dos 4 mil participantes da Conferência Nacional da Saúde ao Projeto das Fundações na Saúde, o ministro José Gomes Temporão disse, com todas as letras em jornais e TVs, que “é zero a chance de o governo recuar deste projeto”.

Os estudantes fazem greves, ocupam reitorias contra o REUNI; docentes, servidores e renomados intelectuais ligados à comunidade universitária fazem inúmeros apelos, alertas e manifestações contra o desmonte e a mercantilização da universidade pública; o governo responde com aprovações sumárias do seu projeto, com o aval de reitorias comprometidas, sem debates, quase que na calada da noite.

E diante das dificuldades do Fórum Nacional da Previdência Social em apresentar um projeto de consenso para a nova reforma previdenciária, o governo já sinaliza que não vai passar vontade: vai apresentar diretamente o seu projeto ao Congresso Nacional.

Lula e seu governo não têm nada a aprender com Sarkozy.

Para os trabalhadores e movimentos sociais brasileiros, que não se dobram a essa agenda - tal como fazem os milhares e milhares de companheiros (as) da classe trabalhadora do lado de lá do Oceano -, será importante continuar tentando construir as condições para uma forte resistência unificada, capaz de deter essa ofensiva do Capital, que ainda não está concluída no nosso país.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do conselho editorial da revista Debate Socialista.


Morales acusa opositores por distúrbios e mortes na Bolívia

Após aprovação do “texto geral” da nova Constituição, onda de violência toma conta de Sucre, sede da Assembléia. Pelo menos três pessoas morreram. Presidente Evo Morales aponta ação de grupos opositores e pede investigação.

SUCRE - O presidente boliviano, Evo Morales, pediu neste domingo (25) uma investigação independente para averiguar a onda de violência deste final de semana, que resultou na morte de pelo menos três pessoas durante manifestações contrárias à nova Constituição, cujo “texto geral” foi aprovado no sábado (24). Durante os confrontos nas ruas da cidade, um advogado, um policial e outra pessoa ainda não identificada foram assassinados.

A nova Carta Magna, cujos artigos serão discutidos e aprovados individualmente, é considerada essencial pelo atual governo para democratizar o país e consolidar a retomada dos recursos minerais junto às companhias transnacionais. No entanto, grupos políticos e econômicos de Sucre, apoiados por parte da população local, buscam travar o processo, com a exigência de que a cidade seja a capital plena boliviana.

Desde uma guerra civil ocorrida no fim do século XIX, La Paz abriga os poderes Executivo e Legislativo da Bolívia, enquanto Sucre é sede dos poderes Judicial e Constitucional. Nos últimos meses, o Conselho Político Suprapartidário, formado pelas 16 forças políticas que compõem a Assembléia Constituinte, e dirigentes do Comitê Interinstitucional de Chuquisaca, nome do departamento cuja capital é Sucre, vinham debatendo uma solução para a demanda.

Segundo Morales, o acordo já havia sido costurado, mas opositores contrários aos princípios da Constituição se aproveitaram da divergência para manchar o processo de aprovação. “Pelo menos três vezes acordos foram feitos com o Comitê Interinstitucional (...), já estavam resolvido e acertado com os dirigentes, mas chegou um Branko Marinkovic [presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz] e então não serve nenhum acordo”, reclamou o presidente.

Distúrbios
Após os conflitos deste domingo, a polícia de Sucre se retirou para a cidade vizinha de Potosí, situada 200 quilômetros a oeste de Sucre. A ordem de retirada foi cumprida ao meio dia, depois que os manifestantes tomaram e incendiaram os prédios da polícia e dos bombeiros. A multidão queimou documentos, destruiu móveis e incendiou edifícios, em pleno centro da cidade.

"Decidimos sair de Sucre por falta de garantias", declarou em La Paz o comandante-geral da Polícia, coronel Miguel Vásquez. "Fomos agredidos por uma turba ensandecida e movida por interesses obscuros. O policial morto foi praticamente linchado pelos manifestantes, e outros dois policiais estão em condições graves na UTI”, acrescentou.

Nos hospitais, foram atendidas mais de 200 pessoas, muitas delas intoxicadas pelos gases utilizados pela polícia para controlar os manifestantes. À tarde, após a saída dos policiais, o Comitê Interinstitucional pediu aos manifestantes que suspendessem suas mobilizações e solicitou ajuda à população para garantir a segurança urbana na ausência da polícia.

Paralisada desde agosto diante dos protestos em Sucre, os membros da Assembléia Constituinte haviam se mudado na sexta-feira (23) para um colégio militar. Essa medida não foi aceita pela oposição, que boicotou as deliberações e facilitou a aprovação pelo governo da nova Carta. Evo Morales crê que os opositores já vinham planejamento há tempos as manifestações violentas em Sucre e pediu ampla investigação do Ministério Público boliviano.

*Com informações das agências Bolpress, Ansa, Brasil de Fato e AFP.

domingo, 25 de novembro de 2007

LAURA PAUSINI - Io Canto (2006)

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PLAYLIST:
1. Io canto
2. Due
3. Scrivimi
4. Come il sole all 'imporovviso
5. Destinazione paradiso
6. Stella gemella
7. Il mio canto libero
8. Cinque giorni
9. La mia banda suona il rock
10. Spaccacuore
11. Anima fragile
12. Non me lo spiegare
13. Nei giardini che nessuno sa
14. Una stanza quasi rosa
15. Quando
16. Strada Facendo

LINK (Zshare.net)
http://www.zshare.net/download/laura-pausini-by-tmd-web-radio-rar.html

sábado, 24 de novembro de 2007

Três obras-primas do cinema...imperdíveis



Formato: RMVB
Áudio: Inglês
Legendas: Português-BR (embutidas)
Duração: 1:30
Tamanho: 300MB (03 partes)
Servidor: Rapidshare



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Sinopse:

Um comerciante quase falido vive com seu filho Ludovic (Michel Auclair) e com suas três filhas. Duas delas, Felicie (Mila Paréli) e Adelaide (Nane Germon) são muito perversas, egoístas e pretensiosas. Elas se aproveitam da caçula, Bela (Josette Day), fazendo-a de empregada delas. Um dia, o comerciante perde-se na floresta e entra em um estranho castelo. Ele pega uma rosa para entregar à Bela e com isso, o dono do castelo, um monstro meio humano, meio fera, surge para ver quem está lá. A fera sentencia o comerciante à morte, a não ser que uma das filhas dele o substitua na prisão. Bela se sacrifica pelo pai e vai ao castelo, onde descobre que a fera não é tão selvagem e desumana.

Obra-Prima do cinema francês que recria a magia do famoso conto de fadas de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont.







Elenco:

Jean Marais ... A Fera / O Príncipe
Josette Day ... Bela
Mila Parély ... Felicie
Nane Germon ... Adelaide
Michel Auclair ... Ludovic
Marcel André ... Pai de Bela


Detalhes Técnicos:

Título no Brasil: A Bela e a Fera
Título Original: La Belle et la Bête
País de Origem: França / Luxemburgo
Direção: Jean Cocteau / René Clément

Créditos: RapaduraAzucarada - Welck


Formato: RMVB
Áudio: Inglês
Legendas: Português-BR (embutidas)
Duração: 1:28
Tamanho: 315MB (04 partes)
Servidor: Rapidshare



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Sinopse:

A mais endiabrada comédia dos irmãos Marx e uma das mais geniais. Nesta história maluca, os rapazes invadem o mundo da ópera e os resultados são devastadores. Ao som de 11 Trovatore (de Verdi) e Pagliacci de Leoncavallo), o trio apronta e não deixa pedra sobre pedra ao boicotar uma apresentação pública para permitir o triunfo de um casal a quem protegem.







Elenco:

Groucho Marx (Otis B. Driftwood)
Chico Marx (Fiorello)
Harpo Marx (Tomasso)
Kitty Carlisle (Rosa Castaldi)
Allan Jones (Riccardo Baroni)
Walter King (Rodolfo Lassparri)
Sig Ruman (Herman Gottlieb)
Margaret Dumont (Sra. Claypool)
Edward Keane (Capitão)
Robert Emmett O'Connor (Detetive Henderson)
Harry Allen (Porteiro)
Edna Bennett (Empregada)
Stanley Blystone (Oficial do navio)
Al Bridge (Inspetor da Imigração)
Lorraine Bridges (Louisa)
Gino Corrado (Tripulante)
Otto Fries (Ascensorista)
William Gould (Capitão de Polícia)


Detalhes Técnicos:

Direção: Sam Wood
Roteiro: George S. Kaufman, Morrie Ryskind
Produção: Irving Thalberg
Música Original: Nacio Herb Brown, Walter Jurmann, Bronislau Kaper, Herbert Stothart
Fotografia: Merritt B. Gerstad
Edição: William LeVanway
Design de Produção: Ben Carré
Direção de Arte: Cedric Gibbons
País: USA

Créditos: RapaduraAzucarada - Welck


Formato: RMVB
Áudio: Português
Legendas: S/L
Duração: 1:43
Tamanho: 470MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare



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Sinopse:

Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum
caráter. De pura preguiça, só começou a falar aos seis anos
de idade. Nasceu negro (Grande Otelo) e virou branco
(Paulo José). Depois de adulto, deixa o sertão em companhia
dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade,
conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas,
enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de
todos os tipos. Depois dessa longa e tumultuada aventura
urbana, ele volta à selva, onde desaparecerá como
viveu - antropofagicamente. Um compêndio de mitos,
lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance
de Mário de Andrade.







Elenco:

Grande Otelo .... Macunaíma negro
Paulo José .... Macunaíma branco
Jardel Filho .... Venceslau Pietro Pietra
Dina Sfat .... Ci
Milton Gonçalves .... Jigue
Rodolfo Arena .... Maanape
Joana Fomm .... Sofara
Wilza Carla
Hugo Carvana
Leovegildo Cordeiro
Maria Lúcia Dahl .... Iara
Rafael de Carvalho
Tito de Lemos
Maria Do Rosario .... Iquiri
Maria Letícia
Zezé Macedo
Myrian Muniz
Nazareth Ohana
Waldir Onofre
Carmem Palhares
Maria Clara Pelegrino
Guará Rodrigues
Edy Siqueira
Márcia Tânia
Maria Carolina Withaker


Detalhes Técnicos:

Título Original: Macunaíma
País de Origem: Brasil
Gênero: Comédia
Ano de Lançamento: 1969
Estúdio/Distrib.: Embrafilme
Direção: Joaquim Pedro de Andrade

Créditos:RapaduraAzucarada - Welck
EM DEFESA DO REI

Por Koldo Campos Sagaseta

Rebelión

Parece mentira que alguns meios de comunicação e jornalistas, que se passam a vida criticando do monarca espanhol seus cochilos reais e furtivos bocejos ante qualquer discurso que se estenda além de cinco minutos, que têm censurado ao rei da Espanha suas supostas carências intelectuais para sobreviver ileso a um pensamento sequer, ou que debocham, até, de suas alegadas dificuldades para alinhavar uma frase sem ter o auxílio de um roteiro, coincidam agora em criticar o monarca, precisamente, por todo o contrario.

Tem que ser mesquinho para, de saída, não reconhecer o sacrifício do rei, forçado a abandonar por uns dias suas régias obrigações em regatas baleares ou em pistas de esqui alpinas, pela exigência duma dessas soporíferas cúpulas cheias de percentuais e discursos que reclamava sua augusta presença.

Para atender semelhante solicitação o monarca espanhol também teve que alterar sua própria agenda familiar, remarcando a data dos nobres batizados e três festas de debutante, além de suspender suas tradicionais caçadas de ossos bêbados, seus públicos ânimos a seleções esportivas e a entrega de um que outro principesco prêmio, ocupações todas elas, junto aos sortidos brindes, nas que o rei investe seus melhores afãs.

Ao monarca espanhol esperava em Santiago do Chile uma nova cúpula americana com a particularidade de que, cada vez mais, estes encontros continentais vão se enchendo paulatinamente de incontrolados populistas, de líderes rancorosos e indígenas ingratos, macacos todos. Nem sequer quando comparecia Fidel eram as cúpulas tão imprevisíveis, que, afinal, Fidel estava sozinho. Porém, de um tempo para cá, agora que já nem Fidel comparece, as cúpulas deixam ouvir outras vozes destemperadas e grosseiras que, de improviso, são capazes de interromper com suas injúrias a borbônica sonolência e, inclusive, provocar a abrupta saída do monarca.

Não foi fácil para Juan Carlos subtrair-se às suas obrigações reais e sentar-se a escutar impropérios e desqualificações em relação ao papel de José María Aznar, como se ser criminoso de guerra desabilitasse o ex-presidente de defesa alguma como espanhol.

E também não é necessário ser nacionalista para sair em defesa de um delinqüente como Aznar embora a única apelação possível em sua defesa se baseie, precisamente, na condição de “compatriota” de seus defensores, o rei e Rodríguez Zapatero.

Mas manteve o rei da Espanha a sua devida compostura, suas comedidas formas e habitual tolerância e respeito à opinião alheia até que Chávez voltou a repetir a ladainha e a repetir insultos e desqualificações.

E o que fez então o monarca espanhol?

Simplesmente inquirir qual era a razão que motivava a intervenção do presidente venezuelano levado, talvez, por sua curiosidade,. “Por que não te calas?” Frase que analisada à margem das paixões políticas, em seu sucinto esboço, é só a demanda de um espírito judicioso que não renuncia ao conhecimento, a sua sede de saber.

É verdade que se o monarca espanhol além de escutar tivesse ouvido, não teria tido necessidade de perguntar nada. E é que a Venezuela, como a Nicarágua, a Bolívia, o Equador ou Cuba, não mais são colônias, nem dependem da vênia de monarca algum, nem têm que confiar sua palavra à sentença de um rei. O problema consiste em que trás silêncios tão prolongados como os acontecidos, agora se amontoam os agravos, os velhos e os novos, e não há discurso por extenso e incisivo que seja que dê conta de tantas dívidas pendentes, contas a pagar e crimes impunes. Demasiada memória acumulada para um só rei e uma só cúpula.

E, no entanto, em sua fulgurante intervenção, o rei seguiu manifestando seu domínio da situação e sua egrégia compostura, porque bem pode o monarca ter feito a Chávez o gesto com que presenteara não faz nem um ano aos familiares de presos bascos que lhe cumprimentaram a família na rua, arvorando por todo argumento seu dedo médio com o punho fechado; bem que podia ter perguntado ao mandatário venezuelano “Por que não vá embora para os Cárpatos a matar ursos bêbados?...”, mas não, quis o rei apelar a uma pergunta breve e concisa, quase aristotélica, e formulá-la com inusual sobriedade, sem maiores trejeitos.

É claro que, até a paciência real tem seus limites e quando o seguinte orador a intervir na Cúpula, o presidente nicaragüense Ortega, arremeteu contra o papel que têm as multinacionais espanholas na América e se atreveu a definir a Unión Fenosa como uma companhia mafiosa, o rei, em seu real direito, se levantou por si só de seu assento e abandonou indignado o lugar.

Não é já que como espanhol se sinta o rei da Espanha no dever de defender a honorabilidade dessa companhia, é que, além do mais, e talvez Daniel Ortega o ignorasse, o próprio monarca é sócio dessa firma, e tem valores na “máfia” que controla o negócio da eletricidade em vários países latino-americanos, em todos, sem dúvida, com a mesma história, fama e conseqüências.

E é que, uma coisa é que ao rei lhe critiquem suas veleidades licoreiras, suas contribuições para a extinção de ursos ébrios ou se mencione a catadura fascista de seus presidentes de governo, e outra bem diferente que se censure a amplidão de seus negócios. Até aí podíamos chegar.

Versão em português e imagem: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.

Jornadas Bolivarianas serão em abril de 2008

Já está definido o mês de abril de 2008 para a realização das Jornadas Bolivarianas/quarta edição. Elas foram adiadas em função do processo eleitoral que a UFSC viveu no mês de novembro deste ano. As Jornadas são o evento anual mais importante do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC e o tema geral que vai sulear todo o debate nesta quarta edição é “Nações e Nacionalismos na América Latina”, buscando refletir o novo que se expressa por toda Abya Yala.

A questão nacional é, sem dúvida, um tema “quente” por estas terras. Do México à Bolívia, passando pelo Equador, Guatemala, Peru, Nicarágua e Venezuela entre tantos outros países, os povos indígenas reclamam o caráter pluri-nacional do estado latino-americano. Além disso, o nacionalismo da região frente às estratégias dos países centrais retomou sua antiga vitalidade, ainda que com novos conteúdos políticos, econômicos e sociais. Entendendo isso, o IELA propõe que analisar o nacionalismo atual é uma tarefa intelectual de primeira importância para prever qual a capacidade deste movimento de idéias garantir um futuro melhor para os países da América Latina.

E é conectada com todas essas lutas e desejos que se expressam em Abya Yala que a IV Edição das Jornadas Bolivarianas buscará analisar, a partir de experiências concretas, a nova configuração do nacionalismo latino-americano. Para isso, contará com a presença de intelectuais latino-americanos e estadunidenses com ampla produção no campo da sociologia, economia, política e história do continente, garantindo um diagnóstico consistente sobre o tema. Além disso, permitirá a divulgação, no Brasil, das novas contribuições de outros países latino-americanos sobre a temática. Será, sem dúvida, um momento rico para comungar de todos esses desejos de transformação que caminham pelo sul do mundo.

Ainda nesta semana já estaremos disponibilizando novas informações sobre as Jornadas. Fique Ligado!

Créditos:Elaine Tavares