Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 4 de maio de 2008
sábado, 3 de maio de 2008
John Lee Hooker - Endless Boogie (1971)
Faixas:
1. (I Got) A Good un 5:14
2. House Rent Boogie 6:23
3. Kick Hit 4 Hit Kix U (Blues For Jimi And Janis) 6:43
4. Standin At The Crossroads 6:07
5. Pots On, Gas On High 11:23
6. We Might As Well Call It Through (I Didnt Get Married To Your Two-Timing Mother) 8:04
7. Doin' The Shout 3:31
8. A Sheep Out On The Foam 6:30
9. I Dont Need No Steam Heat 4:18
10. Sittin' In My Dark Room 5:38
11. Endless Boogie, Parts 27 And 28 8:43
All song written by John Lee Hooker
Personagens:
John Lee Hooker (Guitar and Vocal)
Cliff Coulter (Electric Piano and Guitar) - 1,3,5,6,8-11
Steve Miller (Guitar) - 1-4,7,9-11
Mel Brown (Guitar) - 1,9-11
Gino Skaggs (Fender Bass) - 1-4,7,8,10
Billy Ingram (Drums) - 1,10
Mark Naftalin (Piano) - 2-6,9-11
Dave Berger (Harmonica) - 2,11
Dan Alexander (Guitar) - 2,8
Ken Swank (Drums and Tambourine) - 2-4,7,8,11
Jesse Davis (Guitar) - 5,6
Carl Radle (Fender Bass) - 5,6
Jim Gordon (Drums) - 5,6
John Turk (Electric Piano and Organ) - 9,11
Reno Lanzara (Drums) - 9,11
Jerry Perez (Guitar) - 11
Download abaixo:
http://www.filefactory.com/file/b0120d/
Todas as mulheres do mundo
Cláudio César Dutra de Souza, Sílvia Ferabolli
Pegamos emprestado o título do filme de Domingos de Oliveira, de 1966, com Paulo José e a paradigmática Leila Diniz no auge de sua beleza e talento, para fazer algumas reflexões pertinentes sobre o panorama histórico da condição feminina.
Há milênios, a mulher é submetida por formas mais ou menos explícitas de violência e contenção. A primeira é descrita no gênesis bíblico, no qual nossa mãe Eva é alçada a uma condição de inferioridade ao homem, primeiro por ser um “subproduto” de uma parte de seu corpo e não o resultado vivo do sopro divino como fora Adão. Em seguida, Eva é feita culpada pela expulsão do Éden, ao tomar parte ativa no processo de desobediência divina, ao dar ouvidos à serpente e, por conseqüência, nos jogando para fora da boa vida paradisíaca.
Segundo o culto mariano católico, mesmo num casamento restrito e monogâmico, a mulher é impura - já que não é possível ser mãe e virgem
Antes de Eva havia o mito de Lilith. No Talmude, ela é descrita como a primeira mulher de Adão que, devido a sua insubmissão a um plano divino que a colocava como naturalmente inferior, foi lançada aos infernos, como Lúcifer, tornando-se, entre outras coisas, o símbolo do desregramento sexual e sedução maligna. Características que alertavam para perigos envolvidos em um papel mais ativo da mulher. Na era cristã, a Virgem Maria apareceu como resgate e modelo para a mulher nos próximos séculos. Infelizmente, o culto mariano impõe à mulher um modelo nocivo ao seu desenvolvimento subjetivo. Mesmo dentro de um casamento restrito e monogâmico, ela jamais seria suficientemente “pura” - ostentando em si a vergonhosa mácula do pecado sexual, visto que a maternidade e a virgindade são obviamente incompatíveis.
Em qualquer revisão histórica que se efetue da condição feminina, chegam-se a conclusões semelhantes que apontam para períodos mais ou menos misóginos [1] no Ocidente. A Igreja Católica de 2008 é contida pelo Ocidente laico que, a partir do Renascimento, vem limitando, a muito custo e com relativo sucesso, o seu poder imperial. Se assim não fosse, as idéias do Vaticano na atualidade não difeririam muito de seus ancestrais medievos. Exemplo disso são as declarações dos últimos dois papas acerca da condição feminina, fatalmente ligadas aos pecados da carne, aborto, sexualidade e comportamentos sociais diversos. “Tirem os vossos rosários de nossos ovários”, bradam as feministas ainda hoje. E com razão.
Em contrapartida, por meio da luta de mulheres e homens, principalmente no século 20, foram formuladas leis de proteção e benefícios fundamentais à correção de injustiças de gênero históricas. Porém, elas, paradoxalmente, não inibem violências das mais diversas contra a descendência de Eva. Ainda hoje, mulheres vivem sob jugo patriarcal e, em certos casos, sofrem violências sob o beneplácito do próprio Estado, que, ou introduz a submissão em seu breviário de leis, ou é frouxo no julgamento e condenação com bases na honra viril maculada. Notadamente presente em países como a China, Tailândia, algumas regiões da África e Oriente Médio e também na América Latina, essa característica possui tentáculos suficientemente grandes para abarcar países do "primeiro mundo", que não são de modo algum isentos de registros de violência e contenção do gênero feminino.
Nada contra uma mulher adulta usar o corpo como lhe convier - inclusive fazendo sexo remunerado. O que preocupa é a relação submissa que a prostituiçao cria, sob mediação do dinheiro
Poderíamos pensar que há algo de errado com os homens... Será? Descartando, por ora, aqueles que são mais ignorantes ou provenientes de culturas que reduzem a importância do feminino, nos deteremos naqueles que possuem educação cultural e meios favoráveis para um comportamento menos machista e opressor com as mulheres. Porém, não se furtam de ser cúmplices do turismo sexual do terceiro mundo, de pertencerem a redes internacionais de pedofilia e de perpetrarem de forma oculta aquilo que já não podem fazer às claras.
Donos dos meios de produção, pertencentes à elite branca e dominante, tais homens perceberam, há muito, que existem formas sutis de burlar as regras às quais estão submetidos para poderem dar vazão ao primitivismo que resiste ainda dentro de si. A primeira e mais evidente se dá no território da prostituição. Ela prospera a passos largos no mundo inteiro. Clientes cada vez mais fiéis e assíduos utilizam-na como forma de exercer menos a sexualidade do que uma relação de poder onde, sob a mediação do dinheiro, se tem a mulher que se quer e da forma mais conveniente. A manutenção da indústria da prostituição tem como princípio a miséria de mulheres e meninas nas regiões mais vulneráveis do planeta e a demanda sempre crescente por esse serviço.
Não somos contrários à decisão de uma mulher adulta usar o seu corpo da forma como mais lhe convier, e isso pode incluir o ato sexual mediante remuneração. Contudo, preocupa-nos que esse homem descrito anteriormente está sempre ávido por “carne nova” e, ao que parece, cada vez mais jovem. Para isso não hesita em aproveitar-se da indigência financeira e moral que acomete alguns países do terceiro mundo, cujo comércio de escravas sexuais movimenta altas somas financeiras e destrói a vida de adolescentes e crianças, vítimas das mais cruéis situações de maus-tratos e violência.
Nas grandes empresas, esse mesmo homem aprendeu a valer-se da mão-de-obra feminina. Farta e abundante, está sempre disposta a dar o melhor de si no ambiente laboral, visto que o fantasma de suas avós, dependentes e oprimidas, ainda se faz presente em uma mulher que hoje em dia coloca a carreira em pé de igualdade com o desejo de casar e ter filhos. E por que seriam excludentes ambas as coisas? Infelizmente as pioneiras da década de 50 a 70 pagaram um alto preço pela sua independência. Eram vistas como condenadas a ser pouco atraentes e frustradas no campo amoroso, em troca de ascensão profissional. É algo que a mulher contemporânea já não aceita. E, graças a isso, temos as famosas duplas, triplas e quádruplas jornadas da mulher. Acorda cedo, trabalha o dia todo, dá atenção à cria e de noite é esposa atenciosa e uma amante ardente para o seu marido que, por ser homem, não precisa provar muita coisa, já que, historicamente, esse sempre teve valor em si e, de certa forma, ainda mantém essa premissa interiorizada.
Modelo por modelo, preferimos a Leila Diniz: subversiva sem ser patrulhadora, amante sem acrobacias, maternal sem culpas, trabalhadora consciente de seu valor, sedutora sem ser manipuladora
Nas classes populares percebe-se a incidência cada vez maior de um matriarcado estabelecido a partir de condições sociais que destacam uma situação favorável ao trabalho feminino, em contraste ao masculino. Mulheres da periferia obtêm renda como manicures, cozinheiras, costureiras, babás, faxineiras, ou, na pior das hipóteses prostitutas - trabalhos tradicionalmente associados ao feminino. Os homens nessas mesmas condições percebem a sua capacidade tradicional de trabalho diminuída no que se refere às atividades mais tradicionalmente ligadas ao masculino, seja por terem que dividi-las com as mulheres, seja pela perda de postos de trabalho ou exigências cada vez maiores de qualificação para ocupá-las. Assim não são raros os homens ociosos, alcoolistas e, muitas vezes, violentos com suas mulheres – aquelas mesmas que arcam com o orçamento familiar, custos de criação dos filhos e que, não raro, sofrem com a violência e desprezo masculino, que insiste em negar-lhes o valor merecido. De acordo com a pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), feita no Brasil em 1998, a violência doméstica é a causa de uma a cada cinco faltas de mulheres ao trabalho [2].
É uma premissa comum no universo do liberalismo econômico o de capitalizar as revoluções a fim de domesticá-las e inseri-las em um contexto lucrativo e palatável. E a revolução feminina das últimas décadas parece não fugir a essa mesma regra. Tendo adquirido o direito a uma sexualidade livre, a mulher ainda continua a sofrer com estigmas morais e a perder o seu valor com o declínio da beleza e da juventude. Tendo conseguido ascender ao mercado de trabalho, sofre explorações, assédios e humilhações. Isso reflete-se na vida pessoal, tornando-a estressante e sofrida, o que acarreta em moléstias que vão da depressão, ausência de libido até moléstias cardíacas - que incidem de forma cada vez mais preocupante no universo feminino.
Tais exemplos sugerem que talvez a mulher pós-feminista tenha tornado-se um bom negócio comercial, sexual e laboral. O que poderia ter dado errado em décadas de lutas feministas então? Talvez Camille Paglia tenha algumas respostas. Ela denuncia o feminismo xiita e politicamente correto dos anos 70, que tentou anular algumas premissas básicas em relação á estruturação subjetiva daquilo que nomeamos como o “feminino”, criticando violentamente a geração de Betty Friedan e o feminismo militante que anulava as diferenças entre os sexos. Palavras de Camille na Folha de São Paulo do dia 27 de março de 2006: "No começo dos anos 90 eu declarei guerra contra o stalinismo do politicamente correto no establishment feminista. Isso causou controvérsia, especialmente minha defesa da pornografia e das revistas de moda. Mas, graças à Madonna, minha ala do feminismo ganhou a batalha. Ela influenciou uma geração de mulheres que abraçou novamente o sexo e a beleza."
Afora os deslumbramentos de Miss Paglia, Madonna certamente é um ícone da modernidade, que fornece algumas pistas para o entendimento das benesses e das armadilhas em que as mulheres se vêem envolvidas atualmente, na ânsia de buscarem o absoluto, que é reservado a poucas (e poucos). Modelo por modelo, ao invés da apolínea popstar norte-americana, optamos pela nossa dionisíaca Leila Diniz que, na década de 60, já previa a multiplicidade de formas e contradições do feminino, que cada vez mais se pronunciam nesse milênio, só que de uma forma mais fluídica e prazerosa. Desobrigada da perfeição estética e da produção maquinal de gozos, Leila era subversiva sem ser patrulhadora, amante sem acrobacias, maternal sem culpas, trabalhadora consciente de seu valor, sedutora sem ser manipuladora, enfim, essa foi a imagem quase arquetípica que dela ficou.
Nunca a mulher desfrutou de tanta liberdade como hoje, em certos agrupamentos sociais. E o avanço da condição feminina só acrescenta, ao universo masculino, a companhia de uma mulher mais plena
Estamos convencidos de que o avanço da condição feminina só acrescenta benesses ao universo masculino, que, ao longo das últimas décadas, desfruta da companhia de uma mulher mais plena e companheira. Nunca ela desfrutou de tanta liberdade em certos agrupamentos sociais como nos dias de hoje. Infelizmente, ecos medievais ainda subsistem nos corações e mentes. Até mesmo nos daqueles que, aparentemente, se apresentam como os mais evoluídos, sendo que ainda estamos longe do ideal de igualdade entre os gêneros, visto que basta a experiência de uma guerra para que o nosso verniz civilizatório venha por água abaixo [3].
Mudar a mentalidade masculina torna-se um imperativo para que possamos reduzir comportamentos agressivos e misóginos no mundo atual. Para isso, entendemos ser necessário uma conscientização feminina no sentido de que as mulheres assumam a sua parcela de culpa na transmissão de inúmeros preconceitos. Principalmente, na educação das crianças, da qual ainda são as grandes responsáveis direta, como mãe e indiretamente como educadoras, visto que a quase totalidade desse ramo profissional, mais incisivamente na América Latina, se constitui de mulheres que, não raro, educam meninos e meninas sob as regras mais conservadoras possíveis - fato que, na maioria dos casos, não lhes é consciente.
Temos esperanças de que as reivindicações e lutas em prol de uma sociedade menos sexista e injusta frutifiquem nas próximas décadas. Mas para que isso se cumpra, ainda há muitas lutas a empreender. Recordemos, por exemplo, que somente com o novo Código Civil, que passou a valer a partir de 2003, o homem deixou de ser considerado como a “cabeça do casal”, bem como foram suprimidos outros arcaísmos humilhantes tal como o bizarro conceito de “mulher honesta” [4]. Que o Dia Internacional da Mulher, que comemoramos no mês de março, não sirva apenas para afagos e flores compensatórias, mas que seja também o dia em que Eva, Lilith, a Virgem Maria, Madonna, Leila Diniz, Condoleeza Rice, a mãe, a virgem, a puta, a trabalhadora, enfim, todos os arquétipos e estereótipos possam se unir em um ser integral pleno de contradições, qualidades, defeitos e subjetividades inerentes a qualquer ser humano, independente do gênero a que pertença.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Consumo Solidário e Responsável |
Como deveria ser o consumo humano? Por Leonardo Boff. |
O consumismo que a cultura do capital gestou está na base da fome de bilhões de pessoas e da atual falta de alimentos da humanidade. Face a tal situação como deveria ser o consumo humano?
Em primeiro lugar o consumo deve ser adequado à natureza do ser humano. Esta, por um lado, é material, enraizada na natureza e precisamos de bens materiais para subsistir. Por outro lado, é espiritual que se alimenta com bens intangíveis como a solidariedade, o amor, a acolhida e a abertura ao Infinito. Se estas duas dimensões não forem atendidas nos tornaremos anêmicos no corpo e no espírito. Em segundo lugar, o consumo precisa ser justo e equitativo. A Declaração dos Direitos Humanos afirma que a alimentação é uma necessidade vital e por isso um direito fundamental de cada pessoa humana (justiça) e conforme as singularidades de cada um (equidade). Não atendido este direito, a pessoa se confronta diretamente com a morte.
Em terceiro lugar, o consumo deve ser solidário. É solidário aquele consumo que supera o individualismo e se auto-limita por causa do amor e da compaixão para com aqueles que não podem consumir o necessário. A solidariedade se expressa pela partilha, pela participação e pelo apoio aos movimentos que buscam os meios de vida, como terra, moradia e saúde. Implica também a disposição de sofrer e de correr riscos que tal solidariedade comporta.
Em quarto lugar, o consumo há de ser responsável. É responsável o consumidor que se dá conta das conseqüências do padrão de consumo que pratica, se suficiente e decente ou sofisticado e suntuoso. Consome o que precisa ou desperdiça aquilo que vai faltar na mesa dos outros. A responsabilidade se traduz por um estilo sóbrio, capaz de renunciar não por acetismo mas por amor e em solidariedade para com os que sofrem necessidades. Trata-se de uma opção pela simplicidade voluntária e por um padrão conscientemente contido, que não se submete aos reclamos do desejo nem às solicitações da propaganda. Mesmo que não tenha conseqüências imediatas e visíveis, esta atitude vale por ela mesma. Mostra uma convicção que não se mede pelos efeitos esperados mas pelo valor que esta atitude humana possui em si mesma.
Por fim, o consumo deve ser realizador da integralidade do ser humano. Este tem necessidade de conhecimento e então consumimos os muitos saberes com o discernimento sobre qual deles convém e edifica. Temos necessidade de comunicação e de relacionamentos e satisfazemos esta necessidade alimentando relações pessoais e sociais que nos permitem dar e receber e nesta troca nos complementamos e crescermos. Às vezes esta comunicação se realiza participando de manifestações em favor da justiça, da reforma agrária, do cuidado pela água potável, da preservação da natureza, ou também vendo um filme, assistindo a um concerto, indo a um teatro, visitando uma exposição artística, participando de algum debate. Temos necessidade de amar e de sermos amados. Satisfazemos esta necessidade amando com gratuidade as pessoas e os diferentes de nós. Temos necessidade de transcendência, de ousarmos e de estarmos para além de qualquer limite imposto, de mergurlharmos em Deus com quem podemos comungar. Todas estas formas de consumo realizam a existência humana em suas múltiplas dimensões.
Estas formas de consumo não custam e não gastam energia, pressupõem apenas o empenho e a abertura para a solidariedade, para a compaixão e para a beleza.
Tudo isso não traduz aquilo que pensamos quando falamos em felicidade?
Curtas de Aki Kaurismäki
(Rocky VI, Thru The Wire, L. A. Woman,
These Boots, Those Were The Days)
Release exclusivo MKO
Gênero: Curta
Diretor: Aki Kaurismäki
País de Origem: Finlândia
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB / Ano / Duração:
Rocky VI (1986): 9 min
Thru the Wire (1987): 6 min
Those Were the Days (1992): 6 min
These Boots (1992): 5 min
L. A. Woman (1987): 6 min
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: DX50
Áudio Codec: mpga
Áudio Bitrate: 128 Kbps
Resolução: 704x528
Frame Rate: 25.000 FPS
Tamanho: 345 Mb
Download via torrent:
Aki_Kaurismaki_Short_Films.torrent
Enquanto isso, na Bolívia...
Com os decretos promulgados por Evo, em um ato na Plaza Murillo, em La Paz, o Estado boliviano passa a controlar 50% mais uma das ações da Chaco, do grupo British Petroleum (BP), e da Transredes, controlada pela britânica Ashmore e a anglo-holandesa Shell. Além disso, o Estado também adquire 100% do capital da Companhia Logística de Hidrocarbonetos, que estava em mãos de investidores peruanos e alemães.
Agora, a companhia estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) terá a maioria acionária na Andina e lhe permitirá, após 25 anos, participar das operações da empresa.
Como foi o processo
Para obter tais mudanças, o governo da Bolívia e a empresa hispano-argentina Repsol YPF assinaram um contrato que estipula que o país sul-americano venha a recuperar a condição de acionista majoritário da Andina, filial da Repsol YPF e cuja administração passará a ser compartilhada.
O acordo foi alcançado quando se completam exatamente dois anos do decreto pelo qual o presidente boliviano, Evo Morales, ordenou a nacionalização do setor de hidrocarbonetos e após intensas negociações mantidas nas últimas horas. Na quarta-feira expirou o prazo decretado no final de março por Morales para completar o processo de nacionalização. A medida afetou justamente as petrolíferas Chaco, Transredes e Companhia Logística de Hidrocarbonetos.
"Missão cumprida"
O ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Carlos Villegas, disse que nos próximos dias será assinado um acordo de acionistas que fixará o modelo de "operação mista" para Andina, onde as cotas acionárias determinarão a participação da YPFB e da Repsol na Junta de Acionistas, no diretório, e na administração e gestão da empresa.
"Missão cumprida na negociação com a Repsol", disse Villegas ao líder, após expressar o compromisso do Governo para que a Repsol-Andina mantenha seus níveis de eficiência e rentabilidade e garantir uma política energética que assegure as demandas internas e externas do mercado.
Operação-modelo
Por sua parte, o diretor de Prospecção e Produção da Repsol YPF na Argentina, Tomás García Blanco, destacou que este acordo dá início a "uma nova etapa" na qual vão "conseguir uma operação-modelo conjunta" que "pode ser exemplo de sinergia e de trabalho em equipe entre uma companhia estadual e uma companhia privada".
A companhia petrolífera hispano-argentina Repsol YPF obteve em 2007 um resultado operacional de suas atividades na Bolívia de 92 milhões de euros (US$ 146 milhões), segundo dados da firma. O número equivale a 1,6% de seu lucro operacional consolidado, que chegou a 5,808 bilhões de euros (US$ 9,177 bilhões).
Adital
A população está submetida diariamente à violência de ações do narcotráfico e de gangues que disputam entre si controle territorial, sem que as estruturas de segurança guatemaltecas tenham capacidade de prevenção, combate e sanção. No âmbito da violência, tem um destaque negativo também a violência contra a mulher.
O feminicídio, que é o assassinato de mulheres em razão do gênero, segue fazendo vítimas em todas as faixas etárias no país. Segundo dados da Anistia Internacional, só entre 2002 e 2007, mais de 2.900 mulheres foram assassinadas no país, sem que 70% dos casos tenham sido sequer investigados. "As ações realizadas (pelo Estado) não reduzem os níveis de impunidade nos casos", disso o Fórum.
Para diminuir à violência, o Fórum pede que no marco da Lei de Segurança se estabeleça "uma estratégia nacional de segurança que incorpore a diversas instituições públicas, municipais, locais e de sociedade civil, que, além disso, se veja claramente refletido no Orçamento Nacional". É preciso ainda melhorar a efetividade da investigação criminal e dispor de uma maior movimentação da Polícia Nacional Civil para a prevenção do delito.
A economia, que no começo do ano gerou grandes expectativas de crescimento, está afetada pelo aumento nos preços do petróleo, milho, arroz e trigo, que já atingiu o mercado interno é elevou o preço da cesta básica.
Segundo o Fórum, para que esse crescimento corresponda às expectativas deve estar apoiado em uma gestão macroeconômica responsável, "cujos principais indicadores registram um nível saudável de reservas, estabilidade cambial e um manejo adequado das taxas de lucro".
O temor do Fórum é de que a economia seja afetada também por uma possível queda no envio de remessas do exterior, pela massiva deportação de guatemaltecos dos Estados Unidos, e pelo desemprego que afeta o país nortista, e em conseqüência a mão de obra estrangeira no país, resultado da recessão.
A escassez de alimento está causando problemas de segurança alimentar e nutricional também na Guatemala. Os índices de mortalidade infantil em conseqüência da fome e da desnutrição no país aumentaram. Assim, o Fórum pede o desenvolvimento de uma estratégia, junto aos agricultores e indígenas, que melhore a capacidade produtiva do país.
1991 | MP3@256 Kbps | 54:36 min | 100,52 MB
01 - Year of Tibet
02 - Nomads of the Tibetan High Plateau
03 - The Flight of a Shepherd Boy
04 - Freedom in Exile
05 - A Sad Return to My Birthplace
06 - Giving and Forgiving
07 - The Power of Morality and Patience
08 - With Mindfulness and Wisdom
09 - Creating an Enlightened Society
Downloads abaixo:
Jorge Ben - Solta o Pavão
1. Zagueiro
2. Assim Falou Santo Tomaz De Aquino
3. Velhos, Flores, Criancinhas E Cachorros
4. Dorothy
5. Cuidado Com O Bulldog
6. Para Ouvir No Rádio
7. O Rei Chegou, Viva O Rei
8. Jorge Da Capadócia
9. Se Segura Malandro
10. Dumingaz
11. Luz Polarizada
12. Jesualda
Créditos: TrabalhoMental - Kryz
A função racial da Universidade
"The past isn’t dead and buried. In fact, it isn’t even past."
— - William Faulkner
[1]
A partir de 2002, as medidas afirmativas de cotas raciais intensificaram o debate e polarizaram o campo político de esquerda e direita. As primeiras universidades a reservar vagas de forma generalizada a negros e indígenas foram a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense. Uma lei estadual fluminense, de 2001, determinou que as entidades reservassem, no vestibular, cotas de 20% para estudantes de escolas públicas, 20% para negros, 5% para indígenas e 5% para pessoas portadoras de deficiência. Desde então, pelo menos 32 outras entidades do ensino superior — como a UFRGS, a UFPE, a UEPB --- instituíram sistemática similar, seja mediante decisões legislativas, seja por deliberações internas.
As primeiras turmas da UERJ sob o novo regime de admissão graduaram-se no ano passado, sem registro de conflitos raciais sérios e com aproveitamento igual às turmas anteriores. Nessa universidade, os estudantes cotistas mantiveram um coeficiente de rendimento médio entre 5% abaixo e 5% acima dos demais, dependendo do curso. Isto é, não houve qualquer diferença mensurável de rendimento acadêmico entre alunos cotistas e não-cotistas.
Certamente não houve "queda do nível". Como também não houve com os ingressos do Programa Universidade para Todos (Prouni), que assegura bolsas para alunos pobres em faculdades privadas. Estes foram até melhor do que os outros, inclusive os admitidos no Prouni pelo critério racial. Se, de um lado, a política afirmativa não é um sucesso absoluto — principalmente nos cursos de menor procura, em que sobram vagas —, por outro "mudou a cara" da universidade, trazendo um colorido todo-especial de novas demandas, valores, idéias, estilos.
Apesar dos bons resultados e de 65% dos brasileiros apoiarem as cotas raciais (pesquisa Datafolha de 2006), a resposta reacionária a elas persiste. Por envolverem critério racial, as cotas vêm recebendo bombardeio mais feroz que as demais políticas de inclusão, tais como as vagas para estudantes de escolas públicas. Para muitos, o problema é a cor da cota. Na UFRGS, alguns gaúchos "indignados" picharam em letras garrafais, à frente do campus: "Negro só se for na cozinha do HU". Outros adversários, mais sofisticados, publicam livros extensos e "imparciais", para provar que a cota racial é ruim, porque não somos racistas.
Muitos mantêm uma atitude tipicamente brasileira: ser contrário em silêncio e guardar o racismo para si, negando-o, menosprezando a história do Brasil. Mas nem sempre o racismo é tão "cordial", como se viu no episódio dos estudantes africanos na UnB, ocasião em que se ateou fogo às suas portas, bem ao estilo Ku-klux-klan.
Argüir que cientificamente não há como definir a raça é tão estúpido quanto afirmar que o negro não existe. A raça não é um conceito biológico. Envolve noções culturais, econômicas e políticas
Que o Brasil seja um país racista é de uma evidência de doer aos olhos. Historicamente racista, economicamente racista, esteticamente racista, culturalmente racista. A democracia racial é um mito que serve à perpetuação das desigualdades socioeconômicas com modulação racial. A tese do povo brasileiro como miscigenação do branco, do indígena e do negro – o mestiço como o substrato da brasilidade – camufla a nossa história, que é a da explícita hegemonia do branco. A elite branca predomina nos cargos públicos de alto escalão, nas chefias empresariais e na direção da grande imprensa.
Negar a existência do racismo no Brasil é esquecer a desmesurada escravidão, que forjou os primeiros séculos desta sociedade. Como se, da abolição aos dias de hoje, aquela multidão de escravos tivesse sido incluída na partilha da produção de bens sociais. Não. A travessia formal do escravo ao negro liberto deu-se sem política de inclusão digna de nota. Manteve-se a posição explorada, subalterna, marginal, sob ininterrupta disciplina policial e preconceito racial. Da capoeira ao samba, do hip hop ao funk. No racismo, trata-se de reconhecer a ligação concreta entre a situação desvantajosa do escravo e a situação desvantajosa do negro no presente.
Argüir que cientificamente não há como definir a raça é tão estúpido quanto afirmar que o negro não existe. A raça não é um conceito biológico. A raça envolve noções culturais, econômicas e políticas. O negro existe. É o resultado de um processo de exploração atravessado por migrações forçadas, alienação do trabalho e repressão violenta, que não cessou até hoje e no qual a cor — seja ela "parda", "mulata", "escura", "morena" – é somente uma manifestação.
A cota puramente econômica não é suficiente. Mesmo que, em princípio, o branco-pobre tenha as mesmas chances do negro-pobre, eles não têm as mesmas chances na sociedade
A ação afirmativa não fomenta o racismo, porém o reconhece para daí se fazer justiça frente a seus efeitos. Fingir que as diferenças não existem não as faz desaparecer como por mágica. O caso não é eliminar as diferenças raciais, mas não permitir que elas sigam refletindo brutais desigualdades. Se reconhecer a obviedade de que existam raças é racismo, então é necessário por assim dizer ser "racista", pois só assim se poderá viabilizar a discriminação positiva.
Alegar que a cota racial é incompatível com a república, por causa da cidadania formal, é viver num mundo abstrato de conto-de-fadas, que favorece a perpetuação das disparidades e da injustiça. A igualdade formal achata as diferenças materiais que são a própria substância da justiça. Tratar os desiguais na medida da desigualdade... Absolutizar a meritocracia é consagrar o egoísmo e o individualismo. Ademais, a meritocracia sozinha é injusta, porque o concurso é uma fotografia que não capta a estrutura socioeconômica e familiar, que também determina o preparo dos concursandos. O concurso não pode ser um critério exclusivo.
A cota puramente econômica não é suficiente. Mesmo que, em princípio, o branco-pobre tenha as mesmas chances do negro-pobre no vestibular, eles não têm as mesmas chances na sociedade como um todo. A Universidade não é um microcosmo nem uma torre de marfim, como a enxergam muitos intelectuais. A universidade conecta-se à sociedade. A sociedade justa depende do ensino justo, que por isso mesmo é o melhor ensino.
Defender a melhoria genérica do ensino fundamental e médio como medida "menos gravosa" às quotas significa mandar a ação afirmativa às calendas gregas, perpetuando a ditadura racial. Uma coisa é diferente da outra. As duas políticas não se excluem, elas se complementam. Passaram-se muitos anos de desídia e hipocrisia nessa questão. A exigência é realizar a democracia racial – no concreto das diferenças – não daqui a cem, vinte ou dez anos, mas aqui e agora. Já!
A militância dos movimentos negros é a melhor maneira de fazer frente à opressão racial. Através da resistência, manifesta seu projeto de justiça e se define como sujeito político. Mais do que em um catálogo de diferenças empíricas, é na própria luta comum que se assenta a singularidade da raça. Expressa-a perante uma sociedade que – da esquerda à direita, a juventude inclusive – não lhe endossa e, quando o faz, resume-se à cômoda indignação.