terça-feira, 13 de maio de 2008

RASHOMON (RASHÔMON, JAP, 1950)



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SINOPSE:Ambientado no Japão do século XI. A história consiste na apresentação de quatro perspectivas acerca do mesmo fato: a visão do bandido,Tajomaru (Toshiro Mifune), a visão do marido (o qual está morto), Takehiro (Masayuki Mori), a visão da mulher do morto, Masako (Machiko Kyô) e a visão da testemunha, um lenhador (Takashi Shimura). Vale lembrar que o diretor Akira Kurosawa utiliza a técnica do flashback, aonde os personagens vão contando seus pontos de vista a partir de lembranças sobre um crime, o estupro de Masako e a morte do marido da mesma. A partir do ponto de vista dos quatro personagens, Kurosawa consegue trazer o espectador para dentro do filme, ou seja, o Juiz final será o espectador, deste modo o filme coloca espectador e personagens bem próximos. Mais precisamente quando Kurosawa decide posicionar os personagens de frente para a câmera fazendo, com isso, que tanto o publico quanto os personagens troquem olhares diretos. Então, qual será o relato verdadeiro?Ou todos os relatos seriam falsos?Estaríamos inclinados a escolher sempre o ponto de vista do "mocinho"?

ELENCO:
Toshiro Mifune: Tajomaru
Machiko Kyo: Masako
Masayuki Mori: Takehiro
Takashi Shimura: Lenhador
Minoru Chiaki: Sacerdote
Kichijiro Ueda: Camponês
Daisuke Katô: Policial
Fumiko Honma: Médium

Créditos: F.A.R.R.A.- hilarius

FICHA TÉCNICA:
Título Original: Rashômon
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa e Shinobu Hashimoto, baseado em estórias de Ryunosuke Akutagawa
Edição: Akira Kurosawa
Produção: Minoru Jingo
Música: Fumio Hayasaka
Fotografia: Kazuo Miyagawa
Desenho de Produção: So Matsuyama
Direção de Arte: H. Matsumoto
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1950
Áudio: Japonês
Tamanho: 420mb (5 partes)
AVI LEGENDADO









segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mercado de Carbono não é alternativa contra o aquecimento global






Dimitri Silveira


O principal resultado do Pro­tocolo de Kyoto foi a criação do chamado “Crédito de Car­bono”. A comercialização dos créditos de carbono faz parte do chamado “Meca­nismo de Desenvolvi­mento Limpo” (MDL). Países e empresas que não conseguem reduzir suas emissões podem comprar a “não emissão” de países subdesenvolvidos para que continuem poluindo.

O mercado de carbono movimentou em 2005 algo em torno de 25 bilhões de reais, mas isso não significa dizer que houve redução nas emis­sões de gases estufa, pelo contrário, as emissões só aumentaram desde o período em que o protocolo de Kyoto foi estabelecido.

Lucro como objetivo

A lógica que está por trás do mercado de carbono trata o aquecimento global como um problema que pode ser resolvido por transações financeiras. É sabido que o mercado financeiro possui seus próprios interesses e mecanismos de funcionamento, e que tem a lucratividade como objetivo final.

Em 2005 a União Européia divulgou números que mostravam que dos 25 estados-membros, 21 emitiram 44.1 milhões de toneladas a menos de dióxido de carbono. Aparente­mente isso parece uma boa notícia, mas diversos participantes da Comissão Européia (funciona como o "governo" da UE) disseram que muitos governos podem ter superestimado as reais emissões de suas indústrias quando estabeleceram suas metas de redução.

Alguns especialistas afirmam ainda que as indústrias enganaram os governos quando entregaram seus relatórios de emissões superestimados, pois viam aí a possibilidade de ganhar muito dinheiro comercializando os créditos de carbono, sem que para isso te­nham realmente trabalhado para reduzir as emissões. Os créditos de carbono criados pelo capitalismo nada mais é do que transformar em lucro um problema que pode atingir milhões de pessoas.

Nova matriz energética

Quando se pensa em combater o aquecimento global e em defender o meio ambiente deve-se entender que é necessário substituir a matriz energética que move o mundo atualmente. Isso significa que a produção de energia no planeta não pode mais ser baseada no petróleo, no carvão mineral e em outros tipos de combustíveis fósseis.

Há outras possibilidades de geração de energia que envolve fontes alternativas, como a energia solar, que poderia ser utilizada em larga escala caso oferecesse lucros tão grandes quanto a utilização do petróleo. Mas isso está longe de acontecer, afinal de contas, o sol ainda é gratuito para todo mundo.

A guerra por petróleo iniciada no Iraque mostra que os capitalistas não estão nada interessados em resolver o problema do aquecimento global e, se depender deles, as reservas de petróleo do planeta serão exploradas até sua última gota, ainda que isso signifique passar mais longas décadas despejando toneladas de gases estufa na atmosfera.



Roy Hargrove's Crisol - Habana (1997)

http://i306.photobucket.com/albums/nn266/photoapo/Covers/RH_Habana_front.jpg

Roy Hargrove's Crisol - Habana (1997)



Faixas:
1. O My Seh Yeh (Frank Lacy) 9:59
2. Una Mas (Kenny Dorham) 8:06
3. Dream Traveler (Roy Hargrove) 5:23
4. Nusia's Poem (Gary Bartz) 6:20
5. Mr. Bruce (Chucho Valdez) 5:30
6. Ballad for the Children (Roy Hargrove) 4:52
7. The Mountaings (Roy Hargrove) 8:07
8. Afrodisia (Kenny Dorham) 4:46
9. Mambo for Roy (Chucho Valdez) 11:01
10. O My Seh Yeh (reprise) (Frank Lacy) 6:23

Personagens:
Roy Hargrove (Trumpet and Flugelhorn)
Chucho Valdes (Piano)
David Sanchez (Tenor and Soprano Saxes)
Frank Lacy (Trombone)
Horacio Hernandez (Drums)
Jose Luis Quintana (Timbales)
Miguel Diaz (Congas)
John Benitez (Double Bass)
Gary Bartz (Alto and Soprano Saxes)
Russell Malone (Guitar)

Download abaixo:

http://www.filefactory.com/file/b27edc/


O foguete Lula e a reforma agrária


Laerte Braga

A sensação que o governo Lula causa é a de um foguete que foi lançado ao espaço e do alto não enxerga a Terra. Yuri Gagarin quando voltou do primeiro passeio espacial dado por um homem em volta da Terra disse duas frases que ficaram registradas em toda a mídia do mundo.



“A Terra é azul”. “Olhei para todos os lados e não vi Deus”.



Sobre o ser azul nada demais. Sobre não ter visto “Deus” a revelação da dúvida. Foi significativo ter dito isso em tom de desapontamento por um major do exército soviético.



Nesses rapapés de banqueiros e agências internacionais que classificam países para orientar o capital onde ir buscar segurança (nem sempre isso quer dizer progresso no sentido de bem comum a todos, mas privilégio de elites), o presidente dá sinais que da estratosfera não enxerga sequer o azul do planeta (o verde não existe mais a rigor) e não encontrou Deus, ou quiçá um anjo de guarda para mostrar-lhe a importância de determinados compromissos não cumpridos.



Os riscos que esse viés neoliberal populista, a outra ponta da corda, representa para o futuro. Isso partindo da lógica cristalina que o futuro é o que se constrói no presente.



O governo Lula deixou de lado a reforma agrária. Desde o primeiro mandato as pernas estão escancaradas para os grandes latifúndios, as grandes internacionais do agronegócio e o empresariado FIESP/DASLU. Continuam a ser os principais acionistas do Estado essa instituição ainda privatizada.



O camponês brasileiro, o sem terra, virou hoje o “terrorista” preferido da mídia dominada e controlada pelos donos.



Na hora da “assembléia geral” o latifúndio chama o resto da turma e o grupo fecha as portas à reforma agrária.



A reação de latifundiários catarinenses a vistorias e eventuais desapropriações de terras improdutivas busca o exemplo de latifundiários gaúchos que ancoraram na inércia do governo Lula, nesse foguete que sobe em disparada em todas as pesquisas e dá a sensação de acrobacias aeroespaciais no delírio da aprovação que está perto ou supera os dois terços. Ainda não viu que o rabo do foguete está amarrado num obelisco lá no interior do Rio Grande, onde d. Yeda rouba gloriosa e charmosa.



Os noticiários dos telejornais no dia dois de maio mostraram uma sede do INCRA (INSTITUTO DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA) em Belo Horizonte “destruída” por trabalhadores rurais sem terra. O rótulo de baderneiros, de “terroristas”, de inimigos públicos do bem comum, como se os pistoleiros de Ermírio de Moraes e sua ARACRUZ, ou da “supranacional” VALE fossem justiceiros assim que nem Bat Masterson.



O grupo de trabalhadores que estava na sede do Instituto recebeu a solidariedade de deputados, personalidades várias e antes de deixar o local chamou dois funcionários do INCRA para uma vistoria onde ambos comprovaram que nenhum dano foi causado, ou nada foi retirado.



Nas tevês, além da acusação do roubo de computadores, destruição de móveis, algumas garrafas de cachaça. O trabalhador tem que ser mostrado como cachaceiro. Faz parte do projeto, do modelo vendido a milhões de Homer Simpson que ficam estatelados olhando ou para Alexandre Garcias, ou para Carla Vilhena, na ausência do casal Bonner (o “general” está junto com o outro general, o Heleno de Tróia, comandando a guerra contra a Venezuela e os índios em Roraima.



A política agrária do governo planta a fome em grandes plantações para lembrar o que seria um vaticínio de Geraldo Vandré, em 1968, em “Pra não dizer que não falei das flores”. Planta transgênicos e vai colher desertos. E fome.



Ou a Roça de Cana e seus habitantes os bagaços.



Há quarenta e oito anos atrás, dois de maio de 1960, Caryl Chessman foi executado na câmara de gás na prisão de San Quentin, nos Estados Unidos. Passou cerca de quinze anos na cela da morte, como eram conhecidas as celas de condenados à pena capital lutando pelo direito à vida.



Escreveu um livro que virou bestseller mundial. “Cela da morte, 2455.”



Chessman foi o bandido da luz vermelha original. Pra quem não sabe na cela escreveu a letra de “unchained melody” e vendeu seus direitos para poder pagar advogados. Veio a ser a canção de “Ghost” anos depois. A primeira gravação foi feita por Roy Hamilton.



Lula nem idéia faz do que seja isso. Virou um avantesma de si próprio, perdido na ilusão das agências internacionais de classificação de risco e nem percebeu o despeito de Miriam Leitão, ou seja, não percebeu que continua na cozinha com todos os tapetes estendidos ao capital. É o contrário do outro que nasceu na sala e tinha o pé, só o pé, na cozinha. “Mulatinho” como chegou a dizer.



Toda a pirotecnia de Lula para encher a boca e proclamar grãos e mais grãos transgênicos não enxerga lá da ionosfera que a terra, essa com letra minúscula, é que nos deu e dá vida.



Prefere as plantações criminosas de Eike Batista (e os 17% de sangue indígena de seus filhos), ou de Ermírio de Moraes, da VALE, de todo o conjunto de bancos e sonegadores FIESP/DASLU (um bilhão de reais). O diabo vai ser o dia que o foguete embicar e despencar. Onde vai cair não sei.



Só sei que Grande Otelo (Sebastião Prata) e Oscarito já morreram e não tem como filmar mais “O homem do Sputinik”. Remaker? De um modo geral são sem charme. Mera farsa da história original.



Eu se fosse o Lula colocava aquele equipamento de astronauta e dava uma chegada no rabo da nave para ver ser a marca é Caramuru. Se não for está lascado, dá xabu (ch?).

Brasil: seguro para quem?






Fernando Silva

Em uma operação do mercado financeiro recebida com grande alvoroço e apoio pelo governo e a grande mídia, o Brasil foi recentemente promovido a condição de país "seguro para investimentos".

A condição atestada pela agência Standard & Poor's provocou recordes de valorização na Bolsa de Valores de São Paulo no dia 30 de abril (teve a maior alta em um dia desde outubro de 2002), declarações oficiais do governo comprometendo-se em transformar o Brasil em lugar cada vez mais "seguro" e estável, promessas e notícias de novos investimentos que farão do Brasil uma potência nos próximos anos e por aí vai.

A nova "promoção" do Brasil teve um componente que lembrou muito as operações artificiais de valorização, típicas do mercado financeiro.

Artificial porque, em um momento de crise internacional, com o preço do petróleo ameaçando jogar ainda mais "combustível" na explosão inflacionária dos alimentos no mundo, pode fazer pouco sentido tamanha euforia nos papéis cotados na Bolsa de Valores de São Paulo se a "nota" concedida pela Standard & Poor's colocou o Brasil no mesmo patamar de estabilidade, por exemplo, do Cazaquistão.

Mas o pior da história é que existe razão de ser para tamanha alegria do grande capital. Notem a coincidência. No mesmo dia do anúncio desta "promoção" era noticiado que o governo conseguiu um novo recorde trimestral no superávit primário: R$ 43,032 bilhões, mais do que suficientes para pagar os R$ 39,998 bilhões apenas de juros da dívida pública no primeiro trimestre deste ano.

Deste ponto de vista, o capital financeiro não tem o que se queixar do Brasil, nem do governo Lula, que cumpriu a palavra de garantir a remuneração aos "investidores", conforme documentos revelados pelo jornal Valor Econômico em 08/05/2008, sobre os bastidores da aproximação do governo brasileiro com o governo Bush desde a época da eleição de 2002.

Bom para o Capital, ruim para os trabalhadores

A realidade é que, para garantir a remuneração do capital financeiro à custa de recursos do próprio orçamento, o povo recebe em troca a epidemia de dengue. Afinal, o importante é reservar R$ 43 bilhões em três meses ao invés de tomar as medidas e investimentos na saúde, tanto emergenciais quanto estruturais, que permitissem debelar a epidemia e extinguir a dengue no país.

A segurança para o grande capital é diretamente proporcional à insegurança para os trabalhadores e as classes médias diante da explosão do preço dos alimentos, que já fez a inflação ultrapassar 5% ao ano (março de 2007 a março de 2008). E isso em uma economia onde não existe qualquer mecanismo previsto de proteção salarial diante da corrosão inevitável, que, aliás, já começa a pulverizar os poucos ganhos que milhares de trabalhadores conseguiram a duras penas em negociações e dissídios no ano passado.

Para o grande capital ter muita segurança e lucros garantidos devido às altas taxas de juros praticadas, o povo vai passar a conviver com a incerteza diante da perspectiva de endividamento no crédito ou até inadimplência, especialmente para as camadas da classe trabalhadora amarradas ao crédito consignado em folha de pagamento.

É na esteira desta estúpida euforia que o governo federal, com o aval das centrais sindicais que o apóiam, volta a sinalizar com uma "negociação" na legislação trabalhista, com o objetivo de desonerar a folha de pagamentos para baratear, com a retirada de direitos, ainda mais a mão-de-obra no país. Afinal, é preciso aproveitar o momento de "promoção" do país para atrair ainda mais capitais e investimentos para a produção e infra-estrutura.

Ilusão entreguista da pior espécie, pois o grande capital não parece acreditar nos factóides da Standard & Poor´s e trata de aumentar as remessas de lucros para fora do país (apenas em março, US$ 4,345 bilhões).

Conclusão: se isto aqui for seguro, só mesmo para o grande capital, especialmente o financeiro. Para os trabalhadores, o cenário será cada vez mais inseguro. Ficará colocada a eles e aos movimentos sociais a necessidade de se começar a construir uma pauta de reivindicações diante deste cenário.

A luta contra o aumento do preço dos alimentos; a defesa de mecanismos de reposição geral de perdas do poder aquisitivo, provocadas por esse novo surto inflacionário; a defesa da redução da jornada de trabalho para gerar emprego, mas sem redução dos salários e sem a retirada de direitos sociais e trabalhistas; a denúncia do pagamento e remuneração ao capital financeiro pela via da dívida pública. São todas questões que tendem a ser cada vez mais concretas para os trabalhadores e o povo diante do desastre social para o qual que caminha o país sob a batuta do capital financeiro e a euforia cega e servil do governo Lula.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.


domingo, 11 de maio de 2008

A corrupção no Detran e as cruzes de Yeda


A revista Carta Capital destaca em sua edição deste final de semana o escândalo de corrupção que atingiu o governo Yeda Crusius (PSDB). Com a manchete “As cruzes de Yeda”, a matéria (assinada por Leandro Fortes) afirma que “o esquema de corrupção no Detran atinge auxiliares próximos da governadora gaúcha e complica ainda mais a sua administração”. O texto descreve assim a “Via-Crúcis de Yeda”:

“Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários dos servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini”. Clique AQUI para ler mais.

Créditos:


Zé Ramalho - 20 Anos Antologia Acústica (1997)





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sábado, 10 de maio de 2008

Persépolis: quando ser mulher é subversivo


Sergio Domingues


O belo filme de animação de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud denuncia a situação de opressão sobre as mulheres no Irã. Mas, também mostra que o machismo continua firme tanto lá, como cá.

A obra é uma adaptação de uma história em quadrinhos escrita e desenhada pela iraniana Marjane Satrapi. Um relato de experiências de sua própria vida. Junto com o francês Vincent Paronnaud, ela dirigiu a versão para o cinema, levando para um público maior os vários aspectos interessantes e bonitos da obra. Dentre estes, certamente, as contradições da condição feminina são as que merecem maior destaque.

Persépolis era o nome da antiga capital do Império Persa, que corresponde ao atual Irã. Como muita gente sabe, o Irã é muito conhecido pela rigidez de costumes, principalmente em relação às mulheres. Trata-se de um entendimento do islamismo que exagera no machismo, mesmo ele já sendo tão forte na tradição muçulmana em geral.

Mas, o que pouca gente sabe, ou já esqueceu, é que essa situação surgiu de uma revolução que ocorreu em 1979. E Persépolis não apenas mostra isso, como deixa visíveis muitas contradições daquele momento histórico. Na época, o país era governado por um ditador. Era o xá Reza Pahlevi. Um fantoche colocado no poder pelos Estados Unidos e Inglaterra, em 1941. De um lado, Pahlevi era um defensor da modernização capitalista. De outro, governou com mão de ferro reprimindo tanto os setores religiosos mais tradicionais do país, quanto socialistas e comunistas. Além disso, a política do Pahlevi em defesa dos capitalismos inglês e americano chocava-se com os interesses de parte dos empresários iranianos.

Uma combinação de grandes mobilizações populares e sindicais, greves, manifestações estudantis e revoltas de caráter religioso levaram à queda do xá, em fevereiro de 1979. Uma vitória conquistada graças à união entre muçulmanos xiitas, empresários descontentes e comunistas. Mas, como mostra o filme de Satrapi, na hora de formar o novo governo, a visão tradicionalista das lideranças xiitas prevaleceu. As idéias de liberdade e justiça social que a personagem Marjane via seu tio defender com tanta convicção foram derrotadas. Mas, não só. Os defensores dessas idéias foram presos, torturados e mortos aos milhares.

O fato é que não havia maiores divergências entre líderes muçulmanos, como o famoso aiatolá Khomeini, e os liberais que os apoiaram. Estes últimos só queriam o espaço para expandir seus negócios que lhes era negado pelo governo de Pahlevi. Já, os xiitas desejavam impor a lei santa de Maomé a toda a sociedade. Um acerto entre eles não foi difícil. Uns passaram a explorar mais, os outros a governar. As forças de esquerda falavam em fim da exploração. Portanto, não cabiam nesse acerto. A repressão que caiu sobre comunistas e socialistas foi uma lição dura. Uma demonstração de que a história não está “destinada a andar para frente” e que os aspectos religiosos de uma sociedade não são desprezíveis.

Para a menina Marjane, essa situação aparece no sofrimento de seus pais, sua avó e seu tio. Todos vendo o sonho de liberdade transformar-se no pesadelo da intolerância. O combate ao imperialismo transforma-se em proibição de ouvir músicas estrangeiras ou consideradas imorais. As roupas ocidentais, distantes da tradição local, são substituídas pelo uso obrigatório de roupas compridas e véus para as mulheres. Defender a igualdade entre homens e mulheres é cair em pecado. Até os homens adotam barbas como sinônimo de fidelidade ao novo regime.

Marjane não se rende. Sempre que pode, tenta desafiar a ordem. Tira o véu ou usa-o de forma não permitida, compra discos de rock no mercado paralelo, vai a festas em que se comete o crime de beber álcool, acusa suas professoras de mudarem fatos científicos e históricos para justificar a dominação muçulmana. Enfim, à medida que vai se tornando adulta, candidata-se rapidamente a acabar seus dias na prisão, como seu tio. Por isso, seus pais acham que é melhor que ela vá estudar na Áustria.

Longe do Irã, no entanto, Marjane também sofre. Já não tem que se esconder para se divertir, usa as roupas de que gosta e pode fumar e beber em público sem medo de ser apedrejada. Mas, além da tristeza causada pelas saudades de sua terra-natal, Marjane conhece o machismo em sua versão ocidental e vê a liberdade de consumo tornar tudo vazio e sem sentido. Depois de um terrível ataque de depressão, acaba voltando ao Irã. Entra num casamento sem futuro e reencontra todos os velhos problemas de opressão e intolerância. O comportamento esclarecido de seus pais e a sabedoria de sua avó só pioram o contraste com a repressão que reina na sociedade iraniana.

Resolve, então, partir para a França. O filme termina com a personagem principal se conformando à necessidade de viver longe de seu país e de seus familiares em nome de um pouco mais de liberdade. No entanto, ela parece saber que mesmo no ocidente moderno e cristão, a opressão somente muda de qualidade. E que querer fazer valer os direitos e liberdades para as mulheres ainda é altamente subversivo. Em qualquer parte do mundo.

Satyricon de Fellini
de Federico Fellini



Sinopse: Esta é a livre adaptação de Fellini da famosa peça de Petronius, que faz uma crônica da vida na Roma antiga. Encolpio (Martin Potter) e seu amigo Ascilto (Hiram Keller) disputam o afeto do jovem Gitone (Max Born). Quando Encolpio é rejeitado, ele começa uma jornada na qual encontra todos os tipos de pessoas e de acontecimentos, entre eles uma orgia e um desfile de prostitutas na Roma antiga. Durante a orgia, organizada por Trimalchio (Mario Romagnoli), encontra um ex-escravo que menosprezou a mulher em troca dos prazeres oferecidos por um jovem garoto.

Título Original: Fellini - Satyricon
Gênero: Drama
Origem/Ano: ITA/FRA/1969
Direção: Federico Fellini
Roteiro: Petronius e Federico Fellini

Formato: rmvb
Áudio: Italiano
Legendas: Português
Duração: 123 min
Tamanho: 423 MB
Partes: 5
Servidor: Rapidshare
Créditos: F.A.R.R.A. - zé qualquer

Elenco:
Martin Potter ... Encolpio
Hiram Keller ... Ascilto
Max Born ... Gitone
Salvo Randone ... Eumolpo
Mario Romagnoli ... Trimalcione
Magali Noël ... Fortunata
Capucine ... Trifena
Alain Cuny ... Lica
Fanfulla ... Vernacchio
Danika La Loggia ... Scintilla
Giuseppe Sanvitale ... Abinna
Genius ... Liberto arricchito
Lucia Bosé ... La matrona
Joseph Wheeler ... Il suicida
Hylette Adolphe ... La schiavetta








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*Senha para descompactação: http://farra.clickforuns.net

Outros filmes do mesmo diretor:
Manos e Minas no horário nobre

Estréia na TV Cultura programa que aborda cena cultural da periferia com criatividade, sem espetacularização e a partir do olhar dos artistas do subúrbio. Iniciativa lembra o histórico Fábrica do Som, mas revela que universo social da juventunde já não é dominado pelos brancos, nem pela classe média

Eleilson Leite

LeMonde - Brasil

Estreou na última quarta-feira, o Programa Manos e Minas na TV Cultura. Transmitido às 19h30, e com duração de uma hora, surge como um dos principais resultados da reformulação geral do canal, após um ano da gestão liderada Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta. Além do Manos e Minas, outras novidades surgirão nos próximos meses, numa estratégia de retomar o público jovem, segundo declarou Markun à imprensa.

Tendo como slogan “TV que faz bem”, a Cultura começou certeira sua nova fase. Apresentado pelo rapper Rappin Hood, que já ancorava o quadro Mano a Mano, no Metrópolis, o Manos e Minas é um gol de placa. Logo em sua primeira edição, o programa mostrou para que veio. Jorge Aragão foi a atração de palco e mandou bem, escolhendo de seu repertório canções que tinham muito a dizer ao público presente ali e no sofá - como o samba Mutirão de Amor. Rappin Hood comandou a cena com uma excepcional desenvoltura e a ginga e simpatia de sempre. No palco, duas crews de dançarinas, uma de manos e outra de minas. Lá no fundo, o veterano Binho, mandava um grafite ao vivo. A animada platéia era composta, na sua maioria, por adolescentes e jovens ligadas a ONGs como a Casa do Zezinho, da Zona Sul, e a movimentos culturais como o Elo da Corrente, de Pirituba.

O programa é dividido em quatro blocos, cada um com uma entrada externa — todas muito interessantes. A primeira foi uma reportagem sobre o rango comercializado na porta de estádio de futebol. Com o microfone na mão e muito dinamismo, a DJ Juju Dendem percorreu várias barracas instaladas nas imediações do estádio do Morumbi, experimentando a culinária que alivia a fome dos torcedores. Na mesma linha futebolística, o próprio Rappin Hood, corintiano assumido, entrevistou Dentinho, atacante do Timão em pleno Parque São Jorge. O jovem craque falou de sua origem humilde na periferia da Zona Oeste e revelou uma curiosidade. Ele tem o nome dos pais tatuado em cada um dos braços, razão pela qual beija-os na comemoração dos gols. “Família é tudo”, arrematou sabiamente Rappin Hood.

Uma esteticista conta como montou, em seu salão, uma biblioteca. Jorge Aragão comenta o que mudou na circulação dos produtos culturais. São cenas de Manos e Minas

No segundo bloco, entra um quadro permanente chamado Busão Circular Periférico — um dos pontos altos do programa. O escritor e agitador cultural Alessandro Buzo percorre uma quebrada acompanhado de uma liderança local que desvenda a cena cultural existente ali. Gostei da pauta dessa primeira inserção. O programa poderia ter começado com o Samba da Vela ou o Sarau da Cooperifa, movimentos já consagrados. Mas Buzo e a DGT Filmes, produtora responsável pelo quadro, fugiram do óbvio. Numa viagem ciceroneada por Michel Ciriaco, as câmeras percorreram os arrabaldes de Pirituba. Buzo conversou com os rappers do grupo RZO e depois visitou um salão de cabelereiro que tem uma biblioteca comunitária, ao invés de das típicas revistas encontradas nesses estabelecimentos. Soninha, dona do salão, conta que a motivação em montar o acervo veio de sua participação no Sarau Elo da Corrente, que rola todas as quintas à noite no Bar do Santista. Buzo foi lá conferir. Bacana. O quadro mostrou a diversidade e a força do sentido de pertencimento do povo periférico. Foi bola num canto e goleiro no outro.

Na volta ao auditório, mais um samba de responsa. O Jorge Aragão é um tipo carismático de fala mansa. Conta que vendeu mais de 3 milhões de CDs como se fosse algo natural. Poderia ser arrogante, presunçoso. Que nada, o sambista, quando é bamba de verdade, não bota salto alto. E o cara é consciente em relação ao que se passa na indústria fonográfica. “Hoje não se vende mais disco; hoje se negocia música”, esclareceu, atento aos novos tempos. Na sua enxuta e afinada banda, destaque para uma mulher muito bamba que toca diversos instrumentos de percussão, entre eles a cuíca, pouco usual entre as minas.

Mais uma intervenção externa. Com um sugestivo nome de Interferência, entra em cena o quadro do escritor Ferréz. O autor de Manual Prático do Ódio, recebeu um convidado para uma entrevista tipo “papo cabeça”, na tradicional Barraca do Saldanha, no Capão Redondo. Surpreendeu-me o entrevistado: Chico César. E a escolha foi ótima. Chico anda sumido das paradas de sucesso e essa questão dominou o agradável bate papo. “Seu afastamento da mídia se dá em função de suas posições políticas?”, perguntou Ferréz. O cantor paraibano aproveitou a deixa para falar de seu engajamento político, que vem desde os tempos de faculdade, em João Pessoa. Lembrou que o GeGê, seu irmão, é um importante líder do movimento por moradia no Brasil e criticou a elite paulistana com muita propriedade, sem perder a serenidade. Ferréz se saiu bem como entrevistador. Ele faz a linha do Abujanra, apresentador do programa Provocações, também na Cultura. Assim como o Buzo, lhe falta um pouco mais de familiaridade com as câmeras, algo que os dois rapidamente desenvolverão tão bem quanto a habilidade que têm na escrita. Pena que o Interferência será apenas quinzenal.

No retorno ao palco, Rappin Hood demonstra todo o seu carisma e habilidade na relação com o público. Anuncia as caravanas, agita a platéia. Bota os B Boys e B Girls para dançarem. Ao anunciar a próxima reportagem, feita pela própria equipe do programa, faz uma enquete entre os presentes: “Quem aqui está desempregado?”, pergunta. Um monte de braços se levanta como se fosse uma ola. O apresentador acaba dando o microfone para um dos poucos adultos ali sentados. Combinado ou não, o depoimento do cara foi crucial. Não anotei o nome, mas o entrevistado, pessoa já por volta de seus 50 anos, relatou seu drama. Ex-presidiário, ativista da Pastoral Carcerária, morador da Cidade Tiradentes, sofre enorme preconceito quando procura emprego, em virtude de sua passagem pela cadeia. Roda o VT e aparece o Fubá, apelido do MC Roberto, jovem da periferia da Zona Sul que fala de seu corre para descolar um trampo.

Assistia às gravações do Fábrica do Som. Vi surgirem bandas como Ultraje a Rigor, Ira! e Paralamas. Mas tirando o Clemente, cantor dos Inocentes, não me lembro de ver negro, no palco, ou na platéia

As câmeras voltam-se novamente para o palco no Teatro Franco Zampari, onde a socióloga Carla Corrochano, da ONG Ação Educativa, analisa o desemprego entre os jovens e acentua que a pobreza e a questão racial aprofundam ainda mais as dificuldades na busca do primeiro emprego. Conclui: “O jovem pobre da periferia não tem que se sentir culpado e baixar a cabeça”. Fechando a discussão, Rappin Hood volta-se para o Jorge Aragão a fim de retomar a música. Aí veio uma surpresa. O sambista ao invés de responder a pergunta feita pelo apresentador, mudou de assunto. Voltou à questão do desemprego juvenil entre os mais pobres. No ato, ele propôs uma parceria com o Manos e Minas. Vai abrir vagas temporárias na sua produção para acolher jovens indicados pelo programa. Olha que louco. Os garotos e garotas vão trampar por dois ou três meses, aprenderão um ofício e terão um pouco da tão exigida experiência. Grande Jorge Aragão! O cara mostrou porque foi a atração de palco do primeiro programa. A periferia é isso. Um ajudando o outro, fortalecendo a comunidade. Chega na quebrada no sábado à tarde pra você ver. Tem sempre um mutirão para encher laje. Concluído o trampo, a galera toma uma birita e a feijoada é servida aos valentes ao som de um bom samba do Aragão e de outros bambas.

Antes de anunciar o encerramento, Rappin Hood chama para conversar o grafiteiro Binho, que durante a gravação pintou um painel. Perguntado se é possível viver de grafite, ele tangenciou, respondendo que é possível viver de arte. Grafite seria outra coisa. Não entendi. Complementavam o cenário do palco alguns trabalhos da dupla de grafiteiros Osgêmeos. Os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo são a prova mais eloqüente de que é possível não só ganhar dinheiro com grafite mas também posicionar essa linguagem como arte, inclusive nas badaladas galerias. Mas é bom ter um pouco de polêmica. Jorge Aragão retoma o microfone e Rappin Hood participa da última música, introduzindo um rap com direito a improvisos de saudação ao grande sambista.

Creio que estamos diante de um marco histórico para a TV brasileira. Manos e Minas, aborda a cena cultural da periferia sem espetacularização, além de colocar os próprios artistas do subúrbio em cena. Buzo, Ferréz, Juju Denden, o próprio Rappin Hood: é tudo gente da quebrada. Isso dá uma autenticidade ao programa que o distingue de outras iniciativas, como o Central da Periferia, da TV Globo, apresentado pela atriz Regina Casé. Este programa, hoje esporádico e inserido como quadro do Fantástico, tem sua importância e várias virtudes, mas não tem o olhar de quem está na periferia. Fica muitas vezes um tanto postiço. Manos e Minas é diferente. É autêntico porque fala a língua dos jovens da periferia, além de ser regular e numa TV pública.

A TV Cultura acertou. Paulo Markun disse, em entrevista ao Estadão, que a estratégia para recuperar o público jovem é oferecer-lhe a faixa nobre da grade. Ele também anda saudoso do programa Fábrica do Som, atração da emissora no início dos anos 80. Quer retomar a atmosfera aguerrida e criativa daqueles tempos. É uma boa referência, o Fábrica. Eu era assíduo telespectador daquele programa, que passava aos sábados à noite. Várias vezes fui ao Sesc Pompéia assistir às gravações nas noites de terça-feira. Vi surgirem ali bandas como Ultraje a Rigor, Ira! e Paralamas do Sucesso. Naquela época não tinha hip hop e nem se falava em periferia com o sentido que temos hoje. Era também um agito de jovens universitários de classe média, quase todos brancos. Tirando o Clemente, cantor da banda punk Inocentes, não me lembro de ver negro, nem no palco, nem na platéia do Fábrica do Som. Agora estamos assistindo à conquista de espaço de uma outra galera que, tributária da geração dos 80, acrescenta um sentido de classe, território e cor à cena cultural urbana. E a TV Cultura está aí, cumprindo novamente sua missão, sacando a dinâmica da juventude e sabendo valorizar o fazer artístico do povo da periferia. Longa vida ao Manos e Minas.


Eleilson Leite é colunista do Caderno Brasil de Le Monde