Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Almíscar
Perfume agradável, cheiroso... origem: sofrimento de animais!
Este simpático animal, o almiscareiro (Moschus moschiferus), mamífero da família dos cervídeos, originário da Ásia e da África, é provido de uma glândula em seu ventre que secreta uma substância odorífera denominada almíscar.
Recente Investigação da WSPA revela mais uma crueldade, similar à dos
ursos da China, para produzir perfumes à base de almíscar.
O animal capturado fica até 15 anos na mesma posição, sendo manipulado apenas para retirada do líquido que produz o perfume.
Divulguem!! Muitos usam perfumes ou outros produtos que contém essa substância sem saber da sua origem!!
Boicote é o primeiro passo para ajudar. Não usem produtos que contenham almíscar natural!As fotos foram extraídas do site:
LINKS:
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ELENCO:
Toshiro Mifune: Tajomaru
Machiko Kyo: Masako
Masayuki Mori: Takehiro
Takashi Shimura: Lenhador
Minoru Chiaki: Sacerdote
Kichijiro Ueda: Camponês
Daisuke Katô: Policial
Fumiko Honma: Médium
Créditos: F.A.R.R.A.- hilarius
FICHA TÉCNICA:
Título Original: Rashômon
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa e Shinobu Hashimoto, baseado em estórias de Ryunosuke Akutagawa
Edição: Akira Kurosawa
Produção: Minoru Jingo
Música: Fumio Hayasaka
Fotografia: Kazuo Miyagawa
Desenho de Produção: So Matsuyama
Direção de Arte: H. Matsumoto
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1950
Áudio: Japonês
Tamanho: 420mb (5 partes)
AVI LEGENDADO
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Mercado de Carbono não é alternativa contra o aquecimento global
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Dimitri Silveira | |
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O principal resultado do Protocolo de Kyoto foi a criação do chamado “Crédito de Carbono”. A comercialização dos créditos de carbono faz parte do chamado “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL). Países e empresas que não conseguem reduzir suas emissões podem comprar a “não emissão” de países subdesenvolvidos para que continuem poluindo. O mercado de carbono movimentou em 2005 algo em torno de 25 bilhões de reais, mas isso não significa dizer que houve redução nas emissões de gases estufa, pelo contrário, as emissões só aumentaram desde o período em que o protocolo de Kyoto foi estabelecido. Lucro como objetivo A lógica que está por trás do mercado de carbono trata o aquecimento global como um problema que pode ser resolvido por transações financeiras. É sabido que o mercado financeiro possui seus próprios interesses e mecanismos de funcionamento, e que tem a lucratividade como objetivo final. Em 2005 a União Européia divulgou números que mostravam que dos 25 estados-membros, 21 emitiram 44.1 milhões de toneladas a menos de dióxido de carbono. Aparentemente isso parece uma boa notícia, mas diversos participantes da Comissão Européia (funciona como o "governo" da UE) disseram que muitos governos podem ter superestimado as reais emissões de suas indústrias quando estabeleceram suas metas de redução. Alguns especialistas afirmam ainda que as indústrias enganaram os governos quando entregaram seus relatórios de emissões superestimados, pois viam aí a possibilidade de ganhar muito dinheiro comercializando os créditos de carbono, sem que para isso tenham realmente trabalhado para reduzir as emissões. Os créditos de carbono criados pelo capitalismo nada mais é do que transformar em lucro um problema que pode atingir milhões de pessoas. Nova matriz energética Quando se pensa em combater o aquecimento global e em defender o meio ambiente deve-se entender que é necessário substituir a matriz energética que move o mundo atualmente. Isso significa que a produção de energia no planeta não pode mais ser baseada no petróleo, no carvão mineral e em outros tipos de combustíveis fósseis. Há outras possibilidades de geração de energia que envolve fontes alternativas, como a energia solar, que poderia ser utilizada em larga escala caso oferecesse lucros tão grandes quanto a utilização do petróleo. Mas isso está longe de acontecer, afinal de contas, o sol ainda é gratuito para todo mundo. A guerra por petróleo iniciada no Iraque mostra que os capitalistas não estão nada interessados em resolver o problema do aquecimento global e, se depender deles, as reservas de petróleo do planeta serão exploradas até sua última gota, ainda que isso signifique passar mais longas décadas despejando toneladas de gases estufa na atmosfera. |
Roy Hargrove's Crisol - Habana (1997)
Faixas:
1. O My Seh Yeh (Frank Lacy) 9:59
2. Una Mas (Kenny Dorham) 8:06
3. Dream Traveler (Roy Hargrove) 5:23
4. Nusia's Poem (Gary Bartz) 6:20
5. Mr. Bruce (Chucho Valdez) 5:30
6. Ballad for the Children (Roy Hargrove) 4:52
7. The Mountaings (Roy Hargrove) 8:07
8. Afrodisia (Kenny Dorham) 4:46
9. Mambo for Roy (Chucho Valdez) 11:01
10. O My Seh Yeh (reprise) (Frank Lacy) 6:23
Personagens:
Roy Hargrove (Trumpet and Flugelhorn)
Chucho Valdes (Piano)
David Sanchez (Tenor and Soprano Saxes)
Frank Lacy (Trombone)
Horacio Hernandez (Drums)
Jose Luis Quintana (Timbales)
Miguel Diaz (Congas)
John Benitez (Double Bass)
Gary Bartz (Alto and Soprano Saxes)
Russell Malone (Guitar)
Download abaixo:
http://www.filefactory.com/file/b27edc/
O foguete Lula e a reforma agrária |
Laerte Braga
A sensação que o governo Lula causa é a de um foguete que foi lançado ao espaço e do alto não enxerga a Terra. Yuri Gagarin quando voltou do primeiro passeio espacial dado por um homem em volta da Terra disse duas frases que ficaram registradas em toda a mídia do mundo.
“A Terra é azul”. “Olhei para todos os lados e não vi Deus”.
Sobre o ser azul nada demais. Sobre não ter visto “Deus” a revelação da dúvida. Foi significativo ter dito isso em tom de desapontamento por um major do exército soviético.
Nesses rapapés de banqueiros e agências internacionais que classificam países para orientar o capital onde ir buscar segurança (nem sempre isso quer dizer progresso no sentido de bem comum a todos, mas privilégio de elites), o presidente dá sinais que da estratosfera não enxerga sequer o azul do planeta (o verde não existe mais a rigor) e não encontrou Deus, ou quiçá um anjo de guarda para mostrar-lhe a importância de determinados compromissos não cumpridos.
Os riscos que esse viés neoliberal populista, a outra ponta da corda, representa para o futuro. Isso partindo da lógica cristalina que o futuro é o que se constrói no presente.
O governo Lula deixou de lado a reforma agrária. Desde o primeiro mandato as pernas estão escancaradas para os grandes latifúndios, as grandes internacionais do agronegócio e o empresariado FIESP/DASLU. Continuam a ser os principais acionistas do Estado essa instituição ainda privatizada.
O camponês brasileiro, o sem terra, virou hoje o “terrorista” preferido da mídia dominada e controlada pelos donos.
Na hora da “assembléia geral” o latifúndio chama o resto da turma e o grupo fecha as portas à reforma agrária.
A reação de latifundiários catarinenses a vistorias e eventuais desapropriações de terras improdutivas busca o exemplo de latifundiários gaúchos que ancoraram na inércia do governo Lula, nesse foguete que sobe em disparada em todas as pesquisas e dá a sensação de acrobacias aeroespaciais no delírio da aprovação que está perto ou supera os dois terços. Ainda não viu que o rabo do foguete está amarrado num obelisco lá no interior do Rio Grande, onde d. Yeda rouba gloriosa e charmosa.
Os noticiários dos telejornais no dia dois de maio mostraram uma sede do INCRA (INSTITUTO DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA) em Belo Horizonte “destruída” por trabalhadores rurais sem terra. O rótulo de baderneiros, de “terroristas”, de inimigos públicos do bem comum, como se os pistoleiros de Ermírio de Moraes e sua ARACRUZ, ou da “supranacional” VALE fossem justiceiros assim que nem Bat Masterson.
O grupo de trabalhadores que estava na sede do Instituto recebeu a solidariedade de deputados, personalidades várias e antes de deixar o local chamou dois funcionários do INCRA para uma vistoria onde ambos comprovaram que nenhum dano foi causado, ou nada foi retirado.
Nas tevês, além da acusação do roubo de computadores, destruição de móveis, algumas garrafas de cachaça. O trabalhador tem que ser mostrado como cachaceiro. Faz parte do projeto, do modelo vendido a milhões de Homer Simpson que ficam estatelados olhando ou para Alexandre Garcias, ou para Carla Vilhena, na ausência do casal Bonner (o “general” está junto com o outro general, o Heleno de Tróia, comandando a guerra contra a Venezuela e os índios em Roraima.
A política agrária do governo planta a fome em grandes plantações para lembrar o que seria um vaticínio de Geraldo Vandré, em 1968, em “Pra não dizer que não falei das flores”. Planta transgênicos e vai colher desertos. E fome.
Ou a Roça de Cana e seus habitantes os bagaços.
Há quarenta e oito anos atrás, dois de maio de 1960, Caryl Chessman foi executado na câmara de gás na prisão de San Quentin, nos Estados Unidos. Passou cerca de quinze anos na cela da morte, como eram conhecidas as celas de condenados à pena capital lutando pelo direito à vida.
Escreveu um livro que virou bestseller mundial. “Cela da morte, 2455.”
Chessman foi o bandido da luz vermelha original. Pra quem não sabe na cela escreveu a letra de “unchained melody” e vendeu seus direitos para poder pagar advogados. Veio a ser a canção de “Ghost” anos depois. A primeira gravação foi feita por Roy Hamilton.
Lula nem idéia faz do que seja isso. Virou um avantesma de si próprio, perdido na ilusão das agências internacionais de classificação de risco e nem percebeu o despeito de Miriam Leitão, ou seja, não percebeu que continua na cozinha com todos os tapetes estendidos ao capital. É o contrário do outro que nasceu na sala e tinha o pé, só o pé, na cozinha. “Mulatinho” como chegou a dizer.
Toda a pirotecnia de Lula para encher a boca e proclamar grãos e mais grãos transgênicos não enxerga lá da ionosfera que a terra, essa com letra minúscula, é que nos deu e dá vida.
Prefere as plantações criminosas de Eike Batista (e os 17% de sangue indígena de seus filhos), ou de Ermírio de Moraes, da VALE, de todo o conjunto de bancos e sonegadores FIESP/DASLU (um bilhão de reais). O diabo vai ser o dia que o foguete embicar e despencar. Onde vai cair não sei.
Só sei que Grande Otelo (Sebastião Prata) e Oscarito já morreram e não tem como filmar mais “O homem do Sputinik”. Remaker? De um modo geral são sem charme. Mera farsa da história original.
Eu se fosse o Lula colocava aquele equipamento de astronauta e dava uma chegada no rabo da nave para ver ser a marca é Caramuru. Se não for está lascado, dá xabu (ch?).
Brasil: seguro para quem? | | | |
Fernando Silva | |
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Em uma operação do mercado financeiro recebida com grande alvoroço e apoio pelo governo e a grande mídia, o Brasil foi recentemente promovido a condição de país "seguro para investimentos".
A condição atestada pela agência Standard & Poor's provocou recordes de valorização na Bolsa de Valores de São Paulo no dia 30 de abril (teve a maior alta em um dia desde outubro de 2002), declarações oficiais do governo comprometendo-se em transformar o Brasil em lugar cada vez mais "seguro" e estável, promessas e notícias de novos investimentos que farão do Brasil uma potência nos próximos anos e por aí vai.
A nova "promoção" do Brasil teve um componente que lembrou muito as operações artificiais de valorização, típicas do mercado financeiro.
Artificial porque, em um momento de crise internacional, com o preço do petróleo ameaçando jogar ainda mais "combustível" na explosão inflacionária dos alimentos no mundo, pode fazer pouco sentido tamanha euforia nos papéis cotados na Bolsa de Valores de São Paulo se a "nota" concedida pela Standard & Poor's colocou o Brasil no mesmo patamar de estabilidade, por exemplo, do Cazaquistão.
Mas o pior da história é que existe razão de ser para tamanha alegria do grande capital. Notem a coincidência. No mesmo dia do anúncio desta "promoção" era noticiado que o governo conseguiu um novo recorde trimestral no superávit primário: R$ 43,032 bilhões, mais do que suficientes para pagar os R$ 39,998 bilhões apenas de juros da dívida pública no primeiro trimestre deste ano.
Deste ponto de vista, o capital financeiro não tem o que se queixar do Brasil, nem do governo Lula, que cumpriu a palavra de garantir a remuneração aos "investidores", conforme documentos revelados pelo jornal Valor Econômico em 08/05/2008, sobre os bastidores da aproximação do governo brasileiro com o governo Bush desde a época da eleição de 2002.
Bom para o Capital, ruim para os trabalhadores
A realidade é que, para garantir a remuneração do capital financeiro à custa de recursos do próprio orçamento, o povo recebe em troca a epidemia de dengue. Afinal, o importante é reservar R$ 43 bilhões em três meses ao invés de tomar as medidas e investimentos na saúde, tanto emergenciais quanto estruturais, que permitissem debelar a epidemia e extinguir a dengue no país.
A segurança para o grande capital é diretamente proporcional à insegurança para os trabalhadores e as classes médias diante da explosão do preço dos alimentos, que já fez a inflação ultrapassar 5% ao ano (março de 2007 a março de 2008). E isso em uma economia onde não existe qualquer mecanismo previsto de proteção salarial diante da corrosão inevitável, que, aliás, já começa a pulverizar os poucos ganhos que milhares de trabalhadores conseguiram a duras penas em negociações e dissídios no ano passado.
Para o grande capital ter muita segurança e lucros garantidos devido às altas taxas de juros praticadas, o povo vai passar a conviver com a incerteza diante da perspectiva de endividamento no crédito ou até inadimplência, especialmente para as camadas da classe trabalhadora amarradas ao crédito consignado em folha de pagamento.
É na esteira desta estúpida euforia que o governo federal, com o aval das centrais sindicais que o apóiam, volta a sinalizar com uma "negociação" na legislação trabalhista, com o objetivo de desonerar a folha de pagamentos para baratear, com a retirada de direitos, ainda mais a mão-de-obra no país. Afinal, é preciso aproveitar o momento de "promoção" do país para atrair ainda mais capitais e investimentos para a produção e infra-estrutura.
Ilusão entreguista da pior espécie, pois o grande capital não parece acreditar nos factóides da Standard & Poor´s e trata de aumentar as remessas de lucros para fora do país (apenas em março, US$ 4,345 bilhões).
Conclusão: se isto aqui for seguro, só mesmo para o grande capital, especialmente o financeiro. Para os trabalhadores, o cenário será cada vez mais inseguro. Ficará colocada a eles e aos movimentos sociais a necessidade de se começar a construir uma pauta de reivindicações diante deste cenário.
A luta contra o aumento do preço dos alimentos; a defesa de mecanismos de reposição geral de perdas do poder aquisitivo, provocadas por esse novo surto inflacionário; a defesa da redução da jornada de trabalho para gerar emprego, mas sem redução dos salários e sem a retirada de direitos sociais e trabalhistas; a denúncia do pagamento e remuneração ao capital financeiro pela via da dívida pública. São todas questões que tendem a ser cada vez mais concretas para os trabalhadores e o povo diante do desastre social para o qual que caminha o país sob a batuta do capital financeiro e a euforia cega e servil do governo Lula.
Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.
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domingo, 11 de maio de 2008
A corrupção no Detran e as cruzes de Yeda
“Dona de um estilo político duro, aristocrático e em nada carismático, a tucana vive um misto de inferno pessoal e administrativo em que se incluem dívidas estaduais impagáveis, atrasos no pagamento de salários dos servidores, popularidade em franca queda, dependência de uma bancada governista para lá de suspeita e, agora, uma CPI capaz de enlamear os portais do Palácio Piratini”. Clique AQUI para ler mais.
Créditos: Marco Aurélio Weissheimer
sábado, 10 de maio de 2008
Persépolis: quando ser mulher é subversivo
O belo filme de animação de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud denuncia a situação de opressão sobre as mulheres no Irã. Mas, também mostra que o machismo continua firme tanto lá, como cá.
A obra é uma adaptação de uma história em quadrinhos escrita e desenhada pela iraniana Marjane Satrapi. Um relato de experiências de sua própria vida. Junto com o francês Vincent Paronnaud, ela dirigiu a versão para o cinema, levando para um público maior os vários aspectos interessantes e bonitos da obra. Dentre estes, certamente, as contradições da condição feminina são as que merecem maior destaque.
Persépolis era o nome da antiga capital do Império Persa, que corresponde ao atual Irã. Como muita gente sabe, o Irã é muito conhecido pela rigidez de costumes, principalmente em relação às mulheres. Trata-se de um entendimento do islamismo que exagera no machismo, mesmo ele já sendo tão forte na tradição muçulmana em geral.
Mas, o que pouca gente sabe, ou já esqueceu, é que essa situação surgiu de uma revolução que ocorreu em 1979. E Persépolis não apenas mostra isso, como deixa visíveis muitas contradições daquele momento histórico. Na época, o país era governado por um ditador. Era o xá Reza Pahlevi. Um fantoche colocado no poder pelos Estados Unidos e Inglaterra, em 1941. De um lado, Pahlevi era um defensor da modernização capitalista. De outro, governou com mão de ferro reprimindo tanto os setores religiosos mais tradicionais do país, quanto socialistas e comunistas. Além disso, a política do Pahlevi em defesa dos capitalismos inglês e americano chocava-se com os interesses de parte dos empresários iranianos.
Uma combinação de grandes mobilizações populares e sindicais, greves, manifestações estudantis e revoltas de caráter religioso levaram à queda do xá, em fevereiro de 1979. Uma vitória conquistada graças à união entre muçulmanos xiitas, empresários descontentes e comunistas. Mas, como mostra o filme de Satrapi, na hora de formar o novo governo, a visão tradicionalista das lideranças xiitas prevaleceu. As idéias de liberdade e justiça social que a personagem Marjane via seu tio defender com tanta convicção foram derrotadas. Mas, não só. Os defensores dessas idéias foram presos, torturados e mortos aos milhares.
O fato é que não havia maiores divergências entre líderes muçulmanos, como o famoso aiatolá Khomeini, e os liberais que os apoiaram. Estes últimos só queriam o espaço para expandir seus negócios que lhes era negado pelo governo de Pahlevi. Já, os xiitas desejavam impor a lei santa de Maomé a toda a sociedade. Um acerto entre eles não foi difícil. Uns passaram a explorar mais, os outros a governar. As forças de esquerda falavam em fim da exploração. Portanto, não cabiam nesse acerto. A repressão que caiu sobre comunistas e socialistas foi uma lição dura. Uma demonstração de que a história não está “destinada a andar para frente” e que os aspectos religiosos de uma sociedade não são desprezíveis.
Para a menina Marjane, essa situação aparece no sofrimento de seus pais, sua avó e seu tio. Todos vendo o sonho de liberdade transformar-se no pesadelo da intolerância. O combate ao imperialismo transforma-se em proibição de ouvir músicas estrangeiras ou consideradas imorais. As roupas ocidentais, distantes da tradição local, são substituídas pelo uso obrigatório de roupas compridas e véus para as mulheres. Defender a igualdade entre homens e mulheres é cair em pecado. Até os homens adotam barbas como sinônimo de fidelidade ao novo regime.
Marjane não se rende. Sempre que pode, tenta desafiar a ordem. Tira o véu ou usa-o de forma não permitida, compra discos de rock no mercado paralelo, vai a festas em que se comete o crime de beber álcool, acusa suas professoras de mudarem fatos científicos e históricos para justificar a dominação muçulmana. Enfim, à medida que vai se tornando adulta, candidata-se rapidamente a acabar seus dias na prisão, como seu tio. Por isso, seus pais acham que é melhor que ela vá estudar na Áustria.
Longe do Irã, no entanto, Marjane também sofre. Já não tem que se esconder para se divertir, usa as roupas de que gosta e pode fumar e beber em público sem medo de ser apedrejada. Mas, além da tristeza causada pelas saudades de sua terra-natal, Marjane conhece o machismo em sua versão ocidental e vê a liberdade de consumo tornar tudo vazio e sem sentido. Depois de um terrível ataque de depressão, acaba voltando ao Irã. Entra num casamento sem futuro e reencontra todos os velhos problemas de opressão e intolerância. O comportamento esclarecido de seus pais e a sabedoria de sua avó só pioram o contraste com a repressão que reina na sociedade iraniana.
Resolve, então, partir para a França. O filme termina com a personagem principal se conformando à necessidade de viver longe de seu país e de seus familiares em nome de um pouco mais de liberdade. No entanto, ela parece saber que mesmo no ocidente moderno e cristão, a opressão somente muda de qualidade. E que querer fazer valer os direitos e liberdades para as mulheres ainda é altamente subversivo. Em qualquer parte do mundo.