sexta-feira, 22 de maio de 2009

Grande Chavez...

Chávez anuncia estatização de siderúrgicas


Poucos dias após a estatização de parte do setor de serviços petrolíferos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou, nesta quinta-feira, a nacionalização de cinco empresas do setor siderúrgico e da maior produtora de cerâmica do país. Segundo ele, a iniciativa é no sentido de avançar na construção de novo complexo industrial.



''O setor deve ser nacionalizado, não há nada o que discutir'', afirmou Chávez durante um ato público com trabalhadores metalúrgicos no Estado de Bolívar (sudeste do país), transmitido em cadeia nacional de rádio e TV.

Com a decisão, as empresas Matesi, Comsigua, Venprecar, Orinoco Irons e Tubos Tavsa devem passar ao controle do Estado nos próximos dias.De acordo com representantes dos sindicatos dessas empresas, há pelo menos seis meses os salários dos funcionários estão atrasados e a produção, praticamente paralisada, razão pela qual teriam pedido a intervenção do Estado.

''Estas empresas têm que estar sob controle dos operários (...) faz tempo que deveríamos ter feito. Isso é justiça social'', disse Chávez, sob aplausos dos operários. Além das siderúrgicas, também será nacionalizada a fábrica de cerâmicas Carabobo, a maior empresa do ramo no país.

De acordo com os sindicatos venezuelanos, a Matesi pertence ao consórcio argentino-italiano Teching, que era também proprietário da Siderúrgica do Orinoco (Sidor), a maior indústria do ramo na região andina, nacionalizada no ano passado e pela qual o governo pagará US$1,97 bilhão.

Já as empresas Orinoco Irons e Venprecar pertencem a um consórcio do qual faz parte a empresa anglo-australiana BHP Billiton, uma das maiores mineradoras do mundo.

Com essas nacionalizações, somadas à expropriação de 73 companhias prestadoras de serviços petrolíferos, no início do mês, o Estado venezuelano assume o controle de quase todos os setores da economia considerados estratégicos. Desde 2007, foram nacionalizadas as companhias de telecomunicações e de eletricidade, a faixa petrolífera do rio Orinoco e três empresas de cimento.

Em maio do ano passado, o governo já havia decretado a nacionalização da siderúrgica Ternium-Sidor. Na avaliação de Chávez, aumentar o papel do Estado sobre o setor produtivo do país, ao reverter as privatizações realizadas pelos governos anteriores, é um dos caminhos para consolidar o chamado socialismo do século 21.

Nos próximos dias, poderá ser concretizada a estatização de uma das maiores instituições financeiras do país, o Banco da Venezuela, que pertence ao grupo espanhol Santander.

Créditos: Vermelho

Renato Andrade - A Viola e Minha Gente (1999)




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quinta-feira, 21 de maio de 2009

As massas, o espontaneísmo e o voluntarismo

As massas, o espontaneísmo e o voluntarismo




Wladimir Pomar - Correio da Cidadania

Há pouco tempo escrevi que o problema da ultra-esquerda é que ela continua supondo que são os partidos e os governos que fazem as massas trabalhadoras se movimentarem, para o bem ou para o mal. Desconsidera que as massas possuem sua própria dinâmica de aprendizado. E que são capazes de mobilizar-se por conta própria, quando não estão mais dispostas a aceitar determinadas políticas. É por isso que o governo Lula, o PT e a ultra-esquerda não são capazes de mobilizar as classes trabalhadoras do Brasil para algo além do que elas pretendem no momento.

Para uns, o parágrafo acima seria uma "defesa desinibida do espontaneísmo". Deduzem daí que, "se as massas trabalhadoras se movimentam por conta própria", isso constituiria uma defesa da tese de que os partidos e os governos populares devem adaptar-se "passivamente a esse nível de mobilização espontânea das massas trabalhadoras", já que "eles não teriam nem a possibilidade, nem a responsabilidade de interferirem no nível de consciência, organização e mobilização das massas trabalhadoras".

Sua conclusão: a pretexto de combater o voluntarismo, aquele parágrafo abdica da "responsabilidade que têm os setores mais conscientes e organizados dos trabalhadores de ajudar os demais a avançarem" e "apaga o papel que determinados líderes, partidos e governos influentes podem desempenhar em frear e, até mesmo reverter, a conscientização, a organização e a luta dos trabalhadores".

Naquele parágrafo, fiz apenas três afirmações. Primeiro, as massas possuem sua própria dinâmica de aprendizado. Segundo: as massas são capazes de mobilizar-se por conta própria, quando não estão mais dispostas a aceitar determinadas políticas. Terceiro: ninguém é capaz de mobilizar as massas para algo além dos que elas pretendam no momento.

Em nenhum trecho o parágrafo ou o artigo tratou de como os partidos e os governos populares devem atuar diante da dinâmica de aprendizado e mobilização das massas. Assim, ao invés de discutirem as afirmações do parágrafo, que são realmente as básicas do artigo, os críticos preferem discutir suas próprias suposições. E atacam ao autor pelo que não disse.

Não discutem se as massas possuem ou não uma dinâmica própria de aprendizado, e que importância tem isso para o trabalho cotidiano dos partidos populares. Não questionam se as massas são ou não capazes de mobilizar-se por conta própria, quando não estão mais dispostas a aceitar determinadas políticas, e que importância tem isso para a luta por reformas estruturais, para não falar da revolução social. Nem respondem se alguém é ou não capaz de mobilizar as massas para algo além do que elas pretendam no momento, e que importância isso tem para a tática e a estratégia dos partidos populares.

Como todos os voluntaristas, não querem discutir essas questões. Porque, para eles, tudo depende dos setores mais avançados, dos líderes, partidos e governos "ajudarem" os setores mais atrasados a avançarem, interferindo em seu nível de conscientização, organização e luta. E, quando líderes, partidos ou governos não agem sobre as massas como os voluntaristas pretendem, isso representa, para eles, algo parecido a uma traição.

Se isso fosse apenas um debate literário ou teórico, talvez não valesse a pena perder tempo com ele. No entanto, a história brasileira tem um vasto cabedal de experiências em que o voluntarismo foi a visão predominante entre as forças populares, causando imensos prejuízos à conscientização, organização e luta das massas. Uma análise da história brasileira do século 20 mostra que o voluntarismo causou muito mais prejuízos que o espontaneísmo, embora este também deva ser combatido.

A questão básica para superar o voluntarismo, e também o espontaneísmo, consiste em discutir o papel das massas na história, sua dinâmica de aprendizado e mobilização. A história está cheia de exemplos de mobilizações massivas, em todas as épocas e em todas as regiões do planeta, incluindo o Brasil, como forjadoras dos líderes, partidos e até de governos. Se os voluntaristas ajudassem a recuperar essas experiências históricas, prestariam uma grande ajuda a si próprios.

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

É de matar do coração...dale colorado...

PARA COMPRAR MANSÃO, TUCANA DEU CALOTE NO PRÓPRIO MARQUETEIRO



Rememore abaixo a reportagem de Marco Aurélio Weissheimer, publicada na Carta Maior, em 14/09/2006.
E ligue os pontos
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O marqueteiro Chico Santa Rita, contratado para assessorar a candidata tucana ao governo gaúcho, Yeda Crusius, chutou definitivamente o balde e declarou guerra à sua ex-cliente. O não pagamento da primeira parte dos R$ 700 mil acertados com a coordenação da candidatura tucana levou o publicitário a abandonar a campanha, juntamente com boa parte da equipe que fazia o programa de televisão.
Mas o “chute no balde” não parou por aí. Em entrevista ao jornal Zero Hora, nesta quinta-feira (14), Chico Santa Rita pediu aos eleitores gaúchos que não votem na candidata, comparando sua candidatura a uma “lâmpada queimada”. Ao falar sobre a falta de pagamento, ele afirmou: “Faltou planejamento, faltou comando forte, firme e responsável na campanha, algo que nunca existiu. Espero é que o crescimento que essa campanha ia ter, porque era viável, seja abortado pelos gaúchos”.
O bombardeio não parou por aí: “A Justiça vai falar mais alto. Como sentia que a coisa era complicada, pedi no meu contrato o testemunho de Paulo Feijó (do PFL, vice na chapa de Yeda), de Onyx Lorenzoni (deputado federal e presidente estadual do PFL) e da própria Yeda. Eles me garantiram pessoalmente que eu ia receber. Hoje fico me questionando o que seria desse Estado, que já tem problemas, se cair na mão desse pessoal”, declarou Santa Rita.
Lâmpada queimada
O marqueteiro também atacou a incoerência entre a prática da candidatura e o conceito central da campanha de Yeda, “um novo jeito de governar”: “Contradiz completamente. Ela fala em planejamento, mas onde está o planejamento da própria campanha? Ela dizia que planejar é lançar uma luz sobre o futuro. A luz que ela lança sobre o futuro está com a lâmpada queimada”. Por fim, qualificou a campanha de Yeda como “absurda, feita sem planejamento, sem respeito humano”.
Indicado para responder às críticas de Santa Rita, Sérgio Camps de Moraes (PPS), coordenador da campanha de Yeda Crusius, também saiu atirando: “Essa atitude fala por ela mesma. Ele foi muito ausente até agora na campanha, mas vai ser muito bem pago, vai receber tudo o que foi contratado com ela (Yeda)”. A defesa da candidatura representa outro ponto de constrangimento para o conceito de “novo jeito de governar”, pois põe em xeque a capacidade de escolher bem parceiros e consultores.
Santa Rita e o "novo jeito de governar
"O marqueteiro Chico Santa Rita está longe de ser um desconhecido no cenário político nacional. Entre outros, trabalhou para Orestes Quércia, Collor, Ulysses Guimarães, Mário Covas e Romeu Tuma. Em 1989, fez a campanha de Collor e colocou no ar o ataque de Miriam Cordeiro contra Lula (ela recebeu 24 mil dólares da campanha de Collor para dizer no horário eleitoral que o petista teria lhe oferecido dinheiro para abortar Lurian).
Na época, o marqueteiro justificou o uso eleitoral de uma menina de 15 anos, dizendo que “os eleitores têm o direito de saber tudo da vida daqueles que postulam ser seus governantes”. Agora, ele usa a mesma máxima para atacar a falta de planejamento na campanha da candidata tucana, que conhecia bem o currículo de quem estava contratando. Em suas palestras, Chico Santa Rita defende que a função do marketing político é conscientizar o eleitor das propostas de um candidato.
“A função fundamental dele é apresentar uma boa proposta para que a população a entenda, aceite, participe dela, e venha, através dos candidatos, se posicionar e participar do processo político”, disse o marqueteiro em uma palestra realizada no dia 30 de agosto, no Mato Grosso do Sul. Ele repetiu, na ocasião, que não faz campanha para candidatos em quem ele próprio não votaria. As declarações de Santa Rita ao jornal Zero Hora indicam que ele mudou de idéia em relação a Yeda Crusius.
Realismo orçamentário?
A candidata tucana também parece ter cometido um engano básico na contratação de seu consultor de campanha. Um engano que danifica seriamente seu conceito de “novo jeito de governar”. A resposta de seu coordenador de campanha dizendo que Santa Rita estava ausente mesmo da campanha coloca diretamente a questão: o novo jeito de governar é compatível com a contratação de consultores que permanecem ausentes do trabalho para o qual foram contratados?Outro ponto a ser respondido é que uma das propostas da candidata para enfrentar a crise das finanças públicas do Estado do Rio Grande do Sul advoga a adoção de um realismo orçamentário: “não realizar empréstimos, antecipações de receita e autorizações de novas despesas que agravem o desequilíbrio orçamentário no futuro”, conforme diz uma de suas diretrizes de programa de governo. A julgar pela crise aberta na campanha, essa máxima do realismo orçamentário não foi aplicada dentro de casa.
O resultado dessa incoerência foi o desmantelo da equipe que fazia a propaganda de televisão da candidata. Na terça-feira, cerca de 50 profissionais abandonaram a campanha e retornaram a São Paulo. Chico Santa Rita nomeou um advogado para cobrar a dívida na Justiça. Somente com o pessoal contratado, a dívida é estimada em cerca de R$ 350 mil.
A coordenação da campanha tucana emitiu nota oficial dizendo que toda essa dívida será paga e alegou que enfrenta dificuldades para captar recursos em virtude de uma suposta pressão do governo federal e do governo estadual junto a empresários gaúchos. A alegação é estranha uma vez que o vice de Yeda é o empresário Paulo Feijó (PFL), ex-presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul).Feijó, aliás, saiu-se com uma explicação peculiar sobre a crise na campanha. “Estamos sendo eficientes, fazendo mais com menos”, declarou.
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Apurar uma fraude de quase R$ 400 milhões contra o Estado não é um fato determinante?


Uma coisa é escutar parlamentares do PDT e de outros partidos justificarem sua não assinatura do requerimento para a instalação de uma CPI da Corrupção na Assembléia Legislativa em função da suposta ausência de fatos novos e de foco. Para quem não quer investigar os indícios de corrupção no governo Yeda, qualquer explicação é explicação. Outra coisa bem diferente é ver uma jornalista bem informada repetindo esse discurso de um modo acrítico e sonegador da verdade. A colunista de Zero Hora, Rosane de Oliveira, escreve hoje em seu blog:

O problema é a carência de foco: com tantas denúncias pipocando contra o governo, falta um fato determinante para embasar o pedido de CPI. Os indícios de uso de caixa 2 na campanha de 2006 não podem ser o foco da CPI, até porque são águas passadas.

A jornalista certamente leu o requerimento da CPI e conversou com seus proponentes. Portanto, não pode alegar desconhecimento de causa. Em primeiro lugar, os indícios de uso de caixa dois não são o foco do pedido da CPI. O foco do requerimento é a investigação das denúncias levantadas pela Operação Solidária e suas possíveis conexões com a Operação Rodin. Há fortes indícios de que os personagens nas duas fraudes são os mesmos.

Como já foi dito aqui, na Operação Solidária, estão sendo investigados, entre outros, os peemedebistas Eliseu Padilha, Alceu Moreira e Marco Alba. A instalação da CPI prevê a apuração do esquema montado para fraudar licitações nas áreas de pavimentação, saneamento e irrigação, que já teria desviado cerca de R$ 400 milhões. As investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal apontam ainda para a participação de pessoas muito próximas à governadora, como Walna Villarins, sua principal assessora, e Delson Martini, ex-tesoureiro do PSDB e ex-secretário-geral do governo. São mencionados, ainda, a ex-secretária estadual adjunta de Obras, Rose Guedes Bernardes, e o coordenador da transição do governo, Chico Fraga (PTB).

A colunista de ZH simplesmente repete o discurso da base do governo Yeda na Assembléia ao dizer que “falta um fato determinante para embasar o pedido de CPI”. Apurar uma fraude de aproximadamente R$ 400 milhões contra o Estado não é um fato determinante? A jornalista tem conhecimento de todos esses fatos. Ao ecoar o discurso daqueles que estão sob investigação e de seus aliados, abdica de seu dever de bem informar a população.

Debate para a esquerda...

Dilemas para a esquerda socialista e o PSOL



Fernando Silva
- Correio da Cidadania

Há um debate aberto sobre qual deve ser a resposta da esquerda socialista para os desafios colocados nestes tempos de agravamento da crise econômica.

Tal debate parte do pressuposto de que os efeitos mais perversos da crise recairão sobre os ombros da classe trabalhadora e que as saídas oferecidas até aqui, inclusive pelo governo Lula, estão na ótica de preservar os interesses do grande capital. E que, para tanto, estaria colocado o desafio para os movimentos sociais autênticos, sindicatos combativos e partidos da esquerda socialista construir e apresentar uma alternativa de programa, de saída para a crise, tanto no terreno das lutas sociais como para as eleições em 2010.

Mas indo diretamente à questão deste artigo, é público que há um debate aberto em um dos atores principais desta articulação, o PSOL, a respeito do lugar da denúncia das mazelas da corrupção em um programa e no perfil político da esquerda socialista, com conseqüências no debate de arco de alianças.

Estamos diante de uma nova totalidade no cenário internacional e nacional - a vigência de uma crise econômica estrutural do capital. Não temos dúvidas de que o centro, o eixo da resposta e da construção de um perfil socialista e anticapitalista, tem que estar na crise e na afirmação de uma saída de ruptura sistêmica, que busque apoiar-se nas demandas mais urgentes da classe trabalhadora e do povo, esfolados pela crise do capital. Tudo o mais deve se subordinar a isso. Inclusive as denúncias dos podres poderes da República. Por mais que o regime democrático burguês esteja coalhado de escândalos diários de corrupção (essa é a natureza do Estado brasileiro), a denúncia da corrupção não pode ser a pauta central de uma esquerda socialista na etapa atual, porque ela não é a pauta central do cotidiano das mazelas insuportáveis que recaem sobre os trabalhadores e o povo.

Sinais preocupantes

E deste ponto de vista consideramos muito preocupante que, além de fincar pé neste perfil como eixo do partido, esteja ocorrendo, por insistência de setores da direção do partido, uma busca em alavancar como aliados prioritários, quase exclusivos, personalidades dissidentes do aparelho de Estado, como o delegado Protógenes.

Um verdadeiro tiro no pé para o partido, como se verificou na ida do delegado ao ato de 1º de maio da Força Sindical, ao lado de Paulinho - um dos mais notórios pelegos da classe trabalhadora brasileira e também investigado por denúncias de corrupção. Isso enquanto a esquerda socialista partidária, movimentos sindicais e sociais combativos, pastorais sociais etc. se uniam para realizar um 1º de maio independente e classista na Praça da Sé.

Está aqui um dos dilemas centrais da esquerda e do PSOL no próximo período. Nos anos 90, o PT se caracterizou por sustentar como principal perfil político o eixo de "ética na política", contra a corrupção. Combinado a isso, moderou seu programa, buscou ampliar suas alianças à direita, estreitou laços com setores do empresariado, passando a aceitar financiamentos destes para as campanhas eleitorais, abriu as portas para estranhas filiações distantes do ideário de partido da classe trabalhadora.

Sabemos no que deu isso e o pior que poderia ocorrer hoje é um repetição da história na forma de trágica caricatura com o PSOL. A negociação de contribuições em 2008 à campanha municipal em Porto Alegre oriundas da Gerdau e da indústria armamentista Taurus evidencia esse risco.

Questões indispensáveis

Há três questões que devem balizar o perfil do PSOL nesta conjuntura e que consideramos que são condições básicas e indispensáveis para credenciá-lo como um pólo aglutinador de uma reorganização ainda mais ampla na esquerda e nos movimentos sociais em tempos de crise:

1) O centro político e programático do partido deve ser a resposta à crise econômica do ponto de vista de um programa anticapitalista;

2) O centro de gravidade da atividade do partido deve ser a busca de inserção central nos movimentos sociais e nas lutas de resistência da classe trabalhadora, dos sem-terra, sem-teto, da juventude. Ou seja, uma aliança efetiva com os trabalhadores e oprimidos. E não a busca de aliados em figuras da hierarquia do aparelho de Estado, que sinalizem um arco de alianças e perfil de programa que nada terão a ver com a vocação de um partido que se pretenda anticapitalista;

3) O PSOL deve se afirmar como partido socialista de trabalhadores e trabalhadoras, que contribua para buscar organizar com sua militância e estrutura partidária a luta permanente da classe trabalhadora em todos os seus aspectos práticos. E, portanto, não pode estar com suas portas abertas para a aceitação de possíveis filiações de porta-vozes estranhos ao ideário da esquerda socialista.

Fernando Silva é jornalista, membro do Diretório Nacional do PSOL e do Conselho Editorial da revista Debate Socialista.

terça-feira, 19 de maio de 2009

OS CORDEIROS E A GRIPE SUÍNA

OS CORDEIROS E A GRIPE SUÍNA

texto de LAERTE BRAGA


Fatura ainda a indústria de máscaras. Pandemia, tantos casos não sei onde, ameaça de morte de tantas pessoas e reflexo na economia, claro. As ações dos laboratórios GLAXO e ROCHE, ambos em baixa, disparam nas bolsas do mundo inteiro.
Não sei se Gilmar Mendes tem alguma coisa a ver com isso. Sei que o presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD ligou para a governadora do Pará e pediu a ela que tomasse providências enérgicas contra o MST " Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra ". O "presidente" da empresa dita suprema corte tem negócios por lá em parceria com Daniel Dantas.

Sei também que o ministro Carlos Alberto Menezes "Direito" (cúmulo da esculhambação), funcionário qualificado da STF DANTAS INCORPORATION LTD e empregado de Gilmar Mendes no tal Instituto Brasiliense de Direito Público, desde os tempos de ministro " vá lá " do STJ " dito Superior Tribunal de Justiça " entrou na farra das passagens. As passagens em si existem em qualquer parlamento ou tribunal de qualquer país do mundo e se prestam a que parlamentares e juízes possam se movimentar no exercício de suas funções, ou para o melhor exercício dessas funções e, como gostam de dize, "em sendo necessário".

O tal "Direito" " putzgrila é o fim " gostava de viajar de primeira classe, furar as filas de embarque em viagens para o exterior com a mulher, com toda a certeza no tal "em sendo necessário" e no regresso com a "missão cumprida" passava ao largo da Alfândega.

Tudo isso tem um nome segundo outro ministro Marco Aurélio Melo " liturgia ". A liturgia da tal suprema corte. Difere na forma, só na forma, na essência é a mesma coisa da liturgia do Comando Vermelho, ou do PCC. Aproxima-se da liturgia, por exemplo, de qualquer banco do mundo, ou laboratório especialista em produção de medicamentos contra gripes.

Nesse diapasão vivemos a temporada da gripe suína. Já tivemos aquela atribuída aos frangos e com certeza teremos a dos canários, dos urubus, a dos beija-flores, tudo na esteira dos cordeiros que William Bonner chama de Homer Simpson.

Corrida às farmácias. E a culpa é do México.

Com transformação do México em estado da federação norte-americana e o tal do NAFTA, tratado de livre comércio que envolve os EUA e o Canadá " o México repito é província, estado " os norte-americanos descobriram que poderiam despejar todos os dejetos industriais, químicos, nucleares, hospitalares no seu mais novo estado. Podiam criar um muro para evitar que mexicanos fossem lá perturbá-los e aproveitar alguns para serviços domésticos, ou funções outras que não aquelas compatíveis com os altos desígnios dos senhores do mundo.

Uma tal Smithfiel Foods mantém a 10 quilômetros da cidade de La Glória , um daqueles povoados onde ainda se toca La Malagueña uma criação de porcos das Granjas Carrol. Foi por ali nesse antro de progresso que se manifestaram pela primeira vez sintomas do que hoje com todas as letras se intimida como pandemia. E foi que um menino de 4 anos, Edgard Hernández contraiu o vírus. Vírus originário de suínos, os populares porcos, em ser humano, pelo menos em tese, mutações genéticas e pronto. Prato feito. Está na coluna de "decorrências previsíveis do progresso"

É só juntar as empresas do setor, os laboratórios que produzem os medicamentos para o combate a esse tipo de gripe e tirá-los da perspectiva de falência.

Uma boa verba publicitária e um ajuste com a Organização Mundial de Saúde, monitorada pelos grandes laboratórios e qualquer William Bonner da vida muda de expressão e assume ares de respeitabilidade e preocupação com o próximo " não tem a menor idéia do que seja isso, mas tem que representar " e coloca todos os cordeiros em fila indiana nem tanto na busca de proteção contra a tal gripe.

Fatura ainda a indústria de máscaras. Pandemia, tantos casos não sei onde, ameaça de morte de tantas pessoas e reflexo na economia, claro. As ações dos laboratórios GLAXO e ROCHE, ambos em baixa, disparam nas bolsas do mundo inteiro. Um médico que viveu semelhante situação na gripe aviária dá conta que passado o pânico forjado, montado, boa parte dos hospitais tiveram que jogar fora mais de 90% dos medicamentos estocados para o combate à gripe. Como não houve a tal pandemia, expirou a data de validade dos ditos medicamentos.

Um golpe desse porte nem Gilmar Mendes, ou Fernando Henrique Cardoso " apesar da familiaridade com porcos, ou porcarias, como a filha no Senado, recebendo sem trabalhar ".

É negócio de bilhões, de fazer inveja a qualquer quadrilha em qualquer canto do mundo.

Só não explicam que as tais Granjas Carroll produzem um milhão de porcos por ano e as fezes e urinas dos ditos são depositadas em tanques de oxidação, ao ar livre e ali vira uma espécie de moradia de moscas. Formam assim que nem nuvens de gafanhotos e depois vão se espalhando pelos quatro cantos dos quatro cantos do mundo.

Os moradores de La Glória uma cidade em nível inferior ao das granjas " solo ", recebe, de quebra, água poluída nos riachos e nos chamados lençóis freáticos. O subsolo está contaminado pelos tanques.

Denúncias? As mais diversas.

Providências. Paciência, alguém tem que pagar pelo "progresso".

Nos EUA não querem saber das tais granjas. Os governos dos estados " esses com estrelas na bandeira do Tio Sam, o México ainda não alcançou esse galardão " da Virginia e da Carolina do Norte expulsaram a empresa de suas áreas que por conta do NAFTA, foram para o México em 1994. Atanásio Duran é o nome de um deputado que levou documentos desse fato ao Parlamento do extinto México " extinto como país livre e soberano.

Para ficar por aqui, sem considerar outras tantas questões, como a forma como os porcos são criados, a alimentação que recebem, hormônios, antibióticos, etc, tudo para estalar um lombo dourado e suculento no churrasco de domingo, ou do feriado, nos melhores restaurantes em criações de arte dos melhores chefes de cozinha, sem falar que a empresa mantém uma "fundação social" em La Glória , onde aplica uma miséria para disfarçar os crimes que comete.

Obama quando fala em Cuba, Venezuela, Bolívia, etc, fala em "esperamos gestos de boa vontade desses governos para conversarmos". Quem disse que ele é negro no sentido histórico da palavra? Branco de olhos azuis.

Que gestos de boa vontade?

Pense bem. Um esforço assim de meia hora sem televisão. Que diferença tem o tratamento dispensado aos porcos em La Glória e aos humanos no resto do mundo pela indústria do progresso e dos avanços tecnológicos?

Entra aí a questão das pequenas propriedades rurais em que a criação de animais atende à demanda de cada uma das localidades e pessoas, lógico, mas não proporciona lucros fabulosos às grandes empresas à direita do deus MERCADO. Aí a reforma agrária é mal negócio. Para eles.

As gripes são reflexo do modelo, conseqüência do modelo " político e econômico " e uma especialista no assunto, Dona Miriam Leitão recebe para defender todas as porcarias necessárias aos porcos que comandam os "negócios" dos suínos animais.

É uma grande cadeia. Mas aquela onde deveriam estar os empresários do "progresso", Gilmar Mendes, o tal "Direito" Daniel Dantas, todos à direita do deus MERCADO ou braços do esquema como a mídia, a grande mídia que vende a idéia de PANDEMIA.

Palavra trissílaba, mas com um efeito devastador para os cordeiros cá embaixo e altamente lucrativo por porcões lá de cima. Soa até assim que nem os Cavaleiros da Távola Redonda chegando para libertar o povo inglês oprimido e o diabo a quatro.

Só que isso é lenda, gostosa de se ler, de se ver, mas o tal "progresso" não. Não tem como um rei Artur arrancar a espada da pedra e Merlin preparar poções mágicas. Os laboratórios em associação com a agroindústria, o agro negócio, os bancos, as grandes corporações, a turma toda, empresários, latifundiários e banqueiros, sumiram com a espada, com a pedra, com tudo e tangem o rebanho de cordeiros no milagre da tecnologia, a tal televisão, entre nós com destaque para a REDE GLOBO e outras menores.
Ah! Tem um trem aí chamado peróxido de hidrogênio (água oxigenada), que mata qualquer vírus ou bactéria aeróbica. É só inalar. Oxiflower em um copo de água fervente, cobrir a cabeça, inalar o vapor e o vírus e liquidado. Pela manhã e à noite. Essa história que água oxigenada é só para tornar louras ou louros algumas mulheres e homens é conversa. Serve para outras coisas também.
E o vírus da gripe suína é muito mais fraco que alguns dos vírus de gripes que anualmente assolam as pessoas no mundo.
A velha fábula do lobo, no caso lobos e os cordeiros. Eles bebem a água limpa lá em cima e para devorarem os cá de baixo, dizem que quem bebe aqui embaixo está sujando a deles. Invertem até a lei da gravidade.
Culpa do Protógenes, do juiz De Sanctis, do MST. É possível que para uma averiguação in loco o ministro dito Direito viaje com a mulher na primeira classe para a eventualidade de qualquer ação na dita corte suprema por aqui em termos de gripe suína.

E tem um detalhe. A chancelaria do estado terrorista de Israel chamou o embaixador do Brasil naquele país criado em terras palestinas, para exigir explicações sobre a visita do presidente do Irã agora dia 6 de maio.
Deveríamos devolver o embaixador deles aqui. A palavra de ordem de Obama não é combater o terrorismo? Os caras assaltam, matam, torturam, estupram palestinos e ainda querem explicações da gente? Essa é a gripe nazi/sionista.
E nem pense que é brincadeira não, mas já criaram um game com o nome de swinefighter.com. Você mata os porcos voadores que rondam e ameaçam o planeta. O negócio consiste em aplicar injeções letais nos tais porcos. Mais ou menos como as injeções letais do tal "progresso" de fezes e urina de porcos.
Se o tal ministro "Direito" for o relator de algum caso relativo à gripe suína o parecer, ou relatório do tal ministro "Direito", evidente, será OINC, OINC, OINC.
Como nos filmes de Miguel Aceves Mejia, cantando, eliminando bandidos e tudo em seu cavalo branco. Como te llamas? José. Bam, bum! Te llamavas. A diferença hoje é que as balas seriam de material extraído de pernis traseiros.
"Beijar teus lábios quisera/Malagueña minha amada..." Mas a máscara não deixa!
É o "progresso".
Autor: LAERTE BRAGA

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Buddy Rich, num solo fantástico:Grande Baterista...

A crise vista de... (nova série no Monde diplomatique)


Um jornalismo que dê prioridade à investigação e à reportagem de qualidade será provavelmente o mais bem preparado para enfrentar a actual crise da imprensa. Por oposição a um jornalismo assente na repetição, no copiar-colar (não confundir com a importância de organizar a informação, de criar ligações).

Como afirma Jeff Jarvis aqui, «cada minuto do tempo de um jornalista deveria servir para acrescentar valor ao ecossistema da informação», «um valor único e de qualidade».

O Monde diplomatique sempre apostou na investigação e na reportagem, mas agora pode fazê-lo fortalecido pelas 73 edições que tem em todo o mundo. Este mês iniciou a publicação de uma série de artigos intitulada «A crise vista de…». Mensalmente, vai olhar a forma como a crise económica atinge as populações de forma diferente, consoante o nível de abertura do país, a sua regulamentação, a sua protecção social… Explorando a realidade de uma cidade média, na Europa, na Ásia, em África ou nas Américas. Uma cidade industrial, mineira, turística ou simplesmente residencial.

A série abre com uma reportagem em Kherson, na Ucrânia, da jornalista Mathilde Gonaec. Informação sobre o período da URSS, a independência, a financeirização da economia, a crise, o desemprego, a desprotecção social, a revolta dos operários, na primeira pessoa. As soluções possíveis. Vale a pena ler.

É com informação que se constrói cidadãos – europeus ou do mundo. Algo que o Vasco Graça Moura que escreve este artigo contra os «euroanalfabetos» parece ter esquecido quando, a 6 de Maio, no Parlamento Europeu, votou a favor de os operadores de Internet ou as autoridades administrativas poderem cortar o acesso dos utilizadores à Internet sem decisão judicial prévia. Felizmente, perdeu. Felizmente também, os projectos de informação alternativa continuam aí.