Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A bomba atômica do Irã: Lula dá um show de diplomacia e o PiG (*) se estrebucha
O Irã tem um programa nuclear que provoca suspeitas nos Estados Unidos e, por conseqüência, no PiG (*).
Israel tem bomba atômica, o que não provoca suspeitas nos Estados Unidos e, por conseqüência, no PiG.
O Irã diz que o programa nuclear é para fins pacíficos.
O Irã desenvolveu uma tecnologia original dentro da cadeia da indústria nuclear.
O Brasil, o maior produtor de urânio do mundo, tem um programa
nuclear e desenvolveu uma tecnologia original para processar urânio.
O Brasil defendeu essa tecnologia com unhas e dentes para evitar cópias piratas.
O Irã diz que defende a sua tecnologia original também com unhas e
dentes e, por isso, dificulta o acesso dos Estados Unidos ao seu
programa.
O Brasil, aparentemente, não quer fazer a bomba. Essa seria uma das
heranças malditas do governo FHC, pior do que a indicação de Gilmar
Dantas (**) para o Supremo.
Fazer ou não a bomba é um problema que a sociedade brasileira breve
terá de discutir. E o Conversa Afiada desde já se manifesta a favor da
bomba.
Os Estados Unidos tem bomba; a Inglaterra tem bomba; França tem
bomba; a China tem bomba; a Índia tem bomba; o Paquistão tem bomba e
Israel tem bomba. Por que o Brasil não pode ter?
Se o Irã também quer, problema dele.
O Irã diz ao Brasil que o seu programa é pacífico. O Brasil e 99% dos países do mundo acreditam.
O PiG, não.
Problema do PiG.
Se o Farol de Alexandria não tivesse renunciado à bomba como
renunciou à soberania nacional, o PiG diria que a bomba só não é melhor
do que os vinhos Bordeaux do Renato Machado.
O problema do PiG não é nem a bomba nem o Irã.
O problema do PiG e dos chanceleres do PiG é o sucesso da política
externa independente do Presidente Lula e seu chanceler, Celso Amorim.
O presidente Lula honrou uma tradição da política externa
brasileira, defendeu o Estado de Israel, a contenção dos assentamentos
dos colonos judeus e a criação de um Estado Palestino Autônomo.
E fez isso diante do ilustre convidado.
O Irã é hoje um dos maiores consumidores de carne bovina brasileira.
O Farol e seus chanceleres, hoje sublocados à Globo, são adeptos da política externa da genuflexão.
A diplomacia brasileira desempenha com o Irã e outros países da região do Oriente Médio uma política de potência.
O Conversa Afiada tira o chapéu à colonista (***) Eliane Cantanhêde que, hoje na Folha (****), faz uma análise isenta da relação Brasil-Irã.
O PiG, de resto, está acometido de um vírus que combina
provincianismo com golpismo. Nesse aspecto, a Fox News que, aqui no
Brasil, se sintoniza na Globo e na Globo News, continua a desempenhar
um papel partidário, do partido do Calabar.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores,
de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de
televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(***) Não tem nada a ver com cólon. São os
colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o
presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no
Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no
capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do
mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(****) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler,
porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que
entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha
da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da
Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os
carros de reportagem aos torturadores.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Mais um golpe?????
Golpe no Paraguai? ''Estamos nas mãos de Deus,'' diz irmã de Lugo
Mercedes Lugo sorri amavelmente e responde com um tom doce e calmo. Mas seus olhos movediços delatam seu desconforto com o momento que vive seu irmão, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Ela mede cada palavra que pronuncia, mas não pode evitar a transmissão de uma sensação de desamparo ante as ameaças que cercam o governo paraguaio. “Estamos nas mãos do Senhor”, responde a professora aposentada, 67 anos, sobre a possibilidade de um golpe de Estado no seu país, como o que sofreram os hondurenhos.
Nesta semana a
primeira dama paraguaia passou três dias em Buenos Aires para visitar
alguns hospitais e discutir projetos bilaterais com o ministro da Saúde
da Argentina e a ministra do Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner,
uma mulher que como ela, acompanhou o irmão no poder. Antes de voltar
para Assunção, ela concedeu a entrevista abaixo. Sua nora a acompanha e
prepara o mate. O mate da campanha eleitoral, com sua foto e a do seu
irmão sorrindo vitoriosos. Apenas um ano atrás.
Hoje a situação é um pouco mais dramática. O presidente Lugo perdeu o apoio do seu vice-presidente, o conservador Federico Franco, e de grande parte do Partido Liberal, seu principal apoio institucional. Com muito poucos amigos no Congresso e a Justiça e a Mídia contra, o ex-bispo já balançou duas vezes no seu primeiro mandato. A primeira, em abril, quando se descobriu que era pai de uma criança de dois anos – concebida quando ainda era bispo – e talvez mais outros cinco. A segunda, em outubro, com o sequestro de um fazendeiro e a ameaça de um levantamento em armas dos fazendeiros. Esta última vez o presidente teve que mudar toda a cúpula militar e desativar as negociações no Congresso para aprovar o seu julgamento político.
Durante 40 anos, Mercedes Lugo, deu aulas em escolas e universidades e, nos últimos 22 anos, ocupou o cargo de diretora de uma escola pública. Há tempo já tinha idade para se aposentar, mas não quis deixar de dar aulas. Somente no ano passado aceitou abandonar a sala de aula para seguir os passos do seu irmão até o Palácio do Governo. Em poucos meses, ela aprendeu a evitar as perguntas incômodas e se manter dentro do seu papel, mas ainda conserva essa paciência e aconchego que somente uma mestra pode transmitir.
Como seu irmão, Mercedes é muito religiosa. Não fala do povo paraguaio, mas da família paraguaia. Ela prefere a Palavra de Deus. Inclusive para defender a paternidade do seu irmão, um tema tabu entre os aliados e os amigos mais próximos do ex-presidente.
“Quem está livre de pecado que atire a primeira pedra. Um sacerdote, um bispo, um Papa é um homem, em corpo, alma e sangue. A carne é fraca e qualquer um pode cair numa debilidade... e se há filhos, que sejam bem-vindos porque eles são uma bênção de Deus”, assegurou a primeira dama, perdendo por um instante o seu falar calmo e paciente. Uma coisa é falar de política, outra, muito diferente, é meter-se em assuntos familiares. Confira abaixo a entrevista concedida por ela ao Página/12
Página/12: Na campanha, a senhora costumava dizer que os amigos se fazem na prisão e no hospital. Quem foram os amigos do presidente Lugo nesta crise política?
Mercedes Lugo: O presidente Lugo tem integridade, fortaleza e consciência limpa. Não tem medo de nada. Quem nada tem, nada teme. Talvez 90% da população segue acreditando nele.
Página/12: Mas não os políticos...
Mercedes Lugo: Há muitos problemas, certamente. Ele não tem a maioria no Parlamento e isso dificulta muito as coisas. Mas apesar de tudo, segue adiante.
Página/12: Parece que ele perdeu, inclusive, o apoio dos liberais.
Mercedes Lugo: O Partido Liberal não motivos para colocar obstáculos porque é parte do governo. Mas apesar disso o faz. Tenho a esperança de que por meio do diálogo cheguemos a um consenso, novamente.
Página/12: Mesmo com o nível de violência, física e verbal, que se desencadeou entre os fazendeiros?
Mercedes Lugo: A violência está em todas as partes, mas o governo sempre está investigando as causas de tanta violência. O certo é que não se pode mudar uma hegemonia de 61 anos em um ano. Fernando Lugo está fazendo o seu trabalho como prometeu durante a sua campanha. Está encontrando muita oposição, mas isso não o desanima, mas lhe dá mais força. Creio que vai conseguir cumprir o seu objetivo: um Paraguai com habitantes com os mesmos direitos, jovens felizes e uma família reintegrada.
Página/12: Então a senhora descarta a possibilidade de um golpe de Estado, como admoestaram o movimento camponês e alguns funcionários do governo paraguaio?
Mercedes Lugo: Olha, isso não posso dizer, mas se ocorrer, o que vamos fazer? Muitas vezes é preciso aceitar as coisas como são e se produz uma tal situação podemos tentar revertê-la. Estamos nas mãos do Senhor, que Deus faça o que tem que ser feito.
Fonte: Página 12
Hoje a situação é um pouco mais dramática. O presidente Lugo perdeu o apoio do seu vice-presidente, o conservador Federico Franco, e de grande parte do Partido Liberal, seu principal apoio institucional. Com muito poucos amigos no Congresso e a Justiça e a Mídia contra, o ex-bispo já balançou duas vezes no seu primeiro mandato. A primeira, em abril, quando se descobriu que era pai de uma criança de dois anos – concebida quando ainda era bispo – e talvez mais outros cinco. A segunda, em outubro, com o sequestro de um fazendeiro e a ameaça de um levantamento em armas dos fazendeiros. Esta última vez o presidente teve que mudar toda a cúpula militar e desativar as negociações no Congresso para aprovar o seu julgamento político.
Durante 40 anos, Mercedes Lugo, deu aulas em escolas e universidades e, nos últimos 22 anos, ocupou o cargo de diretora de uma escola pública. Há tempo já tinha idade para se aposentar, mas não quis deixar de dar aulas. Somente no ano passado aceitou abandonar a sala de aula para seguir os passos do seu irmão até o Palácio do Governo. Em poucos meses, ela aprendeu a evitar as perguntas incômodas e se manter dentro do seu papel, mas ainda conserva essa paciência e aconchego que somente uma mestra pode transmitir.
Como seu irmão, Mercedes é muito religiosa. Não fala do povo paraguaio, mas da família paraguaia. Ela prefere a Palavra de Deus. Inclusive para defender a paternidade do seu irmão, um tema tabu entre os aliados e os amigos mais próximos do ex-presidente.
“Quem está livre de pecado que atire a primeira pedra. Um sacerdote, um bispo, um Papa é um homem, em corpo, alma e sangue. A carne é fraca e qualquer um pode cair numa debilidade... e se há filhos, que sejam bem-vindos porque eles são uma bênção de Deus”, assegurou a primeira dama, perdendo por um instante o seu falar calmo e paciente. Uma coisa é falar de política, outra, muito diferente, é meter-se em assuntos familiares. Confira abaixo a entrevista concedida por ela ao Página/12
Página/12: Na campanha, a senhora costumava dizer que os amigos se fazem na prisão e no hospital. Quem foram os amigos do presidente Lugo nesta crise política?
Mercedes Lugo: O presidente Lugo tem integridade, fortaleza e consciência limpa. Não tem medo de nada. Quem nada tem, nada teme. Talvez 90% da população segue acreditando nele.
Página/12: Mas não os políticos...
Mercedes Lugo: Há muitos problemas, certamente. Ele não tem a maioria no Parlamento e isso dificulta muito as coisas. Mas apesar de tudo, segue adiante.
Página/12: Parece que ele perdeu, inclusive, o apoio dos liberais.
Mercedes Lugo: O Partido Liberal não motivos para colocar obstáculos porque é parte do governo. Mas apesar disso o faz. Tenho a esperança de que por meio do diálogo cheguemos a um consenso, novamente.
Página/12: Mesmo com o nível de violência, física e verbal, que se desencadeou entre os fazendeiros?
Mercedes Lugo: A violência está em todas as partes, mas o governo sempre está investigando as causas de tanta violência. O certo é que não se pode mudar uma hegemonia de 61 anos em um ano. Fernando Lugo está fazendo o seu trabalho como prometeu durante a sua campanha. Está encontrando muita oposição, mas isso não o desanima, mas lhe dá mais força. Creio que vai conseguir cumprir o seu objetivo: um Paraguai com habitantes com os mesmos direitos, jovens felizes e uma família reintegrada.
Página/12: Então a senhora descarta a possibilidade de um golpe de Estado, como admoestaram o movimento camponês e alguns funcionários do governo paraguaio?
Mercedes Lugo: Olha, isso não posso dizer, mas se ocorrer, o que vamos fazer? Muitas vezes é preciso aceitar as coisas como são e se produz uma tal situação podemos tentar revertê-la. Estamos nas mãos do Senhor, que Deus faça o que tem que ser feito.
Fonte: Página 12
Créditos: www.vermelho.org.br
domingo, 22 de novembro de 2009
saiu no Prensa Latina....
sábado, 21 de novembro de 2009
Burkina Faso: IDH avança, mas o desenvolvimento ainda é distante
Le Pays – Uagadugu
O lançamento do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento Humano
2009, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), aconteceu no último dia 11 de novembro. Abordando a questão das
migrações sob o título “Rompendo barreiras: Mobilidade e
desenvolvimento humanos”, o documento classifica os países de acordo
com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ainda que o Burquina
Fasso continue nas profundezas da lista, melhoras consideráveis têm
acontecido ano a ano.
O Burquina Fasso está classificado em 177º, entre 182 países, com um
índice de desenvolvimento humano de 0,389. Em 2008, o país dos homens
íntegros, como é conhecido, foi classificado em 176° entre 182 países,
com um IDH de 0,367. Constata-se que o índice apresenta uma curva
ascendente, apesar do recuo do país na classificação. Conforme comentou
o coordenador do sistema das Nações Unidas, “este avanço resulta dos
esforços empreendidos pelo governo no setor de saúde, e pelas melhorias
na renda da população. Os resultados do ranking 2009 sugerem ao
Burquina Fasso um esforço mais sustentado na alfabetização, na educação
formal, na saúde, assim como pelo aumento da renda das camadas mais
vulneráveis da população. A classificação do Burquina, disse o
coordenador do programa da ONU, não melhorou porque outros países
também fizeram esforços. Conclui-se das declarações, que o país parte
com um importante atraso desde a instauração desta classificação em
1990.
Os critérios principais do IDH são renda, saúde (expectativa de
vida), educação (média ponderada da taxa de escolarização global nos
ensinos primário, secundário e superior e da taxa de alfabetização dos
adultos com mais de 15 anos). O critério educação seria o principal
responsável pela estagnação do país na parte de baixo do ranking. A
taxa de alfabetização continua entre as mais baixas do mundo, com 28%,
enquanto que a taxa de escolarização é de 32%. O PNUD revela,
entretanto, que a taxa de escolarização avançou 20% em dez anos. O
nível de escolarização no ensino secundário é igualmente sofrível, com
apenas 15,6% em 2005.
A classificação foi feita com base nos dados de 2007 para o conjunto
dos 182 países. O coordenador do programa da ONU encorajou o governo de
Burquina a consolidar seus esforços com o apoio de parceiros técnicos e
financeiros a fim de que estes desafios sejam levados em conta na
formulação da Estratégia de Crescimento Acelerado e de Desenvolvimento
Sustentável (SCADD, na sigla em francês).
Sob o tema “Rompendo barreiras: Mobilidade e desenvolvimento
humanos”, o relatório analisa o fenômeno das migrações e seus impactos
sobre o desenvolvimento, fazendo ainda recomendações com base no fato
de que a mobilidade é um princípio de liberdade humana. A Europa e os
Estados Unidos são considerados regiões de destino, mas o estudo revela
ainda que as migrações intra-continentais também são importantes. Os
africanos, por exemplo, se movem muito mais dentro do próprio país e do
próprio continente do que imigram para a Europa. As razões são
essencialmente de ordem econômica, na busca de melhor qualidade de
vida. Os pobres são os que se deslocam com mais frequência. No caso do
Burquina Fasso, 94% dos emigrados estão no próprio continente.
O relatório evoca ainda os fluxos financeiros em direção aos países
de origem, que contribuem para o equilíbrio macroeconômico. Como
exemplo, os imigrantes do Burquina enviam 50 milhões de dólares
anualmente, enquanto os senegaleses mandam 400 milhões.
Abdoulaye Tao
Tradução: Carlos Gorito
Para acessar o texto original, clique aqui.
Educadores rejeitam projetos de Yeda e aprovam estado de greve
Os trabalhadores estaduais da educação, reunidos em assembleia geral na tarde desta sexta-feira 20, no Gigantinho, em Porto Alegre, rejeitaram
os projetos do governo do estado que mexem na vida funcional dos
servidores. Exigem a imediata retirada das propostas encaminhadas pelo
Executivo. A categoria também aprovou o estado de greve e a realização
de uma nova assembleia geral dia 9 de dezembro.
Numa tarde chuvosa na capital gaúcha, mais de quatro mil educadores compareceram a assembleia, dando uma demonstração de que a categoria não aceita qualquer projeto que tenha como objetivo a retirada de direitos. Desde o início do atual governo, a categoria já enfrentou a enturmação, multisseriação, fechamento de escolas, de bibliotecas e laboratórios e aulas em escolas de lata. Depois de destruir a escola pública, o governo Yeda agora avança sobre a valorização profissional, representada pelos planos de carreira.
Os projetos de Yeda foram divulgados como pacote de bondades, de valorização dos servidores. Mas os educadores sabiam que tudo era mentira. A governadora nunca teve no seu horizonte a valorização dos servidores e dos serviços públicos. O que Yeda está fazendo representa o maior ataque já sofrido pela categoria. Nos próximos dias, os educadores estarão permanentemente na Praça da Matriz, na Assembleia Legislativa e em outros locais exigindo a retirada dos projetos e defendendo direitos conquistados. A dignidade dos trabalhadores em educação não tem preço.
Numa tarde chuvosa na capital gaúcha, mais de quatro mil educadores compareceram a assembleia, dando uma demonstração de que a categoria não aceita qualquer projeto que tenha como objetivo a retirada de direitos. Desde o início do atual governo, a categoria já enfrentou a enturmação, multisseriação, fechamento de escolas, de bibliotecas e laboratórios e aulas em escolas de lata. Depois de destruir a escola pública, o governo Yeda agora avança sobre a valorização profissional, representada pelos planos de carreira.
Os projetos de Yeda foram divulgados como pacote de bondades, de valorização dos servidores. Mas os educadores sabiam que tudo era mentira. A governadora nunca teve no seu horizonte a valorização dos servidores e dos serviços públicos. O que Yeda está fazendo representa o maior ataque já sofrido pela categoria. Nos próximos dias, os educadores estarão permanentemente na Praça da Matriz, na Assembleia Legislativa e em outros locais exigindo a retirada dos projetos e defendendo direitos conquistados. A dignidade dos trabalhadores em educação não tem preço.
O oriente com o ocidente..
Oriente Médio abre os olhos para a América Latina
Gulf News – Dubai
A primeira visita à América Latina do
Xeque Abdullah Bin Zayed Al Nahyan, ministro de Relações Exteriores dos
Emirados Árabes Unidos (EAU), foi um grande passo na implementação da
política de adaptação do seu país ao mundo multipolar emergente.
Em sua visita à América Latina, o
diplomata visitou mais de oito países em duas semanas, demonstrando uma
disposição substancial por parte dos EAU para criar novas e mais
estreitas relações com o continente.
Historicamente, as relações entre o Golfo Pérsico e a América Latina sempre foram fracas e
nenhuma das regiões interveio em questões relacionadas à outra. Mas
esta situação vem mudando rapidamente nos últimos anos. Como qualquer
outra região do planeta, o Golfo Pérsico não pode mais dialogar
unicamente com seus vizinhos imediatos e com as poucas potências
globais. O mundo emergente globalizado necessita que todas as regiões
do mundo se relacionem diretamente e sem a intermediação de Washington
ou Moscou. As grandes questões globais do século XXI abrangem um
espectro muito maior do que as rivalidades entre as grandes potências e
incluem a busca de novos meios para gerenciar as economias mundiais sob
a liderança do G20, a promoção de energias sustentáveis e combate ao
aquecimento global, a repressão aos tráficos de drogas e de humanos,
além do trabalho para a implementação dos valores sociais definidos
pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU.
A passagem do Xeque Abdullah por tantos países levou a importante mensagem para a América Latina de que os EAU se importam com a região e querem manter contato, e que os
EAU têm consciência de que um novo mundo interconectado requer que as
distintas regiões do planeta estejam em contato direto umas com as
outras.
Também foi notável o fato de que o Xeque
Abdullah passou mais tempo em visitas ao Brasil e ao México, os dois
gigantes da América Latina (Brasil é hoje considerado uma das
principais economias do mundo). Seu giro também incluiu Argentina,
Colômbia, Peru, Panamá, Nicarágua e República Dominicana, assim como
Cuba – o último Estado comunista da América Latina, onde transmitiu
aproximadamente a mesma mensagem sobre o estreitamento dos laços de
cooperação e melhor entendimento dos seus interesses mútuos.
Em muitos destes países, o representante
agradeceu aos governantes latino-americanos pelo apoio dado à bem
sucedida campanha de seu país para sediar a Agência Internacional de
Energias Renováveis [IRENA, de sua sigla em inglês]. Esta é a primeira
vez que uma agência de peso das Nações Unidas será baseada no fora do
eixo Europa-América do Norte. Os EAU organizaram uma importante
campanha diplomática para reunir apoio à candidatura, enfatizando que
por ser um grande produtor de petróleo, os EAU têm interesse particular
e mão de obra qualificada para o desenvolvimento de fontes de energia
mais sustentáveis. Esta foi a primeira vez que os diplomatas dos EAU
visitaram tantos Estados membros da ONU para convencê-los a votar num
projeto.
Isto permitiu ao Xeque Abdullah iniciar
suas visitas com uma mensagem específica, apresentando seu
agradecimento pela colaboração nesta campanha, o que é uma boa maneira
de quebrar o gelo com um novo correspondente. Após isso, ele pôde então
prosseguir, abordando aspectos mais práticos para aprofundar as
relações, o que, na maioria destes países, foi reconhecer que as
relações comerciais precisam ser definidas com bases mais seguras. Como
resultado, os comunicados publicados por cada país trataram de como
estabelecer acordos básicos para permitir e facilitar o livre comércio
de bens e serviços, tais como a assinatura de tratados de dupla
taxação, a implementação de acordos de proteção ao comércio e o reforço
da proteção ao investimento.
Além disso, o ministro de Relações
Exteriores e seus hóspedes falaram sobre o crescimento dos negócios em
distintos setores como a agricultura (os EAU, como a maioria dos
Estados do Golfo, é grande importador de alimentos) e o turismo (em
ambos os sentidos).
Eles também conversaram sobre interesses
mútuos no setor energético (o que é absolutamente normal em um encontro
com um dos maiores exportadores de hidrocarbonetos), mas o que
surpreendeu foi o interesse latino-americano em dialogar com os EAU
sobre energias renováveis. Isto mostra que Abu Dhabi [capital] está
para se preparando para oferecer o conhecimento que irá adquirir em
suas distintas iniciativas, como seu pacífico programa nuclear
possibilitado pela importação de combustível enriquecido e as novas
tecnologias desenvolvidas em Masdar [cidade ecológica planejada]. O
programa nuclear e Masdar estão projetando Abu Dhabi ao primeiro plano
na busca por energias renováveis.
A longo prazo, os Estados
latino-americanos e árabes têm muito o que conversar. Ambas são regiões
de rápido crescimento e enorme potencial, e têm plena consciência de
que as próximas décadas necessitarão que todos mantenham relações muito
mais próximas. As duas regiões se encontrarão em diversos fóruns,
buscando entendimentos comuns em questões como o aquecimento global,
reformas nas Nações Unidas e no FMI, implementação de acordos de livre
comércio através da Organização Mundial do Comércio, e mesmo no combate
aos crimes de tráfico de drogas e de seres humanos.
A visita do ministro de Relações
Exteriores à América Latino foi um ótimo começo para um longo e
importante processo de colaboração.
Francis Matthew
Tradução: Roberto Blum
Para acessar o texto original, clique aqui
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
VIDEOTECA SENSACIONAL: Partido Comunista Obrero Espanhol - PCOE
do blog Ocinematógrapho -Tito Flávio Bellini
O Partido Comunista Obrero Espanhol - PCOE, possui uma vioteca on line com videos raríssimos, todos disponíveis para serem assistidos on line. Vale mesmo a pena!
Clique aqui veja a página.
A ecologia do desenvolvimento
|
|
|
|
Como visão de mundo orgânica ao capitalismo, o liberalismo tem
limites insuperáveis para ir à raiz do impasse ecológico. A valorização
do capital pressiona à mais ampla mercantilização de bens e serviços; a
mercantilização cria incessantemente padrões artificiais e predatórios
de consumo, ao mesmo tempo em que a busca do lucro incentiva
tecnologias agressivas ao meio-ambiente; a crença nas virtudes do
mercado cria limites à regulação institucional dessas potências
destrutivas inscritas na dinâmica do capitalismo; valores do egoísmo,
da concorrência e da dominação minam uma cultura solidária, fraterna e
democrática receptiva a um novo paradigma ecológico.
É na crítica às potências destrutivas do liberalismo e de seu
paradigma que o maior economista brasileiro, Celso Furtado, construiu o
seu conceito de desenvolvimento. Revisitar essa obra é um caminho
necessário para contribuir para superar as antinomias entre
desenvolvimento e ecologia e vincular o desafio de superação da miséria
ao desafio ambiental.
O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado, é um livro de
exílio, escrito na Universidade de Cambridge em 1973 e editado no
Brasil no ano seguinte. Ele traz no centro do seu argumento a denúncia
da insustentabilidade ambiental do ciclo de crescimento desatado pelo
regime militar.
O pensador brasileiro havia lido, então, o estudo de um grupo de
economistas do Massachussets Institute of Thecnology (MIT), chamado “Os
limites do crescimento”, no qual se perguntavam o que aconteceria se os
padrões de consumo dos países ricos fossem universalizados e
reproduzidos em escala global. A resposta dos economistas é que a
poluição do meio-ambiente e a pressão sobre os recursos naturais
não-renováveis seriam de tal monta que levaria a um verdadeiro colapso
da civilização. O que faz Celso Furtado é integrar essa previsão ao seu
conceito de subdesenvolvimento, de dependência tecnológica e mimetismo
cultural, afirmando que a dinâmica do capitalismo leva à concentração
de renda e da riqueza e não à universalização dos padrões de consumo.
Mas integrava esse limite civilizacional do paradigma de produção e
consumo dominante para uma crítica de raiz do novo modelo de
crescimento vertiginoso assistido pelo Brasil de 1970 a 1973, com o PIB
sempre aumentado a mais de 10 % ao ano.
Furtado denunciava o padrão de um crescimento chamado à época de
“milagre econômico”, que provaria não ter bases históricas sólidas.
Chamava, então, de mito essa visão de futuro que assimilava
irreflexivamente desenvolvimento a progresso e progresso ao simples
crescimento econômico. Faz as perguntas fundamentais: “Por que ignorar,
na medição do PIB, o custo para a coletividade da destruição dos
recursos naturais não renováveis, e o dos solos e florestas
(dificilmente mensuráveis)? Por que ignorar a poluição das águas e a
destruição total dos peixes nos rios em que as usinas despejam seus
resíduos?”.
Armadilhas
O argumento de Furtado é que o crescimento baseado na concentração
da renda e no mimetismo de consumo dos países ricos leva a uma
artificial diversificação das mercadorias, conduz à produção
preferencial de bens de curta duração, produz, em escala ampliada,
desperdício, além de não incorporar o custo ecológico. Ele denuncia a
destruição da natureza e das culturas arcaicas ou tradicionais que
perecem ou são destruídas em função da homogeneização dos padrões
culturais.
É assim que conclui seu livro fundador da consciência ecológica
econômica brasileira: “Sabemos agora de forma irrefutável que as
economias da periferia nunca serão desenvolvidas, no sentido de
similares às economias que formam o atual centro do sistema
capitalista. Mas, como negar que essa idéia tem sido de grande
utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar
enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de culturas
arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o
meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o
caráter predatório do sistema produtivo?”. O grande desafio seria o de
definir grandes metas sociais e transformar o modelo econômico na
direção dessas metas.
Pensando desde a década de cinqüenta o tema do subdesenvolvimento, a
partir da crítica ao desenvolvimento desigual do capitalismo, criando
um sistema centro-periferia, e ao pensamento econômico convencional,
que pensava a superação do atraso na periferia como uma repetição de
estratégias de mercado supostamente verificadas no centro, Celso
Furtado aliou ao estruturalismo de suas análises uma perspectiva
histórica ampla dos acontecimentos. Esse método histórico-estrutural,
apto a pensar o movimento das estruturas e o deslocamento de padrões
históricos, permitiu que ele escrevesse o clássico Formação da economia
brasileira, enriquecendo a narrativa dos grandes pensadores do país.
Essa primeira vitória sobre o reducionismo econômico lhe permitiu
analisar que o subdesenvolvimento constituía uma produção histórica de
uma economia periférica, heterônoma, marcada pela irracionalidade dos
meios e dos fins. Dependência, exclusão, carecimento de verdadeiras
instituições republicanas, mimetismo cultural e predação do meio físico
vinham juntos. A economia nordestina, formula Furtado, ocupa
irracionalmente o agreste e preda na monocultura canavieira as terras
férteis. Um plano de desenvolvimento regional deveria permitir formas
mais racionais de ocupação, de produção nas terras férteis, de
incentivo seletivo à industrialização, de superação dos padrões
coronelísticos de dominação, de distribuição de renda e de irrigação
dos solos áridos com frutos democraticamente distribuídos.
Desenvolvimento e cultura
O ensaio dos economistas Oscar Burgueño e Octavio Rodriguez,
“Desenvolvimento e cultura”, editado em A grande esperança em Celso
Furtado (São Paulo: Editora 34, 2001), nos fala de uma segunda vitória
contra o reducionismo econômico, já presente desde as origens no
pensamento furtadiano, mas que viria a se desenvolver mais plenamente
em suas obras dos anos 1978 e 1984, respectivamente Criatividade e
dependência na civilização industrial e Cultura e desenvolvimento em
época de crise. Trata-se de pensar o próprio paradigma do
desenvolvimento à luz da cultura, dos paradigmas culturais que informam
as racionalidades e os valores.
Furtado identifica dois processos de criatividade humana: o primeiro
diz respeito à técnica e o segundo, aos valores que homens e mulheres
adicionam ao seu patrimônio existencial. Este último é definido como um
conjunto criativo capaz de ajudar homens e mulheres a se aprofundar em
seu autoconhecimento, através de atividades como a reflexão filosófica,
a meditação mística, a criação artística e a investigação científica.
Assim, o enriquecimento dessa cultura não-material seria um dos
aspectos-chave do desenvolvimento.
É por essa superação radical do economicismo que se funda a ecologia
do desenvolvimento em Celso Furtado, e ganha corpo, na raiz mesma do
seu pensamento, a crítica da “ideologia do progresso-acumulação”.
|
A farsa das eleições hondurenhas.....
EUA respaldam eleição em Honduras; Brasil e Argentina não
Contraditório com a decisão de seu país de condenar o golpe, o enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu nesta quarta-feira (19) a realização da eleição presidencial do próximo dia 29. O respaldo ao pleito aconteceu apesar do rompimento das negociações entre o governo golpista e o presidente deposto Manuel Zelaya. Já os governos brasileiro e argentino declararam que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que Zelaya seja restituído antes da votação.
"As
eleições hondurenhas são uma parte importante da solução para avançar
rumo ao futuro", disse, em Tegucigalpa, Craig Kelly, número dois do
Departamento de Estado americano para a América Latina, antes de voltar
aos EUA. "Ninguém tem o direito de tirar do povo hondurenho o direito
de votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas.
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br
Assinar:
Postagens (Atom)