Nesta vida, não se trata somente de produzir: também é preciso desfrutar.
Fonte:
http://www.elfinancierocr.com/blog/coaching/?p=2651
Tradução: Renzo Bassanetti
Vocês sabem melhor do que ninguém que no conhecimento e na cultura não há só esforço, mas também prazer.
Dizem que as pessoas que correm pela Rambla (avenida à beira-mar em
Montevidéu) chegam num ponto em que entram em uma espécie de êxtase,
onde já não existe o cansaço e fica somente o prazer.
Creio que com o conhecimento e a cultura acontece a mesma coisa.
Chega-se a um ponto onde estudar, ou pesquisar, ou aprender, já não são
um esforço, mas sim um prazer.
Que bom seria se esses manjares estivessem à disposição de muitas pessoas!
Que bom seria se, na cesta de qualidade de vida que o Uruguai pode
oferecer à sua gente houvesse uma boa quantidade de consumos
intelectuais, não para ser elegante, mas sim para dar prazer.
Porque pode se desfrutar disso com a mesma intensidade com que se pode desfrutar um prato de talharim.
Não há uma lista obrigatória das coisas que nos fazem felizes!
Alguns
podem pensar que o mundo ideal é um local repleto de shoppings centers.
Nesse mundo, as pessoas são felizes porque todos podem sair cheios de
sacolas de roupa nova e de caixas de eletrodomésticos.
Não tenho nada contra essa visão, digo somente que essa não é a única possível.
Digo que também podemos pensar em um país onde as pessoas escolhem
arrumar as coisas em vez de jogá-las fora, escolher um carro pequeno em
vez de um grande, escolher agasalhar-se em vez de aumentar a intensidade
da calefação.
Desperdiçar não é o que fazem as sociedades mais maduras.
Vão para a Holanda e vejam as ruas repletas de bicicletas.
Lá vocês vão se dar conta de que o consumismo não é a escolha da verdadeira aristocracia da humanidade.
É a escolha dos noveleiros e dos frívolos.
Os holandeses andam de bicicleta, usam-na para trabalhar mas também para ir aos concertos ou aos parques.
Isso é por que chegaram a um nível em que sua felicidade quotidiana se alimenta tanto de consumos materiais como intelectuais.
Dessa forma, amigos, vão e contagiem o prazer pelo conhecimento.
Paralelamente, minha modesta contribuição será de tratar de que os uruguaios andem de bicicletada em bicicletada.
A EDUCAÇÃO É O CAMINHO
E, amigos, a ponte entre este hoje e este amanhã que queremos tem um
nome e chama-se EDUCAÇÃO (com maiúsculas). E olhem que essa é uma ponte
comprida e difícil de atravessar, porque uma coisa é a retórica da
educação e outra coisa é que nos decidamos a fazer os sacrifícios que
implicam em lançar um grande esforço educativo ou sustentá-lo através do
tempo.
Os investimentos em educação são de lento rendimento, não atraem a
nenhum governo, mobilizam resistências e obrigam postergar outras
demandas, mas é necessário fazê-los.
Devemos isso a nossos filhos e nossos netos.
E é preciso fazê-lo agora, quando ainda está fresco o milagre
tecnológico da Internet e abrem-se oportunidades nunca vistas de acesso
ao conhecimento.
Eu me criei com o rádio, vi nascer a televisão, depois a televisão colorida, depois as transmissões via satélite.
Depois, resultou que na minha televisão apareciam quarenta canais,
incluindo os que transmitiam diretamente desde os Estados Unidos,
Espanha e Itália.
Depois, vieram os celulares e depois o computador, que no início só servia para processar números.
Em cada uma dessas vezes, fiquei com a boca aberta.
Mas agora, com a Internet, esgotou-se a capacidade da minha surpresa.
Sinto-me como aqueles humanos que viram a roda pela primeira vez.
Ou como os que viram o fogo pela primeira vez.
Estão se abrindo as portas de todas as bibliotecas e de todos os
museus; vão estar à disposição todas as revistas científicas e todos os
livros do mundo.
Provavelmente também todas os filmes e todas as músicas do mundo.
É estarrecedor.
Por isso, necessitamos que todos os uruguaios e, sobretudo, os uruguaiozinhos, saibam nadar nessa corrente.
É preciso entrar nessa corrente e navegar nela como um peixe na água.
Conseguiremos isso se está sólida a matriz intelectual da qual falamos antes.
Se nossas crianças sabem raciocinar nesse sentido e sabem fazer-se as perguntas que valem a pena.
É como uma rodovia de duas pistas, lá em cima o mundo do oceano da
informação, aqui em baixo preparando-nos para a navegação
transatlântica.
Escolas de turno integral, faculdades no interior, ensino superior
massificado. E, provavelmente, inglês desde o pré-escolar no ensino
público, porque o inglês não é o idioma que falam os ianques, é o idioma
com o qual os chineses se entendem com o mundo. Não podemos ficar de
fora.
Essas são as ferramentas que nos habilitam a interagir com a explosão
universal do conhecimento. Esse mundo novo não nos simplifica a vida,
mas a complica. Nos obriga a ir mais longe e mais fundo na educação.
Não há tarefa maior diante de nós.