Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Mulheres, Irã e esquerda
Como é bom ser Colorado!
Centenário, Campeão do Mundo – FIFA, da Libertadores, da
Sul-americana, da Recopa, da Suruga, da Copa do Brasil, Tricampeão
Brasileiro, Multicampeão Gaúcho, e por aí vai... O que mais te falta
Colorado, depois de ganhar TUDO?
Pois é, mas hoje tem mais, começará TUDO DE NOVO! Tu não perdoas, Colorado! Tu com tantos... Mas é assim, tu gostas mesmo é de sempre ser o primeiro.
O Mundo te respeita, a imprensa te reconhece, teus adversários te temem, teus guerreiros lutam por ti, tua torcida te ama!
Aliás, que mística é esta que apaixona e faz chorar um Gaúcho dos quatro costados? Que magia é esta? Sabemos todos, é a tua história. Da Rua Arlindo para o Mundo, os Irmãos Poppe não tinham a noção de que este Clube se tornasse tão grande e tão conquistador, a tal ponto de ter todos os troféus do Mundo aos seus pés.
De onde vem esta força, este poder? Indagam todos!
A resposta é simples: os que fizeram o Colorado um Clube desta grandeza foram aqueles que assistiam no alambrado da Rua Arlindo; aqueles que construíram cada pedaço dos Eucaliptos, do pavilhão de madeira à arquibancada de concreto; aqueles que construíram pedaço a pedaço do maior templo do futebol no Sul do País, o Gigante da Beira-Rio, aqueles que vibram e se emocionam quando a camisa vermelha está na disputa.
És tu mesmo, torcedor colorado, mesmo que não estejas mais aqui, mas a tua força está; tu que irás ao Beira-Rio ou ficarás na torcida. Tu és o protagonista da história vencedora do S. C. Internacional. É a paixão por este Clube de Futebol que o faz gigante.
Torcedor: quarta-feira é o teu dia!
Colorado, teu povo estará junto contigo, para continuar a festa!
Pois é, mas hoje tem mais, começará TUDO DE NOVO! Tu não perdoas, Colorado! Tu com tantos... Mas é assim, tu gostas mesmo é de sempre ser o primeiro.
O Mundo te respeita, a imprensa te reconhece, teus adversários te temem, teus guerreiros lutam por ti, tua torcida te ama!
Aliás, que mística é esta que apaixona e faz chorar um Gaúcho dos quatro costados? Que magia é esta? Sabemos todos, é a tua história. Da Rua Arlindo para o Mundo, os Irmãos Poppe não tinham a noção de que este Clube se tornasse tão grande e tão conquistador, a tal ponto de ter todos os troféus do Mundo aos seus pés.
De onde vem esta força, este poder? Indagam todos!
A resposta é simples: os que fizeram o Colorado um Clube desta grandeza foram aqueles que assistiam no alambrado da Rua Arlindo; aqueles que construíram cada pedaço dos Eucaliptos, do pavilhão de madeira à arquibancada de concreto; aqueles que construíram pedaço a pedaço do maior templo do futebol no Sul do País, o Gigante da Beira-Rio, aqueles que vibram e se emocionam quando a camisa vermelha está na disputa.
És tu mesmo, torcedor colorado, mesmo que não estejas mais aqui, mas a tua força está; tu que irás ao Beira-Rio ou ficarás na torcida. Tu és o protagonista da história vencedora do S. C. Internacional. É a paixão por este Clube de Futebol que o faz gigante.
Torcedor: quarta-feira é o teu dia!
Colorado, teu povo estará junto contigo, para continuar a festa!
Samanta Cardoso Bertei,
Presidente da Confraria Tambores de Yokohama.
Email: presidente@tamboresdeyokohama. com.br
"TAMBORES": DE YOKOHAMA A ABU DHABI 2010!
Presidente da Confraria Tambores de Yokohama.
Email: presidente@tamboresdeyokohama.
"TAMBORES": DE YOKOHAMA A ABU DHABI 2010!
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Ainda a grande mídia
Wladimir Pomar no Correio da Cidadania | |
A campanha machista da justiça eleitoral continua sendo veiculada, sem
que a própria e, ao que se saiba, nenhum dos partidos e candidatas,
tenha se dado conta. É verdade que o TSE decidiu cobrar dos partidos a
cota de 30% de mulheres inscritas como candidatas, o que torna ainda
mais contraditória sua campanha institucional.
Porém, foi na cobertura da grande mídia onde as coisas parecem haver
mudado um pouco. As recentes pesquisas de opinião, publicadas na última
semana, indicaram um crescimento da candidata Dilma e uma queda do
candidato Serra. O que impôs à grande imprensa algumas flexões táticas
interessantes.
Ao que tudo indica, ela passou a acreditar que não apenas a candidata
Marina, mas também o candidato Plínio, tiram votos de Dilma. Em virtude
dessa "descoberta", decidiu aumentar a cobertura da candidatura Marina e
dar visibilidade à candidatura Plínio. No entanto, é difícil saber até
que ponto tal desvio tático pode favorecer Serra.
A candidatura Plínio certamente está em confronto aberto com a
candidatura Dilma. Porém, não parece querer dar trégua às candidaturas
Serra e Marina, nem criar uma frente anti-Dilma. Isso foi o que se viu
durante os debates em que Plínio participou. Nessas condições, o tiro da
grande mídia pode sair pela culatra. Se quiser, Plínio pode colocar a
nu a natureza das candidaturas Serra e Marina. Se ele continuar nessa
batida, não será de estranhar que sua candidatura suma da cobertura da
grande imprensa nos próximos dias.
A candidatura Marina é uma contradição viva. Ela, ao mesmo tempo em que
pretende continuar todos os programas do governo Lula, deseja adotar
várias medidas que podem liquidar com tais programas. Em outras
palavras, da mesma forma que Serra, que tem dificuldades em atacar os
feitos do governo e promete "fazer mais", Marina se vê obrigada a
prometer continuar o que não pretende continuar.
Marina quer que parte do eleitorado de Dilma acredite que ela é melhor
do que a ex-ministra para dar continuidade à "parte boa" do governo
Lula, sem explicitar claramente que pretende mudar tudo. Por outro lado,
acena para o PSDB e DEM, assim como para o PMDB e outros partidos,
prometendo um "governo de união nacional", embora ataque as alianças de
Dilma como indesejáveis.
Esses pontos nevrálgicos da candidatura Marina começaram a ser trazidos à
luz justamente pela candidatura Plínio. Podem, além disso, ser atacados
a qualquer momento pela candidatura Dilma. Talvez nisso consista um dos
problemas da grande mídia ao tentar inflar a candidatura Marina. Esta
se vê cada vez mais obrigada a expor suas contradições publicamente,
embora tente superar essa dificuldade falando rápido e, às vezes, frases
que não têm muito sentido.
Por outro lado, como seu eleitorado parece ser constituído
principalmente por setores letrados da classe média, a constante
exposição midiática dessas contradições poderá terminar sendo mais
prejudicial do que favorável, em especial se seus pontos nevrálgicos
forem desnudados pelos adversários.
Finalmente, uma pequena observação sobre o candidato Serra, cujos
partidos de sustentação, PSDB e DEM, dizem ter horror a promessas
demagógicas e populistas. Os custos dos investimentos em hospitais,
clínicas, ambulatórios, escolas e outras obras, prometidos por Serra em
suas andanças eleitorais, provavelmente já são superiores ao PIB do
país. Aposto que, se Dilma estivesse fazendo promessas desse tipo,
vários repórteres e economistas da grande mídia já teriam recebido a
incumbência de fazer os cálculos, que seriam publicados com
estardalhaço.
Wladimir Pomar é analista político e escritor.
|
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Movimentos sociais e partidos de esquerda deram o tom do FSA
"É muito importante que o Fórum Social das Américas tenha chegado à sua quarta edição, que mantenha continuidade. E de fato o evento tem tido regularidade, o que por si já é uma vitória dos movimentos sociais". Com esta frase o Secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Ricardo Abreu Alemão, iniciou a breve avaliação que fez do 4º Fórum Social das Américas (FSA) ao Vermelho.
Alemão, destacou ainda dois outros
aspectos: a importância do FSA ter ocorrido no Paraguai e a grande
participação camponesa e indígena nos cinco dias de Fórum (11 a 15 de
agosto). Para ele, a escolha do Paraguai, ora governado por um
presidente progressista, Fernando Lugo, representa um apoio a um governo
que precisa ser consolidado.
A grande participação camponesa e indígena se explica pela mobilização feita pela Via Campesina. Muitos guaranis participaram das atividades. Além dos próprios paraguaios, destacou-se a presença de bolivianos no 4º FSA. Ricardo Abreu acredita que esta presença demonstra o caráter popular do encontro.
A delegação brasileira ajudou a dar o tom do Fórum, tendo participado por exemplo, via Cebrapaz, da organização da campanha continental América Latina e Caribe, uma região de paz”, pela erradicação de bases militares estrangeiras no continente. A plenária de lançamento da campanha contou com a participação de mais de 200 pessoas, tendo formado uma coordenação ampla para conduzir a campanha no continente.
Estudantes e trabalhadores
Dois setores importantes dos movimentos sociais brasileiros também tiveram papel ativo durante o Fórum: os estudantes e os trabalhadores. A organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (Oclae) organizou com êxito o 4º Encontro Continental dos Estudantes, reunindo cerca de 200 jovens para debater a organização do movimento estudantil nos países e a luta contra a mercantilização da educação. Uma das metas do movimento é ampliar a organização dos estudantes secundaristas, visto que apenas três países em todo o continente possuem entidade nacional de representação do segmento: Brasil, Uruguai e Cuba. O movimento sindical realizou o encontro Nossa América.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick, disse que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que esteve no Brasil nesta semana para tratamento médico, agradeceu a hospitalidade brasileira manifestada pelo vice-presidente José Alencar, que o visitou no hospital.
A Aliança Internacional de Habitantes (AIH) também deu seu recado, em duas oficinas, uma da campanha Despejo Zero, lançada em 2007, e a outra lançando a Assembleia Mundial de Habitantes em 2011, em Dakar (Senegal), sede do próximo Fórum Social Mundial.
Partidos de esquerda
A Fundação Maurício Grabois (FMG), em conjunto com a Fundação Perseu Abramo (FPA) e o Foro de São Paulo, promoveu, no sábado (14), painéis que buscaram analisar e debater o papel dos governos de esquerda na América Latina com vistas à construção da integração solidária neste singular momento de comemoração do bicentenário da independência dos países latino-americanos, bem como a luta contra as estratégias de dominação imperialista e de militarização. Partidos políticos do Brasil, de Cuba, da Venezuela e da Argentina discutiram a situação atual do continente, com seus pontos fortes e fracos.
Outro tema que mereceu destaque foi o dos desafios e as perspectivas da luta política no Brasil, abordado em mesa organizada pelas duas fundações brasileiras (FMG e FPA). A mesa foi composta por Fernando Apparício Silva, assessor especial do Ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil; Ricardo Abreu Alemão, secretário de Relações Internacionais do (PCdoB) e membro da Fundação Maurício Grabois; Valter Pomar, do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e secretário executivo do Foro de São Paulo; Adeilson Teles, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Nivaldo Santana, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Os debatedores expuseram a situação política brasileira e deram boas perspectivas para a eleição presidencial que ocorre em outubro. Além de discutirem sobre a campanha brasileira, o programa da Dilma, e desafios da esquerda brasileira, foram portadores de bons informes sobre a campanha eleitoral, visto que durante o FSA foi publicada pesquisa do Datafolha confirmando a liderança da candidata do PT com 41% das intenções de voto.
Velho comunista
Durante o Fórum, foi realizada ainda uma justa homenagem ao fundador e histórico dirigente do Partido Comunista do Paraguai, Ananias Maidana. O veterano lutador havia sido condecorado em março pelo governo paraguaio, com a Ordem Nacional do Mérito em grau de "Gran Cruz". A honraria foi concedida por sua "incansável luta pela democracia e justiça social", diz o decreto. Mais que uma simples homenagem, a distinção é um sinal de que os tempos, felizmente, mudaram, já que há pouco mais de 20 anos os comunistas eram alvo de perseguição pela ditadura de Alfredo Stroessner.
Entretanto, o ponto alto do FSA foi a Assembleia dos Movimentos Sociais, prestigiada com a presença de três chefes de Estado e cerca de 5 mil pessoas. O ato reuniu os presidentes Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai) e José Mujica (Uruguai), que aproveitaram a ocasião da discutir a reativação de um bloco energético entre os três países. Para a presidente da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), Bartíria Costa, que participou da mesa representando a AIH, a assembleia dos movimentos e o documento por ela aprovado "valeram o Fórum".
"Em resumo, o Fórum Social das Américas demonstra a importâica desse processo do Fórum Social Mundial sintonizado com as mudanças na América Latina e com esses novos governos progressistas no continente. O Fórum tem que refletir essa realidade, que assim ele se politiza e intervém nessa realidade. Esse é o papel dos movimentos sociais. Quanto mais o Fórum Social se aproxima deste debate, mais relevante ele fica, e o 4º Fórum Social das Américas conseguiu cumprir este papel", resumiu Ricardo Abreu Alemão.
Da redação do Vermelho, Luana Bonone
A grande participação camponesa e indígena se explica pela mobilização feita pela Via Campesina. Muitos guaranis participaram das atividades. Além dos próprios paraguaios, destacou-se a presença de bolivianos no 4º FSA. Ricardo Abreu acredita que esta presença demonstra o caráter popular do encontro.
A delegação brasileira ajudou a dar o tom do Fórum, tendo participado por exemplo, via Cebrapaz, da organização da campanha continental América Latina e Caribe, uma região de paz”, pela erradicação de bases militares estrangeiras no continente. A plenária de lançamento da campanha contou com a participação de mais de 200 pessoas, tendo formado uma coordenação ampla para conduzir a campanha no continente.
Estudantes e trabalhadores
Dois setores importantes dos movimentos sociais brasileiros também tiveram papel ativo durante o Fórum: os estudantes e os trabalhadores. A organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (Oclae) organizou com êxito o 4º Encontro Continental dos Estudantes, reunindo cerca de 200 jovens para debater a organização do movimento estudantil nos países e a luta contra a mercantilização da educação. Uma das metas do movimento é ampliar a organização dos estudantes secundaristas, visto que apenas três países em todo o continente possuem entidade nacional de representação do segmento: Brasil, Uruguai e Cuba. O movimento sindical realizou o encontro Nossa América.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick, disse que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que esteve no Brasil nesta semana para tratamento médico, agradeceu a hospitalidade brasileira manifestada pelo vice-presidente José Alencar, que o visitou no hospital.
A Aliança Internacional de Habitantes (AIH) também deu seu recado, em duas oficinas, uma da campanha Despejo Zero, lançada em 2007, e a outra lançando a Assembleia Mundial de Habitantes em 2011, em Dakar (Senegal), sede do próximo Fórum Social Mundial.
Partidos de esquerda
A Fundação Maurício Grabois (FMG), em conjunto com a Fundação Perseu Abramo (FPA) e o Foro de São Paulo, promoveu, no sábado (14), painéis que buscaram analisar e debater o papel dos governos de esquerda na América Latina com vistas à construção da integração solidária neste singular momento de comemoração do bicentenário da independência dos países latino-americanos, bem como a luta contra as estratégias de dominação imperialista e de militarização. Partidos políticos do Brasil, de Cuba, da Venezuela e da Argentina discutiram a situação atual do continente, com seus pontos fortes e fracos.
Outro tema que mereceu destaque foi o dos desafios e as perspectivas da luta política no Brasil, abordado em mesa organizada pelas duas fundações brasileiras (FMG e FPA). A mesa foi composta por Fernando Apparício Silva, assessor especial do Ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil; Ricardo Abreu Alemão, secretário de Relações Internacionais do (PCdoB) e membro da Fundação Maurício Grabois; Valter Pomar, do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e secretário executivo do Foro de São Paulo; Adeilson Teles, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Nivaldo Santana, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Os debatedores expuseram a situação política brasileira e deram boas perspectivas para a eleição presidencial que ocorre em outubro. Além de discutirem sobre a campanha brasileira, o programa da Dilma, e desafios da esquerda brasileira, foram portadores de bons informes sobre a campanha eleitoral, visto que durante o FSA foi publicada pesquisa do Datafolha confirmando a liderança da candidata do PT com 41% das intenções de voto.
Velho comunista
Durante o Fórum, foi realizada ainda uma justa homenagem ao fundador e histórico dirigente do Partido Comunista do Paraguai, Ananias Maidana. O veterano lutador havia sido condecorado em março pelo governo paraguaio, com a Ordem Nacional do Mérito em grau de "Gran Cruz". A honraria foi concedida por sua "incansável luta pela democracia e justiça social", diz o decreto. Mais que uma simples homenagem, a distinção é um sinal de que os tempos, felizmente, mudaram, já que há pouco mais de 20 anos os comunistas eram alvo de perseguição pela ditadura de Alfredo Stroessner.
Entretanto, o ponto alto do FSA foi a Assembleia dos Movimentos Sociais, prestigiada com a presença de três chefes de Estado e cerca de 5 mil pessoas. O ato reuniu os presidentes Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai) e José Mujica (Uruguai), que aproveitaram a ocasião da discutir a reativação de um bloco energético entre os três países. Para a presidente da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), Bartíria Costa, que participou da mesa representando a AIH, a assembleia dos movimentos e o documento por ela aprovado "valeram o Fórum".
"Em resumo, o Fórum Social das Américas demonstra a importâica desse processo do Fórum Social Mundial sintonizado com as mudanças na América Latina e com esses novos governos progressistas no continente. O Fórum tem que refletir essa realidade, que assim ele se politiza e intervém nessa realidade. Esse é o papel dos movimentos sociais. Quanto mais o Fórum Social se aproxima deste debate, mais relevante ele fica, e o 4º Fórum Social das Américas conseguiu cumprir este papel", resumiu Ricardo Abreu Alemão.
Da redação do Vermelho, Luana Bonone
Uma viagem instrutiva à China: Reflexões de um filósofo
Domenico Losurdo- OdiarioInfo
Este
importante texto de Domenico Losurdo é bastante mais do que um
invulgarmente lúcido testemunho de diferentes aspectos do que pôde
observar em recente viagem à China.
É uma profunda reflexão que, assente em sólido conhecimento da sua
complexa realidade e evolução histórica e fundamentada no marxismo,
desmonta e denúncia muitas das distorções e preconceitos que a ideologia
dominante (incluindo a sua variante oportunista «de esquerda») todos os
dias procura inculcar acerca da República Popular da China.
De
3 a 16 de Julho tive o privilégio de visitar algumas cidades e
realidades da China, no âmbito duma delegação convidada pelo Partido
Comunista chinês, delegação de que também faziam parte representantes
dos partidos comunistas de Portugal, da Grécia e de França e da Linke
alemã: quanto à Itália, para alem do abaixo assinado, participaram na
viagem Vladimiro Giacchè e Francesco Maringiò. Este texto não é um
diário nem uma crónica: são apenas reflexões fruto duma experiência
extraordinária.
1. A primeira coisa que salta aos olhos no decurso do encontro com
os representantes do Partido comunista chinês e com os dirigentes das
fábricas, das escolas e dos bairros visitados, é a tónica autocrítica,
digamos mesmo a paixão autocrítica de que dão provas os nossos
interlocutores. Neste ponto, é evidente a rotura com a tradição do
socialismo real. Os comunistas chineses não deixam de sublinhar que o
caminho a percorrer é longo, e numerosos e gigantescos são os problemas a
resolver e os desafios a enfrentar, e que, apesar de tudo, o seu país
continua a fazer parte do Terceiro Mundo.
Na verdade, no decurso da nossa viagem, não encontrámos esse
Terceiro Mundo. Pelo menos em Pequim, que fascina com o seu aeroporto
ultramoderno e reluzente, e ainda menos em Qingdao, onde se desenrolaram
os Jogos Olímpicos 2008 e que lembra uma cidade ocidental duma beleza e
elegância especiais e com um nível de vida elevado. Também não
encontrámos o Terceiro Mundo quando nos afastámos 1 500 km das regiões
orientais e costeiras, as que são mais desenvolvidas e aterrámos em
Chongqing, a enorme megalópole que contém um total de 32 milhões de
habitantes e que, até há alguns anos, parecia ter dificuldade em
acompanhar o milagre económico. Não temos dúvidas de que o Terceiro
Mundo existe ainda no enorme país asiático, mas o encontro falhado com
ele foi consequência não da vontade de esconder os pontos fracos da
China moderna, mas do facto de que o impetuoso crescimento em curso já
há mais de trinta anos está a reduzir, a diminuir e a fraccionar a um
ritmo acelerado a área do subdesenvolvimento, que se esbate numa lonjura
cada vez mais distante.
No ocidente não faltarão, a este propósito, os que vão fazer uma
careta: desenvolvimento, crescimento, industrialização, urbanização,
milagre económico duma amplitude e duração sem precedentes na história,
que vulgaridade! Este snobismo do belo mundo parece considerar
insignificante o facto de que milhões de pessoas tenham escapado a um
destino que os condenava à subnutrição, à fome e mesmo à morte por
inanição. E os que acham que o desenvolvimento das forças produtivas é
apenas uma questão de bem-estar económico e de consumismo deviam ler (ou
reler) as páginas do Manifesto do partido comunista que põe em
evidência o idiotismo duma vida rural circunscrita pela miséria,
incluindo a cultural, das fronteiras apertadas e intransponíveis. Quando
visitamos hoje as maravilhas da Cidade imperial em Pequim e, a alguns
quilómetros de distância, a Grande Muralha, deparamos com um fenómeno
que não existia não apenas no longínquo 1973, mas até mesmo no ano 2000,
ou seja, nas minhas duas viagens anteriores à China. Hoje em dia, salta
aos olhos a presença maciça de visitantes chineses: são turistas com
características especiais: chegam frequentemente dum canto remoto do
enorme país; provavelmente é a primeira vez que visitam a capital; no
plano cultural começam a apropriar-se de certa forma da noção de
civilização muito antiga de que fazem parte.; deixam de ser simples
camponeses ligados como numa prisão ao quinhão de terra que cultivam e
tornam-se verdadeiramente cidadãos dum país cada vez mais aberto ao
mundo.
Muito depois das horas de abertura para a visita dos monumentos e
museus, a praça Tienanmen continua a formigar de pessoas: são muitos os
que esperam e observam com orgulho o içar das cores da República Popular
da China. Não, não se trata de chauvinismo: os chineses gostam de ser
fotografados com visitantes estrangeiros (eu também fui alvo e aceitei
com prazer pedidos deste género): é como se convidassem o resto do mundo
a festejar com eles o regresso duma civilização muito antiga, oprimida e
humilhada durante muito tempo pelo imperialismo. Não há a menor dúvida:
o prodigioso desenvolvimento das forças produtivas não se limitou a
arrancar da miséria e das privações centenas de milhões homens e de
mulheres; assegurou-lhes uma dignidade individual e nacional,
permitiu-lhes alargar consideravelmente o seu horizonte abrindo-se
perante o enorme país de que fazem parte e, mais ainda, perante o mundo
inteiro.
2. Mas o desenvolvimento das forças produtivas não é sinónimo de
degradação e destruição da natureza? Eis-nos em presença duma
preocupação, e até mesmo duma certeza evidenciada de modo especialmente
gritante pela esquerda ocidental. Vemos nisto aflorar uma estranha visão
da natureza, que é considerada doente se as plantas murcham e secam mas
que, segundo parece, é considerada perfeitamente sã se os que definham e
morrem em massa são os homens e as mulheres. Há um certo ecologismo que
acaba por escavar ainda mais profundamente o abismo que, no entanto,
pretende querer criticar, entre o mundo humano e o mundo natural. Mas,
mesmo assim, concentremo-nos na natureza no seu sentido estrito. Há uns
tempos um historiador bastante conhecido (Niall Ferguson) escreveu um
artigo, publicado também no Corriere della Sera, que logo no título
denunciava “a guerra da China à natureza”. Na realidade, logo no longo
percurso que vai do aeroporto de Pequim à Grande Muralha, e no outro
longo trajecto que, seguindo um outro percurso, vai do centro de Pequim
ao aeroporto, apercebemo-nos duma quantidade impressionante de árvores
obviamente recentemente plantadas, no âmbito dum projecto bastante
ambicioso de reflorestação e de extensão da superfície florestal em que
todo o país investe. Uns dias antes do fim da nossa viagem tivemos a
possibilidade de visitar uma área ecológica de 10 quilómetros quadrados,
situada nos arredores de Weifang, uma cidade do nordeste em rápida
expansão, dedicada ao desenvolvimento da alta tecnologia mas que
simultaneamente quer distinguir-se pela sua qualidade de vida. A área
ecológica, cujo acesso é livre e gratuito para toda a gente, e que só
pode ser visitada a pé ou com um minúsculo autocarro aberto e movido a
electricidade, foi libertada recuperando um território até então
muitíssimo degradado e que actualmente resplandece numa beleza
encantadora e serenidade. O desenvolvimento industrial e económico não
está em contradição com o respeito pelo ambiente. Claro que o equilíbrio
entre estas duas exigências é extremamente difícil num país como a
China, que tem que alimentar um quinto da população mundial tendo apenas
à sua disposição um sétimo da superfície cultivável: é neste
enquadramento que devem ser situados os erros praticados e os grandes
prejuízos infligidos ao ambiente nos anos em que a prioridade absoluta
era o arranque económico necessário para pôr fim o mais rapidamente
possível à desnutrição e à miséria das massas. Mas esta fase felizmente
foi ultrapassada: actualmente é possível promover um ecologismo que,
enquanto garante a vida das árvores e das flores, também saiba garantir a
vida e a saúde dos homens e das mulheres.
3. Já falei da paixão autocrítica que parece caracterizar os
comunistas chineses. São eles que insistem no carácter intolerável, em
especial, do fosso crescente entre cidades e campo, entre zonas litorais
por um lado e o centro e o oeste do país por outro. Esses fenómenos não
são a demonstração do desvio capitalista da China? É uma tese que está
amplamente espalhada na esquerda ocidental e que parece encontrar eco
entre alguns membros da nossa delegação multipartidária. No debate
franco e vivo que se desenvolve, intervenho com uma pontuação por assim
dizer “filosófica”. Podemos proceder a duas comparações bastante
diferentes uma da outra. Não podemos comparar o “socialismo de mercado”
com o socialismo a que chamamos dos nossos “desejos”, com o socialismo
de certa forma maduro, e portanto pôr em evidência os limites, as
contradições, as desarmonias, as desigualdades que caracterizam o
primeiro: são os próprios comunistas chineses que insistem no facto de
que o país que dirigem está apenas na “fase primária do socialismo”,
fase destinada a durar até à metade deste século, confirmando a grande
duração e a complexidade do processo de transição necessário para chegar
à edificação duma sociedade nova. Mas, isso não torna lícito confundir o
“socialismo de mercado” com o capitalismo. Como ilustração da diferença
radical que subsiste entre os dois podemos ter que recorrer a uma
metáfora. Na China estamos na presença de dois comboios que se afastam
da gare chama “Subdesenvolvimento”. Sim, um desses dois comboios é muito
rápido, o outro de velocidade mais reduzida: por causa disso, a
distância entre os dois aumenta progressivamente, mas não podemos
esquecer que os dois avançam na mesma direcção; e também é preciso
lembrar que não faltam os esforços para acelerar a velocidade do comboio
relativamente menos rápido e que, de qualquer modo, dado o processo de
urbanização, os passageiros do comboio muito rápido são cada vez mais
numerosos. No âmbito do capitalismo, pelo contrário, os dois comboios em
questão avançam em direcções opostas. A última crise pões em destaque
um processo em acção desde há várias décadas: o aumento da miséria das
massas populares e o desmantelamento do Estado social encontram-se a par
da concentração da riqueza nas mãos duma oligarquia parasitária
restrita.
4. E, no entanto, entre os comunistas chineses cresce a intolerância
no que se refere ao afastamento entre zonas litorais e áreas do
centro-oeste, entre cidades e campo e no seio da própria cidade. É uma
atitude observada com surpresa e agrado por toda a delegação da Europa
ocidental. Esta intolerância exibe-se de forma aguda em Chongqing, a
metrópole situada a 1 500 quilómetros de distância da costa. A palavra
de ordem (Vão para oeste!), que incita a estender ao centro e ao oeste
do enorme país os prodigiosos desenvolvimentos do leste, foi lançada já
há dez anos. Os primeiros resultados são visíveis: por exemplo, o Tibete
e a Mongólia interior exibem nos últimos anos uma taxa de crescimento
superior à média nacional. Não é o caso de Xinjiang onde, em 2009 (o ano
da crise), em relação a uma média nacional de 8,7%, o PIB “só” aumentou
8,1%. E foi em Xinjiang precisamente que se derramou, durante as
últimas semanas e meses, uma nova vaga de financiamentos e de
estimulantes. Mas agora, para além das regiões habitadas por minorias
nacionais, a que o governo central dedica evidentemente uma atenção
especial, trata-se de aplicar a nível geral uma aceleração decisiva e um
significado novo e mais radical à política do Vão para oeste!
Tornada num município autónomo sob a dependência directa do governo
central (na mesma situação estão Pequim, Xangai e Tianjin) e podendo
assim beneficiar de estimulantes e de apoios de todo o tipo, Chongqing
aspira a tornar-se na nova Xangai, ou seja, aspira não só em ultrapassar
o atraso mas atingir o nível da China mais avançada, e constituir um
ponto de referência também no plano mundial. A megalópole situada no
interior do grande país asiático aparece diante dos nossos olhos como um
enorme estaleiro: a actividade de potencialização das infra-estruturas
desenvolve-se em pleno, tal como a da construção de fábricas, de
escritórios, de habitações civis; as fileiras de árvores recém-plantadas
e ciosamente tratadas saltam aos olhos, tal como as sebes de verdura
que ladeiam e por vezes também separam estradas e auto-estradas. Sim,
porque para lá do milagre económico, Chongqing persegue um objectivo
ainda mais ambicioso: pretende apresentar-se a toda a nação como um
“novo modelo” de desenvolvimento, regulando melhor e de modo mais
“harmonioso” as relações no interior da cidade, entre cidade e campo e
entre homem e natureza. Naquilo que deverá vir a ser a nova Xangai, a
referência a Mão Zedong é permanente, e não se trata apenas da homenagem
devida ao grande protagonista da luta de libertação nacional do povo
chinês, ao pai da pátria que, e não por acaso, está na praça Tienanmen e
nas notas do banco; trata-se de levar a sério a retoma do “pensamento
de Mão Zedong”, inscrito no estatuto do Partido comunista chinês. Em
Chongqing temos a nítida impressão de que começaram os debates e,
pressupomos, a luta política para a preparação do Congresso previsto
para daqui a dois anos.
Convém, neste momento, livrarmo-nos de um equívoco possível: a
discussão não se trava sobre a política de reforma e de abertura
definida há mais de trinta anos na Terceira sessão plenária do XI comité
central (18-22 de Dezembro de 1978): no Estatuto do PCC está inscrita
também a retoma da “teoria de Deng Xiaoping” e da “importante ideia das
três representações”, apesar de a categoria de “pensamento” querer ter
uma importância estratégica maior do que a categoria de “teoria” (que
faz referência a uma conjuntura, apesar de ser uma conjuntura de longo
prazo) e que a categoria de “ideia” (a qual, por mais “importante” que
seja, designa uma contribuição sobre um aspecto determinado). Mas, acima
de tudo, ninguém quer voltar à situação em que na China não havia
“igualdade” senão no sentido em que os dois comboios da metáfora que
utilizei várias vezes estavam ambos parados na gare “Subdesenvolvimento”
ou se afastavam dela lentamente. Não, de agora em diante pode-se
considerar como definitivamente adquirida a consciência segundo a qual o
socialismo não é a distribuição igual da miséria. Tanto mais que uma
“igualdade” dessas é totalmente ilusória e pode mesmo funcionar ao
contrário. Quando a miséria atinge um certo nível, pode conter o risco
da morte por inanição. Nesse caso, por mais modesto e reduzido que seja,
o naco de pão que garante a sobrevivência aos mais sortudos assinala
apesar de tudo uma desigualdade absoluta, a desigualdade absoluta que se
mantém entre a vida e a morte. Foi, antes da introdução da política de
reforma e de abertura, o que se constatou nos anos mais trágicos da
República Popular da China: consequência quer da herança catastrófica
derivada da pilhagem e da opressão imperialista, quer do embargo
impiedoso imposto pelo ocidente, quer dos graves erros praticados pela
nova direcção política. A centralidade do dever de desenvolvimento das
forças produtivas mantém-se pois garantida, mas essa centralidade pode
ser interpretada de modo sensivelmente diferente…
5. A pessoa que foi chamada para dirigir Chongqing é Bo Xilai, o
brilhante ex-ministro do comércio exterior. É uma circunstância que nos
permite reflectir sobre o processo de formação do grupo dirigente na
China. Um representante do governo central que, no desenvolvimento da
sua função, se distinguiu e adquiriu um prestígio até mesmo no plano
internacional, é enviado para a província para enfrentar uma tarefa de
natureza diferente e de proporções gigantescas. Combatendo a corrupção
de modo capilar e radical e propondo na teoria e na prática real de
governação um “modelo novo”, destinado a queimar etapas na liquidação
das desigualdades que se tornaram intoleráveis, e na ralização da
“sociedade harmoniosa”, Bo Xilai suscitou um debate nacional: é fácil
prever a sua presença numa posição eminente no grupo dirigente que sairá
do XVIII Congresso do PCC, apesar de que seria um erro dar como dado
adquirido o resultado desse debate (e da luta política) em curso.
Portanto: a concluir um período de incertezas, de conflitos e de
violências, à primeira geração de revolucionários que tinham no centro
Mao Zedong, sucedeu a segunda geração de revolucionários com Deng
Xiaoping no centro. Seguiram-se depois a terceira e a quarta gerações de
revolucionárias tendo ao centro, respectivamente, Jiang Zenin e Hu
Jintao. Do próximo congresso do Partido sairá a quinta geração de
revolucionários. É um perspectiva dada em seu tempo por Deng Xiaoping
que confirmou assim a sua clarividência e a sua lucidez na construção do
Partido e do Estado: a personalização do poder e o culto da
personalidade foram ultrapassados; pôs-se fim à ocupação vitalícia dos
cargos políticos; afirmou-se um processo de formação e de secção dos
grupos dirigentes que, até agora, tem dado excelentes resultados.
6. Mas até onde podemos considerar como socialista o “socialismo de
mercado” teorizado e praticado pelo Partido comunista chinês? Na
delegação multicolorida que vem do ocidente não faltam as dúvidas, as
perplexidades, as críticas abertas. Desenvolve-se um debate, aberto e
aceso, mais uma vez encorajado pelos nossos interlocutores e anfitriões.
Não subsistem dúvidas de que, na sequência da afirmação da política de
reforma e de abertura, a área da economia do Estado foi restringida e
que a área da economia privada se alargou: estaremos na presença dum
processo de restauração do capitalismo? Os comunistas chineses fazem
notar que o papel central e dirigente do Estado (e do Partido comunista)
se mantém firme: qual é?
O panorama económico e social da China de hoje caracteriza-se pela
presença simultânea das formas mais diversas de propriedade: propriedade
do Estado; propriedade pública (neste caso o proprietário não é o
Estado central mas, por exemplo, um município); sociedades por acções no
âmbito das quais a propriedade do Estado ou a propriedade pública detém
a maioria absoluta, ou então uma maioria relativa, ou ainda uma
percentagem significativa do pacote de acções; propriedade cooperativa;
propriedade privada. Nestas condições, torna-se muito difícil calcular
com rigor a percentagem da economia do Estado e pública. Quando voltei
para casa, encontro um número especialmente interessante do
International Herald Tribune: leio nele um cálculo efectuado por um
professor da prestigiada universidade de Yala, precisamente Chen Zhiwu
(um americano, portanto, de origem chinesa, que está talvez numa posição
privilegiada para se orientar na leitura da economia do grande país
asiático) indicando que “o Estado controla três quartos da riqueza da
China” (7 de Julho de 2010, pág, 18). É preciso acrescentar a isto um
dado geralmente esquecido: na China a propriedade do solo está
inteiramente nas mãos do Estado; os camponeses têm o usufruto dele, que
também podem vender, mas a sua propriedade não. No que se refere à
indústria, outros cálculos atribuem um peso mais reduzido ao Estado. Em
todo o caso, os que imaginam um processo gradual e irreversível de
retirada do Estado da economia, estão completamente enganados. No
Newsweek de 12 de Julho, um artigo de Isaac Stone Fish chama a atenção
para as “empresas de propriedade do Estado que dominam de modo crescente
a economia chinesa”. Em todo o caso – reafirma o semanário americano –
no desenvolvimento do oeste (que a partir de agora se desenha em toda a
sua amplitude e profundidade), o papel da empresa privada será bem mais
reduzido do que o desempenhado no seu tempo no desenvolvimento do leste.
Os camaradas chineses fazem-nos notar que, ao introduzirem fortes
elementos de concorrência, a área económica privada contribuiu em última
análise para o reforço da área do Estado e pública, que foi assim
obrigada a desembaraçar-se da burocracia, da falta de empenhamento, da
ineficácia, do clientelismo. Com efeito, precisamente graças às reformas
de Deng Xiaoping, as empresas do Estado gozam actualmente duma solidez e
duma competitividade sem precedentes na história do socialismo. É um
ponto que pode ser esclarecido a partir de um número do Economist (10-16
Julho 2010) que compro e percorro no confortável aeroporto de Pequim,
enquanto espero o voo de regresso a Itália; o artigo de fundo sublinha
que quatro dos dez bancos mundiais mais importantes são actualmente
chineses. Esses bancos, contrariamente aos bancos ocidentais, estão de
excelente saúde, “ganham dinheiro”, mas “o Estado detém a maioria das
acções e o Partido comunista nomeia os mais altos dirigentes, cuja
retribuição é uma fracção da dos seus homólogos ocidentais”. Além disso,
esses dirigentes “têm que responder a uma autoridade superior à da
bolsa”, ou seja, às autoridades de um Estado dirigido pelo Partido
comunista. O prestigiado semanário financeiro inglês não consegue
convencer-se destas novidades inauditas; tem esperança e aposta que as
coisas vão mudar. Hoje há um facto que aparece aos olhos de toda a
gente: a economia do Estado e pública não é sinónimo de ineficácia, como
pretendem os paladinos do neo-liberalismo, e os bancos não têm que
pagar aos seus dirigentes como nababos para serem competitivos no
mercado interno e internacional.
7. É provável que a área económica privada satisfaça exigências
ulteriores. Primeiro que tudo, torna mais fácil a introdução da
tecnologia mais avançada dos países capitalistas: não esqueçamos que
nesse ponto os EU procuram ainda impor um embargo à custa da China. Mas
há um outro ponto, de que me apercebo quando visitamos o muito avançado
parque industrial de Weifang. Em certos casos são os chineses do
ultramar que fundaram as empresas privadas: estudaram no estrangeiro
(sobretudo nos EU), obtendo excelentes resultados e acumulando por vezes
algum capital. Regressam agora à pátria, com uma decisão que suscita
alguma perturbação na região em que se estabeleceram. Como é possível
que intelectuais de primeiro plano abandonem a “democracia” para
regressar à “ditadura”? Para além do apelo patriótico que os convida a
participar no esforço colectivo de todo um povo para que a China atinja
os níveis mais avançados de desenvolvimento, de tecnologia e de
civilização, estes chineses do ultramar são também atraídos pela
perspectiva de fazer valer os seus talentos e a sua experiência tanto
nas Universidades como nas empresas privadas de alta tecnologia que
fundam. Noutros termos, estamos perante a continuação política de frente
unida teorizada e praticada por Mão não só no decurso da luta
revolucionária mas também durante vários anos após a fundação da
República Popular da China.
Mas entremos finalmente nessas fábricas de propriedade privada. Com
ou sem chineses do ultramar, reservam-nos grandes surpresas. Os que vêm
ao nosso encontro são em primeiro lugar membros do Comité do Partido,
cujas fotografias estão em grande destaque nos diversos serviços. Na
conversas aparecem quase casualmente os condicionalismos que pesam sobre
a propriedade. Esta é obrigada ou pressionada a reinvestir uma parte
considerável dos lucros (por vezes até 40%) no desenvolvimento
tecnológico da empresa; uma outra parte dos lucros, cuja percentagem é
difícil de calcular, é utilizada para intervenções de carácter social
(por exemplo, a construção de escolas profissionais que são entregues ao
Estado ou ao município, ou então o socorro a vítimas duma catástrofe
natural). Se nos lembrarmos que estas empresas dependem fortemente do
crédito atribuído por um sistema bancário controlado pelo Estado e se
pensarmos também na presença no interior desses empresas do Partido e do
sindicato, impõe-se uma conclusão: nesses empresas privadas o poder da
propriedade privada é equilibrado e limitado por uma espécie de
contra-poder.
Mas qual é o papel desempenhado pelo Partido e pelo sindicato? As
respostas que recebemos não satisfazem todos os membros da nossa
delegação. Certamente, dando novamente eco a uma tendência bastante
espalhada na esquerda ocidental, concentram a sua atenção exclusivamente
no nível dos salários. Os nossos interlocutores chineses, pelo
contrário, explicam-nos que, para além da melhoria das condições de vida
e de trabalho dos operários, preocupam-se com a contribuição que as
suas empresas podem dar para o desenvolvimento da economia e da
tecnologia de toda a nação. Desta troca de ideias vemos novamente surgir
a oposição entre as duas figuras em que Lenine insiste em Que faire ? O
representante da esquerda ocidental, que apela aos operários chineses
para rejeitar todos os compromissos com o poder do Estado na sua luta
por salários mais elevados, julga estar a ser radical e mesmo
revolucionário. Na realidade, coloca-se na esteira do reformista ou,
pior ainda, do “secretário” corporativista “dum sindicato qualquer” que
Lenine censura por perder de vista a luta de emancipação nos seus
diversos aspectos nacionais e internacionais, tornando-se assim por
vezes o ponto de apoio de “uma nação que explora o mundo todo” (naquela
época a Inglaterra). O revolucionário “tribuno popular” conduz-se de
forma muito diferente. Claro que, em relação a 1902 (ano da publicação
de Que faire ?), a situação mudou radicalmente. Entretanto, na China o
“tribuno popular” pode contar com o apoio do poder político; o que não
quer dizer que, para ser revolucionário, ele, aproveitando-se dos
ensinamentos de Lenine, não deva saber encarar o conjunto das relações
políticas e sociais a um nível nacional e a um nível internacional.
Impõe-se um aumento consistente dos salários e está já previsto,
favorecido ou promovido pelo próprio poder central (como é reconhecido
pela grande imprensa internacional)nas este aumento, para além de
melhorar as condições de vida e de trabalho dos operários, visa aumentar
o conteúdo tecnológico dos produtos industriais e consolidar assim a
economia chinmesa no seu conjunto, tornando-a também menos dependente
das exportações. As (justas) reivindicações salariais imediatas não
podem comprometer a realização do objectivo estratégico de reforço de um
país que, com o seu crescimento económico, refreia cada vez mais os
planos do imperialismo ou da “hegemonia”, como os nossos interlocutores
chineses preferem dizer de modo mais diplomático.
8. Finalmente, último objecto de escândalo: em homenagem à
“importante ideia das três representações”, até os empresários são
aceites nas fileiras do Partido comunista chinês. E de novo surgem as
preocupações e as angústias de alguns membros da delegação europeia:
estaremos a assistir ao aburguesamento do Partido que deveria garantir o
sentido da marcha socialista da economia de mercado? Para começar, os
interlocutores chineses fazem notar que o número dos empresários aceites
nas fileiras do Partido (após um processo rigoroso de verificação e
selecção) é insignificante em comparação com uma massa de militantes que
quase atinge os 80 milhões; noutros termos, trata-se duma presença
simbólica. Mas esta explicação não é suficiente. Vismos que alguns
desses empresários desempenham um appel nacional: em certos sectores da
economia eliminaram ou reduziram a dependência tecnológica da China
vis-à-vis o estrangeiro; por vezes, não apenas no plano objectivo mas de
modo consciente alguns deles colocaram-se na primeira fila na luta
travada pelo Partido comunista desde 1949: a luta para derrotar o
imperialismo passando da conquista da independência no plano político
para a conquista da independência também no plano económico e
tecnológico. Num mundo que se caracteriza cada vez mais pela knowledge
economy, ou seja por uma economia baseada no conhecimento, pode
acontecer que o herói do trabalho stakhanoviste da URSS de Estaline
assuma o aspecto totalmente novo de um técnico super-especializado que,
lançando uma empresa de alto valor tecnológico, forneça uma contribuição
importante para a defesa e para o reforço da pátria socialista.
Podemos fazer uma última consideração. Na onda do “socialismo de
mercado” constituiu-se um novo estrato burguês em rápida expansão. A
cooptação de alguns dos seus membros no quadro do Partido comunista
comporta uma decapitação política deste novo estrato, do mesmo modo que
na sociedade burguesa a cooptação por parte da classe dominante de
algumas personalidades de extracção operária ou popular estimua a
decapitação política das classes subalternas.
9. Chegou a altura de tirar conclusões. No meu inglês claudicante,
exponho-as por ocasião de alguns banquetes e, sobretudo, do jantar que
precede a viagem de regresso e que se desenrola na presença entre outros
de Huang Huaguang, director-geral do Gabinete para a Europa ocidental
do Departamento Internacional do Comité Central do PCC. Todos os
participantes na viagem são convidados a exprimir-se com grande
franqueza. Nas minhas intervenções, tento dialogar também com os outros
membros da delegação da Europa ocidental e provavelmente sobretudo com
eles.
Quando declaram encontrar-se apenas na fase primária do socialismo e
prevêem que essa fase vai durar até metade do século XXI, os comunistas
chineses reconhecem indirectamente o peso qie as relações capitalistas
continuam a exercer no seu país imenso e tão variado. Por outro lado, o
monopólio do poder político nas mãos do Partido comunista (e pelos 8
partidos menores que reconhecem a sua direcção) está à vista de toda a
gente. Para um observador atento, também não deverá escapar o facto de
que, situadas como estão numa posição de subalternidade no plano
económico, político e social, as próprias empresas privadas, mais do que
levadas pela lógica do lucro máximo, são estimuladas, empurradas e
pressionadas a respeitar uma lógica diferente e superior: a do
desenvolvimento cada vez mais generalizado e cada vez mais
ramidificadamente espalhado tanto da economia como da tecnologia
nacional. Em última análise, através duma série de mediações, até mesmo
essas empresas privadas estão sujeitas ou subordinadas ao “socialismo de
mercado”. E portanto os sermões moralistas que uma certa esquerda
ocidental não se cansa de fazer ao Partido comunista chinês são, por um
lado, redundantes e supérfluos e, por outro lado, infundados e
inconsistentes.
Evidentemente, é sempre legítimo formular dúvidas e críticas sobre o
“socialismo de mercado”. Mas pelo menos num ponto considero que devia
ser possível à esquerda de chegar a um consenso. A política de reforma e
de abertura introduzida por Deng Xiaoping não significou de forma
alguma a homologação da China ao ocidente capitalista como se o mundo
inteiro passasse a ser caracterizado por um mapa calmo. Na realidade, a
partir precisamente de 1979 desenvolveu-se uma luta que escapou aos
observadores mais artificiais mas cuja importância se manifesta com uma
evidência cada vez maior. Os EU e seus aliados esperavam reafirmar uma
divisão internacional do trabalho nesta base: a China teria que se
limitar à produção, a baixo preço, de mercadorias desprovidas de real
conteúdo tecnológico. Por outras palavras, estavam à espera de conservar
e acentuar o monopólio ocidental da tecnologia: nesse plano, a China,
como todo o Terceiro Mundo, deveria continuar a sofrer uma relação de
dependência em relação à metrópole capitalista. Percebe-se bem que os
comunistas chineses tenham interpretado e vivido a luta para fazer
fracassar esse projecto neo-colonialista como a continuação da luta de
libertação nacional; não há uma verdadeira independência política sem
independência económica; pelo menos os que se reclamam marxistas deviam
estar de acordo com esta verdade! Graças à manutenção cobiçada do
monopólio da tecnologia, os EU e seus aliados pretendiam continuar a
ditar as leis das relações internacionais. Com o seu extraordinário
desenvolvimento económico e tecnológico, a China abriu a via para a
democratização das relações internacionais. Os comunistas e também todos
os verdadeiros democratas deviam congratular-se com esse resultado:
Actualmente há melhores condições para a emancipação política e
económica do Terceiro Mundo.
Neste ponto convém desembaraçarmo-nos de um equívoco que torna
difícil a comunicação entre o PCC e a esquerda ocidental no seu
conjunto. Mesmo no meio de oscilações e contradições de todo o tipo,
desde a sua fundação que a República Popular da China se empenhou em
lutar contra não uma mas duas desigualdades, uma de carácter interno e a
outra de carácter internacional. Na sua argumentação da necessidade da
política de reforma e de abertura que desejava, Deng Xiaoping, numa
conversa de 10 de Outubro de 1978, chamava a atenção para o facto que o
“fosso” tecnológico estava em vias de se alargar em comparação com os
países mais avançados. Estes desenvolviam-se “a uma velocidade
terrível”, enquanto que a China corria o risco de ficar cada vez mais
para trás (Selected Works, vol. 3, pág. 143). Mas se falhasse o
rendez-vous com a nova revolução tecnológica, encontrar-se-ia numa
situação de fraqueza semelhante à que a tinha entregue, indefesa, às
guerras do ópio e à agressão do imperialismo. Se falhasse esse
rendez-vous, para além do prejuízo para si mesma, a China provocaria um
enorme prejuízo à causa da emancipação do Terceiro Mundo no seu
conjunto. É preciso acrescentar que, precisamente porque soube reduzir
de forma drástica a desigualdade (económica e tecnológica) no plano
internacional, a China está hoje em melhores condições, graças aos
recursos económicos e tecnológicos que acumulou entretanto, para
enfrentar o problema da luta contra a desigualdade no plano interno.
O “século das humilhações” da China (o período que vai de 1840 a
1949, a saber, desde a primeira guerra do ópio à conquista do poder pelo
PCC) coincidiu historicamente com o século da mais profunda depravação
moral do ocidente: guerras do ópio com a devastação infligida a Pequim
no Palácio de Verão e coma destruição e pilhagem das obras de arte que
continua, expansionismo colonial e recurso a práticas esclavagistas ou
genocidárias em detrimento das “raças inferiores”, guerras
imperialistas, fascismo e nazismo, com a barbárie capitalista,
colonialista e racista que atingiu o auge. Da forma como o ocidente
souber encarar o renascimento e o regresso da China, poderemos avaliar
se ele está decidido a fazer realmente as contas com o século da sua
mais profunda depravação moral. Que pelo menos a esquerda saiba ser o
intérprete da cultura mais avançada e mais progressista do ocidente!
Tradução de Margarida Ferreira
domingo, 15 de agosto de 2010
Mensagem contra Uribe chega ao IV FSA
por Rita Freire
A carta endereçada a
participantes do IV Fórum Social das Américas e também à Assembléia dos
Movimentos Sociais foi lida na manhã deste domingo pela feminista Nalu
Faria, da Marcha Mundial de Mulheres, sob aplausos de representantes de
organizações de todo continente. Trata-se de uma mensagem enviada por
organizações da Palestina ocupada, que não puderam chegar a Assunção,
Paraguai, mas que tiveram sua participação remota no encontro por meio
da carta, denunciando e pedindo solidariedade latino-americana contra a
participação do ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, no Comitê
designado pela ONU para investigar os ataques israelenses contra a
Flotilla de Gaza.
"Massacres, desaparecimentos forçados, refugiados internos e outros graves crimes internacionais foram documentados pelas mesmas Nações Unidas na Colombia presidida por Uribe", diz a nota.
As organizações pedem que entidades participantes do Fórum de Assunção denunciem o Comitê da ONU, lutem contra o apartheid imposto por Israel à Palestina e se somem aos movimentos que defendem boicote, desinvestimento e sanções contra a Israel até que a ocupação da Palestina tenha fim.
Esta não é a primeira vez que as organizações da Palestina ocupada encontram maneiras de romper distâncias e limitações e participam de modo remoto de eventos do Fórum Social Mundial.
Em janeiro, o dirigente da organização Stop the Wall, Jamal Juma, convidado para o Seminário sobre os 10 Anos do FSM, em Porto Alegre, não pode estar presente porque foi preso por Israel e libertado apenas às vésperas do evento, após muita pressão internacional.
Por meio de internet e conexão audiovisual, o convidado se fez presente através de um telão que transmitiu sua mensagem ao FSM.
Em Maio, na Cidade do México, participantes que chegaram ao Fórum Social Temático e ao Encontro do Conselho Internacional do FSM, se reuniram com ativistas da Palestina através do programa México Expandida, também com uso de recursos audiovisuais e internet.
O Fórum Mundial de Educação na Palestina, programado para acontecer de 28 a 31 de Outubro, será mais um importante momento para romper distâncias e o silêncio imposto à Palestina por meio da ocupação. Será realizado simultaneamente em Ramallah, Haifa, Gaza, Jerusalém e também em Beirute, no Líbano. E está prevista a participação à distância de organizações que tentarão conectar suas atividades através da programação da Palestina Expandida.
A seguir leia a carta em espanhol e inglês
"Massacres, desaparecimentos forçados, refugiados internos e outros graves crimes internacionais foram documentados pelas mesmas Nações Unidas na Colombia presidida por Uribe", diz a nota.
As organizações pedem que entidades participantes do Fórum de Assunção denunciem o Comitê da ONU, lutem contra o apartheid imposto por Israel à Palestina e se somem aos movimentos que defendem boicote, desinvestimento e sanções contra a Israel até que a ocupação da Palestina tenha fim.
Esta não é a primeira vez que as organizações da Palestina ocupada encontram maneiras de romper distâncias e limitações e participam de modo remoto de eventos do Fórum Social Mundial.
Em janeiro, o dirigente da organização Stop the Wall, Jamal Juma, convidado para o Seminário sobre os 10 Anos do FSM, em Porto Alegre, não pode estar presente porque foi preso por Israel e libertado apenas às vésperas do evento, após muita pressão internacional.
Por meio de internet e conexão audiovisual, o convidado se fez presente através de um telão que transmitiu sua mensagem ao FSM.
Em Maio, na Cidade do México, participantes que chegaram ao Fórum Social Temático e ao Encontro do Conselho Internacional do FSM, se reuniram com ativistas da Palestina através do programa México Expandida, também com uso de recursos audiovisuais e internet.
O Fórum Mundial de Educação na Palestina, programado para acontecer de 28 a 31 de Outubro, será mais um importante momento para romper distâncias e o silêncio imposto à Palestina por meio da ocupação. Será realizado simultaneamente em Ramallah, Haifa, Gaza, Jerusalém e também em Beirute, no Líbano. E está prevista a participação à distância de organizações que tentarão conectar suas atividades através da programação da Palestina Expandida.
A seguir leia a carta em espanhol e inglês
CANÇÃO EM HOMENAGEM À FRATERNIDADE E À AMIZADE! A VIOLÊNCIA JAMAIS VENCERÁ!
Ludwig
Van Beethoven é um dos maiores compositores de todos os tempos. Sua
criação é monumental. Sua obra-prima é a Nona Sinfonia, que também é uma
das mais belas obras produzidas pela humanidade. O quarto movimento,
inspirado por um belíssimo poema de um grande poeta alemão chamado
Friederich Von Schiller é um verdadeiro hino à fraternidade entre os
homens e entre os povos. Uma afirmação da vida, da sociedade humana, do
otimismo, do sonho... uma passarela que conduz à certeza que a beleza
existe, a harmonia produzindo em quem ouve um sentimento de que todo
sonho, a construção do paraíso sonhado, e à certeza que todo utopia é
possível.
Ode à Alegria
(An Die Freude)
Oh amigos, mudemos o som!
Entoemos algo mais prazeroso
E alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios pelo fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Mesmo aquele que conquistou apenas uma alma,
Uma única alma em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Da alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim para se erguer diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Exultantes como o herói diante da vitória.
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios pelo fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Enviem um beijo ao mundo todo!
Mundo, você sente a presença do seu Criador?
Pois milhões se abatem diante dele!
Abracem-se milhões!
Porque Irmãos, além do céu estrelado
Deve haver um Pai Amado!
sábado, 14 de agosto de 2010
Mulheres contra a militarização
Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização
Cristóvam Feil no Diario Gauche
A expectativa é que mais de mil mulheres e homens de movimentos
populares e organizações sociais e políticas da América Latina debatam
estratégias de ações contra a militarização e a presença de tropas
estrangeiras na região. O encontro ocorre em um momento crucial dada
conjuntura política e militar latino-americana.
Golpe de Estado em Honduras, ocupação militar no Haiti e instalação de bases militares estadunidenses na Colômbia e no Panamá são apenas alguns exemplos do avanço da investida dos Estados Unidos na região. O país escolhido para ser sede do Encontro contra a Militarização também não poderia ser melhor: Colômbia, Estado que, em 2009, assinou um Acordo de Defesa e Segurança com o país norte-americano.
"Além disso, o encontro se desenvolve em um país cujo governo mantém uma história de 40 anos de cooperação militar com os Estados Unidos que - sob o sofisma da luta contra as drogas, o narcotráfico e o terrorismo que foi desculpa para a perseguição e estigmatização do protesto social - oculta os verdadeiros interesses econômicos por trás do conflito na Colômbia: a manutenção do controle de seus recursos naturais, territórios e do povo", acrescentou a convocatória divulgada no início deste mês.
A crescente militarização na América Latina tem afetado a soberania dos povos com deslocamentos forçados, violações aos direitos humanos e exploração de recursos naturais. As mulheres são as principais vítimas dessa situação. Isso porque, com o aumento de militares em um território, aumenta também o machismo, a prostituição e a violência sexual contra as mulheres.
"Historicamente as bases militares têm servido para invadir territórios estratégicos por sua localização geopolítica e as riquezas naturais que muitas vezes se encontram nos povos milenários, afrodescendentes e camponeses. Estas bases militares também promovem a prostituição com a regulação de casas oficiais que servem como ‘entretenimento’ aos soldados, mas, para as mulheres, representem escravidão sexual e outros tipos de violência, como os feminicídios", explicaram as organizações de mulheres em comunicado de julho passado.
O Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização será divido em três momentos. No primeiro, de 16 a 20 de agosto, uma missão humanitária de solidariedade e resistência visitará diversas regiões na Colômbia para observar os efeitos da militarização.
O Encontro Internacional propriamente dito começará no dia 21, na cidade de Barrancabermeja, Santander, com debates e trocas de experiências entre os movimentos sociais. Na tarde do dia 22, os participantes apresentarão a declaração final do encontro e a agenda de trabalho para a desmilitarização do continente. O encerramento das atividades será no dia 23, com uma Vigília pela Vida.
As mobilizações não se restringirão à Colômbia. Organizações e movimentos sociais estão convidados a realizar, em vários países, uma Jornada Internacional de Solidariedade às Mulheres e aos Povos da Colômbia e das Américas que lutam contra a Militarização.
A ideia é chamar atenção da sociedade sobre o avanço da militarização na América Latina. Para isso, os grupos interessados em participar podem fazer atividades como: vigílias e atos em frente a consulados e representações da Colômbia e dos Estados Unidos, panfletagens, seminários, ações de rua e reuniões com parlamentares. A informação é do portal Adital.
Mais informações aqui.
Golpe de Estado em Honduras, ocupação militar no Haiti e instalação de bases militares estadunidenses na Colômbia e no Panamá são apenas alguns exemplos do avanço da investida dos Estados Unidos na região. O país escolhido para ser sede do Encontro contra a Militarização também não poderia ser melhor: Colômbia, Estado que, em 2009, assinou um Acordo de Defesa e Segurança com o país norte-americano.
"Além disso, o encontro se desenvolve em um país cujo governo mantém uma história de 40 anos de cooperação militar com os Estados Unidos que - sob o sofisma da luta contra as drogas, o narcotráfico e o terrorismo que foi desculpa para a perseguição e estigmatização do protesto social - oculta os verdadeiros interesses econômicos por trás do conflito na Colômbia: a manutenção do controle de seus recursos naturais, territórios e do povo", acrescentou a convocatória divulgada no início deste mês.
A crescente militarização na América Latina tem afetado a soberania dos povos com deslocamentos forçados, violações aos direitos humanos e exploração de recursos naturais. As mulheres são as principais vítimas dessa situação. Isso porque, com o aumento de militares em um território, aumenta também o machismo, a prostituição e a violência sexual contra as mulheres.
"Historicamente as bases militares têm servido para invadir territórios estratégicos por sua localização geopolítica e as riquezas naturais que muitas vezes se encontram nos povos milenários, afrodescendentes e camponeses. Estas bases militares também promovem a prostituição com a regulação de casas oficiais que servem como ‘entretenimento’ aos soldados, mas, para as mulheres, representem escravidão sexual e outros tipos de violência, como os feminicídios", explicaram as organizações de mulheres em comunicado de julho passado.
O Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a Militarização será divido em três momentos. No primeiro, de 16 a 20 de agosto, uma missão humanitária de solidariedade e resistência visitará diversas regiões na Colômbia para observar os efeitos da militarização.
O Encontro Internacional propriamente dito começará no dia 21, na cidade de Barrancabermeja, Santander, com debates e trocas de experiências entre os movimentos sociais. Na tarde do dia 22, os participantes apresentarão a declaração final do encontro e a agenda de trabalho para a desmilitarização do continente. O encerramento das atividades será no dia 23, com uma Vigília pela Vida.
As mobilizações não se restringirão à Colômbia. Organizações e movimentos sociais estão convidados a realizar, em vários países, uma Jornada Internacional de Solidariedade às Mulheres e aos Povos da Colômbia e das Américas que lutam contra a Militarização.
A ideia é chamar atenção da sociedade sobre o avanço da militarização na América Latina. Para isso, os grupos interessados em participar podem fazer atividades como: vigílias e atos em frente a consulados e representações da Colômbia e dos Estados Unidos, panfletagens, seminários, ações de rua e reuniões com parlamentares. A informação é do portal Adital.
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Pesos e medidas
Mino Carta no Carta Capital
Não há semelhança possível entre um estúdio de tevê e um ringue. Pelo
menos não havia até poucos dias atrás. A gravação de uma entrevista na
TV 5, filiada à Rede Bandeirantes em Rio Branco, acabou em vale-tudo
entre o entrevistador, o jornalista Demóstenes Nascimento, e o
entrevistado, candidato ao Senado pelo Acre, o emedebista João Correia.
De categoria nitidamente superior, Demóstenes pareceu mais talhado para
catch-as-you-catch-can e ganhou a luta com bom aproveitamento tanto nos
socos quanto nos pontapés. Empate em matéria de insultos e palavrões.
O entrevistado farejou certa agressividade em uma pergunta sobre
segurança pública e reagiu com acusações ao atual governo acriano. O
entrevistador negou-lhe condições morais para manifestar-se ao apontá-lo
como envolvido em certo escândalo. O candidato ergueu-se de sua
poltrona aos gritos de “lacaio, vendido”. Partiram para a briga e a
célebre turma-do-deixa-disso demorou para entrar em ação.
Correia sofreu escoriações no rosto e no joelho direito e lesão no
tendão do dedo anular, também direito. Trata-se de um lutador
comprovadamente destro. Mas o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Acre e a Federação Nacional divulgaram uma nota para verberar “a
atitude covarde e agressiva” do entrevistado. Nada como a eterna
vigilância dos paladinos da liberdade de imprensa, mesmo quando
participam de refregas desiguais, representados por pesos-pesados
chamados a enfrentar moscas ou galos.
A luta de Rio Branco é um episódio novo na nossa história das
campanhas eleitorais, mesmo porque, salvo melhor juízo, os candidatos
entrevistados não pulam corda ou socam o punching ball antes de qualquer
entrevista. Para revidar às perguntas que não são do seu gosto, o
candidato José Serra adota uma linha de refinado senso de humor. Anota a
repórter Juliana Cipriani, de O Estado de Minas, que Serra “parece ter
dificuldade em entender o que dizem os brasileiros ou inventou uma nova
estratégia para evitar responder às perguntas que não o agradam”.
Em meados de julho passado, em Pernambuco, o repórter de um jornal
local dirigiu-lhe uma pergunta sobre o trem-bala destinado a ligar São
Paulo ao Rio: obra feita ou tiro de festim? A pergunta deveria ser do
seu gosto, pois o candidato é contrário ao projeto. Surpresa. “Não
entendi, foi muito sotaque”, decretou Serra. Em Minas, quando um
jornalista o questionou sobre recente entrevista de Lula em que o
presidente lamenta-lhe a falta de sorte ao enfrentá-lo em 2002 e agora
diante de Dilma Rousseff, Serra escandiu: “Esta fala mineira de vocês eu
não entendo”.
O candidato tucano consegue, porém, ser mais cordato, a depender das
situações. Lá pelas tantas desta tertúlia eleitoral, o repórter Fábio
Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde
sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci
esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”. Tucano
não voa, mas sabe onde pisa.
Na noite de 11 de agosto coube a ele ser sabatinado por 12 minutos
pelo casal JN, William Bonner e Fátima Bernardes, os sorrisos mais
radiosos do Brasil. Antes, a oportunidade foi bondosamente oferecida às
candidatas Dilma Rousseff, segunda 9, e Marina Silva, terça 10. Para
ambas, um sufoco. As perguntas do locutor que considera Homer Simpson
como telespectador ideal foram muito mais esticadas que as respostas,
quando estas não foram furibundamente atropeladas.
No caso de Dilma, o propósito foi mostrar (ingenuamente?) que ela é
ao mesmo tempo uma marionete na mão de Lula e personagem dura,
prepotente, mandona. De sorte a suscitar a observação da entrevistada,
mais ou menos do seguinte teor: então, como vocês me querem, como títere
do titereiro ou como a ministra inflexível que chama às falas os
colegas de gabinete? Na vez de Marina, o intuito foi outro: provar que
ela saiu do governo por discordâncias sobre a política ambiental
enquanto, tempos antes, não se incomodou com o mensalão, o escândalo
pretendido e até hoje não provado. A certa altura, a ex-ministra teve de
reagir com alguma, insólita veemência, para pedir que a deixassem
concluir o raciocínio.
Com Serra, na quarta 11, tudo mudou. O casal JN deixou o candidato
falar à vontade. E quando a entrevista pretendeu chegar ao ponto de
fervura, a pergunta foi: o senhor não se sente constrangido de ter o
apoio do PTB, partido metido no escândalo do mensalão petista? Nada do
mensalão mineiro nem do escândalo do DEM em Brasília. Maluf e Quércia?
Esquecidos. E os votos comprados para a reeleição de FHC?
Segundo momento de aperto. Pergunta a evocar os usuários que reclamam
dos preços altos do pedágio em São Paulo. Serra ganha a oportunidade de
falar mal das estradas federais. Aí Bonner acrescenta: não existe um
meio-termo, só dá para ter estradas boas e caras ou ruins e baratas?
Serra emenda, feliz, que na última concessão que fez, os preços do
pedágio caíram pela metade. Omitiu que os postos de cobrança foram
dobrados e ao cabo cita sua origem humilde, estudante de escola pública
etc. etc. Só falta chorar.
A rapaziada não se dá ao respeito. Quem sabe haja quem se incomoda ao
perceber que nos enxergam como malta de idiotas. Esta visão da plateia é
própria, aliás, dos jornalistas nativos e seus patrões. Será que não
usam na medição o metro recomendável para medir a si mesmos?
Mino Carta
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital.
Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de
Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do
jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.
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