Por Marcelo Voges Guerguen* do aldeia gaulesa
É meio de praxe que nós brasileiros desconheçamos o que passa ao lado de
nossas fronteiras.
Quando muito, ouvimos mais sobre a Argentina, o Chile, e mais recentemente sobre a Venezuela ou qualquer outro governo abaixo de uma “ditadura popular” como descrevem nossa velha conhecida mídia. Talvez aqui no Rio Grande do Sul tenhamos mais conhecimento também sobre nosso vizinho Uruguai, tanto pela proximidade quanto pelos free shops, amados por nossa galera sulista. Mas com certeza, o Paraguai é nosso completo desconhecido.
Quando ouvimos falar do Paraguai, a primeira coisa que vem em nossa cabeça é a relação comercial que nós brasileiros temos com o país guarani. Desde produtos eletrônicos chineses vindos da Ciudad del Este (lugar mais longínquo que os brasileiros vão além da fronteira), até produtos um tanto exóticos, como armamentos ilegais ou a erva (não a mate, que é o principal produto cultivado no país). Por mais que nossos “heróis” tenham sido forjados na Guerra do Paraguai, mesmo assim nossa ignorância em relação a esse vizinho é absurda.
nossas fronteiras.
Quando muito, ouvimos mais sobre a Argentina, o Chile, e mais recentemente sobre a Venezuela ou qualquer outro governo abaixo de uma “ditadura popular” como descrevem nossa velha conhecida mídia. Talvez aqui no Rio Grande do Sul tenhamos mais conhecimento também sobre nosso vizinho Uruguai, tanto pela proximidade quanto pelos free shops, amados por nossa galera sulista. Mas com certeza, o Paraguai é nosso completo desconhecido.
Quando ouvimos falar do Paraguai, a primeira coisa que vem em nossa cabeça é a relação comercial que nós brasileiros temos com o país guarani. Desde produtos eletrônicos chineses vindos da Ciudad del Este (lugar mais longínquo que os brasileiros vão além da fronteira), até produtos um tanto exóticos, como armamentos ilegais ou a erva (não a mate, que é o principal produto cultivado no país). Por mais que nossos “heróis” tenham sido forjados na Guerra do Paraguai, mesmo assim nossa ignorância em relação a esse vizinho é absurda.
A
começar pela própria Guerra do Paraguai, até hoje discutida nas
Faculdades de História quanto às reais motivações. Independente dos
motivos, ela deixou um saldo de 85% de sua população morta, restando
apenas 215 mil pessoas vivas, sendo essas quase 200 mil mulheres. Antes
da Guerra, o país guarani era uma referência quanto organização social,
pois eram precursores de algumas modernidades industriais como a
siderurgia, ferrovias, estaleiro, telégrafos, isso em meados de 1850. As
propriedades rurais eram do Estado, sendo que foram distribuídas a
população a preços baixos, chamadas de Estâncias da Nação, criando assim
um país de classe média agrícola. Dizem que 90% do que era produzido
era para consumo interno, e o restante era exportado. Essa organicidade
tem origem nas antigas Reduções Jesuíticas, conhecidas aqui no RS pelos 7
Povos das Missões.
Mas o
objetivo desse artigo não é falar do passado longínquo desse vizinho,
mas sim o que veio depois da Guerra, que como podemos deduzir, dizimou o
país. Após a guerra, em 1887, se formou basicamente dois grupos
políticos, a Aliança Nacional Republicana (Partido Colorado) e a Frente
Liberal Radical Autêntica (Partido Liberal). Os Colorados assumiram o
governo em 1877, antes mesmo de se formarem quanto partido, até ser
deposto via golpe pelos liberais em 1903. Os Liberais então comandaram o
país até 1936, sendo derrubado também via golpe pelo Partido Febrerista
com apoio massivo da população. Isso se deu com o fim da Guerra do
Chaco (1932-1935).
O Partido Comunista Paraguaio foi fundado em 1928, tendo grandes atuações tanto pela ação antiguerra do Chaco, quanto pelo apoio ao Movimento Febrerista, que assumiu o governo por 18 meses com forte apoio popular após a Guerra do Chaco. Desse governo surgiu o Partido Febrerista. Porém, para não fugirmos da regra,f oi deposto via golpe em 1937 pelo Partido Liberal, sob o governo do General Estigarríbia. Com a morte do General em 1940, assume a presidência o Marechal Higino Morínigo, de orientação nazifascista, permanecendo no poder no cargo até 1947, quando estoura a Guerra Civil no país guarani. Com o fim da Guerra Civil, o Partido Colorado volta ao poder.
Para ter uma idéia da instabilidade política do país vizinho, durante o período de 1947 a 1949, o governo trocou de mãos quatro vezes. Em 1954, Stroessner assume o poder através de um golpe de Estado, fazendo com que o Partido Colorado se tornasse único no país (1947-1963), e posteriormente hegemônico (1963-2008). Stroessner permaneceu no poder até 1989 por meio da força militar, e também pelas relações umbilicais junto aos EUA. Outro fator que garantiu-lhe no poder foi o apoio do Brasil junto ao país, que entre outras ações se destacam a construção da Ponte da Amizade e da Usina Hidroelétrica Binacional Itaipu, além das perseguições massivas a grupos considerados subversivos. Até 1963, como era “tradição” no país, quando alguma força política assumia, a outra era posta em ilegalidade. Em 63, Stroessner faz um novo golpe (só para não fugir da tradição) onde reconhece a oposição, que não faz muita diferença quanto ao governo. Era como se fosse o “Velho MDB de Guerra” o Partido Liberal, onde acatava as ordens do General.
Em 1989, Stroessner é deposto via golpe (falei que era tradição) e é empossado presidente General Rodriguez, um Colorado, em eleições livres. Os Colorados, foram assim sucessivamente reeleitos até 2008, quando pela primeira vez é empossado ao poder central um grupo político por via democrática, além de ser o primeiro governo de esquerda eleito pelo povo.
O Partido Comunista Paraguaio foi fundado em 1928, tendo grandes atuações tanto pela ação antiguerra do Chaco, quanto pelo apoio ao Movimento Febrerista, que assumiu o governo por 18 meses com forte apoio popular após a Guerra do Chaco. Desse governo surgiu o Partido Febrerista. Porém, para não fugirmos da regra,f oi deposto via golpe em 1937 pelo Partido Liberal, sob o governo do General Estigarríbia. Com a morte do General em 1940, assume a presidência o Marechal Higino Morínigo, de orientação nazifascista, permanecendo no poder no cargo até 1947, quando estoura a Guerra Civil no país guarani. Com o fim da Guerra Civil, o Partido Colorado volta ao poder.
Para ter uma idéia da instabilidade política do país vizinho, durante o período de 1947 a 1949, o governo trocou de mãos quatro vezes. Em 1954, Stroessner assume o poder através de um golpe de Estado, fazendo com que o Partido Colorado se tornasse único no país (1947-1963), e posteriormente hegemônico (1963-2008). Stroessner permaneceu no poder até 1989 por meio da força militar, e também pelas relações umbilicais junto aos EUA. Outro fator que garantiu-lhe no poder foi o apoio do Brasil junto ao país, que entre outras ações se destacam a construção da Ponte da Amizade e da Usina Hidroelétrica Binacional Itaipu, além das perseguições massivas a grupos considerados subversivos. Até 1963, como era “tradição” no país, quando alguma força política assumia, a outra era posta em ilegalidade. Em 63, Stroessner faz um novo golpe (só para não fugir da tradição) onde reconhece a oposição, que não faz muita diferença quanto ao governo. Era como se fosse o “Velho MDB de Guerra” o Partido Liberal, onde acatava as ordens do General.
Em 1989, Stroessner é deposto via golpe (falei que era tradição) e é empossado presidente General Rodriguez, um Colorado, em eleições livres. Os Colorados, foram assim sucessivamente reeleitos até 2008, quando pela primeira vez é empossado ao poder central um grupo político por via democrática, além de ser o primeiro governo de esquerda eleito pelo povo.
Antes
de falar sobre o Governo de Fernando Lugo, precisamos resgatar um fato
recente da história de nosso vizinho. Entre 23 a 28 de março de 1999, o
assassinato do Vice-presidente Luis María Argaña, no qual o ex-general
Lino Oviedo desatou uma crise cívico-militar. Como resposta espontânea,
10 mil pessoas, em sua maioria camponeses e jovens, irromperam o espaço
público para defender a democracia. O Presidente Cúbas renunciou em
perspectiva do início de uma Guerra Civil, e Oviedo se exilou na
Argentina. Durante aquela semana, o exército foi acionado, e assim 7
jovens foram mortos nesse conflito. Esse evento ficou conhecido como
Março Paraguaio.
Desde agosto de 2008, o Paraguai vive um momento ímpar de sua história, com o governo voltado para a população carente. Apesar das dificuldades do Presidente Lugo em aprovar seus projetos. Para se ter uma idéia, a Câmara dos Deputados Paraguaio é composta por 80 deputados, sendo que 30 são do Partido Colorado, 27 do Partido Liberal, 18 do Partido Unión de los Ciudadanos Éticos – UNACE – partido encabeçado por Lino Oviedo (extrema direita), e dos 08 parlamentares restante, apenas 1 é do Movimento Popular Tekojoja, do Presidente Lugo. No Senado o cenário é parecido, onde das 45 cadeiras, 15 são dos Colorados, 14 dos Liberais, 09 da UNACE, e das 07 restantes, 01 é do Partido do Presidente Lugo.
Mesmo com essa composição difícil, o nosso vizinho desconhecido está conseguindo desenvolver ações positivas para a população, especialmente a população jovem. Das Políticas Públicas voltadas para esse segmento, por exemplo, ressaltamos o movimento 5000 Proceres da Nação, que em razão do Bicentenário da Independência, convoca os jovens a darem suas opiniões sobre quais seriam as melhores políticas a serem implementadas para a galera. E 2011 já começa com novas ações, com as “Becas del Bicentenário”, que serão bolsas de estudo para os jovens carentes, porém com boas notas na escola, para os setores técnicos necessários ao país, como saúde, ciência e tecnologia, engenharia e meio ambiente. Essas bolsas serão em parceria com as hidroelétricas de Itaipu e de Yacyretá.
Esse foi um pequeno relato da história política de nosso vizinho Paraguai. Que mesmo com as adversidades históricas impostas a sua população, consegue nos últimos anos superar os obstáculos, e criar condições para sua população. Porém, as nações mais ricas do continente, em especial o Brasil, devem dar mais apoio para que eles possam se desenvolver, e se tornarem uma nação próspera, em conjunto com os países dessa nova potência mundial do Séc XXI chamada União das Nações Sulamericanas – UNASUL.
Desde agosto de 2008, o Paraguai vive um momento ímpar de sua história, com o governo voltado para a população carente. Apesar das dificuldades do Presidente Lugo em aprovar seus projetos. Para se ter uma idéia, a Câmara dos Deputados Paraguaio é composta por 80 deputados, sendo que 30 são do Partido Colorado, 27 do Partido Liberal, 18 do Partido Unión de los Ciudadanos Éticos – UNACE – partido encabeçado por Lino Oviedo (extrema direita), e dos 08 parlamentares restante, apenas 1 é do Movimento Popular Tekojoja, do Presidente Lugo. No Senado o cenário é parecido, onde das 45 cadeiras, 15 são dos Colorados, 14 dos Liberais, 09 da UNACE, e das 07 restantes, 01 é do Partido do Presidente Lugo.
Mesmo com essa composição difícil, o nosso vizinho desconhecido está conseguindo desenvolver ações positivas para a população, especialmente a população jovem. Das Políticas Públicas voltadas para esse segmento, por exemplo, ressaltamos o movimento 5000 Proceres da Nação, que em razão do Bicentenário da Independência, convoca os jovens a darem suas opiniões sobre quais seriam as melhores políticas a serem implementadas para a galera. E 2011 já começa com novas ações, com as “Becas del Bicentenário”, que serão bolsas de estudo para os jovens carentes, porém com boas notas na escola, para os setores técnicos necessários ao país, como saúde, ciência e tecnologia, engenharia e meio ambiente. Essas bolsas serão em parceria com as hidroelétricas de Itaipu e de Yacyretá.
Esse foi um pequeno relato da história política de nosso vizinho Paraguai. Que mesmo com as adversidades históricas impostas a sua população, consegue nos últimos anos superar os obstáculos, e criar condições para sua população. Porém, as nações mais ricas do continente, em especial o Brasil, devem dar mais apoio para que eles possam se desenvolver, e se tornarem uma nação próspera, em conjunto com os países dessa nova potência mundial do Séc XXI chamada União das Nações Sulamericanas – UNASUL.
*Marcelo Voges Guerguen é Cientista Social