01. Who'll Stop The Rain
01. Have You Ever Seen The Rain
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
A morte de um mestre | | | |
Mário Maestri | |
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Na madrugada desta sexta-feira, 22 de junho, faleceu, em Pernambuco, Manuel Correia de Andrade, aos 84 anos. O destacado geógrafo, historiador e cidadão brasileiro nasceu, em Pernambuco, em 3 de agosto de 1922, no engenho Jundiá, de sua família, no mesmo ano da fundação do Partido Comunista Brasileiro. Desde menino, foi sensível à realidade social, com a qual se deparou na própria propriedade rural familiar. No início dos anos 1940, ao completar os estudos secundários, decidiu-se tornar-se sociólogo. Em 1933 e 1936, o também pernambucano Gilberto Freyre obtivera consagração nacional e mundial com Casa-grande & senzala e Sobrados e mucambos.
Obrigado por dificuldades econômicas familiares a estudar em Pernambuco, Manuel Correia de Andrade ingressou na Escola de Direito de Recife e, três anos mais tarde, na Faculdade Particular de Geografia e História, fundada pelos jesuítas, hoje Universidade Católica de Pernambuco. Após formar-se, em Direito, em 1945, e Geografia e História, em 1947, dedicou-se a advogar, sobretudo para sindicatos operários, e à docência, nas disciplinas história e geografia, no ensino médio e superior, em Recife. Em 1952, optou pela dedicação exclusiva ao ensino e pesquisa, atividades que abraçou, por toda a vida, com singular brilhantismo.
Em entrevista publicada, em julho-setembro de 2000, na Revista Teoria e Debate, de São Paulo, com o seu bom humor proverbial, Manuel Correia de Andrade lembrou que foi introduzido ao marxismo pela mão de professor integralista, que apreciava a crítica social de Marx, apesar de impugnar suas propostas sociais. Na ocasião, destacou a importância que tiveram igualmente em sua formação Engels, Kautsky, Rosa Luxemburgo e Lenin.
Lembrou também que encerrou seus rápidos meses de militância comunista, após a queda da ditadura getulista, por lhe exigirem que interrompesse a leitura de Minha vida, de León Trotksy, pensador pelo qual teve, nesses anos de formação, “verdadeiro embevecimento”. Porém, as obras do marxista russo chegaram-lhes às mãos por caminhos menos exóticos, ao lhe serem entregues pelo primo Mário Pedrosa, o celebre intelectual e militante trotskista, também pernambucano.
Entre os pensadores nacionais que mais o influenciaram, Manuel Correia de Andrade destacava Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Manoel Bomfim, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Nelson Werneck, Sodré Josué de Castro. A Gilberto Freyre, agradeceu sempre pela indicação da leitura de A interpretação econômica da história, do historiador estadunidense Seligmann, professor do sociólogo na Universidade da Colúmbia.
Manuel Correia de Andrade destacou sempre a importância em sua formação do livro Evolução política do Brasil, do historiador marxista Caio Prado Júnior, de 1933, a quem era muito grato por lhe ter encomendado, prefaciado e publicado, na Editora Brasiliense, de sua propriedade, seu mais conhecido livro, A terra e o homem no Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste, mal-aceito nos meios acadêmicos da época pelo seu sentido social. Não sem maldade, lembrava que, se “tivesse publicado o livro em Pernambuco, ninguém teria tomado conhecimento”! Esse texto célebre seria proibido e apreendido, após 1964, por ordem da alta oficialidade do Exército.
Apesar de ter sido preso, quando jovem, duas vezes, por atividades políticas, Manuel Correia de Andrade jamais se envolveu sistematicamente na militância partidária, destacando-se sobretudo pela vida acadêmica e científica, longa, profícua e de profundo sentido social, na qual manteve, irredutível, as visões sociais de mundo que abraçara na juventude. Mesmo formando-se décadas antes do surgimento dos primeiros programas de Pós-graduação no Brasil, destacou-se na direção de trabalhos de pós-graduação e na fundação e direção do mestrado em Economia [1970-75] e de Geografia [1975-79] e como professor dos programas de Sociologia e de Desenvolvimento Urbano, todos em Pernambuco.
Conhecido sobretudo como geógrafo, Manuel Correia de Andrade era historiador criativo e perspicaz. Na interpretação do passado de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil, teve sempre presente a enorme e permanente importância da questão escravista. Seu estudo A guerra dos Cabanos, de 1964, é um clássico da história da luta de cativos e brancos-pobres em Alagoas e Pernambuco, no período regencial. Ao igual que Celso Furtado, preocupou-se muito com o processo de constituição tardio, desigual e inconcluso da unidade nacional brasileira. Em 1999, publicou As raízes do separatismo no Brasil, de cintilante atualidade.
Nesses tempos bicudos de homens públicos minúsculos, que o Nordeste também tem brindado o Brasil em número pra lá de avultado, são singulares a coerência e a elegância que o mestre Manuel Correia de Andrade imprimiu a todos os atos de sua vida, sempre socialmente produtiva. Ao morrer, julgava-se um homem rico: possuía biblioteca de uns quarenta mil títulos e escrevera, ao todo, mais de cem livros e 250 artigos acadêmicos.
Mário Maestri, 58, é historiador e professor do PPGH em História da UPF. E-mail: maestri@via-rs.net |
Pegada ecológica e social
Para cada pessoa viver, é necessário uma pegada ecológica média geral (2,8 hectares). Mas Europa, EUA, Japão, Índia e China vivem muito acima daquilo que lhes é permitido por seus recursos ecológicos, com uma pegada que chega a 600%. O Planeta suportará?
Leonardo Boff
Quanto aguenta a Terra em sua generosidade ao nos forncecer todas ascondições para que possamos viver, nos reproduzir e coevoluir? Não só nósmas toda a comunidade de vida que vai das bactérias aos vegetais e animais?
Ela é um planeta pequeno, finito em seus recursos e já velho. Temos queviver dentro das capacidades de fornecimento e de reposição, próprios daTerra e não ao nosso bel prazer. A espécie homo sapiens/demens ocupou 83% do planeta e consumiu excessivamente a ponto de a Terra já ter ultrapassado em 25% sua capacidade de recarga. A seguir esta lógica, o planeta quebra como qualquer empresa que gasta mais do que ganha.
Como todos extraem da Terra seus recursos para viver, quanto de chão cada um precisa para garantir sua sobrevivência? Quanto de terra produtiva, áre aflorestal, energia, habitação, água, mar, urbanização e capacidade de absorção dos dejetos cada pessoa necessita? A esse conjunto de fatores ecológicos e sociais se chama de pegada ecológica e social, expressão cunhada por Martin Rees e Mathis Wackernagel ao fazerem um estudo sobre o tema para o Conselho da Terra em 1977. Eles tomaram como referência de cálculo o número de hectares necessários para que cada um, cada cidade e cada pais possam viver de forma minimamente decente. O planeta dispõe de 10,8 bilhões de hectares produtivos que é menos que 25% de sua superfície.
Para cada pessoa viver fazem-se necessários pelo menos 2,8 hectares. Esta seria a pegada ecológica média geral.
Como 18% da humanidade consome 80% dos recursos vitais e os hábitos de consumo variam consoante as regiões e as culturas, varia também aporcentagem de hectares per capita usados. Assim a Europa, os EstadosUnidos, o Japão, a Índia e a China vivem muito acima daquilo que lhes épermitido por seus recursos ecológicos, com uma pegada que vai de 200% até 600% (é o caso do Japão) de sua biocapacidade nacional. Isto significa que se uma região se apropria de mais hectares para manter seu alto nível de consumo (Norte), a outra deverá forçosamente ocupar menos (Sul). Em outras palavras, o consumo alto de um pais ou região comporta um subconsumo baixo no outro. Por aí se entende a profunda falta de equidade na repartição dos bens e o caráter desigual de todo o processo de produção e consumo mundial.
A biocapacidade total do território brasileiro é de 18.615.000 pontos. Apegada ecológico-social brasileira é de 2,6 hectares. Nossa biocapacidadeexcede tanto a nossa demanda que o Brasil poderia ser a mesa posta para as fomes e as sedes do mundo inteiro. Mas nos paises notam-se profundasdiferenças. Enquanto um habitante de Bengladesh possui uma pegada de 0,5 hectares, a de uma norte-americano é de 9,6. Em outras palavras, se todos os habitantes da Terra tivessem o nível de consumo norte-americano,precisaríamos de três Terras semelhantes a nossa para garantirmos osrecursos energéticos e materiais suficientes. Vivemos, pois, sem nenhuma
humanidade e solidariedade. Por isso esse modo de viver é totalmenteinsustentável e pode levar ecologicamente a Terra a um colapso.
O ideal que a Carta da Terra propõe para todos é um "modo sustentável deviver": produzir em consonância com os sistemas vivos, contendo nossavoracidade e dando tempo para que a Terra se regenere e continue a oferecer a nós e à comunidade de vida tudo o que todos precisam.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.
DEPOIS DE TRÊS ANOS INTER PERDE GRE-NAL | ||
Depois de ficar três anos sem perder um clássico Gre-Nal, o Internacional foi derrotado pelo Grêmio por 2 a 0 na noite deste domingo no Beira-Rio em partida válida pela sétima rodada do Brasileirão. Agora, o time parte para o enfrentamento diante do Atlético Mineiro no próximo sábado. O atual campeão do mundo Fifa e da Tríplice Coroa entrou com duas novidades em relação à equipe que havia empatado com o Flamengo na última rodada, no Maracanã. O lateral Marcão começou uma partida pela primeira vez na defesa enquanto o atacante Adriano atuou ao lado de Iarley na frente.
Já o atual vice da Copa Libertadores da América fez algumas mudanças em relação à equipe que perdeu para o Boca Juniors na última quarta-feira. A principal novidade foi a escalação de Lúcio no meio-campo, enquanto Bruno Telles ficou na lateral-esquerda. Outras modificações foram as entradas de Ramon no meio e de Schiavi na defesa.
Os dois times entraram em campo com uma camisa branca pedindo paz aos torcedores. Nas arquibancadas, a torcida colorada fazia uma bonita festa, como é tradicional nos jogos do Beira-Rio. Antes do jogo, cantou o Hino Rio-Grandense demonstrando orgulho. O Inter começou tentando marcar pressão a saída de bola do rival, que, por sua vez, se postava com nove jogadores atrás e apenas Amoroso à frente. O time colorado buscava os avanços pelos lados com Marcão e Alex, pela esquerda, e Wellington Monteiro e Ceará, pela direita.Aos 5min10seg, Ceará chutou forte de fora da área e o goleiro Saja defendeu.
Em alguns momentos, o Grêmio pressionava a saída de bola também e dificultava a saída de jogo. Em uma dessas pressões, aos 7min, Lúcio roubou a bola na intermediária, driblou dois jogadores, entrou na área e chutou no canto de Clemer: Grêmio 1 a 0. Aos 13min20seg, saiu Amoroso e entrou Everton no time gremista. Aos 14min, Adriano ganhou na velocidade de Schiavi e foi derrubado quase na meia-lua da área. Na cobrança, aos 15min50seg, Pinga chutou por cima. Aos 19min, Sandro Goiano cobrou falta para a área e William cabeceou ao lado. A partir dos 20min, o Inter passou a dominar o jogo buscando o gol de empate com troca de passes para furar o bloqueio adversário. Aos 29min30seg, Iarley recebeu passe na área, driblou Saja e fez o gol, mas o juiz anulou o lance por impedimento e ainda deu cartão para o atacante colorado.
Aos 33min20seg, a melhor chance de gol do Inter na primeira etapa. Iarley recebeu grande passe na área e chutou, mas o zagueiro Schiavi se jogou na bola e salvou de carrinho. Na sobra, Ceará concluiu por cima. Aos 34min55seg, Diego Souza cobrou falta da intermediária e Clemer defendeu. Depois disso, pouca coisa ocorreu de importante até o final da primeira etapa. No intervalo, entrou o centroavante Christian e saiu o zagueiro Sidnei no Inter para buscar a virada. Com a modificação, Edinho passou para a defesa, enquanto o time colorado ficou com três atacantes: Iarley, Adriano e Christian.
A modificação tentou fazer com que o Inter tentasse as jogadas de cruzamentos para o centroavante Christian. Aos 7min40seg, Iarley recebeu na área, avançou até a pequena área e chutou, mas Gavilán salvou de carrinho. O Grêmio respondeu aos 9min25seg em uma cobrança de falta de Diego Souza, que Clemer defendeu. O Inter tentou pressionar, mas concedeu espaços para os contra-ataques. Aos 15min, a bola foi cruzada na área e Schiavi cortou com a mão a bola, mas o juiz Wilson Seneme não marcou o pênalti. Aos 20min, em uma jogada de contra-golpe, Diego Souza recebeu passe de Everton e chutou forte na entrada da área para fazer o segundo gol.
Aos 24min30seg, Wellington Monteiro tentou arrematar de fora da área, a bola desviou na zaga e passou ao lado do gol. Aos 26min, entrou Rubens Cardoso e Mossoró no Inter e saíram Pinga e Marcão. Aos 29min40seg, Alex tocou para Christian cabecear ao lado do gol. Aos 36min, Rubens Cardoso se lesionou e teve que sair. Como já havia feito as três substituições, o Inter teve que atuar os últimos minutos com 10 atletas.Aos 46min50seg, Everton recebeu na área e chutou ao lado do gol. Foi o último lance do jogo. “Nosso time brigou e batalhou até o final para a buscar um bom resultado. Fomos um time guerreiro. O Iarley teve duas chances de gol, mas infelizmente saímos derrotados”, avaliou o goleiro Clemer. Internacional (0): Clemer; Ceará, Índio, Sidnei (Christian, intervalo) e Marcão (Rubens Cardoso, 26min2ºt); Edinho, Wellington Monteiro, Alex e Pinga (Mossoró, 26min2ºt); Iarley e Adriano. Técnico: Alexandre Gallo. Grêmio (2): Saja; Patrício, Schiavi, William e Bruno Telles; Gavilán, Sandro Goiano, Diego Souza, Lúcio e Ramon (Edmílson); Amoroso (Everton). Técnico: Mano Menezes. Gols: Lúcio (G), aos 7min do primeiro tempo, Diego Souza (G), 20min do segundo tempo. Cartões amarelos: Schiavi, Saja, Bruno Teles, Sandro Goiano (I), Alex, Mossoró, Pinga, Sidnei, Iarley (I). Renda: R$ 511.398,00. Público: 33.478 (30.372 pagantes). Arbitragem: Wilson Luiz Seneme/SP (Fifa), auxiliado por Carlos Augusto Nogueira Júnior/SP e Evandro Luis Silveira/SP. Local: Estádio Beira-Rio. Fotos: Alexandre LopsFonte: Internacional | ||