Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Ella Fitzgerald - Wishing You A Swinging Christmas
01. jingle bells
02. winter wonderland
03. santa claus is coming to town
04. Have yourself a merry litle christmas
05. what are you doing new year's eve
06. sleigh ride
07. christmas song (merry christmas to you)
08. good morning blues
09. let it snow let it snow
10. rudolph the red nosed reindeer
11. frosty the snowman
12. white christmas
1971 John Mayall - Back To The Roots (UK, Blues, Electric Blues, Brit Blues, 2CD)
Blues Series.
Artist: John Mayal
Type: Album
Year: 1971, (2001 Remastered + Bonus Tracks)
Style: Blues / Blues Rock
Country: United Kingdom
Quality : CBR - 320 kbps / 44,1Khz / Joint-Stereo
Size: 99,614 MB + 99,614 MB + 90,210 MB + All Covers
Tracklist:
CD 1:
01. Prisons on the Road
02. My Children
03. Accidental Suicide
04. Groupie Girl
05. Blue Fox
06. Home Again
07. Television Eye
08. Marriage Madness
09. Looking at Tomorrow
10. Accidental Suicide [Remix]
11. Force of Nature [Remix]
12. Boogie Albert [Remix]
13. Television Eye [Remix]
CD 2:
01. Dream With Me
02. Full Speed Ahead
03. Mr. Censor Man
04. Force of Nature
05. Boogie Albert
06. Goodbye December
07. Unanswered Questions
08. Devil's Tricks
09. Travelling
10. Prisons on the Road [Remix]
11. Home Again [Remix]
12. Mr. Censor Man [Remix]
13. Looking at Tomorrow [Remix]
POR QUEM OS SINOS DOBRAM - 1943
Gênero: Drama/Clássico
Tempo de Duração: 158 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1943
Direção: Sam Wood
Roteiro: Dudley Nichols, baseado em livro de Ernest Hemingway
Produção: Sam Wood
Música: Victor Young
Fotografia: Ray Rennahan
Desenho de Produção: William Cameron Menzies
Direção de Arte: Haldane Douglas e Hans Dreier
Edição: John F. Link Sr. e Sherman Todd
Áudio: Inglês
RMVB Legendado
Cor
Créditos: RapaduraAzucarada - Stirner
Elenco:
Gary Cooper (Robert Jordan
Ingrid Bergman (Maria)
Akim Tamiroff (Pablo)
Arturo de Córdova (Agustín)
Vladimir Sokoloff (Anselmo)
Mikhail Rasumny (Rafael)
Fortunio Bonanova (Fernando)
Eric Feldary (Andrés)
Victor Varconi (Primitivo)
Katina Paxinou (Pilar)
Lilo Yarson (Joaquin)
Alexander Granach (Paco)
Adia Kuznetzoff (Gustavo)
Leonid Snegoff (Ignacio)
Leo Bulgarov (General Golz)
Duncan Renaldo (Tenente Berrendo)
Frank Puglia (Capitão Gómez)
Pedro de Cordoba (Coronel Miranda)
Yvonne De Carlo
Sinopse:
Espanha, 1937. Durante a Revolução Espanhola (1936 a 1939), Robert Jorda (Gary Cooper), um idealista americano, se alia aos guerrilheiros e tem a missão de explodir uma ponte estratégica em um desfiladeiro bem defendido pelos franquistas. Chega ao local com Anselmo (Vladimir Sokoloff), um guia, que lhe apresenta Pablo (Akim Tamiroff), o chefe dos guerrilheiros da região, Pilar (Katina Paxinou), a mulher de Pablo, e outros guerrilheiros. Neste contexto Jordan se apaixona por Maria (Ingrid Bergman), uma bela jovem cujos pais foram mortos pelos fascistas. A missão de Jordan é contestada por Pablo, pois explodirem a ponte atrairia para ali o exército e a aviação franquista. Pilar, uma mulher determinada, não concorda com as posições de Pablo, que age de um jeito no mínimo suspeito.
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A mediação brasileira no caso Colômbia/FARCs |
Laerte Braga
O presidente da Colômbia Álvaro Uribe quer o Brasil mediando a liberação dos reféns colombianos e estrangeiros em poder das FARCs. A senadora Córdoba, opositora de Uribe, fez um apelo a Lula para que aceite mediar o que já estava resolvido.
Toda a seqüência de fatos que antecedeu ao referendo na Venezuela sobre as reformas constitucionais propostas pelo presidente Hugo Chávez obedeceu ao esquema golpista tramado em Washington, veiculado com precisão pela mídia mundial, a latino-americana de forma milimétrica e que teve no governo colombiano um aliado (a Colômbia sob Uribe é protetorado norte-americano) decisivo.
No sábado que antecedeu o referendo a mãe e uma irmã de Ingrid Betancourt, senadora e candidata a presidência da Colômbia viajaram para Caracas e manifestaram publicamente seus agradecimentos ao presidente Chávez pelo empenho em libertar os reféns.
O presidente da França, Sarkozy foi claro e enfático diante da pressão da mídia de seu país e dos parentes de reféns francês, por conta da opinião pública, ao dizer que não se opunha à mediação de Hugo Chávez.
Um acordo preliminar feito com as FARCs permitiu que documentos fossem levados a um determinado ponto do território colombiano comprovando que os reféns, sobretudo a senadora, estavam vivos.
Começa aí o calvário de Chávez e aí talvez as razões de sua “derrota” no referendo.
O que era um pacote para ser entregue ao governo da Colômbia comprovando o estado dos reféns virou uma armadilha pensada e planejada em Washington, que contava com a vitória de Chávez no domingo, para então montar o golpe e derrubar o presidente venezuelano.
Os portadores da carta da senadora foram presos, os documentos que provaram estarem vivos os demais reféns, tudo levado para Bogotá e denúncias da mãe de Betancourt acabaram por desmascarar e mostrar a farsa escancarada, a armadilha.
Os portadores dos documentos iam apenas cumprir uma parte no acordo feito entre o governo da Colômbia, as FARCs através do presidente da Venezuela e do qual tinha ciência o presidente francês.
Foram presos, trechos da carta da senadora publicados à revelia da família, como denunciaram sua mãe e sua irmã, o retrato exibido à exaustão, um contexto previsto pelos governos dos EUA e da Colômbia, como parte do golpe contra Chávez.
A “derrota” de Chávez e o pronunciamento do presidente aceitando os resultados logo no início da madrugada de segunda-feira acabaram por abortar o golpe, pois faltou o motivo principal. A vitória de Chávez e a justificativa que o golpe “repunha” a Venezuela na órbita dos países democráticos, leia-se, países títeres dos interesses norte-americanos.
Ingrid Betancourt seria liberada, como os reféns franceses e os louros do acordo seriam de Chávez.
A decisão de pedir ao governo brasileiro para mediar um acordo com as FARCs resulta da percepção pela opinião pública colombiana e francesa principalmente, que tudo não passou de uma jogada de Washington com um governo títere e ligado ao narcotráfico (foi eleito e reeleito com o dinheiro do narcotráfico).
É claro que Lula deve aceitar o papel. As FARCs estão dispostas a negociar o mesmo acordo que foi negociado com Chávez com o presidente do Brasil. Mas é claro também que os detalhes da armadilha contra Chávez têm que vir a público e ficar transparente que o presidente da Venezuela foi vítima de uma cilada.
Por mais paradoxal que possa parecer a vitória do não acabou por impedir as forças oposicionistas venezuelanas, a mídia da Venezuela, de desfechar o golpe montado e orquestrado por Washington.
Como evidente está que a luta pelas reformas propostas e pela opção pelo socialismo não está enterrada e nem perdida. Até porque, forças de esquerda na cegueira que costuma caracterizar grupos e partidos sem objetivo outro que não sobreviver em guetos, optaram pela abstenção.
Todo o movimento que, entre outras coisas, resultou na compra do general Baduel, então ministro da Defesa de Chávez quando do golpe de 2002, só faz reproduzir uma prática comum a Washington, ainda mais em tempos delirantes de Bush, como no caso do sacrifício da Quinta Frota para ter o pretexto necessário para uma guerra contra o Irã.
A história está cheia de histórias assim. Os impérios nunca foram diferentes em seus propósitos e terá sido por isso que Esopo e La Fontaine escreveram fábulas, como a do lobo e do cordeiro em que não importa que quem turve a água seja o lobo, quem está condenado a morrer por turvar a água é o cordeiro.
O que o governo brasileiro precisa estar atento é a eventuais manobras do narcotraficante Álvaro Uribe (para os EUA o tráfico é menos nocivo que a perda do petróleo venezuelano), preposto de Bush e não cair em armadilha semelhante.
Celso Amorim é um dos pontos positivos do governo Lula. Em todos os sentidos. Sabe onde põe os pés e o que falar. Mas sabe também que atrás de cada porta existe alguém com um punhal pronto para enterrá-lo pelas costas, logo depois do abraço.
E no caso de Washington, numa América Latina que começa a resgatar o sentido de soberania, de independência, de projetos nacionais e regionais de crescimento, desenvolvimento e unidade, todo cuidado é pouco.
O episódio envolvendo o rei da Espanha (a soldo de banqueiros e grandes mafiosos espanhóis rotulados empresários) foi só a explosão de um pastel de vento, o rei, que se seguiu às críticas do presidente da Nicarágua Daniel Ortega, como antes, em ambiente mais reservado, Lula, Kirchner, Bachelet, Correa e Tabaré Vasquez haviam feito as mesmas críticas à voracidade colonizadora das máfias espanholas.
Foi demais para um rei acostumado a ser tratado de majestade, bajulado e a posar para capas de revistas no mundo inteiro, no papel de perfeito garoto propaganda. E depois ir caçar bisões em extinção na Suíça, pagando cinco mil dólares para cada animal abatido.
É o velho sentimento de colonizado das elites. Qualquer rei que chegue ao Brasil vira logo objeto de disputa de convites para recepções DASLU e visitas a uma escola de samba, onde sua majestade, via de regra, dança com uma bela mulata, no mais ridículo espetáculo de subserviência que as elites costumam dar e dão sempre, pois o negócio deles é dinheiro em caixa, não importa se para isso é papai e mamãe ou ficar de quatro.
Chávez foi vítima de uma cilada e Lula precisa abrir os olhos para não cair noutra.
Betancourt e os reféns já estariam soltos e em casa se Uribe e os norte-americanos se importassem com vidas, com seres humanos e não com drogas e lucros a qualquer preço
Fonte: FazendoMedia
> Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.
A importância dos desimportantes | | | |
Frei Betto | |
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Em tempos pré-natalinos, em que autores plagiam Voltaire e apregoam que Deus não passa de um delírio de nossas mentes, vale recordar o que disse Dostoiévski no século XIX: “Ainda que me provassem que Jesus não estava com a verdade, eu ficaria com Jesus”.
Jesus teve muito pouca importância para a sua época, exceto para o pequeno grupo de seus discípulos. Era um homem destituído de valor agregado. Agrega-se valor a uma pessoa a função que ela ocupa (vide os políticos), os bens que ela porta (vide os ricos), os títulos que ela ostenta (vide os nobres e os acadêmicos), o lugar de origem (nascer em Paris ou Nova York soa melhor a certos ouvidos do que nascer em Santana do Capim Seco).
Em tempos de outrora, o lugar de origem fazia às vezes de sobrenome. Os evangelhos referem-se a Jesus de Nazaré. Que valor tinha Nazaré, cidade ao sul da Galiléia? Era uma pequena aldeia camponesa com população em torno de 200 a 400 habitantes. Ali se cultivavam oliveiras, vinhas e grãos, como trigo e cevada. Suas casas eram de pedras brutas empilhadas umas nas outras, revestidas de argila ou lama, e até mesmo esterco misturado com palha para favorecer o isolamento térmico.
A existência de Nazaré jamais foi mencionada pelos rabinos judaicos na Mixná ou no Talmude, embora eles listem 63 outras cidades da Galiléia. O historiador judeu Flávio Josefo, do século I, cita 45 localidades da Galiléia, e Nazaré não aparece. Assim como não figura em todo o Antigo Testamento. O catálogo bíblico das tribos de Zebulon enumera 15 localidades da Baixa Galiléia, próxima a Nazaré, mas esta não é citada (Josué 19,10-15).
Nazaré era um lugar tão insignificante que Natanael, convidado a se tornar discípulo “daquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”, indaga com ironia: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (João 1, 45-46).
Nazaré dista pouco menos de 7 km de Séforis, que foi capital da Galiléia antes de Herodes Antipas construir sua Brasília da época em homenagem ao imperador Tibério César: Tiberíades, à margem do lago da Galiléia. É provável que José e seu filho Jesus tenham trabalhado nas edificações de Séforis e Tiberíades. É curioso constatar que Jesus jamais pisou nesta última cidade, embora fosse visto com freqüência em outras localidades à beira do lago, como Cafarnaum. Talvez a ostentação da capital da Galiléia lhe causasse repulsa.
A própria família de Jesus não o via com bons olhos, como acontece em relação aos filhos que fogem às previsões paternas. Segundo Marcos (3, 19-21), quando Jesus voltou para casa, “a multidão se apinhou, a ponto de não poderem se alimentar. E quando os seus tomaram conhecimento disso, saíram para detê-lo, porque diziam “enloqueceu!” Na cultura da época, insanidade e possessão do demônio eram quase sinônimos.
Marcos, o primeiro evangelista, prossegue: “Chegaram então a mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada em torno dele. Disseram-lhe: ‘A tua mãe, os teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram’. Ele perguntou: ‘Quem são minha mãe e meus irmãos?’. E percorrendo com o olhar os que estavam sentados a seu redor, disse: ‘Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”. (3, 31-35)
A tentativa de difamar Jesus é perene. Em fins do século II, Celso, filósofo grego, escreveu contra o cristianismo em defesa do paganismo: “Imaginemos o que algum judeu – principalmente se filósofo – poderia perguntar a Jesus: “Não é verdade, meu bom senhor, que você inventou a história de seu nascimento de uma virgem para abafar os rumores acerca das verdadeiras e desagradáveis circunstâncias de sua origem? Não é fato que, longe de ter nascido em Belém, cidade real de Davi, você nasceu num lugarejo pobre de uma mulher que ganhava a vida num tear? Não é verdade que quando sua mentira foi descoberta, sabendo-se que fora engravidada por um soldado romano chamado Panthera, seu marido, um carpinteiro, a abandonou sob acusação de adultério? Não é verdade que, por causa disso, em sua desgraça perambulou para longe de seu lar e deu à luz um menino em silêncio e humilhação? Que mais? Não é também verdade que você se empregou no Egito, aprendeu feitiçaria e se tornou conhecido a ponta de agora se exibir entre os seus conterrâneos?”
Estamos a entrar no Advento. Quem esperamos? Um jovem “maluco” oriundo de uma localidade insignificante ou o Deus Salvador? A resposta é simples: basta olhar em volta e indagar-nos que importância damos aos atuais “nazarenos”: sem-terra e sem-teto, oprimidos e encarcerados, funcionários subalternos e pessoas destituídas de valor agregado. Segundo Mateus 25, 31-46, é neles que Jesus quer ser reconhecido, servido e amado. É por eles que Deus Salvador entra em nossas vidas.
Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. |
Palavras Cruzadas 6.0 Full + crack
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Rita Lee
TAMANHO: 44 Mb
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Faixas:
1. Saúde
2. Meio fio
3. Mamãe natureza
4. Esse tal de Roque Enrow - Participação Especial: Pitty
5. Amor e sexo
6. Panis et circenses
7. Lucy in the sky with diamonds
8. Coração babão
9. Pagu - Participação Especial: Zélia Duncan
10. Baila comigo
11. Caso sério
12. Eu quero ser sedado (I Wanna be Sedated)
13. Ando jururu
14. Tudo vira bosta
A HISTÓRIA DA PROIBIÇÃO DA MACONHA (RMVB LEGENDADO)
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tamanho do arquivo: 274 Mb
Sinopse:
Um documentário corajoso sobre um dos assuntos mais polêmicos dos nossos tempos: a guerra contra a marijuana, desde a década de 1920 até os dias de hoje:
- Os bilhões de dólares gastos pelo governo norte-americano para o "combate às drogas";
- As bizarras campanhas publicitárias criadas no século XX com o objetivo de propagar o mito da "erva maldita";
- O racismo implícito na criminalização de muitos usuários da erva do início do século XX, nos EUA;
- Os interesses políticos por trás da proibição.
MACONHA é um documento histórico sobre a guerra contra o uso da cannabis.
Narrado pelo ator Woody Harrelson, de "O Povo Contra Larry Flynt".
Informações Técnicas:
Título no Brasil: Maconha
Título Original: Grass
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 78 minutos
Ano de Lançamento: 1999
País: Canadá
Direção: Ron Mann
Roteiro: Solomon Vesta
Narração: Woody Harrelson
Produção: Sphinx Productions
Elenco:
Woody Harrelson: Narrador (voz)
Harry J. Anslinger
George Bush
Cab Calloway
Jimmy Carter
Chevy Chase
Tommy Chong
Anthony "Man" Stoner
Nancy Davis
Dwight D. Eisenhower
Gerald Ford
Jerry Garcia
Allen Ginsberg
Timothy Leary
John F. Kennedy
Gene Krupa
Fiorello LaGuardia
John Sinclair
John Lennon
Yoko Ono
_________________
"- Você tentou me matar? Não há carne ou sangue dentro deste manto para morrerem. Há apenas uma idéia. E idéias são à prova de balas. Adeus!"
Dexter Gordon Quintet - Lady Bird (1965)
Dexter Gordon Quintet - Lady Bird (1965)
MP3
320Kbps
RS.com: 113mb
Personnel:
Dexter Gordon, tenor saxophone
Donald Byrd, trumpet
Kenny Drew, piano
Niels Pedersen, bass
Alex Riel, drums
Tracks:
1 Ladybird Dameron 2:03
2 So What Davis 12:37
3 Who Can I Turn To (When Nobody Needs Me) Bricusse, Newley 1:21
4 Blues by Five Davis 4:12
por Augusto Buonicore*
Cena do filme Batalha de Argel
Os liberais, ao longo do século 20, realizaram uma verdadeira “operação ideológica” visando a demonstrar que a democracia e a cidadania modernas teriam resultado da evolução gradual e sem traumas do próprio liberalismo. Os pais do liberalismo, Locke, Montesquieu, os federalistas, Mill, Benjamin Constant, Tocqueville e Stuart Mills, foram promovidos à condição de pais da democracia, pouco importando que grande parte deles fosse contra o sufrágio universal e chegasse mesmo a justificar a escravidão.
Nestas últimas décadas o marxista Domenico Losurdo dedicou-se ao trabalho intelectual de “desconstruir” esta colossal mistificação, que impregnou inclusive as hostes socialistas. Os artigos que compõem o livro Liberalismo. Entre Civilização e Barbárie, publicado pela editora Anita Garibaldi, se inserem nesse esforço ao analisarem as relações contraditórias entre o liberalismo e a democracia e entre os processos de emancipação e desemancipação ocorridos durante a expansão planetária do capitalismo.
Em Civilização, barbárie e história mundial: relendo Lênin, Losurdo destaca o importante papel desempenhado pelo revolucionário russo no processo de desmascaramento da filosofia burguesa da história, segundo a qual “as raças superiores se sentem investidas da sagrada missão de conquistar e ‘civilizar’ o mundo inteiro”.
A oposição colonialista entre civilização e barbárie, nascida com os iluministas e radicalizada pelos liberais, passou por uma verdadeira revolução nos textos leninistas. Não foi sem uma ponta de ironia que Lênin escreveu: os “políticos mais liberais e radicais da livre Grã-Bretanha (...) quando se tornam governadores da Índia transformam-se em verdadeiros Gengis Khan”. Essa interessante inversão de papeis se encontra em artigos como “A Europa atrasada e a Ásia avançada” De repente, pelas mãos do bolchevique, as esperanças da revolução, do progresso e da própria democracia se voltam para o oriente economicamente mais atrasado que a Europa.
No segundo artigo, Estado nacional e valores universais. Aventuras do universalismo na era contemporânea, Losurdo trata do caráter regressivo do universalismo liberal, quando comparado ao universalismo dos iluministas. Apesar dos seus limites, os filósofos da luzes tinham uma visão mais aberta e positiva em relação aos povos não-europeus. Isso, no entanto, mudaria sensivelmente com a ascensão da ideologia e das políticas liberais. Tocqueville, por exemplo, referindo-se à China, censuraria os iluministas por suas simpatias por “aquele governo imbecil e bárbaro”. Essa visão preconceituosa levaria os liberais a festejar a vitória britânica sobre o Império Chinês na famigerada Guerra do Ópio.
A principal razão para esse fenômeno segundo Losurdo, foi que o triunfo do liberalismo, coincidindo “com a vitória da expansão colonial”, estimulou “o apego ao etnocentrismo e o maniqueísmo”. Assim a Europa pode “conservar sua certeza de representar a civilização, na medida em que estava aquém do conceito universal de homem”.
Ele volta a abordar o problema dos valores universais entre os liberais ortodoxos de ontem e de hoje no artigo seguinte, Marx, a tradição liberal e a construção histórica do conceito universal de homem. Lembra que, em 1848, Tocqueville já se batia contra os novos direitos políticos e sociais estabelecidos pela revolução francesa de fevereiro daquele ano. Estes, entre os quais se incluía a redução da jornada de trabalho para 12 horas, foram considerados socializantes e, portanto, antiliberais.
Passados cem anos Hayek, referindo-se à Declaração Universal dos Direitos do Homem, afirmou ironicamente que ela buscaria assegurar “ao camponês, ao esquimó e talvez também ao abominável homem das neves ‘férias periódicas remuneradas’”. Para ele, esse documento seria “uma tentativa de fundir os direitos da tradição liberal ocidental com a concepção completamente diferente da revolução marxista russa”. A idéia de que não pode haver liberdade sem que haja um patamar mínimo de igualdade do plano social era inaceitável para ele. Parecia-lhe uma injustificável concessão ao bolchevismo.
Fica patente em posições como essa, enfatiza Losurdo, a desconfiança dos liberais “em relação à categoria dos direitos universais do homem (...)”; “emerge mais uma vez o caráter ideológico e mistificador da profissão de fé que o liberalismo clássico e o neoliberalismo fazem do ‘individualismo’. (...) A democracia moderna não pode ser compreendida sem as idéias e as lutas da tradição democrático-socialista, sendo que a última tem um mérito ainda maior: aquele de ter contribuído de forma decisiva para a elaboração de conceito universal de homem, inexistente, até aquele momento, para a tradição liberal”.
Em Idéia de época histórica em Marx e análise do nosso tempo, o autor trava uma polêmica com as interpretações economicistas do marxismo, esclarecendo que “a contradição entre as relações de produção e as forças produtivas determina o quadro geral, mas não significa que a revolução política ecloda no país onde tal contradição se manifesta mais intensamente”. O próprio Marx havia escrito em As lutas de classe na França que seria “natural que as explosões violentas se manifestem antes nas extremidades do corpo burguês que no seu coração, porque, no coração, há maiores possibilidade de um re-equilíbrio”.
Para Marx a revolução alemã “que se desenha no horizonte é pensada não como o resultado de um impetuoso desenvolvimento capitalista (...) mas sim a partir da defasagem e do conflito entre o atraso alemão e o desenvolvimento econômico, político e ideológico dos países europeus mais avançados”. Partindo destas referências, Losurdo afirma que a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção valeria “acima de tudo, em nível internacional e para uma época histórica considerada no seu conjunto”.
O autor passa então a tratar dos limites da revolução política burguesa. Ao contrário do que afirma toda a literatura liberal sobre a evolução natural e progressiva dos direitos da cidadania, o que se verificou foi uma dialética maléfica: “o desenvolvimento da democracia americana e o fim da discriminação censitária andaram pari passo com o agravamento da opressão dos negros e dos peles vermelhas. Nos EUA, a revolução que suprime o significado político da propriedade é, ao mesmo tempo, uma contra-revolução que acentua o significado político da cor da pele.”
Desse modo busca demonstrar a falsidade da tese de que a “cesta de direitos” que compõem a cidadania moderna foi preenchida de maneira gradual e cumulativa, sem contradições e sem momentos de recuos. Na realidade o processo de ampliação dos direitos foi menos idílico e mais contraditório.
A conquista dos direitos eleitorais pela população masculina adulta dos países capitalista centrais, por exemplo, foi acompanhada pela expansão do colonialismo e de todas as suas mazelas: opressão nacional, servidão e racismo. Na tradição liberal, afirma ele, “a teorização ou celebração da liberdade avança a par e passo com a enunciação de cláusulas de exclusão, pelo que a liberdade em última análise acaba por se configurar como privilégio”.
Para Losurdo foi uma “revolução planetária vinda de baixo” que “constrangeu os dirigentes estadunidenses (...) a liquidar os aspectos mais visíveis e revoltantes do regime da white supremacy”. No Ocidente, “o fim da revolução burguesa não pode ser pensado sem a contribuição de um movimento iniciado com uma revolução que agita a bandeira do socialismo e da luta contra a burguesia”. Assim, “a supressão do significado político da qualificação étnica é obra fundamentalmente de um outro ciclo revolucionário que, se valendo do impulso do ‘outubro bolchevista’, termina com as revoluções anti-coloniais”.
No último artigo, Guerra preventiva, americanismo e anti-americanismo, o autor mostra os pontos de contato entre o nazismo e alguns elementos presentes na cultura estadunidense. Defende que foi “o contexto econômico diverso, mais que a história ideológica e política distinta” que “explicaria a falência do Invisible Empire nos Estados Unidos e o advento do Terceiro Reich na Alemanha”. Em outras palavras, o ovo da serpente existiria nos dois países, mas apenas na Alemanha dos anos 1930 ele conseguiu as condições ideais para se desenvolver.
Prova disso é que os nazistas foram procurar o seu modelo de sociedade assentada na discriminação racial no sul dos Estados Unidos. Um dos principais ideólogos do nazismo, Rosenberg, não cansava de celebrar os Estados Unidos “como ‘esplêndido país do futuro; que teria tido o mérito de formular a feliz ‘nova idéia de Estado racial’, idéia que agora se trataria de aplicar, ‘com força juvenil’, por meio de expulsão e deportação dos ‘negros e amarelos’”.
Este artigo nos recorda, também, que uma das principais obras do anti-comunismo e do anti-semitismo foi escrita pelo respeitável industrial (e liberal) Henry Ford e se chamava curiosamente O Judeu Internacional. Nela a revolução soviética é apresentada como parte do complô judeu internacional. O líder nazista Himmler chegou a afirmar que o foi o livro de Ford que o alertou para a “periculosidade do judaísmo”. Ainda segundo ele, o livro de Ford teria indicado às lideranças nazistas “a via a percorrer para libertar a humanidade do seu maior inimigo em todos os tempos, o judeu internacional”.
Os textos presentes neste livro revolucionam as interpretações sobre a democracia estadunidense. “Sem a escravidão (e a subseqüente segregação racial), escreveu Losurdo, nada se pode compreender da ‘liberdade americana’: ambas crescem juntas, uma sustentada na outra”. E para definir esta democracia liberal restrita, ele empresta o termo Herrenvolk democracy – ou seja, uma democracia para os povos dos senhores. Esta categoria, inicialmente, foi utilizada na definição dos regimes segregacionistas que imperavam no sul dos Estados Unidos e na África do Sul, mas Losurdo deu a ela uma abrangência bem maior.
O Herrenvolk democracy é a “democracia” que vigoraria apenas para os homens brancos, excluindo-se os pobres, negros, índios, amarelos e as mulheres. Aplicada no plano das relações internacionais ela significa a opressão da maioria da humanidade que vive fora dos círculos do poder das potências capitalistas ocidentais. Deste modo, a categoria seria útil para entendermos “a história do Ocidente como um todo” e, especialmente, a política e a ideologia imperialistas nos dias de hoje.
*Augusto Buonicore, Historiador, mestre em ciência política pela Unicamp