sexta-feira, 21 de março de 2008

A GLOBO JÁ ESTÁ EM CAMPANHA, EM ESFORÇO MELHOR ORGANIZADO QUE O DE 2006

Luiz Carlos Azenha

SÃO PAULO - Governo e oposição já estão em franca campanha para as eleições municipais de 2008. O governo faz o PAC e os Territórios da Cidadania, que são obras importantes de infraestrutura mas podem, óbviamente, render dividendos eleitorais. A oposição está desarticulada no Congresso, mas tem aliados importantes no STF e na mídia.

O partido mais forte de oposição é o Partido das Organizações Globo. Só não percebe que está em campanha eleitoral quem não presta atenção. A campanha vai do Jornal Nacional à rádio CBN, passando pelo jornal O Globo e o portal da Globo.com. Não existem reuniões de campanha. Não é preciso. Os senadores, deputados e vereadores do partido pensam igual. Alguns são escalados para tentar agendar o noticiário do dia, através do Bom Dia Brasil. Outros trabalham junto à elite, em programas da Globonews. Há os que ataquem em novelas e no entretenimento. É uma bancada de famosos.

Sinceramente, não sei qual é a eficácia desse martelar contínuo. O time é formado não só por aqueles que recebem salários diretamente, mas também pelos contratados para prestar serviço. São os especialistas, que recebem um espaço extraordinário em concessões públicas de rádio e de televisão para dar suas opiniões "neutras". Esse tempo não é contado no oferecido a integrantes do governo ou da oposição. É tempo de comentários supostamente jornalísticos. É propaganda eleitoral disfarçada.

Em 2006 o Jornal Nacional dava um minuto para o Alckmin, um minuto para a Heloísa Helena, um minuto para o Cristovam Buarque, um minuto para o Lula, dois minutos para a capa de Veja e cinco minutos para escândalos federais. Não existiam escândalos estaduais, nem municipais.

Já está no ar, nas Organizações Globo, uma reprise de 2006, agora melhor organizada.

De lá para cá a linha editorial dos veículos foi consolidada, a ponto de os correspondentes internacionais receberem o que pode ser definido como "material de propaganda", para que aprendam o que pensa a direção da empresa. Ainda que alguns correspondentes usem os livros para calçar a porta de casa, o importante é que repitam, no ar, o conteúdo.

Há três objetivos: um, de curto prazo, meramente eleitoral. Nessa estratégia se encaixam participações como as do doutor Rosenfield na rádio CBN. Ele é apresentado como doutor em ética e professor universitário. O ouvinte desavisado acha que é uma simples autoridade intelectual supostamente imparcial. Essas "autoridades" serão usadas crescentemente para não desgastar a credibilidade dos jornalistas da casa, munição importante para as vésperas da eleição.

Os ataques vão se concentrar naquilo que os aliados do governo poderão usar na campanha, especialmente no PAC. As CPIs dos cartões corporativos e das ONG são mantidas em banho-maria. É delas que surgirão os escândalos para alimentar o noticiário dos próximos meses. Se 2006 serve de exemplo, esses e outros escândalos vão atingir o ápice em agosto ou setembro. Se começarem a surgir muito cedo, haverá tempo de refutar as informações superficiais, distorcidas, manipuladas ou tiradas de contexto - especialmente através da internet.

O segundo objetivo é mais longínqüo: as eleições de 2010. Os jornalistas assalariados e os comentaristas alugados vão mirar em qualquer candidato em potencial ligado ao governo - de Ciro Gomes a Dilma Roussef. É um trabalho de longo prazo. Feito com paciência, diligência e organização.

O terceiro objetivo tem caráter mais ideológico: derrubar iniciativas consideradas prejudiciais aos interesses políticos ou econômicos das Organizações Globo, das grandes corporações e da política externa dos Estados Unidos, que na verdade se confundem. Direitos das corporações serão defendidos como se fossem direitos humanos. Direitos trabalhistas serão atacados como atraso. Por exemplo, ligando as leis ao entulho da ditadura Vargas. E os direitos das minorias serão vendidos como violação de direitos alheios, isto é, da elite branca como definida pelo ex-governador Cláudio Lembo.

E assim serão combatidas a redução da jornada de trabalho, os aumentos do salário mínimo acima da inflação, os programas sociais, a reforma agrária, o reconhecimento de direitos dos quilombolas e dos indígenas que ameacem o agronegócio, o estatuto da Igualdade Racial, a expansão do Mercosul e qualquer iniciativa que represente aproximação entre o Brasil, a Bolívia, o Equador e a Venezuela.

O combate ao governos destes três últimos países tem a ver com a ameaça da consolidação de um caminho que põe em xeque a soberania dos Estados Unidos sobre a América Latina, que é um fato afirmado, confirmado e reafirmado através da contínua intervenção política, econômica e militar no México, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador, na Costa Rica, em Cuba, em Granada, no Panamá, em Porto Rico, na República Dominicana, no Haiti, na Colômbia, na Venezuela, no Chile, no Brasil, na Argentina, na Bolívia e no Paraguai. Esqueci alguma intervenção? A Globo esqueceu.

O CEDOC da Globo parece ter sido vítima de um apagão digital. O CEDOC da Globo só se lembra dos seqüestros praticados pelas FARC. O CEDOC da Globo se esqueceu da derrubada de um avião cubano com 57 passageiros a bordo em 1976 e do fato de que os autores do atentado viveram ou vivem livres, leves e soltos nos Estados Unidos. Nessa parte do arquivo deu tilt. Se o CEDOC se lembrar disso vai ser preciso explicar aos telespectadores da Globo que governos americanos deram cobertura a terroristas. Já imaginaram?

Eu escolhi reproduzir o áudio da rádio CBN, que está na Rádio Viomundo, para dar um exemplo do que ouvem milhões de paulistanos em seus automóveis, presos no engarrafamento, que é sempre causado "por excesso de veículos", no jargão da emissora. Os congestionamentos-monstro de São Paulo nunca são causados por falta de planejamento ou pela inércia dos poderes públicos. Admitir isso seria, de alguma forma, prejudicar o projeto político aliado, que hoje controla a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.

Notem como o jornalista-locutor, no áudio que reproduzo, se sente à vontade para sugerir que, infelizmente, é impossível mudar de técnico - ou seja, é impossível derrubar um presidente da República eleito pela maioria.

Sugiro a vocês que escrevam aí embaixo uma lista de senadores, deputados e vereadores da bancada das Organizações Globo. Vou criar uma seção neste site para que fiquem registradas as declarações da bancada da Globo nesta campanha eleitoral. Peço a contribuição de todos. Não pode haver erro: o objetivo é o de reproduzir literalmente o que escrevem e dizem no rádio e na TV os integrantes deste verdadeiro partido político, de alcance e penetração nacionais.

Gravem da TV, do rádio, recortem dos jornais. Vamos fazer a partir de agora um grande banco de dados com os comentários "apartidários" do Partido das Organizações Globo, para a diversão de futuras gerações. Quem sabe saia disso um livro, o primeiro produzido no Brasil a partir da ação colaborativa de internautas. Poderemos chamá-lo de Pérolas do Jardim Botânico.

Alípio Freire contesta Gaspari no artigo "A Ditadura Reencarnada"


O jornalista Élio Gaspari publicou há poucos dias um artigo que gerou muita indignação entre os veteranos militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura militar no Brasil. O jornalista Alípio Freire é um deles. Neste artigo, ele desanca o texto de Gaspari --que tentava qualificar como terroristas os militantes de 68-- e diz que "as mandracarias do jornalista que se propõe expert sobre a ditadura, a respeito da qual já publicou alguns livros que, com esse artigo publicado na Folha, tornam-se, na melhor das hipóteses, fontes absolutamente suspeitas". Veja abaixo a íntegra do artigo de Alípio Freire, publicado no jornal Brasil de Fato.



A Ditadura Reencarnada

por Alipio Freire (*)

O que leva alguém a escrever e publicar, a partir de uma série de mentiras,
um artigo com o título Em 2008 remunera-se o terrorista de 1968, nos dias da
visita da senhorita Condoleezza Rice ao Brasil, poucos depois da invasão e
bombardeio do território equatoriano pelas forças do narco-presidente Álvaro
Uribe, para assassinar militantes das Farc?

O que se pretende ao retomar a expressão "terrorista" no título e corpo de
um texto, repetida ad nauseam, quando todos sabem dos esforços de Miss
Condie para tentar nos convencer de que invasões de fronteiras e desrespeito
a soberanias nacionais devem ser considerados "legítima defesa" desde que se
trate de perseguir o que o governo a que serve considere unilateralmente
como "terroristas"?

Essas perguntas, pelo menos por enquanto, ficarão sem resposta.

Observado o contexto em que a Folha de S. Paulo publicou o artigo do
jornalista Élio Gaspari, vamos ao texto.

O pretexto do artigo é a defesa de supostos direitos do senhor Orlando
Lovecchio Filho, que perdeu uma perna há cerca de 40 anos, em conseqüência
de bomba colocada no Consulado dos EUA em São Paulo.

Primeiro, o senhor Gaspari omite que houve um processo movido pelo senhor
Lovecchio contra o arquiteto Sérgio Ferro, único sobrevivente do comando que
colocou a bomba. Nesse processo, os advogados do senhor Lovecchio anexaram
dois laudos médicos: o primeiro, dá conta de que, quando a vítima deu
entrada no hospital imediatamente após ser ferido pela explosão, a cura do
ferimento seria possível. No entanto, a Delegacia de Ordem Política e Social
(Deops) retirou o senhor Lovecchio do hospital, levando-o para sua sede na
Praça General Osório, para interrogatório, somente depois do que foi levado
outra vez para o hospital. O segundo laudo (feito depois dessa volta)
declara que, nesse intervalo de tempo, sua perna havia gangrenado, tornando
a amputação a única saída possível. O arquiteto Sérgio Ferro ganhou o
processo em duas instâncias.

Depois, revela ignorância e/ou má fé o cronista, ao classificar a bomba
contra o Consulado enquanto ação "terrorista". Os arquitetos Sérgio Ferro e
Rodrigo Lefèvre (falecido em 1984) foram julgados em 1971 pela Auditoria da
2ª Circuscrição Militar de São Paulo. Acusados pela ação contra o Consulado.
Esta foi classificada pelo tribunal militar como "propaganda armada". Ou
seja, o jornalista Gaspari investindo-se da mesma presunção do governo do
senhor George W. Bush, define unilateralmente o que seja "terrorismo" a
partir do que se sente autorizado a atacar o que bem entenda.

Mas, não param aí as mandracarias do jornalista que se propõe expert sobre a
ditadura, a respeito da qual já publicou alguns livros que, com esse artigo
publicado na Folha, tornam-se, na melhor das hipóteses, fontes absolutamente
suspeitas.

De acordo com o cronista, a ação teria sido da autoria da Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), planejada por Diógenes Carvalho de Oliveira que,
juntamente com os dois arquitetos e a então produtora cultural Dulce Maia,
teriam sido seus executores.

Aqui, incorre o arrogante expert em pelo menos três outras inverdades: a
ação foi uma decisão da Ação Libertadora Nacional (ALN) e nem Diógenes ou
Dulce (militantes da VPR) tiveram qualquer tipo de participação.

A partir desse conjunto de mentiras sucedem-se os ataques pessoais,
sobretudo contra Diógenes de Oliveira. A certa altura, lemos: "Durante o tempo em que esteve preso, ele [Diógenes] foi torturado pelos militares (...). Por isso, foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria uma enorme distância. O que ele queria era outra ditadura".

Mais uma vez, investindo-se da postura imperial do senhor W. Bush, o
cronista que, segundo consta, foi o enfant gâté (criança mimada) dos
generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, se coloca acima de
qualquer lei (sim, pois existe uma Lei de Anistia), e decide dar aulas sobre
o que deve ser considerado "malfeitoria" e "democracia".

De repente, além de outros interesses mais ou menos escusos que possa ter
para se expor com mentiras tão rudimentares, o cronista volta a uma das suas
mais velhas teclas: as indenizações recebidas pelos perseguidos durante a
ditadura.

Desta vez, tenta cunhar uma graciosa expressão: "Bolsa Ditadura".

Desrespeito e indignidade parecem não ter limites.

Sobre as indenizações

A respeito das indenizações, qualquer pessoa minimamente informada sabe que
todo Estado é responsável pela integridade de seus cidadãos sob sua custódia
e que, não cumprindo esse seu dever, pode e deve ser processado. Do mesmo
modo, todos sabem que é dever das Forças Armadas, além de defender o
território nacional de agressões estrangeiras, garantir a Constituição que
rege o Estado.


Em 1964, setores hegemônicos das Forças Armadas, aliados ao grande capital
internacional, à mais alta cúpula da Igreja, à chamada "direita ideológica"
e com o apoio do governo dos Estados Unidos (democracia pela qual parece
pugnar o cronista que aqui glosamos) rasgou a Constituição brasileira, depôs
seu presidente constitucionalmente eleito e implantou a tortura e o
assassinato de adversários enquanto política de Governo e de Estado.


Explicado o óbvio, repetirei aqui, para encerrar, apenas um trecho de uma
das minhas falas perante a Comissão de Anistia, quando do julgamento do meu
processo, em outubro de 2004:


Se o Congresso Nacional houvesse aprovado a nossa proposta de Anistia Ampla,
Geral e Irrestrrita, que incluía a apuração das responsabilidades pelos
crimes cometidos e punição de seus autores e mandantes nos termos da lei,
certamente teríamos como desdobramento o confisco dos bens dos que
enriqueceram ilicitamente naquele período à custas da violência e do herário
público. Em todos os sentidos, e também por saber que nossas indenizações
seriam pagas por esses confiscos justos e legítimos, nos sentiríamos
certamente muito mais realizados em nossos objetivos.


No entanto, foram exatamente os que pensam como o senhor Gaspari, que
preferiram que esse tipo de solução não se concretizasse.

Nota: As informações aqui utilizadas foram dadas diretamente com Sérgio Ferro e Dulce Maia. Infelizmente, não pudemos ouvir Diógenes Carvalho de Oliveira. Os três, bem como o já falecido Rodrigo Lefèvre, foram meus companheiros de prisão, e tenho profundo orgulho de privar da amizade de todos eles.

(*) Alipio Freire é jornalista, escritor e membro do Conselho Editorial do
Brasil de Fato, onde este artigo foi originalmente publicado.

Créditos: Vermelho


Uribe dirige a Colômbia tal qual um latifúndio


Todos os sábados, ele percorre o país afora para ouvir a população humilde. Por ser um contramestre eficiente (a sua primeira profissão), ele soluciona os seus problemas mais imediatos: a estrada que precisa ser asfaltada, o esgoto por ser consertado, o centro de saúde por ser construído. As câmeras filmam, evidentemente. Messiânico e populista, Álvaro Uribe dirige o seu país da mesma forma que ele administrava o seu latifúndio, e o método está agradando. Para a imensa maioria dos seus compatriotas, ele é "o melhor presidente que a Colômbia já teve".


Marie Delcas: Le Monde Diplomatique



Em Quito e em Caracas, o tom dos comentários é diferente: o fiel aliado de George W. Bush é considerado nas capitais equatoriana e venezuelana como "um pião do império", "um perigo para a região", e até mesmo "um mafioso" e "um aliado dos paramilitares". A França, por sua vez, tem dificuldades para compreender a intransigência do presidente colombiano frente aos guerrilheiros que, há mais de seis anos, mantêm Ingrid Betancourt como refém.


Álvaro Uribe foge da imprensa estrangeira, passa horas falando no microfone das rádios de bairro. Junto aos seus eleitores, ele forjou para si uma imagem de homem de ação que não recua diante dos riscos e assume as suas responsabilidades. Mas ele atraiu contra a sua pessoa a cólera de um continente que não está para brincadeiras em matéria de soberania territorial, ao mandar bombardear, em 1º de março, um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), situado em território equatoriano. Ao mandar eliminar Raúl Reyes, o número dois na hierarquia das Farc e seu principal negociador, ele também assumiu o risco de atrair a ira dos mediadores que estavam tentando obter a liberação dos reféns. "Eu optei por dar a prioridade à eficácia militar", confessou o chefe do Estado durante uma reunião informal com a imprensa.


"Os riscos foram bem calculados", comemoram hoje os seus partidários. Os "uribistas" estão firmemente convencidos de que o seu presidente triunfou em todos os planos. Raúl Reyes está morto e a crise diplomática está encerrada; as autoridades de Quito e Caracas, por sua vez, acabaram ficando numa situação complicada, pois passaram a ser suspeitas de cumplicidade com uma organização terrorista. A imprensa colombiana vem repercutindo este "triunfo" do presidente. Ninguém ouviu o discurso do presidente Nicolas Sarkozy no qual este lembrou que "a democracia tem por obrigação combater o terrorismo dentro do respeito das regras da democracia".


Israel do continente


Para justificar uma incursão além das suas fronteiras, o presidente Uribe alegou a "legítima defesa" e as necessidades da luta contra o terrorismo. O argumento teve lá o seu peso, evitando que a Colômbia fosse alvo de uma condenação por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Mas é o apoio de Washington que se revelou decisivo", reconhece um diplomata colombiano. Este último teme que a frase do presidente Hugo Chávez: "A Colômbia tornou-se o Israel da América Latina", tenha sensibilizado a muitos na região.


"Álvaro Uribe nunca poderia ter bombardeado o Equador sem o sinal verde dos Estados Unidos", lembra o analista Pedro Medellín. Os americanos são suspeitos de jogarem a carta do enfrentamento regional para desestabilizar Hugo Chávez, a sua grande ojeriza. Desde a implantação do Plano Colômbia, em 2000, Bogotá recebeu mais de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 8,7 bilhões) no quadro da ajuda militar americana.


"Uribe é um líder. Ele nos devolveu a confiança. Desde que ele está no comando, tudo anda melhor", resume Hector Barragan, um caminhoneiro que se diz "furibista" - adepto da "fúria uribista". Durante os seis anos em que ele esteve no poder, o presidente nunca caiu abaixo do limite das 65% de opiniões favoráveis. A sua cota era de 80% às vésperas da crise diplomática. "E agora, ele deve estar na casa dos 110%", ironiza o analista Leon Valencia. Com efeito, a união sagrada exerceu-se em favor do presidente.
Milícias e narcotráfico

As críticas, os reveses e os escândalos não conseguem deixar marcas na sua atuação. Este "efeito Teflon" a toda prova deixa perplexos os institutos de pesquisas e desolados os anti-uribistas - eles existem. Até mesmo o escândalo conhecido como da "para-política" poupou Álvaro Uribe até o momento. Mais de 40 parlamentares da maioria presidencial foram indiciados por terem desenvolvido atividades em parceria com as milícias de extrema-direita, culpadas de inúmeros crimes atrozes. Destes ex-parlamentares, 22 estão encarcerados.


O senador Mario Uribe que, além de primo, é um mentor do chefe do Estado, poderia em breve se juntar a eles. "Ninguém é responsável pelos atos dos seus familiares", lembram não sem razão os "uribistas". Por sua vez, José Obulio Gaviria, um dos mais influentes entre os conselheiros presidenciais - e considerado como o ideólogo do regime - era primo de Pablo Escobar, o grande líder do cartel de Medellín, morto em 1993. Ninguém é responsável pelos atos dos seus familiares.


As Farc continuam exercendo uma influência decisiva em relação à popularidade presidencial. Os "furibistas" e os "anti-uribistas" estão de acordo neste ponto. Escaldados pelo interminável e estéril processo de paz conduzido pelo presidente Andrés Pastrana (no poder de 1998 a 2002), os colombianos elegeram em 2002 um presidente de pulso forte para acabar de uma vez por todas com a guerrilha.


"Pulso de ferro e grande coração", dizia o primeiro slogan de campanha de Álvaro Uribe, que foi reeleito triunfalmente quatro anos mais tarde. Neste meio tempo, a "segurança democrática" mostrou a que veio: uma paz precária voltou a ser instaurada nas regiões rurais, os eixos rodoviários tiveram a sua segurança reforçada, o número de homicídios e de seqüestros diminuiu. É verdade que as estatísticas oficiais sempre devem ser consideradas com cautela. Mas, em política, a confiança importa mais do que os números. O chefe do Estado permanece convencido de que "o conflito armado não é a conseqüência da pobreza, mas sim a sua causa". Toda reflexão a respeito dos privilégios e dos deveres dos cidadãos ricos desapareceu do discurso político. A política social foi relegada para um segundo plano. Foi dada prioridade para a proteção dos investimentos privados e para o orçamento militar.


Contudo, Álvaro Uribe também encarna um estilo de governo. Nem coquetéis, nem iate para este presidente que soube forjar para si uma imagem de homem pio, austero e trabalhador. O chefe do Estado se deixa raramente fotografar quando está de folga. Durante uma das suas inúmeras visitas oficiais em Washington, ele foi surpreendido almoçando numa lanchonete "fast food".


Carreira política


Álvaro Uribe é originário de Medellín, que é o berço da indústria nacional e também o dos traficantes de cocaína. Durante os anos 1970, ele seguiu nesta cidade brilhantes estudos de direito. Uma jovem promessa do Partido Liberal, ele deslancha a sua carreira política numa época em que os comprometimentos entre a máfia e as elites locais eram moeda corrente. Em 1980, o seu pai, um criador de gado, é assassinado pelas Farc - o presidente se defende até hoje de estar em busca de vingança. Pouco depois, o traficante Pablo Escobar publica no jornal local um anúncio no qual ele lhe manifesta as suas condolências. "Eu nunca fui amigo de Pablo Escobar, mesmo quando isso virou moda", assegurou no ano passado o chefe do Estado. Na época, Virginia Vallejo, que foi a amante do mafioso, acabava de ter as suas memórias publicadas, nas quais ela relata as relações cordiais que cultivavam os dois homens.


Depois de exercer um mandato no Senado, Álvaro Uribe é eleito, em 1995, governador do seu departamento, Antioquia. A sua gestão revela-se eficiente, o que lhe vale a admiração dos seus eleitores, mas os seus métodos visando a reforçar a segurança pública provocam a indignação dos defensores dos direitos humanos. Com efeito, o governador Uribe promove com entusiasmo a implantação de cooperativas privadas de segurança, que acabam de ser legalizadas. Declaradas posteriormente inconstitucionais, as "Convivir" contribuíram para a explosão do paramilitarismo na Antioquia. Um diplomata colombiano que ocupava na época um cargo em Washington conta que "ninguém na capital americana queria receber o governador da Antioquia, excessivamente vinculado aos paramilitares". Os tempos mudaram.


Atualmente, os principais chefes paramilitares se dedicam às suas atividades do interior da prisão. Oficialmente, eles desmobilizaram as suas tropas. Trinta mil homens entregaram as armas. Contudo, em várias regiões do país, milícias armadas a serviço dos narcotraficantes se reconstituíram. No quadro da aplicação da lei Justiça e Paz, os chefes paramilitares que confessam os seus crimes não passarão mais de oito anos atrás das grades.


Os mal intencionados colocam em perspectiva este generoso perdão oferecido aos criminosos paramilitares e a virulência com a qual o presidente combate a guerrilha. "Os primeiros aceitaram o princípio de um cessar-fogo, eles entregaram as armas e confessaram seus crimes. Os guerrilheiros, por sua vez, prosseguem suas atividades criminosas. Tão logo eles aceitarão um cessar-fogo, nós lhes abriremos as portas da negociação", lembra o alto-comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo.


"Álvaro Uribe não governa, ele seduz e evita cuidadosamente empreender toda reforma estrutural que poderia comprometer o seu capital político", avalia o professor Pedro Medellín. A indispensável reforma em profundidade do sistema fiscal foi postergada por um tempo indeterminado. "O presidente poupa muito particularmente os grandes grupos econômicos vinculados aos meios de comunicação", sublinha Pedro Medellín.


"As pessoas se esquecem com freqüência de que o presidente Álvaro Uribe foi beneficiado por uma conjuntura econômica particularmente favorável. A opinião pública atribuiu o crescimento ao sucesso da política de segurança do governo. Mas a América Latina como um todo conheceu um crescimento positivo", acrescenta o economista Mauricio Perez.


O país continua sendo o maior produtor mundial de cocaína. Mas a questão da contribuição da economia da droga para a taxa de crescimento é outra que vem sendo deixada de lado há muito tempo.


Norman McLaren - Neighbours (1952)

Imagens da desigualdade: o que o mundo come


Uma série fotográfica no site da revista americana Time suscita reflexões sobre a desigualdade social, desta vez sobre a mesa de refeições de famílias espalhadas ao redor do planeta.


A revista reproduziu em seu site fotografias de cada família e os alimentos que elas consomem em apenas uma semana. A fonte das fotografias foi o livro Hungry Planet: What The World Eats (Planeta Faminto: O que o Mundo Come, em tradução livre), que descreve o que 30 famílias, em 24 países, comem em 640 refeições.


O fotógrafo Peter Manzel e o escritor Faith D'Aluisio viajaram o mundo, procurando saber o que 30 famílias em 24 países, do Sudão a Cuba, passando pela Polônia, colocam em suas mesas para jantar.


Reproduzimos abaixo algumas famílias, fotografadas com o que comem em uma semana. É digno de nota comparar a quantidade de comida e o número de familiares que se sustentam semanalmente com o que a fotografia mostra.

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Alemanha: Família Melander de Bargteheide

Gasto semanal em alimentos: US$ 500,07

(Clique na fotografia para vê-la em melhor resolução)

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Japão: Família Ukita, cidade de Kodaira

Gasto semanal em alimentos: US$ 317,25

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Itália: Família Manzo, da Sicília

Gasto semanal com alimentos: US$ 260,11

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Koweit: Família al-Haggan, da Cidade do Koweit

Gasto semanal com alimentos: US$ 221,45

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Estados Unidos: Família Revis, da Carolina do Norte

Gasto semanal com alimjentos: $341.98

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México: Família Casales, de Cuernavaca

Gasto semanal com alimentos: US$ 189,09

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China: Família Dong, de Pequim

Gasto semanal com alimentos: US$ 155,06

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Polônia: Família Sobczynscy, de Konstancin-Jeziorna

Gasto semanal com alimentos: US$ 151,27

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Egito: Família Ahmed, da cidade do Cairo

Gasto semanal com alimentos: US$68,53

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Equador: Família Ayme, de Tingo

Gasto semanal com alimentos: US$ 31,55

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Estados Unidos: Família Caven da Califórnia

Gasto semanal com alimentos: US$ 159,18

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Mongólia: Família Batsuuri, de Ulaan Baator

Gasto semanal com alimentos: US$ 40,02

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Butão: Família Namgay, da vila Shingkhey

Gasto semanal com alimentos: US$ 5,03

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Tchade: Família Aboubakar, do acampamento Breidjing

Gasto semanal com alimentos: US$ 1,23

Créditos: vermelho

Fonte: Time ( http://www.time.com/time/photogallery/0,29307,1626519,00.html )



Led Zeppelin - Remasters - 1990

Remasters - 1990

img171/2510/ledzeppelinremastersfropy5.jpg

Disco 1
Parte1 - Parte2

1. Communication Breakdown (Page/Jones/Bonham)
2. Babe I'm Gonna Leave You (Page/Plant/Anne Bredon)
3. Good Times Bad Times (Page/Jones/Bonham)
4. Dazed and Confused (Page)
5. Whole Lotta Love (Page/Plant /J ones/Bonham)
6. Heartbreaker (Page/Plant / Jones/Bonham)
7. Ramble On (Page/Plant)
8. Immigrant Song (Page/Plant)
9. Celebration Day (Page/Plant/Jones)
10. Since I've Been Loving You (Page/Plant/Jones)
11. Black Dog (Page/Plant/Jones)
12. Rock and Roll (Page/Plant / Jones/Bonham)
13. The Battle of Evermore (Page/Plant)
14. Misty Mountain Hop (Page/Plant/Jones)
15. Stairway To Heaven (Page/Plant)



Disco 2
Parte1 - Parte2

1. The Song Remains The Same (Page/Plant)
2. The Rain Song (Page/Plant)
3. D'yer Mak'er (Page/Plant/Jones/Bonham)
4. No Quarter (Page/Plant/Jones)
5. Houses of The Holy (Page/Plant)
6. Kashmir (Page/Plant/Bonham)
7. Trampled Under Foot (Page/Plant/Jones)
8. Nobody's Fault But Mine (Page/Plant)
9. Achilles Last Stand (Page/Plant)
10. All My Love (Plant/Jones)
11. In The Evening (Page/Plant/Jones)


créditos:LooLoBLog
PASSEIO SOCRÁTICO

Por Frei Beto


Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no
Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na
pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha,
feijão, frutas e hortaliças.
"Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo:
refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e
não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor
simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que
se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais -
manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e
a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido
litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido
de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa
coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e,
sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais.
Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano
comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira.
Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o
valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos
bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós".
O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores,
somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens
simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social.
Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da
pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas,
tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa
interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua
uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de
desdém.
Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um vinho guardado na
adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa ao seu dono nas comunidades tribais, na
sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.
Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro,
e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa
pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um
famoso estilista a gata borralheira transforma-se em Cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura
neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre
como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos
ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos
objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E
se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa
frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é
alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também
objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas
não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são
desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o
vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de
vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola
abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta
de convívio é compensada pelo consumo supérfluo.
"Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo
a ordem que a destrói."
E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da
cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e
contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam
indagando se necessito algo.
"Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo.
Olham-me intrigados.
Então explico:
Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo.
Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas.
E, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz".
O "ethos" (a convivência humana e a responsabilidade social, eis o nosso porto.
A "paidéia", com este horizonte, é a caminhada educacional - escolar e a social -
a nos fazer cidadãos,profissionais e pessoas, em construção permanente.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Camille Claudel

Em Paris, em 1885, a jovem escultora Camille Claudel entra em conflito com sua família burguesa e choca a sociedade ao tornar-se aprendiz, depois assistente e, finalmente, amante do famoso escultor Auguste Rodin, que era casado.
Depois de quinze anos de um relacionamento dramático com Rodin, Camille rompe com ele, mas mergulha na solidão e na loucura, tendo que ser internada num manicômio em 1912, por seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel.

Créditos:makingoff - cabelinho
Gênero: Drama
Diretor: Bruno Nuytten
Duração: 175 minutos
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0094828/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: DivX 3 Low
Vídeo Bitrate: 1.199,83 Kbps
Áudio Codec: MPEG1/2 L3 48 KHz
Áudio Bitrate: 142,63 Kbps
Resolução: 640 x 272
Aspect Ratio: 2.353
Formato de Tela: Outros
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,36 Gb
Legendas: No torrent

1990 (EUA)

* Indicado nas categorias de melhor atriz (Isabelle Adjani) e melhor filme estrangeiro.


Festival de Berlim 1989 (Alemanha)

* Recebeu o Urso de Prata na categoria de melhor atriz (Isabelle Adjani).
* Indicado ao Urso de Ouro.


Prêmio César 1989 (França)

* Venceu nas categorias de melhor atriz (Isabelle Adjani), melhor fotografia, melhor figurino, melhor montagem, melhor filme, melhor trilha sonora original e melhor desenho de produção.
* Indicado nas categorias de melhor ator (Gérard Depardieu), melhor primeiro trabalho, melhor som, melhor ator coadjuvante (Alain Cuny) e melhor atr promissor masculino (Laurent Grévill).


Globo de Ouro 1990 (EUA)

* Indicadpo na categoria de melhor filme estrangeiro.

Camille Claudel (Fère-en-Tardenois, Aisne, 8 de dezembro de 1864 — Paris, 19 de outubro de 1943) foi uma escultora francesa.

Filha de Louis-Prosper Claudel, hipotecário e Louise-Athanaïse Claudel, Camille Claudel passa sua infância em Villeneuve-sur-Fère, morando em um presbitério que seu avô materno, doutor Athanase Cerveaux, havia adquirido. Primeira a ser gerada pelo casal, quatro anos mais velha que Paul Claudel, ela impõe a este, assim como a sua irmã caçula Louise, sua forte personalidade. Segundo Paul, tendo declarado seu desejo de ser escultora, Camille previu também que ele se tornaria escritor e Louise musicista.

Seu pai, maravilhado com o seu estupendo e precoce talento de Camille que, ainda criança, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verossimilhança, oferta-lhe todos os meios de desenvolver suas potencialidades. Sua mãe, por outro lado, não vê com bons olhos, colocando-se sempre contra a todo aquele empreendimento, reagindo muitas vezes violentamente no sentido de reprovar a filha que traz incômodos e custos excessivos para a manutenção de seu “capricho”.

Em 1881, parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, tendo por mestre primeiramente Alfred Boucher e depois Auguste Rodin. É desta época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène — coleção particular) ou Paul aos treze anos [1] (Paul à treize ans — Châteauroux). Rodin, impressionado pela solidez de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê da rua da Universidade em 1885 e é nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).

Tendo deixado sua família pelo amor de Rodin, ela trabalha vários anos a serviço de seu mestre e mantendo-se à custa de sua própria criação. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra do mestre ou da aluna inspirou um ou copiou o outro. Além disso, Camille Claudel enfrenta muito rapidamente duas grandes dificuldades: de um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, sua companheira devotada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu próprio mestre. Assim sendo, Camille tentará se distanciar, percebendo-se muito claramente essa tentativa de autonomia em sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa [2](La Valse — Museu Rodin) ou A Pequena Castelã [3] (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura [4] (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).

Ferida e desorientada, Camille Claudel nutre então por Rodin um amor-ódio que a levará à paranóia. Ela instala-se então no número 19 do quai Bourbon e continua sua busca artística em grande solidão apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot. Este último organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel. Suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios.

Depois de 1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê em seus delírios que Rodin está apoderando de suas obras para moldá-las e expô-las como suas, que também o inspetor do Ministério das Belas-Artes está em conluio com Rodin, e que desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar as obras. Ela vive então em um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e desconfiando de todos.

Seu pai, seu porto-seguro, morre em 3 de março de 1913. Em seguida, em 10 de março, ela é internada no manicômio de Ville-Evrard. A eclosão da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morre, após trinta anos de internação, em 19 de outubro de 1943, aos 79 anos incompletos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Claudel

A escultura do mundo moderno começa em Rodin? Quem foi Camille Claudel?
O filme Camille Claudel (França, 1988 - California Filmes) é um drama biográfico da escultora. Direção de Bruno Nuytten, com Isabelle Adjani, como Camille e Gérard Depardieu, como Rodin.

A maior divulgadora de Camille – sua sobrinha-neta Reine-Marie Paris de La Chapelle, professora e historiadora da arte, fez a direção de arte do filme de Bruno Nuytten. Reine-Marie dedicou-se, desde os 20 anos, a colecionar e resgatar a obra de Camille, reunindo um acervo de mais de 70 peças. Foi quem publicou o primeiro catálogo raisonné (completo) das obras, editado em 1990 e ampliado dez anos depois.

Sinopse
Paris, 1885. A determinada e jovem escultora Camille Claudel, com sua forte personalidade e seu gênio criativo, entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, posteriormente, assistente do famoso escultor Auguste Rodin. Mais que isso, vai torna-se amante do mestre, mantendo um romance que perdurará por 15 anos, fazendo com que caia em desgraça junto à sociedade parisiense, mesmo sob a estimada consideração de amigos influentes como o compositor Claude Debussy.
Após romper o romance com Rodin, Camille mergulha, por muito tempo, em frenético trabalho, em solidão e dor. A relação, da qual não conseguiu se desvencilhar, passou a consumir sua vitalidade, forças e sua lucidez. Suas alterações emocionais e sentimentos paranóicos fizeram com que seu irmão, o então reconhecido escritor Paul Claudel, a internasseem um manicômio, no ano de 1912. Morreu em 1943, sem nunca ter recebido a visita de sua mãe.
A força e a grandiosidade do trabalho de Camille esteve, por todo o tempo, sob a sombra de Rodin e seu irmão Paul Claudel. Além disso, não é difícil perceber que questões intolerantes de gênero - e um "sem fim" de preconceitos contra as mulheres e, particularmente, contra mulheres artistas – dedicaram a ela posição e papel secundários no cenário das artes, só desmascarados com o tempo.

Camille Claudel, certamente, como mulher e artista pioneira, ultrapassou a compreensão de sua época. Além de abrir caminho para outras escultoras de seu tempo.

http://yedaarouche.arteblog.com.br/r241/Hist-Arte/

Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar.

Download abaixo:
Arquivo anexado Camille.Claudel.1988.DVDRip.DivX.torrent





Os lucros do massacre contra o Iraque


por jpereira

De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos
De empresas do setor bélico às de alimento, de empresas de construção civil às de confecção de uniformes, cada uma abocanha sua parte dos mais de um trilhão de dólares já gastos



Memélia Moreira,
Especial para o Brasil de Fato de Orlando (EUA)


Antes de você acabar de ler esse parágrafo, os Estados Unidos terão gasto mais de 2 mil dólares para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, e homens em Bagdá, Basra ou outra cidade qualquer do Iraque.

Não, isso não é uma piada.

A guerra custa US$ 2.053 por segundo, ou 275 milhões de dólares por dia. E, passados cinco anos de ocupação, matou 700 mil iraquianos, perdeu 4 mil estadunidenses e produziu 4 milhões de refugiados.

Todas as previsões de gastos se transformaram em peça de ficção.

Em 2003, quando os Estados Unidos deslocaram seus soldados e contrataram mercenários para ocupar o Iraque, os economistas do governo de George W. Bush calcularam que os custos não ultrapassariam 50 bilhões de dólares. Ainda naquele ano as cifras caíram por terra.

Dois meses depois de instalados no Iraque, analistas militares começaram a perceber que esta não seria uma das muitas guerras "de baixa intensidade", bem ao gosto dos Estados Unidos, e que seria necessário ficar mais tempo para controlar a resistência iraquiana. Então, refizeram os cálculos e, pela nova previsão, os mesmos analistas concluíram que, se a guerra se estendesse até 2010, seu custo total seria de um trilhão de dólares. Faltam dois anos para se chegar a 2010 e já foram gastos mais de um trilhão. Isso significa que nenhum dos cálculos feitos até agora pode chegar perto do valor total a ser gasto. Nem mesmo a pesquisa apresentada pelos professores Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia e Prêmio Nobel de Economia em 2001, e da professora Linda Bilmes, da Universidade de Harvard, se sustentou por muitos dias. Eles previram um gasto de um a dois trilhões de dólares mas, esta semana, as cifras já ultrapassaram um trilhão. E o presidente Bush (e seu candidato John McCaine) nem de longe acena com a possibilidade de retirada das tropas (leia reportagem: Anistia Internacional define situação no Iraque como "Carnificina e Desesperança).

Sem os custos indiretos

E as cifras não incluem os custos indiretos da guerra (tratamento médico para aqueles que voltam inválidos física ou psicologicamente, pagamento de pensão às viúvas e aposentadorias por invalidez para os veteranos). E estamos nos referindo apenas à guerra do Iraque. A do Afeganistão gasta bem menos e, talvez por isso, seja menos acompanhada de perto pelas organizações não-governamentais que divulgam informações sobre as guerras, entre elas, a Priorities Projects.

Essa organização, combate a guerra na linguagem que os estadunidenses mais entendem: a língua do bolso. Na sua página da internet, caso um texano queira saber quanto do seu imposto está sendo gasto para matar, basta clicar no mapa e a resposta é imediata. Sem qualquer discurso pacifista, eles apenas calculam quanto daquele imposto poderia ir para o serviço médico e para a segurança e educação.


Quem lucra

Mas a guerra não gera apenas mortos e inválidos para sempre. Há também aqueles que estalam a língua de prazer ao ouvir a explosão de bombas. Há quem lucre com esta guerra. Por isso, este mês, um seleto grupo vai comemorar o 5º aniversário da ocupação estadunidense no Iraque. Para eles, essa guerra, a primeira guerra "privatizada" da história da humanidade, transformou-se num "negócio da China". A cada dólar gasto, a cada gole de refrigerante, a cada bota furada, ou uma colherada num prato de cereais, empresários de diferentes pontos do planeta estão engordando suas contas bancárias.

Um dado curioso a respeito das empresas e corporações que trabalham no Iraque é que quase todas elas respondem a processos em diferentes tribunais dos Estados Unidos, ora por evasão de divisas, ora por sonegação fiscal, superfaturamento e até mesmo por desrespeito aos direitos humanos, como é o caso das duas empresas de segurança (responsáveis pelos mercenários).

Uma dessas empresas processadas já foi condenada. Exatamente aquela que é responsável pela fabricação de tanques, veículos militares e armamentos, a Custler Battles. Muitos dos carros de combate vendidos não funcionaram e a Custler foi condenada a pagar multa de 10 milhões de dólares. E também na área de equipamentos pesados, a Boeing e a Lockheed são as duas empresas de engenharia aeronáutica que mais faturam com as guerras do Iraque e Afeganistão.

Quem encabeça a lista das empresas que lucram com a guerra é nada menos que a Halliburton. O nome parece não dizer muito, mas é uma das maiores corporações estadunidenses e, entre seus sócios e ex-dirigentes, uma figura que sempre age nas sombras até na política. Trata-se do vice-presidente Dick Cheney. Qualquer estadunidense diz, sem pestanejar, que Cheney é "mais bem preparado que Bush" mas, mesmo assim, ele preferiu ser vice. E, quando compôs a chapa com George W. Bush, em 2000, Dick Cheney se desligou formalmente da direção da corporação. Apesar disso, continua ativo e garantindo espaço para a Halliburton não apenas no fornecimento de material para a guerra, como também na reconstrução do Iraque e do Afeganistão.

E o que faz a Halliburton? Se alguém pensou na palavra petróleo, acertou. Ela é uma das maiores empresas do mundo em serviços para campos petrolíferos e, também, uma das maiores empreiteiras do planeta. A receita da Halliburton passou de um para 16 bilhões de dólares nesses cinco anos de guerra.

Além disso, a Halliburton figura entre os principais suspeitos no roubo das informações da Petrobrás, no dia 14 de fevereiro no Brasil. Sim, a Halliburton está na lista dos interessados no mega-poço de Tupi, descoberto pela Petrobrás.

Para quem tinha alguma dúvida sobre o real motivo da guerra, a lista daqueles que lucram com o holocausto do povo iraquiano é a prova de que a ocupação tem como principal objetivo o controle dos poços de petróleo. Além da Halliburton, outros nomes do setor petrolífero também estão engordando suas contas. Muitos deles, nossos velhos conhecidos, tais como a Texaco, Shell, British Petroleum e Exxon Mobil.


Em segundo lugar

A seguir, vêm as chamadas "empresas de segurança" que são, na verdade, as empresas que fornecem mercenários (eles são contratados a preços que variam de 10 a 15 mil dólares por mês). As duas maiores empresas desse setor que atuam no Iraque são a CACI e a Titan. Em 2005, agentes da CIA declararam ao jornal The Washington Post que 50% dos 40 milhões de dólares do seu orçamento se destinavam a essas empresas.

Chamados de empreiteiros, os "funcionários" dessas empresas são os principais responsáveis pelo que se chama de "trabalho sujo", ou seja, torturas contra os presos de Abu Ghraib e da base de Guantânamo. As duas estão sendo processadas pela organização Center of Constitutional Rights por tortura e abuso de prisioneiros de guerra.


Construção civil

No ramo da construção civil, quem se destaca é a empresa californiana Bechtel. De uma só vez, ela foi presenteada com um contrato de 2,4 milhões de dólares para coordenar a reconstrução da infraestrutura do Iraque. Logo no primeiro trabalho, o primeiro fracasso: a Betchel não concluiu a tempo a construção de um hospital infantil em Bassorá. Para piorar, o orçamento para a construção envergonharia até a Construtora Gautama, pois saltou de 70 para 90 milhões de dólares. É verdade, esse foi o custo de um hospital infantil em Bassorá.


O setor da alimentação

Para não ficar só na indústria pesada, a guerra distribui seus ganhos também para outros setores como, por exemplo, o da alimentação. E aí vem a Halliburton de novo. É, essa corporação é dona dos famosos "flocos de milho" Kellog´s, que alimenta dez entre dez soldados americanos. E como misturar cereal com leite? Ora, para isso tem a Nestlé, uma das maiores empresas do mundo no ramo de laticínios e a preferida do governo estadunidense em todas as guerras, desde a Coréia.

Quase inexpressiva no cenário internacional, a empresa Kentucky Fried Chicken (fabricante e distribuidora de frango frito nos EUA) abastece os soldados e mercenários com suas caixinhas de asa, ante-coxa, coxa e peito de frango fritos.

A escolha da Kentucky, segundo especialistas, tem objetivos psicológicos, pois suas caixinhas são conhecidas e os soldados, ao recebê-las, "se sentem em casa".

E para beber? Bom, aí vem mais uma curiosidade do povo americano. Maniqueístas por excelência, até para beber eles se dividem entre direita e menos direita. Os menos direita, que aqui são chamados de "esquerda" tomam Coca-Cola. Os de direita, que até hoje acreditam que o prato preferido de comunistas são as criancinhas, só bebem Pepsi-Cola. Então, para manter a tradição republicana, os soldados que estão no Iraque são abastecidos pela Pepsi-Cola.


Os lucros do Brasil

Mas os lucros dessas guerras não se concentram apenas nas grandes potências. O Brasil também "conquistou" sua fatia nesse consórcio. Os soldados que hoje matam no Iraque usam uniformes fabricados por cerca de dez confecções mineiras das cidades de Divinópolis e Formiga. Entre essas empresas, encontra-se a Marluvas, cujo gerente, Fernando Malta, ao mesmo tempo em que se desculpa por colaborar com as atrocidades que estão sendo cometidas, diz que não perderia "essa oportunidade de gerar lucro para Minas e para a empresa".

E os coturnos são feitos também em Minas, além de São Paulo e Paraná. A empresa Arroyo, de Franca (SP), por exemplo exporta coturnos especiais para serem usados no deserto.


É dando que se recebe

Talvez por coincidência, todas as empresas estadunidenses envolvidas na guerra e reconstrução do Iraque, foram também os maiores doadores para a campanha de George W. Bush em 2004. Driblando as leis, juntas, elas doaram cerca de 500 mil dólares para a campanha, o que se constitui na maior soma de dinheiro já recebida por qualquer outro nome da política estadunidense nos últimos 15 anos.

Entre consulta aos documentos e escrita, esta repórter levou 3 horas e 45 minutos para escrever este texto. Durante esse tempo, o povo americano gastou aproximadamente 200 mil dólares para matar crianças, mulheres e homens no Iraque.

Tirania Militar na Birmania