segunda-feira, 15 de junho de 2009

Desemprego na Europa....

União Europeia: Menos 1,9 milhões de empregos em três meses

Quase dois milhões de empregos destruídos em três meses na União Europeia
No primeiro trimestre de 2009, o número de pessoas empregadas na União Europeia (a 27) baixou 1,916 milhões, segundo dados do Eurostat publicados nesta Segunda feira. Nos 16 países da zona euro a queda do número de postos de trabalho foi de 1,22 milhões, nos mesmos três meses.

Pelo terceiro trimestre consecutivo, o emprego baixou na União Europeia (a 27) e na zona euro.

Na União Europeia a queda do emprego foi de 0,8 no primeiro trimestre de 2009, tinha sido de 0,3% no quarto trimestre de 2008 e 0,1% no terceiro. Em relação à zona euro, a queda no último trimestre foi de 0,8% e tinha sido de 0,4% e 0,2%.

Na comparação do primeiro trimestre de 2009 com igual período de 2008 a queda foi de 1,2%, tanto para a União Europeia a 27, como para a zona euro.

A zona euro é composta pelos seguintes 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta e Portugal

Os dados encontram-se no sitio esquerda.net

domingo, 14 de junho de 2009

Peru: o massacre anunciado

(Foto retirada daqui)



Considero o Peru minha segunda pátria. Convivo desde os tempos da graduação em cinema com amigos peruanos, sendo que três deles são como irmãos para mim; amo o país, que irei visitar mais uma vez no final do ano; Cusco, a cidade mágica ('umbigo do mundo" em quéchua), sede do império Inca, tem, na minha vida, uma importância simbólica e afetiva que só a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro é capaz de superar. Por conta dessas circunstâncias tenho um razoável conhecimento da cultura e da história peruana, que são riquíssimas – mas também, esta última, trágica, escrita em sangue e por vezes de um absurdo que nem a mais delirante obra do realismo mágico conseguiria conceber.

Em razão disso tudo, senti um frio no peito quando, em 2006, vi confirmar-se a eleição de Alan García como presidente do país, pela segunda vez (a primeira foi de 1985 a 1990). Seria como se Collor de Mello fosse novamente eleito presidente do Brasil.

Em seu primeiro mandato, García, assim como Collor, comandou uma administração escandalosamente corrupta (mesmo para os padrões latinoamericanos) e durante a qual o país passou pela pior crise econômica de sua história, além de estar praticamente sitiado pelas ações do grupo terrorista Sendero Luminoso, que sequestrava nas estradas e com frequência interrompia o fornecimento de energia elétrica às grandes cidades. O atual presidente deixou o governo sob grande insatisfação popular e a um triz de sofrer impeachment (um ano depois, quando se intensificou a investigação sobre a corrupção em seu governo, foi afastado temporariamente do Senado e teve de exilar-se na Colômbia).

Por conta desses fatos, se, três anos antes, um analista político predizesse sua volta ao poder seria tachado de louco. Mas, nas eleições de 2006, a histeria que tomou conta das elites, da mídia peruana e, consequentemente, da classe média urbana com a possibilidade da vitória do militar nacionalista Ollanta Humala – vendido pela mídia como uma espécie de Hugo Chávez peruano – permitiu a García derrotá-lo por 52,6% a 47,4%.

García é herdeiro do aprismo - originalmente um movimento latinoamericano de centroesquerda dos anos 30, que acabaria por adotar a socialdemocracia nas décadas seguintes e, no Peru (onde o APRA é o partido mais organizado e massificado) desandaria, desde os anos 80, para um populismo de centro-direita, que o atual presidente peruano leva agora ao paroxismo.

O mau presságio que senti ao ouvir a notícia de sua mais recente vitória eleitoral logo se revelaria profético e é agora plenamente confirmado pelas notícias que chegam do Peru (“chegam”, prezado leitor, é modo de dizer, já que não podem ser lidas, senão em retalhos inconsistentes e tendenciosos, na nossa briosa “grande mídia" – que, como aponta Rafael Fortes, além de usualmente voltar as costas à América Latina, tudo perdoa quando se trata de governos alinhados ao ideário neoliberal).


Genealogia de um massacre
García anuncia, em dois artigos escritos em novembro de 2007, sua intenção de explorar a Amazônia através de vultosos empreendimentos madeireiros que se viabilizariam com a concessão de vastas extensões de terras a empresas multinacionais – um projeto democrático e de grande alcance social, como se vê. Seus argumentos são de um cinismo atroz, sem demonstrar a mínima consideração por questões humanitárias e ecológicas. Em dado momento, ele candidamente pergunta: “Os que se opõem dizem que não se pode dar terras na Amazônia (e por que na costa e na serra sim?)”. Nos dois artigos não há uma vírgula sobre os povos indígenas que lá habitam (e os quais o apoiaram no primeiro governo). Tal omissão não impede que a desculpa de García para implementar o programa seja a mesmíssima utilizada por governos anteriores, com os resultados sabidos: combater a pobreza.

Porém, como observam os antropólogos Alberto Chirif e Frederica Barclay, no excelente artigo (em espanhol) “Ataques y mentiras contra los derechos indígenas", “O governo, se é que o tema o interessa de verdade, não deve buscar a pobreza em lugares tão distantes como a Amazônia, e sim em Lima e nas demais grandes cidades do país, onde uma grande porcentagem da população não tem trabalho e sobrevive com rendas ínfimas. A pobreza que realmente afeta os indígenas amazônicos está precisamente nas zonas que têm sido devastadas pela colonização e pelas indústrias extrativistas, que têm contaminado o meio ambiente, afetado sua saúde e destruído suas redes sociais de solidaridade. Mas essas políticas do governo não se voltam à solução desses problemas, mas ao seu agravamento”.

No entanto, García ignora as reações negativas que seu projeto provoca e, ato contínuo, consegue do Congresso autorização, inicialmente em vigor por seis meses, para governar através de decretos legislativos (D.L.). Essa autorização é válida apenas para decisões relativas ao TLC (Tratado de Libre Comércio Perú-EUA), mas o presidente ignora esse “detalhe técnico” e passa a gerir de forma direta o país, particularmente seu tenebroso projeto para a Amazônia, sem dar satisfações ao Congresso. (Ou, posto de outra forma: a ocupação comercial da Amazônia é item obrigatório para assinatura do TLC, mas isso não pode ser publicamente assumido).


Ataque frontal ao direito dos índigenas
Dentre os decretos que promulga está o DL 1064, “um dos mais nocivos para as comunidades indígenas, porque atropela o direito de imprescritibilidade de suas terras e permite que invasores [grilheiros] estabelecidos há apenas quatro anos se apropriem de terras comunais”, explicam Chirif e Barclay.

Em agosto de 2008 começam as paralizações dos povos indígenas nas regiões amazônicas afetadas. Elas são organizadas pela Aidesep (Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana), que representa nacionalmente os povos indígenas e reúne 1350 comunidades nativas. A pressão a princípio funciona, e o Congresso derruba a D.L. 1015, promulgada por García e chamada – observe o duplo sentido – de “lei da selva”, pois permitia que se comprasse, com a anuência de apenas 3 de seus membros, toda a propriedade de cada comunidade indígena. A Defensoría Pública também questiona a constitucionalidade da lei e as instituições do país parecem dar mostras de que funcionariam a contento, favorecendo uma solução democrática para o impasse.

Mas García, que é apoiado pelos militares, pelo grande capital internacional e, o que é mais revelador, até pelos fujimoristas - bem como pela mídia e pelos setores médios da população, concentrados nas grandes cidades e satisfeitos com o "bom momento" da economia do páis -, reage com rapidez e promulga novos decretos ao mesmo tempo que intensifica a cooptação de setores do Congresso. É sempre bom lembrar que os dados da economia peruana têm de ser postos sob suspeita, já que o INEI (o IBGE deles) deixou de ser confiável desde que seu presidente foi demitido e processado por divulgar estatísticas que contrariavam o Executivo. Quanto aos métodos de aliciamento do Congresso, creio ser suficiente registrar que, em outubro de 2008, todo o gabinete peruano teve de renunciar por terem sido encontradas provas de políticos apristas recebendo grandes somas para alterar as licitações das vendas de lotes petrolíferos na Amazônia. Veja, caro leitor, que coincidência curiosa: o processo está suspenso porque o Judiciário alega não possuir determinados programas de computador necessários para retirar a informação dos HDs...
O Peru, assim como o Brasil, é pródigo em leis que, mesmo promulgadas, não são efetivamente cumpridas – notadamente aquelas que se referem aos estratos mais pobres e marginalizados da população, aos quais pertence enorme parcela dos peruanos de descendência indígena. É justamente uma dessas leis – com potencial para barrar todo o projeto garciano de ocupação extrativista da Amazônia – que causa os violentos acontecimentos que ora contrapõem governo e comunidades indígenas. Chamada popularmente de “Consulta”, initula-se “Convenio 169” (Ley Nº 26253) e firma a adesão às regras da Convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Prevê que os povos indígenas habitantes de suas terras devem ser consultados “cada vez que se prevejam medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetar-lhes diretamente”, determinando, ainda, que com aprovação parcial das comunidades indígenas às medidas propostas, o Estado deve negociar até satisfazer a outra parte; e caso as comunidades rejeitem as medidas, estas não devem ser efetivadas.

Assinada há 15 anos, a lei não foi jamais cumprida. “Por quê? Porque que o Estado parece não saber as leis que assina ou porque, em se tratando de indígenas - que diabo! - por que fazer tanto alvoroço? Ao fim das contas, como assinalou o presidente Alan García, ‘As terras da Amazônia são de todos os peruanos’, o que significa apagar de uma canetada os direitos legais de propriedade das comunidades nativas e camponesas, declarar rapidamente a livre disponibilidade das terras da região e convocar o caos para que se encarregue de cancelar os direitos indígenas” (Chirif e Barclay). Já vimos esse filme antes na América Latina, não?


Populismo neoliberal
Em vias de terem suas terras comercializadas à sua revelia ante o avanço do projeto de García, as comunidades indígenas, vendo fracassarem as negociações, unem-se na luta pelo direito legal de determinar seu destino, mas García, numa jogada típica do neopopulismo aprista, passa a defender (como já citado) que a Amazônia pertence a todos os peruanos – e que, portanto, o direito de participar da “Consulta” e decidir sobre o que fazer com as terras amazônicas deve ser votado por todos. A legislação é absolutamente clara quanto aos beneficiários da “Consulta” – as comunidades indígenas que há séculos cultivam aquelas terras -, mas o sofisma de García cai como uma luva aos anseios midiáticos e das elites, que adotam-no como discurso e passam a difundi-lo.

Na conformação sócio-política do Peru atual, os indígenas, embora em grande número se computados os estratos urbanos e os campesinos, ocupam posição minoritária em termos de força política, contando apenas com o apoio do que restou da esquerda (que ou amoldou-se ao projeto neoliberal ainda em alta no país ou, se mais radical, foi praticamente dizimada por Fujimori em sua "abrangente" “Luta contra o terror”) e com o suporte da Aidesep, de algumas ONGs (embora entre elas destaquem-se organizações de projeção internacional) e com a atuação destemida da Defensoria del Pueblo, única instituição peruana que tem resistido sistematicamente - e com algum sucesso, embora fugaz - contra os abusos de García. Entre os exemplos deste último estão as cada vez mais frequentes concessões de autorização para que empresas como a canadense Pacific Stratus Energy, a franco-britânica Perenco e, ora vejam só, até a "nossa" Petrobrás possam operar no interior de reservas indígenas, onde tem sido descoberto petróleo. Ao mesmo tempo, sob a alegação de razões de segurança nacional e evidenciando a política antiindígena, tem sido negada autorização para a decretação de duas novas reservas e de um parque nacional, com a desculpa esfarrapadíssima de que os 700 índios secoyas peruanos e os 300 equatorianos que as habitam rebelar-se-iam e criariam um país autônomo. Mas, numa contradiçaõ só aparente, o conluio cívico-militar no poder mostra-se extremamente negligente com a verdadeira segurança nacional, fazendo vista grossa para uma cratera de - até agora -150km quadrados aberta pela empresa madeireira Newman Lumber Company (EUA) ao largo da fronteira com a Bolívia.


Rios de Sangue
Desesperados ante tal cenário e na iminência de perderem suas terras, os indígenas aumentam o tom e a frequencia dos protestos, bloqueando estradas. Em 9 de maio o governo declara Estado de Emergência em cinco estados da Amazônia. Está aberto o caminho para a disseminação da violência oficial.



É preciso, aqui, abrir parênteses para a especifidade da violência no Peru. O processo de genocídio e escravização dos incas promovido no século XVI pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro – um dos mais brutais da história da humanidade - e os muitos massacres do período colonial, legaram ao país pobreza, um tecido social esgarçado e rancores represados que de tempos em tempos se materializam em atos de extrema violência. Para ficar em apenas um exemplo: as técnicas de tortura utilizadas pelos paramilitares na repressão contra o grupo maoísta Sendero Luminoso incluíam a utilização rotineira do fogo, arma que mesmo os torturadores mais cruentos evitam aplicar (se não por pudor, pelas marcas definitivas que provoca, evidência de tortura que, na impunidade generalizada que acompanhou a “guerra contra o terror” no Peru, não queria dizer nada) . Com o perdão da generalização, se o Brasil é o país em que convivem a alegria e o caos, o Peru é a pátria da doçura extrema e da violência exacerbada.

Para perpetuar essa história de extrema violência e aniquilação dos povos indígenas, em 5 de junho chegam com estrondo à região 369 efetivos da temida Dinoes (Direção Nacional de Operativos Especiais), fortemente armados, tal qual os contingentes das Forças Armadas que os acompanham. Eles iniciam o que a imprensa chama de uma batalha – mas, como aponta João Villaverde, massacre seria uma melhor descrição – contra a revolta indígena, com saldo de mortes incerto.

Meu querido amigo Claudio Suárez, correspondente especial do blog no Peru (pensam que é só a Globo que tem dessas coisas?), informa: “Causa indignação o fato de a população limenha estar, em sua maioria, desinformada pelos meios de comunicação, que exibem informações tendenciosas [que horror! isso jamais acontece aqui no Brasil, Claudio]: fala-se em 12 policiais e 3 indígenas mortos, mas na zona de conflito a imprensa local faz estimativas de algo entre 50 e 100 mortos entre os indígenas (além de centenas de feridos), pois vários corpos teriam sido queimados e outros jogados em um rio; é patente que a polícia ostentava grande quantidade de francoatiradores que disparavam para matar” [alguns deles podem ser vistos em ação no link "mostram a polícia", abaixo].

Os números fornecidos por Claudio são de uma semana atrás e é quase certo que aumentaram bastante nos 5 dias seguintes, em que a região ficou sob toque de recolher e execuções foram relatadas. Oficialmente, morreram 24 policiais e 9 civis, mas este último número não é levado a sério nem mesmo pela maioria das publicações da mídia corporativa internacional, apenas pela peruana. Às manipulações da mídia soma-se um enraízado preconceito contra os indígenas, que acaba por resultar em uma autêntica fratura na sociedade peruana. Como registra José Álvarez Alonso, biólogo que trabalha na região amazônica, em artigo sereno mas contundente (em espanhol), os setores médios urbanos e as elites “seguem considerando os indígenas cidadãos de segunda classe [condição que foi corroborada por García em uma de suas falas], ‘esses chamados nativos’, como alguns os qualificam com desprezo. Enquanto se mostra na televisão cenas da dor dos valorosos policiais mortos no cumprimento do dever, se ignora ou minimiza-se a cifra de mortos indígenas, que alguns calculam en mais de uma centena, talvez duas”.
Como aponta o blog Diário Gauche (de onde vêm as fotos que ilustram o conflito), "Organizações indígenas de seis países acusam o presidente do Peru por massacre e genocídio." No portal esquerdista Vermelho pode-se acompanhar a evolução dos protestos no Brasil e no mundo. Mas, se é verdadeira a suposição de que o grau de violência de um massacre costuma ser inversamente proporcional ao número de registros visuais que o documentam, então os piores temores se justificam, pois o número de imagens documentando o conflito é absurdamente baixo para os padrões digitais-cibernéticos atuais. Vídeos, há alguns poucos no youtube (como este, aquele outro, dois que mostram a polícia atirando contra o povo e mais uns tantos), mas quase todos mal filmados e pouco explícitos, embora indicativos do grau de violência e impunidade das forças oficiais.

Após o massacre, durante 5 dias, ninguem pôde entrar na zona de "batalha", nem imprensa, nem órgãos de direitos humanos, nem a Cruz Vermelha; foi instituído toque de recolher. Em seguida, parte da legislação sob ataque foi "suspensa", mas também o foram 7 dos mais aguerridos congressistas de oposição; líderes indígenas estão sendo processados por terrorismo e sedição, como já vinha ocorrendo com sindicalistas e lideranças sociais - o que levou o líder da Aidesep, Alberto Pizango, a se exilar na Nicarágua. Na quinta-feira (11/06), de 20 a 30 mil pessoas, segundo Suárez, protestaram em Lima, mas o que poderia ter sido o início da reação popular foi, como se vê na foto ao lado, brutalmente reprimido pela polícia.


Com o apoio cúmplice do grande capital e dos meios de comunicação peruanos, o governo de García assemelha-se cada vez mais a uma ditadura travestida de democracia, enquanto seu projeto faraônico para a Amazônia traz todas as caracterísitcas de um novo genocídio indígena em pleno século XXI.
A reeleição de Ahmadinejah
e a ofensiva da mentira no Ocidente


Editores de odiario.info

Mahmud Ahmadinejah foi reeleito presidente da Republica Islâmica do Irão.

A sua vitória foi obtida por esmagadora maioria, mais de dois terços dos votos expressos. Não obstante a reeleição ser uma certeza logo que foram divulgados os primeiros resultados oficiais, os grandes media dos Estados Unidos e da Europa ocultaram a evidência durante toda a madrugada de sábado.

A cobertura da campanha por jornais como o The New York Times, El Pais, Le Monde, The Times foi de uma parcialidade chocante. Nas manchetes do dia seguinte alguns ainda semeavam a dúvida, admitindo a vitória de Mir Hussein Moussavi, o principal candidato da oposição. Ahmadinejah foi apresentado como um «ultra conservador» e Moussavi, como um «reformador democrático».

Em Portugal as reportagens televisivas e os títulos do Expresso, do Público, e do Diário de Notícias foram exemplos de desinformação intencional e manipulação jornalística.

Nas semanas que precederam o acto eleitoral, a opinião pública mundial foi desinformada sobre a realidade iraniana. O país foi apresentado como uma terra atrasada, submetida a uma ditadura brutal, mergulhada numa crise económica gravíssima que suscitaria uma insatisfação generalizada das massas.

Tomando os desejos pela realidade, previram a vitória de Moussavi, inventaram um slogan: A Revolução de Veludo.

O facto de o Irão ter hoje capacidade para utilizar a energia nuclear para fins pacíficos, colocar satélites no espaço e produzir mísseis com alcance de mais de dois mil quilómetros foi insistentemente denunciado como «ameaça à segurança» das democracias ocidentais.

A Casa Branca, o Pentágono e os governantes dos grandes da União Europeia multiplicaram as declarações de simpatia pelo candidato da oposição e críticas ao governo de Teerão, interferindo na campanha de forma ostensiva.

Segundo alguns observadores, a CIA esteve envolvida nos recentes atentados terroristas registados nas províncias do Baluchistão e na fronteira com Iraque, no Kuzistão. A imprensa de países da região admite também que a campanha de Moussavi tenha obtido financiamento do exterior.

Ficou transparente:
1 – Que Ahmadinejah continua a contar com o apoio da esmagadora maioria do povo iraniano.

2- Que o imperialismo não perdoa ao Irão a sua decisão de realizar uma politica independente, recusando submeter-se às exigências de Washington.



Ney Matogrosso & Raphael Rabello - À Flor da Pele (1990)




download

amostra:
Modinha

sábado, 13 de junho de 2009

Documentos da ditadura de Hugo Bánzer são encontrados na Bolívia







Camila Carduz
- Prensa Latina


Imagen activa

Uma comissão do governo boliviano encarregada de encontrar documentação sobre desaparecidos das ditaduras militares, achou evidências do mandato do Hugo Bánzer (1971-1978) nas abóbadas do Banco Central, segundo confirmou hoje uma fonte oficial.

Sacha LLorenti, vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, informou que o grupo de trabalho estuda este tipo de documentação em governos ditatoriais entre 1964 e 1982.

A comissão também é integrada pela vice-ministra de Justiça, Cecilia Rocabado, pelo presidente da Assembléia Permanente de Direitos Humanos (APDHB), Rolando Villena, e pela presidenta da Associação de Familiares, Desaparecidos e Mártires pela Libertação Nacional (ASOFMAD), Delia Cortez.

Segundo Villena, foi uma experiência fascinante ter acesso às abóbadas do BCB, onde foram encontrados cinco envelopes de 1977, cujo conteúdo será ainda revelado.

Villena também explicou que foi estabelecida a existência de muita documentação correspondente aos primeiros anos da ditadura presidida por Bánzer, na qual 200 pessoas perderam a vida e mais de 14 mil foram para o exílio por suas idéias políticas.

"Aos poucos meses do golpe sangrento de Bánzer (em 21 de agosto de 1971), as ofertas de financiamento econômico eram enormes, tanto que merecerão uma intensa indagação", recalcou.

Villena informou também que na próxima semana o conteúdo dos envelopes será avaliado, junto a especialistas, e que o passo seguinte será chegar aos arquivos da Vice-presidência, da Chancelaria e do Departamento II do Exército da Bolívia, localizado no Quartel de Miraflores.

No último dia 31 de maio, LLorenti anunciou a abertura de arquivos militares censurados com o fim de buscar informação sobre os desaparecidos durante as ditaduras instauradas no país.

Essa decisão - detalhou - responde a uma carta enviada por familiares das vítimas ao presidente Evo Morales, na qual pediram às Forças Armadas a abertura dos registros militares e a devolução dos restos dos desaparecidos.

Também solicitaram ao Ministério da Justiça que exume as ossadas dos rebeldes assassinados na localidade de Teoponte, em La Paz.

Petrobras é recomendada pelo banco Morgan Stanley

by Blog Fatos e Dados Petrobras

ações

O banco Morgan Stanley elevou ontem a recomendação dos ADRs* (American Depositary Receipts) da Petrobras para overweight (acima da média do mercado) e o preço-alvo dos ativos, atribuindo a recomendação à solidez dos preços do petróleo.

O assunto é matéria de O Globo em sua edição de hoje, 13 de junho de 2009, que cita, ainda, o rebaixamento realizado há alguns dias atrás pela Standard&Poors, de BBB para BBB-. A matéria não cita, porém, que, apesar da redução, a mesma agência mantém a Companhia no quadro de empresas seguras para se investir.

Para o analista Subhojit Daripa, da Morgan Stanley, a maioria dos riscos que a agência tinha delineado para a Companhia no início do ano foram reduzidos. “Agora estamos concentrados na oportunidade de lucro de longo prazo da Petrobras”, disse ele.

* Certificados de ações, emitidos por bancos americanos, com lastro em papéis de empresas brasileiras

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A reação esperada e desejada;;;

À luz do sol

Leandro Fortes

A criação do Blog da Petrobras é um ponto de inflexão nas relações da mídia com as fontes, embora tenha sido criado em meio a um ambiente de conflito decorrente da malfadada CPI da Petrobras, no Senado Federal. Mais do que uma discussão sobre liberdade de imprensa e o direito de sigilo nas relações entre jornalistas e fontes, a criação do blog suscita uma reflexão muito mais profunda porque, a meu ver, ele será lembrado como marco histórico, no Brasil, do fim do jornalismo diário impresso tal qual o conhecemos e de todas as idiossincrasias induzidas e adquiridas nas redações brasileiras ao longo dos últimos 50 anos. Em outras palavras, a fórceps e sob bombardeio, o Blog da Petrobras decretou o fim de expedientes obsoletos e, muitas vezes, desonestos, de apuração, edição e publicação de matérias jornalísticas. Colocou o jornal de papel e sua superada pretensão informativa na mesma estante de velharias do século XX onde figuram, lado a lado, a televisão a válvula, a geladeira a querosene e o platinado.



Ao tornar visível e, por isso mesmo, vulnerável, a rotina de apuração dos jornalistas, o Blog da Petrobras quebrou um falso pacto de cooperação, denunciado curiosamente de “vazamento de informações sigilosas”, sobre o qual pairava a seguinte regra mínima: eu pergunto, mas eu escolho o que você responde, se você não gostar, mande uma carta à redação, reze para ela ser publicada (na íntegra) ou vá queixar-se ao bispo. Primeiro, não há relação de sigilo em entrevista, muito menos com relação a perguntas feitas por escrito por repórteres. Não sei da onde tiraram isso. Quando o jornalista se dispõe a fazer perguntas por e-mail, não pode esperar outra coisa senão publicidade de um registro capaz de ser compartilhado, em tese, com milhões de pessoas. Se, nesse e-mail, ele passa informações exclusivas da apuração, tem que estar disposto, também, a correr esse risco. Há, no mundo todo, um exército bem pago de assessores de imprensa sendo treinado, diuturnamente, para desmontar pautas jornalísticas, minimizá-las o impacto e, principalmente, fazer um trabalho de contra-inteligência capaz de neutralizar o poder de fogo dos repórteres. E isso não é novidade. A novidade é a internet.



Ao invés de ficar choramingando em editoriais saudosos dos tempos de antanho, os jornais deveriam, finalmente, prestar atenção ao que está acontecendo no mundo, inclusive nas salas de aula desses meninos aos quais se pretende negar o diploma de jornalismo, uma, duas, três, dez gerações à frente. Aliás, tem coisa mais obsoleta, triste e anacrônica do que os editoriais da imprensa brasileira? Aliás, o que é um editorial senão o blog mais antigo e exclusivo do mundo, pelo qual os barões da imprensa sempre expressaram suas opiniões, livres, no entanto, do incômodo das caixas de comentários? O Blog da Petrobras é justamente isso, o anti-editorial, o contraponto imediato, em tempo real, às chamadas “linhas editoriais” dos veículos de comunicação que, no fim das contas, acabam por contaminar o ofício do jornalismo, submetendo jornalistas ao oficialismo privado dos aquários das redações, cada vez mais descolados da nova realidade ditada pela internet, pela blogosfera e do impressionante e muito bem vindo controle social trazido pela interatividade on line.



Foi um editorial da Folha de S.Paulo, aquele da “Ditabranda”, que deixou no cio a serpente que pariu o Blog da Petrobras. Foi a partir daquela analogia infeliz, turbinada por ofensas gratuitas aos que dela discordaram, que a blogosfera passou oficialmente a servir de espaço livre de direito de resposta, na íntegra, dos ofendidos. O rastilho digital daquela polêmica provocou um dano permanente na credibilidade do jornal, obrigado, a seguir, a desencadear uma série de envergonhados expedientes de capitulação. O legado da discussão, no entanto, foi muito maior. Ainda que agregados de maneira informal, os blogs passaram a ser uma rede de “grilos falantes”, para usar uma expressão empregada pelo jornalista Franklin Martins, da mídia nacional, o escape por onde os rejeitados pelas seções de cartas puderam, finalmente, se exprimir livre e integralmente.



As reações “conspirativas”, neologismo cunhado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha para unir conspiração com mídia corporativa, ao Blog da Petrobras são, em tudo, emblemáticas. E não têm nada a ver com “vazamento” das perguntas e informações enviadas por e-mail à empresa. Têm a ver com a perda de poder das redações e com a necessidade de se estabelecer outros paradigmas para o jornalismo. Isso inclui o conceito de “furo”, que a vaidade dos jornalistas transformou em coisa mais importante do que o dever de bem informar – de maneira mais ampla e correta possível – a sociedade na qual está inserido. O “furo” é bem vindo, é um diferencial bacana, gera prêmios jornalísticos, aumentos de salário e promoções, mas interessa muito mais a nós, jornalistas, do que ao respeitável público.



O jornalismo brasileiro não carece de exclusividade, mas de honestidade e transparência.



P.S. Quatro análises de qualidade sobre o tema, para quem quiser se aprofundar na discussão, feitas por Idelber Avelar, Luis Nassif, Sergio Leo e Luiz Carlos Azenha:



http://www.idelberavelar.com/archives/2009/06/o_blog_da_petrobras_e_o_desespero_da_midia.php



http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/07/o-fim-da-era-das-perguntas-em-off/



http://verbeat.org/blogs/sergioleo/2009/06/por-que-jornalistas-experientes-fingem-nao-ver-que-a-petrobras-age-errado.html#comments



http://www.viomundo.com.br/opiniao/por-que-os-jornais-investem-contra-o-blog-da-petrobras/
Urgente e Importante: Tropa de Choque na USP




Escrito por Pablo Ortellado

Prezados colegas,

O que os senhores lerão abaixo é um relato em primeira pessoa de um docente que vivenciou os atos de violência que aconteceram poucas horas atrás na cidade universitária (e que seguem, no momento em que lhes escrevo – acabo de escutar a explosão de uma bomba).

Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores haviam deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp, Associação de Docentes da USP, não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes. Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.

Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos de que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de "efeito moral" porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas). Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete, todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros.

O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia de que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e o persuadido a recuar. Neste momento, também, os estudantes, no meio de um grande tumulto, haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.

Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp, Sindicato dos Trabalhadores da Usp, foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que haviam sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado). Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo ao hospital, que pelo menos dois estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação de professores foi ao 93º DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira pessoa de que haveria mais presos.

A situação, agora, é de aparente tranqüilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira), autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário. Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais.

Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.

Cordialmente,

Prof. Dr. Pablo Ortellado

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Universidade de São Paulo

Nem toda mídia é podre...

Jornalista Juremir também ironiza e ataca a RBS escrevendo sobre a "Rede Baita Sol"

Créditos: Brasil Imprensa

Colunista do Correio do Povo, Juremir Machado Machado da Silva deu prosseguimento, no sábado, 6 de junho, ao ataque à RBS que o Correio havia explicitado em seu editorial do dia anterior, 5 (veja clicando aqui). Ele cria um local imaginário, denominado de "Palomas" e analisa o comportamento do "principal jornal da Rede Baita Sol" (RBS), criticando a mesma como na passagem: O slogan da Rede Baita Sol, declinado em bom portunhol, é famoso pelo seu pragmatismo antilibertário: Se hay gobierno, somos a favor. Diz mais adiante que a RBS (Rede Baita Sol), é "Um laboratório avançado do neoliberalismo atrasado. A Rede Baita Sol funciona como diário oficial, uma espécie de Granma em defesa do Estado mínimo com o máximo de patrocínio público." A RBS em nenhum dos comentários rebateu as acusações.

Leia na íntegra:

O ETERNO CULPADO

A literatura policial é muito desenvolvida em Palomas. Mas por lá o culpado nunca foi o mordomo. O principal suspeito é sempre o sofá. É célebre o caso do João das Ovelhas que, ao ser avisado por um amigo de que estava tendo a testa ornamentada por um belo par de chifres, mandou prontamente matar o portador da má notícia. Questionado sobre o seu ato, limitou-se a murmurar: Pra não ser fofoqueiro. Depois, como qualquer palomense racional, mandou queimar o sofá da sala. Foi absolvido por falta de provas. Palomas é assim. O principal jornal da Rede Baita Sol tem até uma coluna intitulada A culpa é do sofá. Sempre que há denúncia de corrupção em Palomas, algo relativamente corriqueiro, duas coisas acontecem: o governo manda trocar os sofás do palácio, e a Rede Baita Sol elogia a medida moralizadora.
O slogan da Rede Baita Sol, declinado em bom portunhol, é famoso pelo seu pragmatismo antilibertário: Se hay gobierno, somos a favor. Especialmente se o governo estiver disposto a adotar medidas antipopulares de efeito duvidoso ou a ser neoliberal em plena crise do neoliberalismo. Palomas é uma ilha caribenha ao contrário. O resultado é bastante parecido. Um laboratório avançado do neoliberalismo atrasado. A Rede Baita Sol funciona como diário oficial, uma espécie de Granma em defesa do Estado mínimo com o máximo de patrocínio público. Ainda bem que Palomas é um caso raro na América Latina. Uma verdadeira ficção. Nem é preciso dizer que qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência, pois não há coincidência. Palomas é única.
Uma estratégia que sempre funciona em Palomas é a de transformar o denunciante em denunciado. A explicação é simples e sofisticada: é tudo farinha do mesmo saco. Como diz o ditado palomense, quem corre menos tem tempo de olhar o que está acontecendo e levar vantagem. A Rede Baita Sol de Palomas nunca mente. Contenta-se em não dizer a verdade. É uma técnica que exige anos de treinamento. Em casos extremos, permite-se até um pouco de filosofia ao perguntar: o que é a verdade? Para a Rede Baita Sol, ideologia é sempre a ideia do outro. Ela é neutra, imparcial e, obviamente, não ideológica. Por mero acaso está sempre ao lado da ideologia conservadora que consiste, por exemplo, em cobrar metas de banco antes da quebra para o magistério local, um saco de pancadas fácil de chutar e cuspir, mas nunca denunciar abertamente os grandes sonegadores de impostos. Não há. Ah, bom!
A vida é assim em Palomas: não se dá nome aos bois. Afinal, os bois são sagrados. Palomas é uma mistura de Índia e de Cuba no Sul do Brasil. Alguns a chamam de Cuíndia. Sem hífen. A Rede Baita Sol adora pesquisas ditas interativas. Dar voz ao povo é um dos seus credos. Exceto quando o povo mete na cabeça a ideia besta de querer o impeachment de um governante de bem com a casa. Enfim, tudo vai bem em Palomas. Com a recente queima de sofás, a indústria de móveis está feliz. Haja peça de reposição. Ainda bem que sempre se chega ao culpado. juremir@correiodopovo.com.br

No dia anterior, o Correio trouxe editorial atacando a RBS:

Correio do Povo ataca ZeroHora em seu editoral, acusando o jornal da RBS de fazer "uma campanha pérfida"


O Jornal Correio do Povo em sua edição desta sexta, 5 de junho, traz editorial que ataca o Jornal Zero Hora. Segundo o editorial, o Jornal Zero Hora, "desde a aquisição do Correio do Povo pelo Grupo Record vem fazendo uma campanha pérfida contra o jornal dos gaúchos com a publicação de notas e insinuações como a reproduzida ontem em sua coluna de opinião política, na qual tenta imputar comprometimento partidário ao Correio do Povo".

Leia o editorial na íntegra:

"O PUXA-SAQUISMO COMO VIRTUDE

Independente, nobre e forte – procurará sempre sê-lo o Correio do Povo, que não é orgão de nenhuma facção partidária, que não se escraviza a cogitações de ordem subalterna.
Os leitores do Correio do Povo já conhecem este trecho do editorial da primeira edição do jornal, publicada em 1º de outubro de 1895, não só pela sua constante repetição em nossas páginas, mas, principalmente, pela postura dos profissionais que aqui trabalham e que respeitam este mandamento como um dogma espelhado em cada exemplar diário que chega à casa de nossos assinantes. Não foram poucos os dissabores que colhemos pela independência retratada em nossas páginas, subordinada apenas às aspirações da comunidade: perseguições governamentais, discriminação em investimentos, censura, tentativas de proibição de acesso a informações públicas e muitas outras artimanhas próprias de chefetes inconformados com o desnudamento de suas falcatruas e incompetências. A mais comum delas, no entanto, é a tentativa canhestra de identificar o Correio do Povo com uma ou outra corrente partidária, geralmente opositora daqueles aqui criticados.
Algo que não víamos havia décadas, porém, vem se repetindo com constância nos últimos anos. Trata-se do papel vergonhoso desempenhado por alguns veículos de comunicação que, não satisfeitos com seu próprio puxa-saquismo desenfreado, tentam transformar a bajulação em virtude e a independência de outros em defeito. Ataques comuns no início do século passado, quando a maioria dos jornais pertencia a partidos ou a governos e, portanto, comprometidos com seus patrões políticos, ao contrário do Correio do Povo, que já nasceu imparcial, voltam a ocorrer nestes novos tempos, como parte da estratégia global de suas matrizes, desesperadas com a perda da hegemonia monopolizante da comunicação social no país. Buscando parecer imparciais, o mais perto que chegam do que imaginam serem as tradições gaúchas é agir como o quero-quero, que grita bem longe de onde está o ninho verdadeiro.
Não é outro o caso do jornal Zero Hora, que desde a aquisição do Correio do Povo pelo Grupo Record vem fazendo uma campanha pérfida contra o jornal dos gaúchos com a publicação de notas e insinuações como a reproduzida ontem em sua coluna de opinião política, na qual tenta imputar comprometimento partidário ao Correio do Povo. E isso aconteceu na mesma edição em que aquele jornal omitiu importantes informações sobre a percepção dos gaúchos quanto à possibilidade de corrupção no governo estadual, como a de que uma parcela relevante dos entrevistados defende o impeachment da governadora, no âmbito de uma pesquisa do Instituto Datafolha cujos dados essenciais foram publicados com destaque pelo Correio do Povo.
O Correio do Povo tem uma história de mais de 113 anos a serviço da coletividade. Esta história diz por si mesma de nossos compromissos, reafirmados na íntegra pelo Grupo Record e dos quais jamais nos afastamos. É esta história que os gaúchos conhecem e que não precisa ser reescrita, ao contrário de outros, que, talvez por vergonha de seus próprios caminhos, estão sempre à espreita de uma mudança de rumos que coloque o Correio do Povo ao seu lado na senda indigna que eles escolheram".

terça-feira, 9 de junho de 2009

Meu Irmão é Filho Único ( Mio fratello è figlio unico DVDrip 2007 )

.

Sinopse :

Os irmãos Accio (Elio Germano) e Manrico (Riccardo Scamarcio) cresceram numa pequena cidade italiana durante as décadas de 60 e 70, contrapunham-se politicamente, mas eram apaixonados pela mesma mulher. O longa-metragem Mio Fratello è Figlio Unico, do diretor Daniele Luchetti, acompanha a vida desses irmãos ao longo de 15 anos através das conturbações e reviravoltas da tumultuada história sóciopolitica da Itália. O filme mostra as mudanças de postura, discussões e a inevitável separação dos irmãos por causa de seus rumos até, claro, o reencontro promovido pela sabedoria da idade. Com o tempo, eles percebem a verdadeira essência não apenas de suas diferenças, mas de suas semelhanças.

Informações Técnicas :

Título no Brasil: Meu Irmão é Filho Único
Título Original: Mio fratello è figlio unico
País de Origem: Itália / França
Gênero: Drama / Comédia
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento: 2007
Estréia no Brasil: 01/08/2008
Site Oficial: http://www.mihermanoeshijounico.es
Estúdio/Distrib.: Playarte
Direção: Daniele Luchetti

Elenco :

Elio Germano ... Accio Benassi
Riccardo Scamarcio ... Manrico Benassi
Angela Finocchiaro ... Amelia Benassi
Massimo Popolizio ... Ettore Benassi
Alba Rohrwacher ... Violetta Benassi
Luca Zingaretti ... Mario Nastri
Anna Bonaiuto ... Bella Nastri
Diane Fleri ... Francesca
Ascanio Celestini ... Padre Cavalli
Vittorio Emanuele Propizio ... Accio Benassi bambino
Claudio Botosso ... Prof. Montagna
Antonino Bruschetta ... Bombacci

Crítica: André Lux

Esse filme me tocou particularmente, afinal conta a história de um sujeito que era fascista na juventude e virou socialista ao amadurecer. Quem leu minhas “Memórias de um alienado” sabe do que estou falando.

“Meu Irmão é Filho Único” é inspirado num livro autobiográfico de Antonio Pennachi chamado "Il Fasciocomunista”. Começa como comédia, passa para o drama e termina de forma emocionante.

Na Itália do início dos anos 1960, o jovem Accio é mandado para um seminário. Mas o irmão mais velho, comunista e ateu, “salva” o moleque dessa fria dando umas revistinhas pornôs para o irmão que, pego em flagrante durante ato onanista, é convidado a se retirar pelos padres.

O problema é que o garoto é feioso pra chuchu, meio tonto e entende as coisas tudo ao contrário. Revoltado com o sucesso do irmão mais velho na liderança sindical e na conquista de belas garotas, o coitado começa a ser influenciado por um velho fascista careca, seguidor fervoroso de Mussolini e o único que leva o Accio a sério.

Não dá outra. O menino alienado e mal influenciado começa a escutar hinos nazi-fascistas e repetir aquelas nojeiras irracionais repletas de preconceito, ódio e rancor que ficariam bem na boca de qualquer senador do DEMo. Para piorar, quando vira adolescente e depois de levar a enésima “coça” do irmão mais velho, Accio se filia ao partido Fascista e sai pelas ruas com seus novos amigos espancando comunistas e botando fogo em seus carros (isso pelo menos eu não fiz... ufa!).

Tudo é mostrado em tons cômicos, principalmente a burrice e a alienação do Accio. Mas as coisas mudam quando seu irmão vira alvo dos odiosos fascistas e aí o filme troca de figura, ganhando contornos mais dramáticos e realistas.

Não vou entregar a história toda, mas basta dizer que “Meu Irmão é Filho Único” termina de forma tocante, com Accio finalmente mudando de lado e entendendo que passou um terço da sua vida do “lado errado”. A mensagem é clara: passar da direita para a esquerda é um processo de difícil amadurecimento. Mas e o contrário? Bom, olhe para gente como Soninha ou Gabeira e você vai saber a resposta...



Tamanho do Arquivo : 702 MB
Qualidade do Vídeo : DVDrip ( 10 )
Idioma do Audio : Italiano

Créditos: www.filmeja.com