Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 22 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
Burkina Faso: IDH avança, mas o desenvolvimento ainda é distante
Le Pays – Uagadugu
O lançamento do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento Humano
2009, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), aconteceu no último dia 11 de novembro. Abordando a questão das
migrações sob o título “Rompendo barreiras: Mobilidade e
desenvolvimento humanos”, o documento classifica os países de acordo
com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ainda que o Burquina
Fasso continue nas profundezas da lista, melhoras consideráveis têm
acontecido ano a ano.
O Burquina Fasso está classificado em 177º, entre 182 países, com um
índice de desenvolvimento humano de 0,389. Em 2008, o país dos homens
íntegros, como é conhecido, foi classificado em 176° entre 182 países,
com um IDH de 0,367. Constata-se que o índice apresenta uma curva
ascendente, apesar do recuo do país na classificação. Conforme comentou
o coordenador do sistema das Nações Unidas, “este avanço resulta dos
esforços empreendidos pelo governo no setor de saúde, e pelas melhorias
na renda da população. Os resultados do ranking 2009 sugerem ao
Burquina Fasso um esforço mais sustentado na alfabetização, na educação
formal, na saúde, assim como pelo aumento da renda das camadas mais
vulneráveis da população. A classificação do Burquina, disse o
coordenador do programa da ONU, não melhorou porque outros países
também fizeram esforços. Conclui-se das declarações, que o país parte
com um importante atraso desde a instauração desta classificação em
1990.
Os critérios principais do IDH são renda, saúde (expectativa de
vida), educação (média ponderada da taxa de escolarização global nos
ensinos primário, secundário e superior e da taxa de alfabetização dos
adultos com mais de 15 anos). O critério educação seria o principal
responsável pela estagnação do país na parte de baixo do ranking. A
taxa de alfabetização continua entre as mais baixas do mundo, com 28%,
enquanto que a taxa de escolarização é de 32%. O PNUD revela,
entretanto, que a taxa de escolarização avançou 20% em dez anos. O
nível de escolarização no ensino secundário é igualmente sofrível, com
apenas 15,6% em 2005.
A classificação foi feita com base nos dados de 2007 para o conjunto
dos 182 países. O coordenador do programa da ONU encorajou o governo de
Burquina a consolidar seus esforços com o apoio de parceiros técnicos e
financeiros a fim de que estes desafios sejam levados em conta na
formulação da Estratégia de Crescimento Acelerado e de Desenvolvimento
Sustentável (SCADD, na sigla em francês).
Sob o tema “Rompendo barreiras: Mobilidade e desenvolvimento
humanos”, o relatório analisa o fenômeno das migrações e seus impactos
sobre o desenvolvimento, fazendo ainda recomendações com base no fato
de que a mobilidade é um princípio de liberdade humana. A Europa e os
Estados Unidos são considerados regiões de destino, mas o estudo revela
ainda que as migrações intra-continentais também são importantes. Os
africanos, por exemplo, se movem muito mais dentro do próprio país e do
próprio continente do que imigram para a Europa. As razões são
essencialmente de ordem econômica, na busca de melhor qualidade de
vida. Os pobres são os que se deslocam com mais frequência. No caso do
Burquina Fasso, 94% dos emigrados estão no próprio continente.
O relatório evoca ainda os fluxos financeiros em direção aos países
de origem, que contribuem para o equilíbrio macroeconômico. Como
exemplo, os imigrantes do Burquina enviam 50 milhões de dólares
anualmente, enquanto os senegaleses mandam 400 milhões.
Abdoulaye Tao
Tradução: Carlos Gorito
Para acessar o texto original, clique aqui.
Educadores rejeitam projetos de Yeda e aprovam estado de greve
Os trabalhadores estaduais da educação, reunidos em assembleia geral na tarde desta sexta-feira 20, no Gigantinho, em Porto Alegre, rejeitaram
os projetos do governo do estado que mexem na vida funcional dos
servidores. Exigem a imediata retirada das propostas encaminhadas pelo
Executivo. A categoria também aprovou o estado de greve e a realização
de uma nova assembleia geral dia 9 de dezembro.
Numa tarde chuvosa na capital gaúcha, mais de quatro mil educadores compareceram a assembleia, dando uma demonstração de que a categoria não aceita qualquer projeto que tenha como objetivo a retirada de direitos. Desde o início do atual governo, a categoria já enfrentou a enturmação, multisseriação, fechamento de escolas, de bibliotecas e laboratórios e aulas em escolas de lata. Depois de destruir a escola pública, o governo Yeda agora avança sobre a valorização profissional, representada pelos planos de carreira.
Os projetos de Yeda foram divulgados como pacote de bondades, de valorização dos servidores. Mas os educadores sabiam que tudo era mentira. A governadora nunca teve no seu horizonte a valorização dos servidores e dos serviços públicos. O que Yeda está fazendo representa o maior ataque já sofrido pela categoria. Nos próximos dias, os educadores estarão permanentemente na Praça da Matriz, na Assembleia Legislativa e em outros locais exigindo a retirada dos projetos e defendendo direitos conquistados. A dignidade dos trabalhadores em educação não tem preço.
Numa tarde chuvosa na capital gaúcha, mais de quatro mil educadores compareceram a assembleia, dando uma demonstração de que a categoria não aceita qualquer projeto que tenha como objetivo a retirada de direitos. Desde o início do atual governo, a categoria já enfrentou a enturmação, multisseriação, fechamento de escolas, de bibliotecas e laboratórios e aulas em escolas de lata. Depois de destruir a escola pública, o governo Yeda agora avança sobre a valorização profissional, representada pelos planos de carreira.
Os projetos de Yeda foram divulgados como pacote de bondades, de valorização dos servidores. Mas os educadores sabiam que tudo era mentira. A governadora nunca teve no seu horizonte a valorização dos servidores e dos serviços públicos. O que Yeda está fazendo representa o maior ataque já sofrido pela categoria. Nos próximos dias, os educadores estarão permanentemente na Praça da Matriz, na Assembleia Legislativa e em outros locais exigindo a retirada dos projetos e defendendo direitos conquistados. A dignidade dos trabalhadores em educação não tem preço.
O oriente com o ocidente..
Oriente Médio abre os olhos para a América Latina
Gulf News – Dubai
A primeira visita à América Latina do
Xeque Abdullah Bin Zayed Al Nahyan, ministro de Relações Exteriores dos
Emirados Árabes Unidos (EAU), foi um grande passo na implementação da
política de adaptação do seu país ao mundo multipolar emergente.
Em sua visita à América Latina, o
diplomata visitou mais de oito países em duas semanas, demonstrando uma
disposição substancial por parte dos EAU para criar novas e mais
estreitas relações com o continente.
Historicamente, as relações entre o Golfo Pérsico e a América Latina sempre foram fracas e
nenhuma das regiões interveio em questões relacionadas à outra. Mas
esta situação vem mudando rapidamente nos últimos anos. Como qualquer
outra região do planeta, o Golfo Pérsico não pode mais dialogar
unicamente com seus vizinhos imediatos e com as poucas potências
globais. O mundo emergente globalizado necessita que todas as regiões
do mundo se relacionem diretamente e sem a intermediação de Washington
ou Moscou. As grandes questões globais do século XXI abrangem um
espectro muito maior do que as rivalidades entre as grandes potências e
incluem a busca de novos meios para gerenciar as economias mundiais sob
a liderança do G20, a promoção de energias sustentáveis e combate ao
aquecimento global, a repressão aos tráficos de drogas e de humanos,
além do trabalho para a implementação dos valores sociais definidos
pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU.
A passagem do Xeque Abdullah por tantos países levou a importante mensagem para a América Latina de que os EAU se importam com a região e querem manter contato, e que os
EAU têm consciência de que um novo mundo interconectado requer que as
distintas regiões do planeta estejam em contato direto umas com as
outras.
Também foi notável o fato de que o Xeque
Abdullah passou mais tempo em visitas ao Brasil e ao México, os dois
gigantes da América Latina (Brasil é hoje considerado uma das
principais economias do mundo). Seu giro também incluiu Argentina,
Colômbia, Peru, Panamá, Nicarágua e República Dominicana, assim como
Cuba – o último Estado comunista da América Latina, onde transmitiu
aproximadamente a mesma mensagem sobre o estreitamento dos laços de
cooperação e melhor entendimento dos seus interesses mútuos.
Em muitos destes países, o representante
agradeceu aos governantes latino-americanos pelo apoio dado à bem
sucedida campanha de seu país para sediar a Agência Internacional de
Energias Renováveis [IRENA, de sua sigla em inglês]. Esta é a primeira
vez que uma agência de peso das Nações Unidas será baseada no fora do
eixo Europa-América do Norte. Os EAU organizaram uma importante
campanha diplomática para reunir apoio à candidatura, enfatizando que
por ser um grande produtor de petróleo, os EAU têm interesse particular
e mão de obra qualificada para o desenvolvimento de fontes de energia
mais sustentáveis. Esta foi a primeira vez que os diplomatas dos EAU
visitaram tantos Estados membros da ONU para convencê-los a votar num
projeto.
Isto permitiu ao Xeque Abdullah iniciar
suas visitas com uma mensagem específica, apresentando seu
agradecimento pela colaboração nesta campanha, o que é uma boa maneira
de quebrar o gelo com um novo correspondente. Após isso, ele pôde então
prosseguir, abordando aspectos mais práticos para aprofundar as
relações, o que, na maioria destes países, foi reconhecer que as
relações comerciais precisam ser definidas com bases mais seguras. Como
resultado, os comunicados publicados por cada país trataram de como
estabelecer acordos básicos para permitir e facilitar o livre comércio
de bens e serviços, tais como a assinatura de tratados de dupla
taxação, a implementação de acordos de proteção ao comércio e o reforço
da proteção ao investimento.
Além disso, o ministro de Relações
Exteriores e seus hóspedes falaram sobre o crescimento dos negócios em
distintos setores como a agricultura (os EAU, como a maioria dos
Estados do Golfo, é grande importador de alimentos) e o turismo (em
ambos os sentidos).
Eles também conversaram sobre interesses
mútuos no setor energético (o que é absolutamente normal em um encontro
com um dos maiores exportadores de hidrocarbonetos), mas o que
surpreendeu foi o interesse latino-americano em dialogar com os EAU
sobre energias renováveis. Isto mostra que Abu Dhabi [capital] está
para se preparando para oferecer o conhecimento que irá adquirir em
suas distintas iniciativas, como seu pacífico programa nuclear
possibilitado pela importação de combustível enriquecido e as novas
tecnologias desenvolvidas em Masdar [cidade ecológica planejada]. O
programa nuclear e Masdar estão projetando Abu Dhabi ao primeiro plano
na busca por energias renováveis.
A longo prazo, os Estados
latino-americanos e árabes têm muito o que conversar. Ambas são regiões
de rápido crescimento e enorme potencial, e têm plena consciência de
que as próximas décadas necessitarão que todos mantenham relações muito
mais próximas. As duas regiões se encontrarão em diversos fóruns,
buscando entendimentos comuns em questões como o aquecimento global,
reformas nas Nações Unidas e no FMI, implementação de acordos de livre
comércio através da Organização Mundial do Comércio, e mesmo no combate
aos crimes de tráfico de drogas e de seres humanos.
A visita do ministro de Relações
Exteriores à América Latino foi um ótimo começo para um longo e
importante processo de colaboração.
Francis Matthew
Tradução: Roberto Blum
Para acessar o texto original, clique aqui
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
VIDEOTECA SENSACIONAL: Partido Comunista Obrero Espanhol - PCOE
do blog Ocinematógrapho -Tito Flávio Bellini
O Partido Comunista Obrero Espanhol - PCOE, possui uma vioteca on line com videos raríssimos, todos disponíveis para serem assistidos on line. Vale mesmo a pena!
Clique aqui veja a página.
A ecologia do desenvolvimento
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Como visão de mundo orgânica ao capitalismo, o liberalismo tem
limites insuperáveis para ir à raiz do impasse ecológico. A valorização
do capital pressiona à mais ampla mercantilização de bens e serviços; a
mercantilização cria incessantemente padrões artificiais e predatórios
de consumo, ao mesmo tempo em que a busca do lucro incentiva
tecnologias agressivas ao meio-ambiente; a crença nas virtudes do
mercado cria limites à regulação institucional dessas potências
destrutivas inscritas na dinâmica do capitalismo; valores do egoísmo,
da concorrência e da dominação minam uma cultura solidária, fraterna e
democrática receptiva a um novo paradigma ecológico.
É na crítica às potências destrutivas do liberalismo e de seu
paradigma que o maior economista brasileiro, Celso Furtado, construiu o
seu conceito de desenvolvimento. Revisitar essa obra é um caminho
necessário para contribuir para superar as antinomias entre
desenvolvimento e ecologia e vincular o desafio de superação da miséria
ao desafio ambiental.
O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado, é um livro de
exílio, escrito na Universidade de Cambridge em 1973 e editado no
Brasil no ano seguinte. Ele traz no centro do seu argumento a denúncia
da insustentabilidade ambiental do ciclo de crescimento desatado pelo
regime militar.
O pensador brasileiro havia lido, então, o estudo de um grupo de
economistas do Massachussets Institute of Thecnology (MIT), chamado “Os
limites do crescimento”, no qual se perguntavam o que aconteceria se os
padrões de consumo dos países ricos fossem universalizados e
reproduzidos em escala global. A resposta dos economistas é que a
poluição do meio-ambiente e a pressão sobre os recursos naturais
não-renováveis seriam de tal monta que levaria a um verdadeiro colapso
da civilização. O que faz Celso Furtado é integrar essa previsão ao seu
conceito de subdesenvolvimento, de dependência tecnológica e mimetismo
cultural, afirmando que a dinâmica do capitalismo leva à concentração
de renda e da riqueza e não à universalização dos padrões de consumo.
Mas integrava esse limite civilizacional do paradigma de produção e
consumo dominante para uma crítica de raiz do novo modelo de
crescimento vertiginoso assistido pelo Brasil de 1970 a 1973, com o PIB
sempre aumentado a mais de 10 % ao ano.
Furtado denunciava o padrão de um crescimento chamado à época de
“milagre econômico”, que provaria não ter bases históricas sólidas.
Chamava, então, de mito essa visão de futuro que assimilava
irreflexivamente desenvolvimento a progresso e progresso ao simples
crescimento econômico. Faz as perguntas fundamentais: “Por que ignorar,
na medição do PIB, o custo para a coletividade da destruição dos
recursos naturais não renováveis, e o dos solos e florestas
(dificilmente mensuráveis)? Por que ignorar a poluição das águas e a
destruição total dos peixes nos rios em que as usinas despejam seus
resíduos?”.
Armadilhas
O argumento de Furtado é que o crescimento baseado na concentração
da renda e no mimetismo de consumo dos países ricos leva a uma
artificial diversificação das mercadorias, conduz à produção
preferencial de bens de curta duração, produz, em escala ampliada,
desperdício, além de não incorporar o custo ecológico. Ele denuncia a
destruição da natureza e das culturas arcaicas ou tradicionais que
perecem ou são destruídas em função da homogeneização dos padrões
culturais.
É assim que conclui seu livro fundador da consciência ecológica
econômica brasileira: “Sabemos agora de forma irrefutável que as
economias da periferia nunca serão desenvolvidas, no sentido de
similares às economias que formam o atual centro do sistema
capitalista. Mas, como negar que essa idéia tem sido de grande
utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar
enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de culturas
arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o
meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o
caráter predatório do sistema produtivo?”. O grande desafio seria o de
definir grandes metas sociais e transformar o modelo econômico na
direção dessas metas.
Pensando desde a década de cinqüenta o tema do subdesenvolvimento, a
partir da crítica ao desenvolvimento desigual do capitalismo, criando
um sistema centro-periferia, e ao pensamento econômico convencional,
que pensava a superação do atraso na periferia como uma repetição de
estratégias de mercado supostamente verificadas no centro, Celso
Furtado aliou ao estruturalismo de suas análises uma perspectiva
histórica ampla dos acontecimentos. Esse método histórico-estrutural,
apto a pensar o movimento das estruturas e o deslocamento de padrões
históricos, permitiu que ele escrevesse o clássico Formação da economia
brasileira, enriquecendo a narrativa dos grandes pensadores do país.
Essa primeira vitória sobre o reducionismo econômico lhe permitiu
analisar que o subdesenvolvimento constituía uma produção histórica de
uma economia periférica, heterônoma, marcada pela irracionalidade dos
meios e dos fins. Dependência, exclusão, carecimento de verdadeiras
instituições republicanas, mimetismo cultural e predação do meio físico
vinham juntos. A economia nordestina, formula Furtado, ocupa
irracionalmente o agreste e preda na monocultura canavieira as terras
férteis. Um plano de desenvolvimento regional deveria permitir formas
mais racionais de ocupação, de produção nas terras férteis, de
incentivo seletivo à industrialização, de superação dos padrões
coronelísticos de dominação, de distribuição de renda e de irrigação
dos solos áridos com frutos democraticamente distribuídos.
Desenvolvimento e cultura
O ensaio dos economistas Oscar Burgueño e Octavio Rodriguez,
“Desenvolvimento e cultura”, editado em A grande esperança em Celso
Furtado (São Paulo: Editora 34, 2001), nos fala de uma segunda vitória
contra o reducionismo econômico, já presente desde as origens no
pensamento furtadiano, mas que viria a se desenvolver mais plenamente
em suas obras dos anos 1978 e 1984, respectivamente Criatividade e
dependência na civilização industrial e Cultura e desenvolvimento em
época de crise. Trata-se de pensar o próprio paradigma do
desenvolvimento à luz da cultura, dos paradigmas culturais que informam
as racionalidades e os valores.
Furtado identifica dois processos de criatividade humana: o primeiro
diz respeito à técnica e o segundo, aos valores que homens e mulheres
adicionam ao seu patrimônio existencial. Este último é definido como um
conjunto criativo capaz de ajudar homens e mulheres a se aprofundar em
seu autoconhecimento, através de atividades como a reflexão filosófica,
a meditação mística, a criação artística e a investigação científica.
Assim, o enriquecimento dessa cultura não-material seria um dos
aspectos-chave do desenvolvimento.
É por essa superação radical do economicismo que se funda a ecologia
do desenvolvimento em Celso Furtado, e ganha corpo, na raiz mesma do
seu pensamento, a crítica da “ideologia do progresso-acumulação”.
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A farsa das eleições hondurenhas.....
EUA respaldam eleição em Honduras; Brasil e Argentina não
Contraditório com a decisão de seu país de condenar o golpe, o enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu nesta quarta-feira (19) a realização da eleição presidencial do próximo dia 29. O respaldo ao pleito aconteceu apesar do rompimento das negociações entre o governo golpista e o presidente deposto Manuel Zelaya. Já os governos brasileiro e argentino declararam que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que Zelaya seja restituído antes da votação.
"As
eleições hondurenhas são uma parte importante da solução para avançar
rumo ao futuro", disse, em Tegucigalpa, Craig Kelly, número dois do
Departamento de Estado americano para a América Latina, antes de voltar
aos EUA. "Ninguém tem o direito de tirar do povo hondurenho o direito
de votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas.
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br
Kelly, contudo, se negou a responder a perguntas da imprensa. Deu tais declarações sem levar em consideração que esse mesmo direito do quel fala foi ignorado justamente pelo grupo que organiza o pleito, e que arrancou do poder o presidente eleito por esse mesmo povo a qeu se refere.
Na semana passada, o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, já havia defendido a realização das eleições. Kelly esteve, pela segunda vez em uma semana, em Tegucigalpa para novamente se reunir com Zelaya e Micheletti e tentar salvar o acordo intermediado pelos Estados Unidos e assinado por ambas as partes em 30 de outubro.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, deu mais um sinal de que os EUA estão se afastando de Zelaya ao afirmar que a decisão do Congresso hondurenho de votar a restituição de Zelaya após as eleições, anunciada anteontem, "não contradiz o acordo alcançado para resolver a crise política".
"Como o acordo não estabelece prazos para essa votação do Congresso, realizar a votação em 2 de dezembro não é necessariamente incoerente com o acordo", afirmou Kelly. A posição dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, vai contra à de países como Brasil, Argentina e Venezuela, que têm afirmado que não reconhecerão as eleições do dia 29 caso Zelaya não seja restituído antes. Também se opõe ao posicionamento defendido por organizações como a OEA e a ONU, que condenaram o golpe e exigiram a restituição imediata de Zelaya.
A postura atual dos EUA, na verdade, apenas explicita o que a dubiedade vista até então colocava apenas no campo da desconfiança: não há interesse real dos norte-americanos na retomada da ordem constitucional, por meio do retorno de Zelaya ao cargo.
Em declarações de dentro da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado há quase dois meses, Zelaya voltou a acusar os EUA de contraditórios. "Sou reconhecido como presidente, dizem que sou o líder democrático, mas [Kelly] está atendendo a decisões do governo que eles não reconhecem", disse o presidente deposto.
Há duas semanas, Zelaya desistiu do acordo, depois que o Congresso, cuja direção é controlada por Micheletti, não votou a sua restituição até o dia 5, prazo final para a criação de um "governo de unidade". O presidente deposto disse que era "inaceitável" indicar ministros para um governo interino chefiado por Micheletti.
O acordo previa que a volta de Zelaya estava condicionada à ratificação pelo Congresso, que poderia pedir consultas a outras instituições, sem estipular um prazo para a votação. Estava claro, contudo, que seu retorno não poderia se dar após as eleições, uma vez que realizar o pleito sob o comando de um regime golpista, ilegal, retiraria sua validade ou significaria dar legitimidade ao golpe.
Ontem, a Suprema Corte de Justiça se reuniu para dar seu parecer sobre a volta de Zelaya, mas o teor só deverá ser revelado no dia 2, data estipulara para a a votação sobre o tema.
Brasil e Argentina
Os governos brasileiro e argentino declararam, nesta quarta, oficialmente, que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que o presidente deposto Manuel Zelaya seja restituído antes do pleito.
A declaração conjunta, feita após visita da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, vem um dia após o Congresso hondurenho anunciar que só pretende avaliar a possibilidade de restituição de Zelaya no dia 2 de dezembro, três dias após as eleições.
"[Caso Zelaya não volte ao poder] estará lançado um precedente extremamente perigoso. Este é o consenso de toda a América Latina e Caribe", disse Lula em discurso. Os mandatários também pediram o fim das hostilidades em relação à representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa, que abriga Zelaya e correligionários desde meados de setembro.
O documento pede a preservação da inviolabilidade da embaixada e seus ocupantes, assim como a segurança e a liberdade de movimento dos funcionários da missão.
Com agências - www.vermelho.org.br
Viva os 60 anos da Revolução Chinesa
José Ricardo Prieto - blog a novademocracia | |
As colossais comemorações feitas pelo atual Estado fascista chinês para comemorar os 60 anos da fundação da República Popular da China pretendiam esconder que a maior população do globo vive, desde o golpe contra-revolucionário de Teng Siaoping em 1976, sob o mais cruel regime de exploração, integrado à economia capitalista e responsável em grande medida pela sobrevida do capitalismo em crise mundial.
|
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Desequilíbrios Globais contra desigualdades internas (compreendendo a Economia Mundial)
Nesta crise sistémica do capitalismo, cujo epicentro foi no coração do imperialismo, “a saída para os desequilíbrios massivos passa pelos Estados Unidos decidirem executar transformações estruturais internas em larga escala e a longo prazo - nomeadamente à desfineirização e desmilitarização. Mas as forças políticas e económicas beneficiárias da configuração actual estão fortemente entrincheiradas no controlo de ambos os partidos principais e dominam os media e as suas mensagens”.
Introdução
As crises profundas e continuadas dos principais países capitalistas,
especialmente nos Estados Unidos, provocou um debate sobre as causas,
consequências e políticas apropriadas para as resolverem.
O debate revelou uma divisão profunda sobre as causas e os remédios, com os políticos, economistas e articulistas anglo-franco-americanos (AFA) de um lado e a correspondente outra parte asiática-germânica (AG) do outro lado. Em termos gerais, os porta-vozes dos AFA põem as culpas das crises nos factores externos, ou, mais especificamente, apontam o dedo aos excedentes positivos no comércio, sectores dinâmicos de exportação e ritmos elevados de investimento em sectores produtivos, e níveis baixos de consumo nos países AG, como a causa dos «desequilíbrios», ou «desequilíbrio», na economia mundial.
Em contraste, os países AG rejeitam a justificação de práticas externas prejudiciais. Põem em destaque os «desequilíbrios» internos no interior dos países AFA, que enfraqueceram as suas posições internacionais, comerciais e financeiras.
Neste artigo, vou argumentar que ambas as políticas económicas internas e as estratégias de construção de impérios externos dos países AFA, têm sido a força motriz para os desequilíbrios globais. As diferenças estruturais entre as duas regiões e as diferenças de estrutura de classe e configurações económicas em cada bloco, impedem qualquer solução fácil e imediata. Pelo contrário, no futuro previsível é provável que o conflito entre potências dinâmicas emergentes de exportação e o bloco ocidental em declínio se intensifique, levando a maiores conflitos comerciais e a possíveis confrontos militares.
As acusações da AFA contra os «desequilíbrios» comerciais da China reúne comércio com o ocidente com as relações de Beijing com o resto do mundo. A China tem comércio equilibrado ou mesmo défices de comércio com países asiáticos, africanos, do Médio Oriente e da América Latina. Além disso, os países AFA têm desequilíbrios de comércio com outras regiões, incluindo o Médio Oriente e a Alemanha. Mesmo que os países AFA reduzam importações da China, é mais do que provável que outros países asiáticos tomem o seu lugar, incluindo Vietname, Coreia do Sul, Taiwan, Bangladesh e Índia. Os défices comerciais resultantes da AFA ficariam na mesma.
Os países AFA culpam a moeda «subvalorizada» da China e reclamam que as autoridades de Beijing manipulam as taxas de câmbio para baixar o preço das exportações e vencer os concorrentes (nomeadamente produtores no interior das AFA). Contudo, a moeda da China tem sido reavaliada consistentemente para cima dos 20% nos últimos cinco anos e, apesar disso, AFA continua a apresentar défices, sugerindo que os produtores nacionais ainda não são capazes de competir com os fabricantes chineses. Mais recentemente, autores na AFA, queixaram-se das taxas baixas dos juros apresentadas pelo governo chinês como um «subsídio» aos exportadores. Contudo, as taxas de juro na AFA estão a zero por cento ou mesmo negativas, isto é, são em vão. Todavia, AFA concederam para cima de 1,5 milhão de milhões em fundos de apoio, e para cima de 1,3 mil milhões para despesas estimulantes - um subsídio cinco vezes superior ao pacote de estímulos da China, sem terem melhorado a sua balança comercial. O que é revelador, dadas as afectações sectoriais, do apoio em cada regime - subsídios - pacotes de estímulos, é que a China recuperou completamente e tem um crescimento de 8% em meados de 2009, enquanto AFA continua a chafurdar em território negativo e continua também com défices comerciais. Isto aponta à centralidade dos factores internos, nomeadamente aos sectores económicos que recebem subsídios de Estado e à forma como os investem, e que têm como resultado que as suas decisões afectem as balanças comerciais.
AFA acusa a China dos baixos salários, da exploração dos trabalhadores, e que isso é a razão dos desequilíbrios comerciais. Contudo, uma percentagem crescente das exportações da China é baseada em avanços tecnológicos e não em mão-de-obra barata. Isto é devido à emergência na Ásia de concorrentes com baixos custos de salários.
AFA queixa-se que a China enfatiza a sua estratégia de “exportações” à custa de produzir para o mercado interno. Todavia, quase metade das exportações da China para os Estados Unidos é realizada a partir de multinacionais americanas que investiram, subcontrataram e co-produziram com as suas homólogas chinesas. Por outras palavras, a política interna americana, a desregulamentação do fluxo de capitais, facilitou o movimento dos fabricantes americanos no exterior, o que resultou num declínio da produção local, num aumento das importações e em maiores défices comerciais.
Causas internas dos défices comerciais (e Economia Mundial Desequilibrada)
A correlação mais evidente e interessante com o crescimento dos desequilíbrios comerciais da AFA é o crescimento e domínio do sector financeiro. A financeirização das economias das AFA e o papel dominante dos directores executivos da Wall Street nas posições económicas estratégicas do Estado é transparente para as massas e até tem sido reconhecida pela maioria dos economistas privados e professores universitários. Os défices comerciais aumentaram na proporção directa do crescimento do poder económico e político do sector financeiro. Em grande parte, isto foi devido à transferência do capital do fabrico para os serviços financeiros, o que conduziu à redução dos investimentos nas inovações e em estratégias de gestão competitivas nos sectores produtivos. Os altos salários, bónus e retornos rápidos no sector financeiro atraíam a maioria dos auto-denominados "melhores e mais inteligentes". Os formados em MBA multiplicaram, enquanto os formados em escolas de engenharia avançada diminuíram. Desapareceram os programas de formação para trabalhadores especializados enquanto cresceu o recrutamento para vendas a retalho de baixa especialização.
O problema era que os serviços financeiros não faziam, não podiam substituir os ganhos do exterior que antes aumentavam através de vendas dos produtos fabricados. Em último lugar, nos mercados financeiros altamente regulados da China, Japão, Índia e no resto da Ásia, onde os bancos estão subordinados à expansão da produção - nomeadamente indústrias financeiras dirigidas por funcionários do Estado. O domínio do capital financeiro e os sectores relacionados do imobiliário e dos seguros conduziram a uma estrutura de classe altamente polarizada: onde presidiam banqueiros de investimentos bilionários e milionários e um exército de trabalhadores de serviços com baixos salários (empregados do retalho, da limpeza, varredores, etc) imigrantes e trabalhadores não-sindicalizados que ocupavam o fundo da escala. Presentemente, as desigualdades no rendimento nos Estados Unidos excedem as de qualquer outro país capitalista "avançado". As desigualdades em Manhattan excedem as de Guatemala. A crescente concentração de riqueza é acompanhada pela redução, nas últimas três décadas, dos ordenados médios. Em resultado disso, o poder de compra dos trabalhadores americanos foi reduzido, dessa forma reduzindo também a procura de bens de qualidade produzidos localmente. O resultado, é a compra de têxteis baratos de importação, sapatos e outros artigos. Passa a haver um declínio nas poupanças e no investimento interno na produção, o que leva a um abaixamento na competitividade. Para além disso, a concorrência entre prestamistas financeiros faz aumentar dispêndios no consumidor e maior endividamento individual, numa altura em que os peritos em produção declinavam por não haver investimento.
A maior parte das empresas produtoras transformaram-se em empresas financeiras, canalizando fundos de investimento em sectores não recebendo câmbios estrangeiros. Pior que tudo, em busca de lucros mais elevados, os produtores transformaram-se em vendedores comerciais, encerrando fábricas e subcontratando produção à China e a outros países asiáticos, e importando produtos finais para os Estados Unidos, assim criando os desequilíbrios comerciais. A recolocação, em larga escala, das multinacionais americanas no estrangeiro, agravou ainda mais os desequilíbrios comerciais.
O papel principal do Estado na criação de desequilíbrios internos, conduzindo a um desequilíbrio global, é o resultado da tomada do Estado pelo sector financeiro e da desregularização dos mercados financeiros. O resultado foi a promoção a longo termo de uma política económica, onde o banco central (Reserva Federal) e o Ministério das Finanças, encorajavam mais o crescimentos dos sectores financeiro, imobiliário e seguros do que o do sector produtivo. A estratégia financeira foi justificada por um grande exército de professores e publicistas que falavam na "pós-indústria", ou na economia de "serviço", ou de "informação", como uma "etapa superior",em vez de uma perversamente desequilibrada, insustentável e injusta economia.
A supremacia financeira coincidiu com a crescente militarização da política estrangeira dos Estados Unidos. A expansão económica dos Estados Unidos no estrangeiro foi eclipsada gradualmente pela crescente dependência nas intervenções militares e na construção de bases militares em centenas de locais. A financeirização enfraqueceu a capacidade produtiva dos exportadores americanos para captar mercados, os políticos americanos aumentaram a dependência na supremacia do poder militar. A canalização de biliões para as despesas militares esgotaram os recursos em esforços para aumentar a competitividade da indústria civil americana e foi um factor importante no seu declínio nos mercados de exportação. Os resultados finais da militarização foram perdas nos proveitos das exportações e no crescimento dos défices comerciais.
Se combinarmos os três grande desequilíbrios internos nas economias da AFA, mas especialmente na dos Estados Unidos, a financeirização da economia, a militarização da política estrangeira e a concentração da riqueza no topo, podemos, pois, entender porque é que os Estados Unidos têm um tão grande e crescente défice comercial.
A estratégia de impulso nas exportações da China
A ênfase da China numa estratégia impulsionadora de exportações e as resultantes e crescentes desigualdades de classe, são claramente o resultado da composição de classe do Estado e da sua estrutura social. Por outras palavras, os factores internos são a força impulsionadora da sua procura por excedentes comerciais. O que é irónico é que alguns dos críticos da AFA, que apontam correctamente os 'desequilíbrios' internos na China, ignorem problemas semelhantes no ocidente. Nomeadamente, não mencionarem a ausência de um plano nacional de saúde nos Estados Unidos, o aumento das desigualdades e da diminuição do poder de compra massivo - mesmo quando apontam estas deficiências na China. O que os defensores ocidentais de maior segurança social na China não falam, é o poder, privilégios e lucros da classe capitalista, que dificulta um maior consumo massivo. E menos do que tudo, falam da força motriz para elevar as condições de vida da classe trabalhadora e dos camponeses, nomeadamente a luta de classes. Em vez disso, contam com os apelos tecnocráticos às elites chinesas para que as despesas sociais sejam maiores.
O Estado chinês evoluiu para uma poderosa máquina de fabrico de bens e de bilionários. A China de hoje tem o maior crescimento, a maior taxa de exploração e as maiores desigualdades de classe da Ásia. Aumentar os salários para estimular o consumo local significa redução de lucros, um anátema para todos os capitalistas, incluindo os chineses. Aumentar a despesa pública na cobertura universal da saúde, especialmente para os 700 milhões de camponeses sem seguro e trabalhadores rurais, significa maiores impostos para os ricos, incluindo as famílias e colegas da elite do governo. Em contraste, a produção para os mercados de exportação não necessita de um maior poder interno do consumidor e, pelo contrário, precisa de salários mais baixos.
A mudança do impulso na exportação para uma estratégia de impulso no mercado interno requer, não apenas, de uma 'mudança na política', mas de uma mudança profunda no poder classista da actual classe capitalista e dos seus apoiantes no Estado, para os trabalhadores e camponeses. Para realizar, em larga escala, compromissos a longo prazo de receitas de serviços sociais para os pobres rurais e salários superiores para os trabalhadores explorados, requer mobilizações sustentadas popularmente, revoltas e greves para garantir os sindicatos independentes e associações de camponeses necessários para que haja uma mudança nas atribuições do Estado para consumo interno.
Os "desequilíbrios" da China são largamente internos, em termos sociais e políticos. É um desequilíbrio de poder social entre um poderoso Estado capitalista e uma massa reprimida e sem poder de trabalhadores e camponeses; um desequilíbrio em rendimento entre uma banca super-rica, imobiliário, elite exportadora de produtos e uma classe trabalhadora com salários baixos e uma classe camponesa subsistente; um desequilíbrio entre um Estado altamente organizado ligado a famílias, ideologia e interesses económicos com a classe capitalista, e uma dispersa, fragmentada e isolada massa de povo trabalhador.
A classe dirigente da China, os seus investimentos exteriores de biliões de dólares em projectos capitalistas ocidentais, através dos seus fundos patrimoniais independentes, os seus investimentos de biliões de dólares em empresas extractivas estrangeiras, é conseguido pela quantidade de capital acumulado, obtido através de níveis intensos de exploração do trabalho e pela eliminação de pensões do Estado, planos de saúde e educação. O papel da China, como um poder imperial emergente, está enraizado no desequilíbrio entre poder global e degradação da segurança social.
O facto dos autores capitalistas ocidentais, dos políticos e dos seus seguidores do campo académico, chamarem a atenção para os mesmos desequilíbrios sociais na China como os seus críticos internos da classe trabalhadora, não devia obscurecer um ponto básico. Os críticos da Wall Street defendem a elite financeira da AFA contra a maior produtividade dos industriais exportadores da China, enquanto os críticos da classe trabalhadora interna criticam os capitalistas e o Estado pelas altas taxas de exploração e concentração de riqueza.
A chave para a redução de desequilíbrios no comércio mundial passa pela redução das desigualdades em cada região. Os Estados Unidos necessitam da mudança profunda de uma economia dominada pela finança para uma economia de produção, em que a finança, a tecnologia de ponta e a educação superior são dirigidas para a criação de uma economia competitiva e produtiva, baseada no trabalho especializado. A ligação no topo entre Wall Street e o Pentagon deve ser substituída pela ligação entre a classe trabalhadora industrial, trabalhadores dos serviços de baixos salários e sector público de empregados e profissionais.
A transformação estrutural da economia dos Estados Unidos é necessária mas isso só não chega. Se os esforços dos Estados Unidos continuarem a persistir num império militar isto irá desviar recursos das prioridades económicas internas e externas. Impérios dirigidos pelos militares alienam sócios comerciais, têm custos elevados e receitas baixas, isolam os investidores económicos e os comerciantes de sociedades produtivas e são destrutivos de instalações civis produtivas internas e externas.
A saída para os desequilíbrios massivos passa pelos Estados Unidos decidirem executar transformações estruturais internas em larga escala e a longo prazo - nomeadamente à desfineirização e desmilitarização. Mas as forças políticas e económicas beneficiárias da configuração actual estão fortemente entrincheiradas no controlo de ambos os partidos principais e dominam os media e as suas mensagens. Contudo, apesar do seu profundo poder institucional sofrem de várias deficiências fatais. Em primeiro lugar, criaram desequilíbrios globais insustentáveis que, mais cedo ou mais tarde, levarão a um colapso do dólar e a bolhas financeiras renovadas, mais virulentas e dispendiosas. Em segundo lugar, o mercado livre, que é o suporte ideológico principal da elite de poder financeiro desregulado, está totalmente desacreditado, como evidenciado pelo pequeno apoio e confiança da Wall Street. Em terceiro lugar, a construção de impérios pelos militares já teve o seu percurso: após nove anos de guerra no Afeganistão a grande maioria de americanos enviou uma mensagem à elite política de ambos os partidos, à Casa Branca e ao Congresso, de que chegou a altura de mudar as aventuras falhadas e financiadas no estrangeiro e resolver o problema dos 20% desempregados americanos (30 milhões), de os 100 milhões ou 33% de americanos sem ou com dispendiosa cobertura de saúde ou com cobertura inadequada. Nenhuma intensidade nos media e culpabilização perita da China para os nossos auto-induzidos "desequilíbrios" pode desviar a opinião americana das suas experiências directas com as nossas próprias desigualdades internas e fracassos de política.
* James Petras é Professor da Universidade de Nova Iorque e amigo e colaborador de odiario.info
Tradução de João Manuel Pinheiro
O debate revelou uma divisão profunda sobre as causas e os remédios, com os políticos, economistas e articulistas anglo-franco-americanos (AFA) de um lado e a correspondente outra parte asiática-germânica (AG) do outro lado. Em termos gerais, os porta-vozes dos AFA põem as culpas das crises nos factores externos, ou, mais especificamente, apontam o dedo aos excedentes positivos no comércio, sectores dinâmicos de exportação e ritmos elevados de investimento em sectores produtivos, e níveis baixos de consumo nos países AG, como a causa dos «desequilíbrios», ou «desequilíbrio», na economia mundial.
Em contraste, os países AG rejeitam a justificação de práticas externas prejudiciais. Põem em destaque os «desequilíbrios» internos no interior dos países AFA, que enfraqueceram as suas posições internacionais, comerciais e financeiras.
Neste artigo, vou argumentar que ambas as políticas económicas internas e as estratégias de construção de impérios externos dos países AFA, têm sido a força motriz para os desequilíbrios globais. As diferenças estruturais entre as duas regiões e as diferenças de estrutura de classe e configurações económicas em cada bloco, impedem qualquer solução fácil e imediata. Pelo contrário, no futuro previsível é provável que o conflito entre potências dinâmicas emergentes de exportação e o bloco ocidental em declínio se intensifique, levando a maiores conflitos comerciais e a possíveis confrontos militares.
As acusações da AFA contra os «desequilíbrios» comerciais da China reúne comércio com o ocidente com as relações de Beijing com o resto do mundo. A China tem comércio equilibrado ou mesmo défices de comércio com países asiáticos, africanos, do Médio Oriente e da América Latina. Além disso, os países AFA têm desequilíbrios de comércio com outras regiões, incluindo o Médio Oriente e a Alemanha. Mesmo que os países AFA reduzam importações da China, é mais do que provável que outros países asiáticos tomem o seu lugar, incluindo Vietname, Coreia do Sul, Taiwan, Bangladesh e Índia. Os défices comerciais resultantes da AFA ficariam na mesma.
Os países AFA culpam a moeda «subvalorizada» da China e reclamam que as autoridades de Beijing manipulam as taxas de câmbio para baixar o preço das exportações e vencer os concorrentes (nomeadamente produtores no interior das AFA). Contudo, a moeda da China tem sido reavaliada consistentemente para cima dos 20% nos últimos cinco anos e, apesar disso, AFA continua a apresentar défices, sugerindo que os produtores nacionais ainda não são capazes de competir com os fabricantes chineses. Mais recentemente, autores na AFA, queixaram-se das taxas baixas dos juros apresentadas pelo governo chinês como um «subsídio» aos exportadores. Contudo, as taxas de juro na AFA estão a zero por cento ou mesmo negativas, isto é, são em vão. Todavia, AFA concederam para cima de 1,5 milhão de milhões em fundos de apoio, e para cima de 1,3 mil milhões para despesas estimulantes - um subsídio cinco vezes superior ao pacote de estímulos da China, sem terem melhorado a sua balança comercial. O que é revelador, dadas as afectações sectoriais, do apoio em cada regime - subsídios - pacotes de estímulos, é que a China recuperou completamente e tem um crescimento de 8% em meados de 2009, enquanto AFA continua a chafurdar em território negativo e continua também com défices comerciais. Isto aponta à centralidade dos factores internos, nomeadamente aos sectores económicos que recebem subsídios de Estado e à forma como os investem, e que têm como resultado que as suas decisões afectem as balanças comerciais.
AFA acusa a China dos baixos salários, da exploração dos trabalhadores, e que isso é a razão dos desequilíbrios comerciais. Contudo, uma percentagem crescente das exportações da China é baseada em avanços tecnológicos e não em mão-de-obra barata. Isto é devido à emergência na Ásia de concorrentes com baixos custos de salários.
AFA queixa-se que a China enfatiza a sua estratégia de “exportações” à custa de produzir para o mercado interno. Todavia, quase metade das exportações da China para os Estados Unidos é realizada a partir de multinacionais americanas que investiram, subcontrataram e co-produziram com as suas homólogas chinesas. Por outras palavras, a política interna americana, a desregulamentação do fluxo de capitais, facilitou o movimento dos fabricantes americanos no exterior, o que resultou num declínio da produção local, num aumento das importações e em maiores défices comerciais.
Causas internas dos défices comerciais (e Economia Mundial Desequilibrada)
A correlação mais evidente e interessante com o crescimento dos desequilíbrios comerciais da AFA é o crescimento e domínio do sector financeiro. A financeirização das economias das AFA e o papel dominante dos directores executivos da Wall Street nas posições económicas estratégicas do Estado é transparente para as massas e até tem sido reconhecida pela maioria dos economistas privados e professores universitários. Os défices comerciais aumentaram na proporção directa do crescimento do poder económico e político do sector financeiro. Em grande parte, isto foi devido à transferência do capital do fabrico para os serviços financeiros, o que conduziu à redução dos investimentos nas inovações e em estratégias de gestão competitivas nos sectores produtivos. Os altos salários, bónus e retornos rápidos no sector financeiro atraíam a maioria dos auto-denominados "melhores e mais inteligentes". Os formados em MBA multiplicaram, enquanto os formados em escolas de engenharia avançada diminuíram. Desapareceram os programas de formação para trabalhadores especializados enquanto cresceu o recrutamento para vendas a retalho de baixa especialização.
O problema era que os serviços financeiros não faziam, não podiam substituir os ganhos do exterior que antes aumentavam através de vendas dos produtos fabricados. Em último lugar, nos mercados financeiros altamente regulados da China, Japão, Índia e no resto da Ásia, onde os bancos estão subordinados à expansão da produção - nomeadamente indústrias financeiras dirigidas por funcionários do Estado. O domínio do capital financeiro e os sectores relacionados do imobiliário e dos seguros conduziram a uma estrutura de classe altamente polarizada: onde presidiam banqueiros de investimentos bilionários e milionários e um exército de trabalhadores de serviços com baixos salários (empregados do retalho, da limpeza, varredores, etc) imigrantes e trabalhadores não-sindicalizados que ocupavam o fundo da escala. Presentemente, as desigualdades no rendimento nos Estados Unidos excedem as de qualquer outro país capitalista "avançado". As desigualdades em Manhattan excedem as de Guatemala. A crescente concentração de riqueza é acompanhada pela redução, nas últimas três décadas, dos ordenados médios. Em resultado disso, o poder de compra dos trabalhadores americanos foi reduzido, dessa forma reduzindo também a procura de bens de qualidade produzidos localmente. O resultado, é a compra de têxteis baratos de importação, sapatos e outros artigos. Passa a haver um declínio nas poupanças e no investimento interno na produção, o que leva a um abaixamento na competitividade. Para além disso, a concorrência entre prestamistas financeiros faz aumentar dispêndios no consumidor e maior endividamento individual, numa altura em que os peritos em produção declinavam por não haver investimento.
A maior parte das empresas produtoras transformaram-se em empresas financeiras, canalizando fundos de investimento em sectores não recebendo câmbios estrangeiros. Pior que tudo, em busca de lucros mais elevados, os produtores transformaram-se em vendedores comerciais, encerrando fábricas e subcontratando produção à China e a outros países asiáticos, e importando produtos finais para os Estados Unidos, assim criando os desequilíbrios comerciais. A recolocação, em larga escala, das multinacionais americanas no estrangeiro, agravou ainda mais os desequilíbrios comerciais.
O papel principal do Estado na criação de desequilíbrios internos, conduzindo a um desequilíbrio global, é o resultado da tomada do Estado pelo sector financeiro e da desregularização dos mercados financeiros. O resultado foi a promoção a longo termo de uma política económica, onde o banco central (Reserva Federal) e o Ministério das Finanças, encorajavam mais o crescimentos dos sectores financeiro, imobiliário e seguros do que o do sector produtivo. A estratégia financeira foi justificada por um grande exército de professores e publicistas que falavam na "pós-indústria", ou na economia de "serviço", ou de "informação", como uma "etapa superior",em vez de uma perversamente desequilibrada, insustentável e injusta economia.
A supremacia financeira coincidiu com a crescente militarização da política estrangeira dos Estados Unidos. A expansão económica dos Estados Unidos no estrangeiro foi eclipsada gradualmente pela crescente dependência nas intervenções militares e na construção de bases militares em centenas de locais. A financeirização enfraqueceu a capacidade produtiva dos exportadores americanos para captar mercados, os políticos americanos aumentaram a dependência na supremacia do poder militar. A canalização de biliões para as despesas militares esgotaram os recursos em esforços para aumentar a competitividade da indústria civil americana e foi um factor importante no seu declínio nos mercados de exportação. Os resultados finais da militarização foram perdas nos proveitos das exportações e no crescimento dos défices comerciais.
Se combinarmos os três grande desequilíbrios internos nas economias da AFA, mas especialmente na dos Estados Unidos, a financeirização da economia, a militarização da política estrangeira e a concentração da riqueza no topo, podemos, pois, entender porque é que os Estados Unidos têm um tão grande e crescente défice comercial.
A estratégia de impulso nas exportações da China
A ênfase da China numa estratégia impulsionadora de exportações e as resultantes e crescentes desigualdades de classe, são claramente o resultado da composição de classe do Estado e da sua estrutura social. Por outras palavras, os factores internos são a força impulsionadora da sua procura por excedentes comerciais. O que é irónico é que alguns dos críticos da AFA, que apontam correctamente os 'desequilíbrios' internos na China, ignorem problemas semelhantes no ocidente. Nomeadamente, não mencionarem a ausência de um plano nacional de saúde nos Estados Unidos, o aumento das desigualdades e da diminuição do poder de compra massivo - mesmo quando apontam estas deficiências na China. O que os defensores ocidentais de maior segurança social na China não falam, é o poder, privilégios e lucros da classe capitalista, que dificulta um maior consumo massivo. E menos do que tudo, falam da força motriz para elevar as condições de vida da classe trabalhadora e dos camponeses, nomeadamente a luta de classes. Em vez disso, contam com os apelos tecnocráticos às elites chinesas para que as despesas sociais sejam maiores.
O Estado chinês evoluiu para uma poderosa máquina de fabrico de bens e de bilionários. A China de hoje tem o maior crescimento, a maior taxa de exploração e as maiores desigualdades de classe da Ásia. Aumentar os salários para estimular o consumo local significa redução de lucros, um anátema para todos os capitalistas, incluindo os chineses. Aumentar a despesa pública na cobertura universal da saúde, especialmente para os 700 milhões de camponeses sem seguro e trabalhadores rurais, significa maiores impostos para os ricos, incluindo as famílias e colegas da elite do governo. Em contraste, a produção para os mercados de exportação não necessita de um maior poder interno do consumidor e, pelo contrário, precisa de salários mais baixos.
A mudança do impulso na exportação para uma estratégia de impulso no mercado interno requer, não apenas, de uma 'mudança na política', mas de uma mudança profunda no poder classista da actual classe capitalista e dos seus apoiantes no Estado, para os trabalhadores e camponeses. Para realizar, em larga escala, compromissos a longo prazo de receitas de serviços sociais para os pobres rurais e salários superiores para os trabalhadores explorados, requer mobilizações sustentadas popularmente, revoltas e greves para garantir os sindicatos independentes e associações de camponeses necessários para que haja uma mudança nas atribuições do Estado para consumo interno.
Os "desequilíbrios" da China são largamente internos, em termos sociais e políticos. É um desequilíbrio de poder social entre um poderoso Estado capitalista e uma massa reprimida e sem poder de trabalhadores e camponeses; um desequilíbrio em rendimento entre uma banca super-rica, imobiliário, elite exportadora de produtos e uma classe trabalhadora com salários baixos e uma classe camponesa subsistente; um desequilíbrio entre um Estado altamente organizado ligado a famílias, ideologia e interesses económicos com a classe capitalista, e uma dispersa, fragmentada e isolada massa de povo trabalhador.
A classe dirigente da China, os seus investimentos exteriores de biliões de dólares em projectos capitalistas ocidentais, através dos seus fundos patrimoniais independentes, os seus investimentos de biliões de dólares em empresas extractivas estrangeiras, é conseguido pela quantidade de capital acumulado, obtido através de níveis intensos de exploração do trabalho e pela eliminação de pensões do Estado, planos de saúde e educação. O papel da China, como um poder imperial emergente, está enraizado no desequilíbrio entre poder global e degradação da segurança social.
O facto dos autores capitalistas ocidentais, dos políticos e dos seus seguidores do campo académico, chamarem a atenção para os mesmos desequilíbrios sociais na China como os seus críticos internos da classe trabalhadora, não devia obscurecer um ponto básico. Os críticos da Wall Street defendem a elite financeira da AFA contra a maior produtividade dos industriais exportadores da China, enquanto os críticos da classe trabalhadora interna criticam os capitalistas e o Estado pelas altas taxas de exploração e concentração de riqueza.
A chave para a redução de desequilíbrios no comércio mundial passa pela redução das desigualdades em cada região. Os Estados Unidos necessitam da mudança profunda de uma economia dominada pela finança para uma economia de produção, em que a finança, a tecnologia de ponta e a educação superior são dirigidas para a criação de uma economia competitiva e produtiva, baseada no trabalho especializado. A ligação no topo entre Wall Street e o Pentagon deve ser substituída pela ligação entre a classe trabalhadora industrial, trabalhadores dos serviços de baixos salários e sector público de empregados e profissionais.
A transformação estrutural da economia dos Estados Unidos é necessária mas isso só não chega. Se os esforços dos Estados Unidos continuarem a persistir num império militar isto irá desviar recursos das prioridades económicas internas e externas. Impérios dirigidos pelos militares alienam sócios comerciais, têm custos elevados e receitas baixas, isolam os investidores económicos e os comerciantes de sociedades produtivas e são destrutivos de instalações civis produtivas internas e externas.
A saída para os desequilíbrios massivos passa pelos Estados Unidos decidirem executar transformações estruturais internas em larga escala e a longo prazo - nomeadamente à desfineirização e desmilitarização. Mas as forças políticas e económicas beneficiárias da configuração actual estão fortemente entrincheiradas no controlo de ambos os partidos principais e dominam os media e as suas mensagens. Contudo, apesar do seu profundo poder institucional sofrem de várias deficiências fatais. Em primeiro lugar, criaram desequilíbrios globais insustentáveis que, mais cedo ou mais tarde, levarão a um colapso do dólar e a bolhas financeiras renovadas, mais virulentas e dispendiosas. Em segundo lugar, o mercado livre, que é o suporte ideológico principal da elite de poder financeiro desregulado, está totalmente desacreditado, como evidenciado pelo pequeno apoio e confiança da Wall Street. Em terceiro lugar, a construção de impérios pelos militares já teve o seu percurso: após nove anos de guerra no Afeganistão a grande maioria de americanos enviou uma mensagem à elite política de ambos os partidos, à Casa Branca e ao Congresso, de que chegou a altura de mudar as aventuras falhadas e financiadas no estrangeiro e resolver o problema dos 20% desempregados americanos (30 milhões), de os 100 milhões ou 33% de americanos sem ou com dispendiosa cobertura de saúde ou com cobertura inadequada. Nenhuma intensidade nos media e culpabilização perita da China para os nossos auto-induzidos "desequilíbrios" pode desviar a opinião americana das suas experiências directas com as nossas próprias desigualdades internas e fracassos de política.
* James Petras é Professor da Universidade de Nova Iorque e amigo e colaborador de odiario.info
Tradução de João Manuel Pinheiro
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Belo texto de Deanna....
E
tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita ?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita ?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças...
*
Deanna - blog leitores escassos
Por motivos que ninguém explica, diversos textos de outros autores circulam pela internet como sendo de Luis Fernando Verissimo. Isso ocorre com outros autores também, mas o estilo mais casual de Verissimo parece torná-lo um alvo fácil.
Abaixo, uma lista de textos falsamente atribuidos a Verissimo, compilada por Elson Barbosa (moderador da comunidade no Orkut - Luis Fernando Verissimo):
- LFV e o Desarmamento / Aprenda a Chamar a Polícia (autor: Rossano Cancelier)
- Quase (autora: Sarah Westphal)
- Dar Não é Fazer Amor (Tatiane Bernardi)
- Depoimento Sobre as Drogas / Pagodeaxéfunk... Drogas da Pesada! (autor: Vitor Trucco)
- Hipocondríaco (autor: Silvio Lach)
- Um Dia de Modess (Rolinha)
- Tipo Assim (autor: Kledir Ramil)
- O Direito do Palavrão (Pedro Ivo Resende)
- A Verdade Sobre Romeu e Julieta (Francine Bittencourt de Oliveira)
- A Impontualidade do Amor (autora: Martha Medeiros)
- Mulheres Modernas / Mulheres Empresárias (autor: Arnaldo Jabor)
- O Que Faz Bem À Saúde / Previna-se (Martha Medeiros)
- Pedindo Uma Pizza em 2009 (autor: Daniel Kurtzman)
- Namoro em Tempos Modernos / Árvore Genealógica (autor: Bond Bilau)
- Filtro Solar (autor: Baz Luhrmann)
- Verão Chegando / The Summer is Tragic! (autora: Rosana Hermann)
- Ainda Bem Que Eu Dei (autora: Daniela Mel)
- Proctologista / Pedido de Amigo (autor: Jacob El-Mokdisi)
Sugestão participe da Comunidade orkut: Afinal, quem é o autor?
- A Pessoa Errada (Autoria Desconhecida)
- Desabafo de um Marido (Autoria Desconhecida)
- Aquele do Remédio e do "Esquece" (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Merda (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Modess (Autoria Desconhecida)
- Verão Chegando (Autoria Desconhecida)
- Necessidades Sexuais / Marte e Vênus (Autoria Desconhecida)
- Big Brother Brasil 4 (Autoria Desconhecida)
- Entrevista com Deus (Autoria Desconhecida)
- Ainda Bem Que Eu Dei (Autoria Desconhecida)
- Dez Coisas Que Levei Anos Para Aprender (Autoria Desconhecida)
- Precisando de Amor (Autoria Desconhecida)
- Sobrevivência / Como Conseguimos Sobreviver? (Autoria Desconhecida)
- Casamento Moderno (Autoria Desconhecida)
- Sobre o Amor (Autoria Desconhecida)
- Oração dos Desesperados / Oração dos Estressados / Oração dos estressadinhos (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Mulheres (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Nota de falecimento/ Morreu quem atrapalhava o crescimento da empresa (Autoria Desconhecida)
- Coisas de um Coração Apaixonado / Falo a Língua dos Loucos / Quem Nunca Teve... (Autoria Desconhecida)
- Fodeu-se / Foda-se (Autoria Desconhecida)
- Às Vezes / Quando o Coração Doe Até Sangrar (Autoria Desconhecida)
- Complexidade feminina! (Autoria Desconhecida)
- A Felicidade pode demorar (Autoria Desconhecida)
- Como roubar um coração/Roubo! (Autoria Desconhecida)
- Degustação de vinho em Minas e/ou O MINERIM E O DEGUSTADOR DE VINHO (Autoria Desconhecida)
- Depilação masculina (Autoria Desconhecida)
Caso encontrarem o autor desconhecido de algum texto mencionado acima até o momento, favor indicar no e-mail - pessoal (Contatos do Recanto e/ou no mural do Orkut - recados), pois as listas vem sendo constantemente atualizadas.
Nota: Desconfie de textos repassados com o nome de LuiZ Fernando VerÍssimo, de modo geral são falsos.
__________________________
/lfv é um site dedicado ao escritor, cartunista e músico Luis Fernando Verissimo.
www.dotdotdot.com.br/lfv/diversos/textos_falsos.php
Por motivos que ninguém explica, diversos textos de outros autores circulam pela internet como sendo de Luis Fernando Verissimo. Isso ocorre com outros autores também, mas o estilo mais casual de Verissimo parece torná-lo um alvo fácil.
Abaixo, uma lista de textos falsamente atribuidos a Verissimo, compilada por Elson Barbosa (moderador da comunidade no Orkut - Luis Fernando Verissimo):
- LFV e o Desarmamento / Aprenda a Chamar a Polícia (autor: Rossano Cancelier)
- Quase (autora: Sarah Westphal)
- Dar Não é Fazer Amor (Tatiane Bernardi)
- Depoimento Sobre as Drogas / Pagodeaxéfunk... Drogas da Pesada! (autor: Vitor Trucco)
- Hipocondríaco (autor: Silvio Lach)
- Um Dia de Modess (Rolinha)
- Tipo Assim (autor: Kledir Ramil)
- O Direito do Palavrão (Pedro Ivo Resende)
- A Verdade Sobre Romeu e Julieta (Francine Bittencourt de Oliveira)
- A Impontualidade do Amor (autora: Martha Medeiros)
- Mulheres Modernas / Mulheres Empresárias (autor: Arnaldo Jabor)
- O Que Faz Bem À Saúde / Previna-se (Martha Medeiros)
- Pedindo Uma Pizza em 2009 (autor: Daniel Kurtzman)
- Namoro em Tempos Modernos / Árvore Genealógica (autor: Bond Bilau)
- Filtro Solar (autor: Baz Luhrmann)
- Verão Chegando / The Summer is Tragic! (autora: Rosana Hermann)
- Ainda Bem Que Eu Dei (autora: Daniela Mel)
- Proctologista / Pedido de Amigo (autor: Jacob El-Mokdisi)
Sugestão participe da Comunidade orkut: Afinal, quem é o autor?
- A Pessoa Errada (Autoria Desconhecida)
- Desabafo de um Marido (Autoria Desconhecida)
- Aquele do Remédio e do "Esquece" (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Merda (Autoria Desconhecida)
- Um Dia de Modess (Autoria Desconhecida)
- Verão Chegando (Autoria Desconhecida)
- Necessidades Sexuais / Marte e Vênus (Autoria Desconhecida)
- Big Brother Brasil 4 (Autoria Desconhecida)
- Entrevista com Deus (Autoria Desconhecida)
- Ainda Bem Que Eu Dei (Autoria Desconhecida)
- Dez Coisas Que Levei Anos Para Aprender (Autoria Desconhecida)
- Precisando de Amor (Autoria Desconhecida)
- Sobrevivência / Como Conseguimos Sobreviver? (Autoria Desconhecida)
- Casamento Moderno (Autoria Desconhecida)
- Sobre o Amor (Autoria Desconhecida)
- Oração dos Desesperados / Oração dos Estressados / Oração dos estressadinhos (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Mulheres (Autoria Desconhecida)
- Nada como a Simplicidade... (Autoria Desconhecida)
- Nota de falecimento/ Morreu quem atrapalhava o crescimento da empresa (Autoria Desconhecida)
- Coisas de um Coração Apaixonado / Falo a Língua dos Loucos / Quem Nunca Teve... (Autoria Desconhecida)
- Fodeu-se / Foda-se (Autoria Desconhecida)
- Às Vezes / Quando o Coração Doe Até Sangrar (Autoria Desconhecida)
- Complexidade feminina! (Autoria Desconhecida)
- A Felicidade pode demorar (Autoria Desconhecida)
- Como roubar um coração/Roubo! (Autoria Desconhecida)
- Degustação de vinho em Minas e/ou O MINERIM E O DEGUSTADOR DE VINHO (Autoria Desconhecida)
- Depilação masculina (Autoria Desconhecida)
Caso encontrarem o autor desconhecido de algum texto mencionado acima até o momento, favor indicar no e-mail - pessoal (Contatos do Recanto e/ou no mural do Orkut - recados), pois as listas vem sendo constantemente atualizadas.
Nota: Desconfie de textos repassados com o nome de LuiZ Fernando VerÍssimo, de modo geral são falsos.
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