quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Caminhos da revolução digital

Apesar de dominante, o capitalismo não consegue mais sustentar a lógica de acumulação e trabalho. Seus principais alicerces — a economia, a ética burocrática e a cultura de massas — estão em crise. Com a internet florescem, em rede, novas formas de produzir riquezas, diálogos e relações sociais

Hernani Dimantas, Dalton Martins

Aprendemos que as redes são orgânicas. Aprendemos também que as redes são emergentes. Emergência é um processo de auto-organização. "A única diferença é o material de que são feitas: células de enxames, calçadas, zeros e uns". Isso não importa. Relevante é observar a tendência do pensamento de baixo para cima, bottom up, modificando a forma da humanidade pensar. Continuamente, ouvimos falar das experiências de organização de comunidades de seres vivos, da capacidade de construção de redes descentralizadas das formigas, dos cupins, das abelhas. Seriam reflexos da capacidade orgânica da colaboração?

Mutação, transformação e modificação são palavras que uso bastante no cotidiano digital. A internet trouxe a idéia de revolução, e traz consigo críticas inequívocas de como a sociedade moderna está estruturada. Romper paradigmas significa destruir os preconceitos nos quais estamos inseridos. E muitos desses preconceitos estão diretamente ligados à forma como nos organizamos e conversamos. Mesmo de forma sutil, sem exatamente compreendermos porque agimos de determinada maneira.

Se debatemos tal desconstrução da sociedade de massa, podemos admitir as mudanças e passar a agir de acordo com essa nova possibilidade. E existe uma tendência de utilizarmos cada vez mais os meios binários — seja para comprar e vender, ou para distribuir informação. Comercial ou não. E essa tendência acompanha a forma de organização dos grupos sociais e sua capacidade de conversarem de múltiplas maneiras.

Nessa corrida maluca, percebemos que os mercados também se transformam. O Manifesto Cluetrain é claro. Propõe o fim dos negócios como conhecemos. Por quê? Os mercados são conversações. E essa conversação faz as pessoas se aproximarem, não só para trocar informações cotidianas, muitas vezes descartáveis. Mas para uma auto-organização da sociedade civil. As conversações seriam a democratização do processo organizacional coletivo?

Linux, o primeiro produto moderno e competitivo criado de modo não-capitalista

Essa é a proposta do movimento dos códigos livres. Uma organização colaborativa, anárquica e disforme. Poderosa pela essência que une as pessoas num projeto comum. A rede faz tal movimento aflorar. O Linux foi o primeiro produto moderno e competitivo criado num modo de produção não capitalista. Entender isso é compreender que as mudanças atingem o meio digital. E devem repercutir construtivamente para outros setores.

Mas o mundo dos negócios é avesso a críticas. Idéias sustentadas em fatos reais são mostradas como se fossem apenas utopia. Lunáticos que não entendem o dinamismo do dinheiro. Pois o vil metal move o mundo. No entanto, qual foi o investimento inicial no Linux? Nada!

E esse nada está apavorando o grande monopólio. É difícil combater a organização de pessoas comuns. Estamos vendo o Linux e outros programas abertos aumentando a participação nos mercados. Essa realidade é inexorável. Uma realidade que modifica a essência da forma como conversamos, como estamos buscando nos organizar. A mudança é estrutural, topológica, elementar e, absolutamente, transformadora.

Colaboração é a novidade da sociedade da informação. Linus Torvalds causou um alvoroço enorme ao liberar o código de seu programa numa lista de debates. A frase Release early and release often (Libere cedo e libere freqüentemente) passou a redesenhar um modelo de produção. Colaboração como capital social. Colaboração para fazer qualquer coisa que o desejo provoque. Colaboração como condição de sobrevivência. Colaboração como viés estrutural no desenvolvimento das novas organizações, veia latente dos processos de inovação tecnológica, canal de viabilização da interação entre fornecedores, clientes e comunidades de usuários dos múltiplos produtos hoje oferecidos pela internet.

Por meio das redes sociais, novas geografias de poder, nas quais o link subverte a hierarquia

Com as tecnologias da comunicação e da interação, as redes passam a facilitar a convivência à distância em tempo real. Provocam e potencializam a conversação. Reconduzem a comunicação para uma lógica de sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições de forma descentralizada e participativa. Reorientam fluxos criativos e abrem novas possibilidades de circulação da riqueza.

O capitalismo, apesar de dominante, não consegue mais sustentar a lógica da acumulação e do trabalho. Seus principais alicerces, a economia, o paradigma da ética burocrática e a cultura de massas, estão em crise. Essa aponta a necessidade de uma nova ordem, uma reestruturação. Marx escreveu sua crítica em O Capital, num momento que a sociedade industrial estava aflorando, mas não se apresentava, ainda, como o paradigma dominante. O século 21 exige, portanto, modificações estruturais no poder para atender a nascente sociedade informacional. É nesse cenário que as redes sociais adquirem importância, pois em seu elemento constitutivo trazem uma nova possibilidade organizacional, logo, estrutural dos fluxos de conversação e da forma como o poder é exercido a partir dos relacionamentos entre pessoas.

A tecnologia catalisa a inteligência das pessoas. A revolução das tecnologias da informação atua remodelando as bases materiais da sociedade e induzindo a emergência de agenciamentos colaborativos como base de sustentação social. Não podemos atribuir tais mudanças apenas à tecnologia. A internet torna possível o florescimento de novos movimentos sociais e culturais em rede. Possibilita organizar a sociedade civil em novas formas de gestão e retornar às redes humanas depois de um longo período de domínio das redes de máquinas e da burocracia. No limite da ruptura dos paradigmas, a colaboração aparece como um potencializador das energias produtivas. A sociedade está se tornando mais aberta e de uma forma ampla, mais colaborativa.

O software livre é o caso mais conhecido da resistência digital — e o que teve maior impacto. Uma nova dinâmica, que demonstra a produção de conhecimento livre como alternativa economicamente viável e sustentável. O código aberto está trazendo para a inovação o que a linha de montagem trouxe para a produção em massa. Estamos caminhando para uma era em que a colaboração substituirá a corporação. Uma opção pela descentralização do poder catalisado pelas conversações de uma sociedade em rede.

Ao invés de telespectadores, pessoas que desejam protagonizar suas existências e colaborar

As pessoas não querem mais ser telespectadores. Elas têm a possibilidade de interagir com as comunidades na internet e, assim, protagonizar as próprias existências. Buscando na comunidade digital os interesses comuns. Uma alternativa para o crescimento colaborativo.

Entra a internet. E por incrível que possa parecer, essa ferramenta fez um estrago nas idiossincrasias dos poderosos. A internet é maquínica. Pois recria um poder nômade no âmago. Um poder que se recria a cada instante. Catalisados pelos nós das redes. Uma reviravolta acontece nos dogmas ocidentais. Onde se lia transcendência, agora se enxerga e vive a imanência

Nesse sentido, estamos num processo de progressão jamais visto. Pois qualquer pessoa tem a possibilidade de publicar na rede, seja em forma de email, artigos, blogs, músicas ou imagem. A internet é um meio multimídia que dá às pessoas inúmeras formas de expressão. A cultura cibernética não é nada mais do que uma compilação de tal diversidade. Está em curso um processo silencioso, uma revolução que não será televisionada, que provocará mudanças profundas na sociedade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Melhor do Acustico MTV 2 - Audio DVD

Faixas
01. Fixação - Kid Abelha
02. Assim Caminha a Humanidade - Lulu Santos
03. Tudo que Vai - Capital Inicial
04. Papai Me Empresta o Carro - Rita Lee e Titãs
05. Flores em Você - Ira!
06. Infinita Highway - Engenheiros do Hawaii
07. Relicário - Cássia Eller e Nando Reis
08. Qual É? - Marcelo D2
09. Hoje - Charlie Brown Jr. e Marcelo Nova
10. Feira Moderna - Paralamas do Sucesso
11. Firmamento - Cidade Negra
12. Grand Hotel - Kid Abelha
13. A Cura - Lulu Santos
14. Lança Perfume - Rita Lee
15. Natasha - Capital Inicial
16. E.C.T. - Cássia Eller
17. Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles... - Enegenheiros do Hawaii
18. Vai Vendo - Marcelo D2
19. W/ Brasil (Chama o Síndico) - Jorge Ben Jor
20. Maneiras - Zeca Pagodinho
Capitalismo e socialismo




Wladimir Pomar

No Brasil, parcelas da esquerda partem do pressuposto que as contradições de nossa sociedade são próprias da ordem capitalista. Não seriam derivadas de qualquer atraso ou gargalo de desenvolvimento nacional, produzido pela permanência de setores ou interesses pré-capitalistas. Daí concluem que isso tornaria evidente que estamos em uma etapa socialista da revolução.

Os defensores desse pressuposto dizem que a população brasileira não vive em função da soja, da celulose e da mineração, mas sim de seus pequenos negócios e da sua agricultura familiar, opostos ao capitalismo. E, supõe-se, precursores do socialismo.

Eles também sustentam que a energia do rio Madeira não interessa para a maior parte da população, que depende do mercado interno, dos serviços públicos, da capacitação tecnológica e do micro-crédito. Em outras palavras, mercado interno, serviços públicos, capacitação tecnológica e micro-crédito estariam em oposição aos setores agro-exportadores e às grandes empresas do capitalismo, e seriam partícipes da etapa socialista.

É interessante que não notem que esse tipo de discussão está colocado nos limites estritos da ordem capitalista. A luta, justa e necessária no atual contexto brasileiro, entre os pequenos negócios, a agricultura familiar e outros setores de pequenos proprietários, contra os grandes negócios, é eminentemente uma luta de pequenos capitalistas contra grandes capitalistas. É aquilo que no jargão político se chama luta democrático-burguesa.

Ao monopolizar o capital, as tecnologias, as rendas e as terras, triturando os pequenos (e também os médios) capitalistas, o grande capital introduziu brutais distorções no desenvolvimento das forças produtivas e nas relações de produção, repondo na ordem do dia problemas que pareciam superados por seu desenvolvimento. Portanto, recolocou na ordem do dia uma reivindicação histórica da sociedade brasileira, a da democratização da propriedade, urbana e rural, o que é importante para a luta socialista, mas não é socialismo.

Pretender que a sobrevivência e o desenvolvimento desse pequeno capitalismo, contra o grande capitalismo, represente a entrada na "etapa socialista" pressupõe não só dizer que o pequeno capitalismo sobreviverá no socialismo, mas principalmente que ele é o próprio socialismo. Não deixa de ser uma forma de evitar os temores dos pequenos capitalistas, escondendo que a ultrapassagem, ou a ruptura, com o capitalismo inclui a socialização de, pelo menos, uma parte substancial da propriedade privada dos meios de produção.

Seria melhor dizer francamente, para os pequenos capitalistas, que nas condições de oligopolização da sociedade brasileira, somente o socialismo tem condições de realizar a democratização da propriedade e garantir a sobrevivência, por um tempo razoável, dos pequenos capitalistas ao lado das formas socialistas de propriedade. Isso pode dar um nó na cabeça de muita gente, mas é muito mais educativo do que espalhar ilusões.

Wladimir Pomar é escritor e analista político.


A guerra secreta dos EUA na
Somália

www.orientemediovivo.com.br

Desde a derrubada do governo somali do Conselho Supremo das
Cortes Islâmicas em janeiro deste ano, as batalhas e a resistência
do movimento islâmico contra o governo-fantoche colocado no
poder pelos Estados Unidos continuam nas ruas de Mogadíscio, a
capital da Somália. A estratégia estadunidense de expandir a sua
área de influência e poder na região do chifre da África (nordeste do
continente), através da mesma estratégia de levar a “democracia e
liberdade” pela qual o mundo ocidental reconhece a criminosa
ocupação no Afeganistão e no Iraque, seqüestrou as vidas de
milhares de civis inocentes também na Somália.
De acordo com a ONU, através de seu enviado especial à Somália,
Ahmedou Ould-Abdallah, da Mauritânia, “a situação humanitária na
Somália é a pior da África”. Diariamente, refugiados lutam para
atravessar o Golfo de Aden para o Iêmen. Cerca de 10 mil fugiram
do país entre janeiro e agosto de 2007, mas muitos outros
simplesmente desapareceram. Em setembro, a ONU relatou que
embarcações com corpos de dezenas de refugiados foram
conduzidas pelas forças de ocupação etíopes até o golfo, onde os
corpos foram abandonados mar adentro.
As forças etíopes invadiram a Somália em dezembro de 2006, sob
ordem direta dos Estados Unidos, para remover o governo do
Conselho Supremo das Cortes Islâmicas. O ministro do Exterior da
Etiópia, Seyoum Mesfin, afirmou que suas tropas “são um exército
de libertação, e não uma força de ocupação”. Apesar disso, a
invasão do país representou um crime contra a soberania da
Somália. O povo somali, em todo momento, se mostrou contra
qualquer intervenção estrangeira em seu país, especialmente vinda
dos Estados Unidos. Essa visão ficou clara através da declaração
da ministra do Exterior da Itália, Patrizia Sentinelli, após uma
reunião com líderes do atual governo-fantoche somali. Segundo ela,
“a presença de forças etíopes na Somália é inaceitável para o povo
somali”. Mesmo assim, chegou ao país a conhecida bandeira de
“democracia e liberdade” estadunidense e, como de costume, o
povo é quem pagou o preço.
Os interesses estadunidenses na região estão na origem do conflito
que sangra o país africano. Entre eles, a localização geográfica
estratégica do país, rota mundial do petróleo, e o controle do próprio
combustível. “O Conselho Supremo das Cortes Islâmicas é apenas
um pretexto”, afirma Jama Mohamed, da Organização Somaliana
para o Desenvolvimento Comunitário. “O principal interessado na
crise são os Estados Unidos”. Empresas estadunidenses têm
concessão para a exploração do recurso natural em todo o país,
mas empresas chinesas rivais têm ameaçado o domínio dos EUA.
“Os interesses dos Estados Unidos estão claros desde 1993 [ano
em que o exército estadunidense protagonizou uma intervenção
malsucedida na Somália], quando eles quiseram condenar o nosso
país apenas à categoria de mero produtor de alimentos”, explica
Mohamed. Em 1993, após um atentado que deixou 18 de seus
soldados mortos, no coração de Mogadíscio, os Estados Unidos
abandonaram a Somália e se recusaram a participar de qualquer
operação de paz em toda a África – inclusive no Genocídio de
Ruanda, em 1994, em que mais de 1 milhão de pessoas foram
mortas, o equivalente a 11% da população do país.
década de 1990. Decretada pela CIA a “talibanização” da Somália
no início de 2006, como os mesmos classificaram o governo do
Conselho Supremo das Cortes Islâmicas, os estadunidenses
primeiro tentaram comprar a “rendição” dos mesmos entre fevereiro
e março, sem sucesso. Para evitar mais uma frente de batalha, o
trabalho sujo foi feito pela Etiópia, subordinada aos Estados Unidos
desde o anunciado plano estadunidense intitulado “Ato para a
Liberdade, Democracia e Direitos Humanos na Etiópia”, do início de
2007.
Depois de décadas de guerras internas, lideranças muçulmanas,
sob a bandeira do Conselho Supremo das Cortes Islâmicas,
finalmente haviam conseguido dar uma unidade à nação somali.
Com a deflagração do conflito promovido pelos Estados Unidos, os
mesmos, que já bombardearam o país atrás de “membros da Al-
Qaeda”, têm revelado a sua constante política de dupla
personalidade que, em última instância, busca fragmentar as forças
internas para enfraquecer qualquer tipo de reação. Como
conseqüência, o antiamericanismo cresceu também em toda a
África, seguindo os exemplos do Oriente Médio e América Latina.
Dessa forma, será difícil encontrar uma nação que receberá, de
braços abertos, novas interferências estadunidenses. 

TE VER...(Skank)


Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

É como mergulhar num rio e não se molhar
É como não morrer de frio no gelo polar
É ter o estômago vazio e não almoçar
É ver o céu se abrir no estio e não se animar

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

É como esperar o prato e não salivar
Sentir apertar o sapato e não descalçar
É como ser feliz de fato sem alguém pra amar
É como procurar no mato estrela do mar

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como no Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Não se ligar que a tarde vai vadia e mítica
É como ver televisão e não dormir
Ver um bichano pelo chão e não sorrir
É como não provar o néctar do verdadeiro amor
Depois que o coração detecta a mais fina flor

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível

Nicholas Spykman e a América Latina

Para o principal geoestrategista norte-americano do século XX, qualquer ameaça à hegemonia dos EUA na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile. Uma ameaça à hegemonia nesta região terá que ser respondida através da guerra, escreveu Spykman.

O principal “geoestrategista” norte-americano do século XX, nasceu em Amsterdam, em 1893, e morreu nos Estados Unidos, em 1943. Era de origem holandesa, mas fez seus estudos superiores na Universidade da Califórnia, e foi professor da Universidade de Yale, onde dirigiu o seu Instituto de Estudos Internacionais, entre 1935 e 1940. Morreu ainda jovem, com 49 anos, e deixou apenas dois livros sobre a política externa norte-americana: o primeiro, America’s Strategy in World Politics, publicado em 1942, e o segundo, The Geography of the Peace, publicado um ano depois da sua morte, em 1944. Dois livros que se transformaram na pedra angular do pensamento estratégico norte-americano de toda a segunda metade do século XX, e do início do século XXI.

Nicholas Spykman não foi um cientista, foi um “geopolítico” e a geopolítica não é uma ciência, é apenas uma disciplina que estuda a relação entre o espaço e a expansão do poder, antecipando e racionalizando as decisões estratégicas dos países que exercem poder fora de suas fronteiras nacionais. É por isto, aliás, que só existe produção geopolítica relevante, nas chamadas “grandes potências”, e cada uma delas tem sua própria “escola geopolítica”, com suas preocupações, objetivos e racionalizações específicas. Como no caso clássico da “escola geopolítica alemã”, de Friederich Ratzel e Karl Haushofer, com a sua teoria do “espaço vital” e do “pan-germanismo”, que serviu de ponto de partida para explicar a “necessidade geográfica” de expansão alemã, na direção da Europa Central, e da Rússia/União Soviética. Ou também, como no caso da “escola geopolítica inglesa” de Halford Mackinder, com sua famosa tese de que “quem controla o “coração do mundo”( situado mais ou menos entre Berlim e Moscou), controla também a “ilha mundial” (a Eurásia), e quem controla a “ilha mundial” controla o mundo”. Teoria que serviu de base para justificar a política externa britânica durante todo o século XX, e seu permanente veto e bloqueio de qualquer aliança entre a Alemanha e a Rússia/União Soviética.

Dentro desta tradição, não há dúvida que Nicholas Spykman foi o pai da “escola geopolítica norte-americana”. Ele partiu das idéias de Halford Mackinder, mas modificou sua tese central: para Spykman, quem tem o poder mundial não é quem controla diretamente o “coração do mundo”, é quem é capaz de cercá-lo, como os Estados Unidos fizeram durante toda a Guerra Fria, e seguem fazendo até os nossos dias. Spykman escreveu seus dois livros antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, e por isto chama atenção a sua capacidade genial de prever o que aconteceria depois da guerra, tanto quanto a semelhança entre suas propostas estratégicas e a política externa que os Estados Unidos adotaram efetivamente, durante a segunda metade do século XX, na Europa, Ásia e América.

Em 1942, Nicholas Spykman defendeu a necessidade de uma aliança estratégica e de uma hegemonia conjunta, anglo-americana, para “gerir o mundo” depois do fim da Guerra, como de fato ocorreu, em São Francisco, em Bretton Woods, e na formulação da Doutrina Churchill-Truman da “cortina de ferro”. Além disto, Spykman defendeu a necessidade de que os Estados Unidos reconstruíssem e protegessem a Alemanha, depois da guerra, para facilitar a “contenção” da União Soviética, como aconteceu durante toda a Guerra Fria. E defendeu também a necessidade de reconstruir e proteger o Japão, para enfrentar a ameaça futura da China, que era na época o principal aliado asiático dos Estados Unidos. Por fim, Spykman se opôs ao projeto da unificação européia, e defendeu a manutenção do equilíbrio de poder europeu, tutelado pelos Estados Unidos, como vem acontecendo cada vez mais, depois da queda do Muro de Berlim.

E com relação à América, o que foi que previu e propôs Nicholas Spykman? Sobre este ponto, chama a atenção o grande espaço que ele dedica na sua obra à discussão da América Latina, e em particular, à “luta pela América do Sul”. Ele parte de uma separação radical, entre a América dos anglo-saxões e a América dos latinos. Nas suas palavras “as terras situadas ao sul do Rio Grande constituem um mundo diferente do Canadá e dos Estados Unidos. E é uma coisa desafortunada que as partes de fala inglesa e latina do continente tenham que ser chamadas igualmente de América, evocando uma similitude entre as duas que de fato não existe”(p:46). (1)

Em seguida, ele propõe dividir o “mundo latino” em duas regiões, do ponto de vista da estratégia americana, no sub-continente: uma primeira, “mediterrânea”, que incluiria o México, a América Central e o Caribe, alem da Colômbia e da Venezuela; e uma segunda que incluiria toda a América do Sul, abaixo da Colômbia e da Venezuela. Feita esta separação geopolítica, Spykman define a “América Mediterrânea como uma zona em que a supremacia dos Estados Unidos não pode ser questionada. Para todos os efeitos trata-se um mar fechado cujas chaves pertencem aos Estados Unidos.. o que significa que o México, Colômbia e Venezuela (por serem incapazes de se transformar em grandes potências ), ficarão sempre numa posição de absoluta dependência dos Estados Unidos” (p: 60).

Donde, qualquer ameaça à hegemonia americana na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile, a “região do ABC”. Nas palavras do próprio Spykman: “para nossos vizinhos ao sul do Rio Grande, os norte-americanos seremos sempre o “Colosso do Norte”, o que significa um perigo, no mundo do poder político. Por isto, os países situados fora da nossa zona imediata de supremacia, ou seja, os grandes estados da América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) podem tentar contrabalançar nosso poder através de uma ação comum ou através do uso de influências de fora do hemisfério” (p:64) E neste caso, conclui: “uma ameaça à hegemonia americana nesta região do hemisfério (a região do ABC) terá que ser respondida através da guerra”. (p: 62). O mais interessante é que se estas análises, previsões e advertências não tivessem feitas por Nicholas Spykman, pareceriam bravata de algum destes populistas latino-americanos, que inventam inimigos externos e que se multiplicam como cogumelos, segundo a idiotia conservadora.

(1) Spykman, N. , “America’s Strategy in World Politics", Harcourt, Brace and Company, New York,1942


José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Relatório sobre Irã contradiz ‘discurso do medo’ usado por Bush

Apesar de um novo relatório do serviço de inteligência dos EUA garantir que o Irã suspendeu seu programa de armas nucleares em 2003, o presidente Bush reafirma que o "Irã era perigoso, é perigoso e será perigoso".

WASHINGTON E TEERÃ - Os serviços de inteligência dos Estados Unidos disseram na segunda-feira (3) que o Irã suspendeu seu programa de armas nucleares quatro anos atrás. O surpreendente relatório, que revelou que o esforço iraniano para transformar material nuclear em bomba foi interrompido em 2003, contradiz documento apresentado há dois anos pela Casa Branca, no qual constava que Teerã estava no caminho de fabricar uma bomba atômica.

Segundo o chefe da diplomacia Manouchehr Mottaki, o Irã recebeu favoravelmente a "correção" da opinião dos Estados Unidos sobre seu programa nuclear. "Nós acolhemos bem todos os países que questionaram a questão nuclear iraniana no passado, independente de seus motivos, quando eles realisticamente corrigem seus pontos de vista", afirmou o chanceler à rádio estatal. Segundo Mottaki, que cita diversos informes, "a tendência atual das atividades nucleares do Irã é pacífica".

O novo relatório enfraquece o ‘discurso do medo’ usado pelos Estados Unidos em relação ao Irã. Assim como fez para justificar a invasão ao Iraque, o governo norte-americano defende um estado de prontidão que muitas vezes não guarda necessidade com a realidade.

No caso iraquiano, o governo Bush disse que Saddam Hussein possuía vínculos com a Al Qaeda e mantinha estoques de armas de destruição em massa, o que depois se mostrou uma mentira. Discursos como esse ajudam desde a conquistar apoio da população norte-americana quanto mais verbas no Congresso para programas do governo, neste caso em benefício da indústria bélica.

Estratégia mantida
Apesar do novo relatório do serviço de inteligência, George W. Bush optou por continuar defendendo que o Irã representa um grande perigo para o mundo. "O Irã era perigoso, é perigoso e será perigoso" se for permitido que leve adiante seu programa nuclear com fins militares, disse o presidente norte-americano nesta terça-feira (4).

Fiel aliada dos Estados Unidos no Iraque, a Grã-Bretanha optou pelo mesmo caminho e garantiu que o Irã constitui "um problema muito sério". Londres, disse um porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown, considera que o documento norte-americano, "em termos gerais", confirma que "temos razão em temer que o Irã tentasse desenvolver armas nucleares".

* As informações são da Agência Ansa
Os 100 Melhores Solos de Guitarra

001 Led Zeppelin - Stairway to Heaven.mp3
002 Van Halen - Eruption.mp3
003 Lynyrd Skynyrd - Freebird.mp3
004 Pink Floyd - Comfortably Numb.mp3
005 Jimi Hendrix - All Along the Watchtower.mp3
006 Guns N' Roses - November Rain.mp3
007 Metallica - One.mp3
008 Eagles - Hotel California.mp3
009 Ozzy Osbourne - Crazy Train.mp3
010 Cream - Crossroads.mp3
011 Jimi Hendrix - Voodoo Child.mp3
012 Chuck Berry - Johnny B. Goode.mp3
013 Stevie Ray Vaughan - Texas Flood.mp3
014 Derek and the Dominos - Layla.mp3
015 Deep Purple - Highway Star.mp3
016 Led Zeppelin - Heartbreaker.mp3
017 Eric Johnson - Cliffs of Dover.mp3
018 Jimi Hendrix - Little Wing.mp3
019 Pantera - Floods.mp3
020 Queen - Bohemian Rhapsody.mp3
021 Pink Floyd - Time.mp3
022 Dire Straits - Sultans of Swing.mp3
023 Rage Against The Machine - Bulls on Parade.mp3
024 Metallica - Fade to Black.mp3
025 Jethro Tull - Aqualung.mp3
026 Nirvana - Smells Like Teen Spirit.mp3
027 Stevie Ray Vaughan - Pride and Joy.mp3
028 Ozzy Ozborne - Mr. Crowley.mp3
029 Steve Vai - For the Love of God.mp3
030 Joe Satriani - Surfing With the Alien.mp3
031 Ted Nugent - Stranglehold.mp3
032 Jimi Hendrix - Machine Gun.mp3
033 B.B King - The Thrill Is Gone.mp3
034 Radiohead - Paranoid Android.mp3
035 Pantera - Cemetery Gates.mp3
036 Yngwie Malmsteen - Black Star.mp3
037 Guns N' Roses - Sweet Child O' Mine.mp3
038 Led Zeppelin - Whole Lotta Love.mp3
039 Neil Young - Cortez the Killer.mp3
040 Steely Dan - Reelin' in the Years.mp3
041 Queen - Brighton Rock.mp3
042 Beatles - While My Guitar Gently Weeps.mp3
043 ZZ Top - Sharp Dressed Man.mp3
044 Pearl Jam - Alive.mp3
045 Doors - Light My Fire.mp3
046 Van Halen - Hot for Teacher.mp3
047 Allman Brothers Band - Jessica.mp3
048 Rolling Stones - Sympathy for the Devil.mp3
049 Santana - Europa.mp3
050 Kiss - Shock Me.mp3
051 Ozzie Ozborne - No More Tears.mp3
052 Jimi Hendrix - Star-Spangled Banner.mp3
053 Led Zeppelin - Since I've Been Loving You.mp3
054 Smashing Pumpkins - Geek USA.mp3
055 Joe Satriani - Satch Boogie.mp3
056 Black Sabbath - War Pigs.mp3
057 Pantera - Walk.mp3
058 Eric Clapton - Cocaine.mp3
059 Kinks - You Really Got Me.mp3
060 Frank Zappa - Zoot Allures.mp3
061 Metallica - Master of Puppets.mp3
062 Pink Floyd - Money.mp3
063 Red Hot Chili Peppers - Scar Tissue.mp3
064 Prince - Little Red Corvette.mp3
065 Allman Brothers - Blue Sky.mp3
066 Iron Maiden - The Number of the Beast.mp3
067 Michael Jackson feat. Eddie Van Halen - Beat It.mp3
068 Yes - Starship Trooper.mp3
069 Beatles - And Your Bird Can Sing.mp3
070 Jimi Hendrix - Purple Haze.mp3
071 Funkadelic - Maggot Brain.mp3
072 Aerosmith - Walk This Way.mp3
073 Phish - Stash.mp3
074 Deep Purple - Lazy.mp3
075 The Who - Won't Get Fooled Again.mp3
076 Neil Young - Cinnamon Girl.mp3
077 Alice In Chains - Man in the Box.mp3
078 Grateful Dead - Truckin'.mp3
079 Van Halen - Mean Street.mp3
080 AC-DC - You Shook Me All Night Long.mp3
081 The Velvet Underground - Sweet Jane.mp3
082 King Crimson - 21st Century Schizoid Mane.mp3
083 Stevie Ray Vaughan - Scuttle Buttin'.mp3
084 UFO - Lights Out.mp3
085 David Bowie - Moonage Daydream.mp3
086 Allman Brothers Band - Whipping Post.mp3
087 Johnny Winter - Highway 61 Revisited.mp3
088 Steely Dan - Kid Charlemagne.mp3
089 Rage Against the Machine - Killing in the Name.mp3
090 Eric Clapton - Let It Rain.mp3
091 Creedence Clearwater Revival - Heard It Through the Grapevine.mp3
092 Stray Cats - Stray Cat Strut.mp3
093 The Doors - The End.mp3
094 Rush - Working Man.mp3
095 Pearl Jam - Yellow Ledbetter.mp3
096 Rolling Stones - Honky Tonk Woman.mp3
097 Judas Priest - Beyond the Realms of Death.mp3
098 Dream Theater - Under a Glass Moon.mp3
099 Jeff Beck - Cause We have Ended as Lovers.mp3
100 Bon Jovi - Wanted Dead or Alive.mp3

créditos: BlogDoLigeirinho


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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Um em cada seis nova-iorquinos tem fome


Mais de um milhão de nova-iorquinos não se alimenta adequadamente, denunciou uma coalizão de grupos de lutas contra a pobreza que criticou o governo americano por cortar a ajuda alimentar de emergência.
A Coalizão contra a Fome de Nova York afirmou que mais de 1,3 milhão de habitantes vivem em lugares onde a comida é escassa. Segundo estes dados, uma em cada seis pessoas sofre com a fome.
"Este estudo anual dos restaurantes populares mostra que há cada vez mais famílias de trabalhadores, crianças e idosos obrigados a recorrerem à alimentação de urgência", disse Joel Berg, diretor executivo do grupo.
"A fome continua crescendo na cidade apesar de, no ano passado, a economia ainda ser sido sólida. Agora que a economia está se debilitando, as filas nos restaurantes populares só fazem crescer", disse.
A coalizão, que representa 1.200 restaurantes populares, denunciou o corte por parte do governo de 5,4 milhões de kg de alimentos. "Estes programas, mantidos principalmente por voluntários, simplesmente não podem sobreviver" sem aajuda federal, disse.
Enquanto isso, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos, aprovou um texto de lei, que libera uma verba de US$ 50 bilhões para as operações militares no Iraque e no Afeganistão, mas condicionada a uma retirada das tropas.
A aprovação da Câmara por 218 votos contra 203 é, no entanto, grandemente simbólica, uma vez que o projeto certamente irá fracassar no Senado, onde precisa obter 60 votos. O texto fala de um financiamento das operações limitado a quatro meses, enquanto o presidente George W. Bush pediu ao Congresso a aprovação de um orçamento de US$ 196 bilhões para as operações militares no Iraque e no Afeganistão.
A votação na Câmara de Representantes estipula que os US$ 50 bilhões serviriram para financiar o início de uma retirada das tropas do Iraque, que deveria começar 30 dias após a aprovação da lei, "esta legislação encoraja nossos inimigos", reagiu imediatamente a Casa Branca, reforçando que se o projeto "chegar ao escritório do presidente, ele aplicará seu veto".
O presidente Bush, vetou nesta terça-feira um projeto de lei destinado aos setores de saúde, trabalho e serviços e assinou uma legislação de gastos para Defesa.

Alvin Lee - Saguitar - 2007



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Agora sozinho sem o Ten Years After...